quinta-feira, 28 de abril de 2011

Ninguém é de ferro

Pausa para lazer

Nesta quarta (27), enquanto 387 deputados estavam no plenário, 52 deles assistiam na tevê do cafezinho ao jogão Barcelona x Real Madri.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Encontro sobre recursos hídricos do Baixo Amazonas começa hoje (27)


O tema do evento é Sistemas Fluviais do Oeste do Pará: potenciais e desafios.

Começa nesta quarta-feira (27), em Santarém (PA), o 9º Encontro de Estudos e Debates sobre Águas Doces do Baixo Amazonas, que discute o tema Sistemas Fluviais do Oeste do Pará: potenciais e desafios. Os múltiplos usos dos recursos hídricos na bacia do rio Tapajós serão discutidos no evento, que tem o objetivo de divulgar e debater estudos voltados à gestão racional das águas doces da região.

Promovido pelo Fórum de Pesquisadores das Instituições de Ensino Superior e de Pesquisas Científicas de Santarém (Fopiess), Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e Agência Nacional de Águas (ANA), o encontro será aberto às 19h, com a conferência A Importância do Saneamento na Manutenção dos Sistemas Fluviais, ministrada pelo professor Eduardo Von Sperling, do departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (Desa), da UFMG.

Amanhã (28), às 19h, se realiza mesa-redonda sobre os usos múltiplos dos recursos hídricos da bacia do rio Tapajós, que discute temas como geração hidrelétrica, navegação, fluxos quantitativos de água e sedimentos, entre outros. O evento encerra-se na sexta-feira (29), com a mesa-redonda que discute o planejamento dos recursos hídricos da bacia do rio Tapajós.


Mais informações: http://encontrodasaguas.ufopa.edu.br, ou pelos telefones (93) 2101-4905, 2101-4944 e 2101-3604.
(Ascom da Ufopa)

Superbugs





Resistência a antibióticos
A propagação de superbactérias O que pode ser feito sobre o risco crescente da resistência aos antibióticos?

EM 11 de dezembro de 1945, no final do seu discurso do Prêmio Nobel, Alexander Fleming Lançou uma advertência
A observação de Fleming sobre a possibilidade de os efeitos dos antibióticos de um fungo chamado Penicillium, em uma de suas culturas bacterianas, havia inspirado aos co-laureados, Howard Florey e Ernst Chain, dois pesquisadores, com sede em Oxford, para extrair o princípio ativo e transformá-la na cura milagrosa hoje conhecida como penicilina

Mas Fleming já podia ver o futuro do uso indevido de antibióticos. "Há o perigo", disse ele, "que o homem ignorante use, facilmente, baixas doses e expondo os micróbios a quantidades não letais da droga, torná-los resistentes. "A penicilina e outros antibióticos da sua descoberta levaram a vacinação estar ao lado das maiores invenções da ciência médica. No entanto, alerta Fleming, a resistência a antibióticos tornou-se um problema caro e perigoso. Algumas pessoas temem que o pior este por vir: que uma cepa de bactéria resistente inicie uma epidemia para a qual nenhum tratamento este disponível.

No entanto, apesar do aviso de Fleming e apesar de uma boa compreensão das causas de resistência e de como elas podem ser tratadas, lidar com eles é difícil. Conveniência, a perversidade de incentivos financeiros, tem conspirado para anular quase todas as tentativas para parar o aparecimento de resistência.

Há boas razões para esperar que a ameaça extrema de uma epidemia de resistência nunca vai acontecer, não menos que 65 anos de uso rotineiro de antibióticos falharam em um prompt. Mesmo assim, problemas de resistência continuam a corroer na medicina, ferindo pessoas e desviando recursos de seus usos mais produtivos, muitas vezes em países que menos podem permitir isso.

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Governo rebate críticas da OEA à Usina Belo Monte, mas não divulga teor da resposta

Sabrina Craide 

Brasília - O governo brasileiro já respondeu à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre a medida cautelar que pede a paralisação do processo de licenciamento da Usina Hidrelétrica Belo Monte, no Rio Xingu (PA).  Segundo o Ministério das Relações Exteriores, um documento foi entregue hoje (26) à organização multilateral.  O teor da resposta não será divulgado por enquanto.

O prazo inicial para o Brasil se manifestar em relação às críticas da OEA terminou no dia 18 de abril, mas o governo brasileiro pediu prorrogação, para hoje (26), do prazo para elaborar a resposta.

Na medida cautelar, a CIDH pede que não seja concedido o licenciamento da obra até que o governo consulte as comunidades indígenas afetadas, disponibilize aos índios os estudos de impacto ambiental e adote medidas “vigorosas e abrangentes” para proteger a vida e a integridade dos povos indígenas e prevenir a disseminação de doenças.

As orientações da CIDH, divulgadas no início de abril, foram consideradas pelo Itamaraty como “precipitadas e injustificáveis”.  O Consórcio Norte Energia, responsável pela obra, divulgou nota informando que os povos indígenas da região do empreendimento tiveram livre e amplo acesso ao projeto e aos respectivos relatórios de impacto socioambiental, e participaram de mais de 30 reuniões sobre o assunto.

Edição: Vinicius Doria

terça-feira, 26 de abril de 2011

Efeito de corte nas despesas públicas apareceu em março, disse o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin

BRASÍLIA – Os primeiros efeitos do corte de R$ 50 bilhões nas despesas públicas apareceram em março, disse o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. A medida desacelerou a trajetória de alta dos gastos verificada até fevereiro, segundo ele.

Em março, os gastos federais tiveram queda nominal de 7,2%, perante  março de 2010. O crescimento nominal no primeiro trimestre foi de 7,1% em relação a período igual do ano anterior. Essa variação é menos da metade dos 15,7% de incremento registrados no primeiro bimestre deste ano.

Augustin destacou que, em termos reais, houve uma contração de 4,4% sobre a variação nominal do Produto Interno Buto (PIB) no primeiro trimestre do ano, sobre período igual anterior. Entre janeiro e fevereiro, as despesas apontavam crescimento real de 4%, nessa mesma relação.

“Aqui se vê os efeitos do corte, pois as despesas públicas crescendo menos do que a atividade não é usual. Isso proporciona o aumento da poupança pública”, disse ele.
O secretário comentou que a política fiscal tem dado “uma contribuição importante para que não haja pressões inflacionárias demasiadas”.

“Os gastos públicos precisam estar no ritmo adequado, auxiliando o crescimento da economia”, continuou. Ele lembrou que, em 2009 e 2010, o governo aumentou o ritmo dos gastos para impedir o recuo da atividade no país em decorrência da crise internacional.

Os investimentos totais do governo federal somaram R$ 10,4 bilhões entre janeiro e março deste ano, com elevação de 9% sobre os R$ 9,5 bilhões de período igual de 2010.

Os investimentos em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) atingiram R$ 5,5 bilhões com crescimento de 35% ante R$ 4,03 bilhões do primeiro trimestre do ano passado.

Ao anunciar os números, o secretário do Tesouro disse ter a expectativa de que os gastos com investimentos “aumentem acima da variação do PIB” em 2011. Isso deve acontecer “porque as verbas para as obras do PAC não foram e não serão contingenciadas”, concluiu ele.

(Azelma Rodrigues | Valor)

Marco Maia admite adiar votação do Código Florestal, prevista para a semana que vem

Iolando Lourenço

O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), reafirmou que a votação do Código Florestal está mantida para os dias 3 e 4 de maio, mas admitiu que a data pode ser alterada mais uma vez, caso haja acordo das lideranças partidárias.  “Estamos com a data marcada.  Mas, se houver um consenso, um acordo entre as lideranças para mudar a data, não será a presidência da Câmara que irá se opor a esta mudança”, disse Maia.

Na tarde de hoje, a presidenta da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, e representantes da comunidade científica se reuniram com Marco Maia para pedir o adiamento da votação.  Eles querem que o texto possa ser votado levando em conta o pensamento da comunidade científica.

Marco Maia informou que recebeu "com atenção" a proposta da SBPC e disse aos representantes da comunidade científica que eles precisam conversar com o governo e com os deputados para apresentar suas propostas.  Segundo Maia, a mudança da data de votação do código depende das lideranças e bancadas da Câmara.

Marco Maia anunciou que, amanhã (26), os ministros da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário, do Meio Ambiente e das Relações Institucionais vão estar na Câmara, às 15 horas, para uma reunião com os líderes partidários, quando apresentarão os pontos defendidos pelo governo e conversarão sobre a votação do código.  “O importante é que o governo já unificou uma posição e os ministérios têm uma opinião comum sobre o Código Florestal”, disse.

Marco Maia também se reuniu com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para acertar o calendário de votações do Congresso Nacional para o mês de maio.  No dia 3, será votado o projeto da representação brasileira no Parlamento do Mercosul e, no dia 11, a ideia é pôr em pauta os cerca de 1,4 mil vetos presidenciais que tramitam no Congresso Nacional.

Os dois presidentes também falaram sobre a reforma política.  “Uma coisa ficou certa, nós estamos determinados a ir em frente na reforma política, com todas as dificuldades que poderemos encontrar, mas a determinação nossa é a de, realmente, concluir a votação da reforma política”, disse Sarney após o encontro.
Segundo ele, mesmo se não houver consenso para a votação, o projeto irá a plenário, “onde a maioria vai escolher qual o modelo que o Brasil deve seguir”.
Edição: Vinicius Doria

SBPC quer adiar votação do novo Código Florestal


Cientistas pedem solução imediata apenas para o decreto sobre regularização de reservas legais. Deputado Marco Maia diz que, por enquanto, está mantida votação na próxima semana.

A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, defendeu ontem (25) o adiamento por até dois anos da votação do substitutivo do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) ao Projeto de Lei 1876/99, que altera o Código Florestal. Helena espera que, nesse prazo, seja possível incorporar as contribuições dos cientistas ao texto.

A votação do relatório, aprovado em comissão especial, está prevista para a próxima semana. Na opinião da cientista, que apresentou em entrevista coletiva resultados de estudo da SBPC sobre o novo código, nesse prazo seria possível "propor uma lei moderna, e não uma que já se sabe estar errada".

O presidente da Câmara, Marco Maia, que se reuniu hoje com representantes da SPBC e da Academia Brasileira de Ciências (ABC), disse ter recebido com atenção a proposta dos cientistas, mas ressaltou que eles precisam também apresentá-la aos líderes partidários e ao governo. "Se houver consenso entre os líderes para o adiamento da data, a Presidência não vai se opor. Mas, por enquanto, está mantida a votação para o dia 3 ou 4 de maio." Segundo Maia, está quase concluído um consenso para a votação do texto. "Falta apenas uma opinião favorável por parte do relator Aldo Rebelo", disse.

A SBPC e a ABC também pediram a Maia que neste momento seja pensado apenas na solução para o decreto que pode colocar na ilegalidade pequenos agricultores. O Decreto 7.029/09 determina prazo e estabelece punições para os produtores rurais que não regularizarem as reservas legais. De acordo com o código em vigor, a punição se inicia em 11 de junho próximo.

Preservação permanente - O trabalho da SBPC condena, por exemplo, a proposta de Aldo de reduzir de 30 para 15 metros as áreas de preservação permanente (APPs) em margens de córregos e rios de até cinco metros de largura. Segundo os pesquisadores, esses cursos d'água respondem por mais de 50% da rede hídrica do País.

A redução das APPs nesses casos significaria redução em 31% da área protegida. O estudo mostra ainda que todas as áreas de proteção de margens de rios previstas pelo código atual representam apenas 6,9% das propriedades privadas. "Os estudos deixam claro que não há suporte científico para a redução proposta", afirmou Antonio Donato Nobre, um dos 12 pesquisadores que realizaram o trabalho.

Para Nobre, seria necessário estudar a possibilidade de estender a proteção aos brejos, que ocupam 17% do território nacional, conforme constatou o estudo, segundo ele, pela primeira vez.

Proteção - Na publicação de 122 páginas, concluída na última quarta-feira (20) e lançada ontem (25), os pesquisadores também criticam a mudança na metodologia de cálculo da APP prevista no substitutivo de Rebelo. Pela proposta, o cômputo da faixa de proteção passa a considerar o chamado leito menor do curso d'água - aquele observado no período de seca. Hoje, a lei exige a utilização da borda maior. Nos cálculos da SBPC, a alteração significaria perda de 60% de proteção para essas áreas na Amazônia.

Os cientistas da SBPC também discordam da eliminação da necessidade de preservar topos de morros, como prevê o substitutivo em análise. "A vegetação em topos de morro e encostas tem papel importante no amortecimento das chuvas e regularização hidrológica, diminuindo erosão, enxurradas e deslizamentos", diz o texto. De acordo o estudo, o País já perde anualmente R$ 9,3 bilhões em consequência da erosão.

Reserva legal - Já a proposta de Rebelo de subtrair as APPs da área de reserva legal é "controversa", segundo Nobre. Ele concordou que, no caso de pequenas propriedades localizadas na Floresta Amazônica, por exemplo, onde a reserva corresponde a 80% do terreno, pode-se pensar em alternativas. Ele afirmou, no entanto, que seriam necessários mais estudos para chegar a uma proposta cientificamente embasada.

A proposta do substitutivo de permitir a reconstituição de APPs em qualquer parte do território nacional, desde que no mesmo tipo de bioma, também é considerada incorreta pelos cientistas. Nobre ressaltou, entretanto, que não houve tempo suficiente para determinar a extensão adequada da bacia em que a compensação poderia ocorrer. "Se o problema for estudado adequadamente, vai-se chegar a uma posição clara", disse.

O pesquisador assegurou que já existe tecnologia no País - utilizada pelo Exército - capaz de mostrar com precisão dados como os locais de maior fragilidade do ecossistema ou por onde passam os mananciais de água, por exemplo. "Com mais tempo, poderemos oferecer informação qualificada não só para a preservação ambiental como para o produtor rural explorar melhor a sua propriedade", afirmou.

O texto dos cientistas engloba o resultado de mais de 300 trabalhos científicos. O documento também será entregue aos ministros da Casa Civil, da Agricultura, do Meio Ambiente, da Ciência e Tecnologia, da Educação e da Integração Nacional.

(Agência Câmara)

A onda é mudar

 Dilma transfere Conselhão para o comando de Moreira Franco

A presidente Dilma Rousseff anuncia, hoje, durante a primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), a transferência do Conselhão para a Secretaria de Assuntos Estratégicos, sob o comando do ministro Wellington Moreira Franco (PMDB). A SAE fica agora com o Ipea e o CDES como instituições de pesquisas, análises, estudos e debate sobre as grandes questões nacionais e o planejamento de longo prazo.

O decreto com a mudança foi publicado no "Diário Oficial" de hoje. Dilma cumpre uma promessa feita ao PMDB durante a transição quando convidou Moreira Franco para integrar o governo. Indicado para o Executivo por sua ligação com o vice-presidente Michel Temer, Moreira Franco só aceitou ser ministro da SAE se a secretaria - considerada esvaziada pelos pemedebistas - incorporasse o Conselhão e a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Alguns integrantes do Conselhão resistiam à mudança, temendo que a alteração deixasse o fórum mais distante da Presidência da República - até ontem ele era vinculado à Secretaria de Relações Institucionais (SRI), uma esfera política, de coordenação com os partidos da base aliada no Congresso. O PT também era contra a alteração, pois o Conselhão foi uma criação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003 para reunir empresários, sindicalistas e representantes da sociedade civil organizada, e ficando na Secretaria de Relações Institucionais permaneceria sob a direção do PT: a articulação política atualmente é comandada por um ministro petista - Luiz Sérgio.

Nesta primeira reunião do Conselhão, além de anunciar a mudança, Dilma também vai reforçar a decisão de conduzir uma batalha no governo contra a inflação. Ontem, após tomar a vacina contra gripe no posto médico do Palácio do Planalto, a presidente afirmou que o governo não vai se desmobilizar nessa batalha. "O governo tem uma imensa preocupação com a inflação, e todas as nossas atenções vão estar voltadas ao combate à inflação", afirmou Dilma.

O tema do Conselhão na reunião de hoje será "diálogo para um novo ciclo de desenvolvimento". Dilma vai mostrar aos empresários que as medidas tomadas até o momento foram importantes, mas que elas não vão derrubar a economia, como temem alguns especialistas. Ontem pela manhã, Dilma e Guido Mantega tiveram uma longa reunião, de uma hora e meia, para definir a apresentação que o governo fará aos integrantes do CDES. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, também deve fazer uma curta intervenção.

Segundo pessoas próximas à presidente, o discurso de Dilma apontará não apenas as medidas tomadas até o momento, mas as perspectivas de investimentos que o governo pretende consolidar nos próximos anos. Tanto o Planalto quanto a equipe econômica apostam em uma reversão de expectativas nos próximos meses. Amparam-se em números que consideram positivos, como o crescimento do superávit primário e a redução das despesas públicas nos primeiros quatro meses de gestão Dilma.

A avaliação é de que não existem problemas fiscais de curto prazo, o que permite um planejamento mais tranquilo. O governo não estranhou a decisão do Copom na semana passada - criticada pelo mercado, que esperava uma medida mais incisiva - que aumentou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, elevando a taxa básica de juros para 12%.

Fórum econômico no Rio terá participação recorde


GENEBRA - O Fórum Mundial de Economia na América Latina, de amanhã até sexta-feira no Rio, terá número recorde de mais de 700 líderes empresariais, políticos e acadêmicos participantes, originários de 45 países, anunciou hoje cedo em Genebra a entidade que organiza o evento.

A presidente Dilma Rousseff vai abrir o evento, que discutirá a agenda de prioridades da região. Para o Fórum, a grande participação demonstra "a confiança da comunidade empresarial internacional no Brasil e na região como um todo".

Os copresidentes do evento são Frederico Fleury Curado, presidente da Embraer; Vikram Pandit, CEO do Citibank (EUA); Martin Sorrell, CEO da WPP (Inglaterra); Orit Gadiesh, chairman da Bain & Company (USA); e Luis A. Moreno, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

A participação brasileira contará com Antonio Patriota, minitro das Relações Exteriores;  Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, Sérgio Cabral, governador do Rio; Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Henrique Meirelles, dirigente da Autoridade Olímpica, entre outros.

(Assis Moreira | Valor)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Guerra cambial pode abrir guerra no comércio

Os Estados Unidos abriram o placar, e o Brasil decide, em breve, se participará também do jogo de salvaguardas contra as importações chinesas. Em dezembro, a Organização Mundial do Comércio (OMC) deu ganho de causa, por goleada, aos EUA, no primeiro caso de aplicação de salvaguardas especiais (aumento de tarifas extraordinário) contra importações da China. No Brasil, as indústrias de máquinas e equipamentos acabam de pedir barreiras semelhantes, ao Ministério do Desenvolvimento. A reação dos chineses a essas medidas ainda é uma incógnita.

 Ao ingressar na OMC, em 2001, a China aceitou medidas excepcionais para acalmar outros países, temerosos de uma enxurrada de mercadorias fabricadas pela barata mão de obra chinesa. Uma dessas medidas, a possibilidade de salvaguardas contra produtos têxteis, já teve expirado seu prazo de aplicação. A outra, a possibilidade de aplicar salvaguardas especiais contra surtos de importação danosa de outros produtos da China, vence só em 2013. Essa arma foi inaugurada contra a China, com êxito, pelos EUA, para barrar a entrada de pneus fabricados no Oriente.

A salvaguarda - sob a forma de tarifas de até 35%, decretadas em 2009 pelo presidente Barack Obama - foi questionada pela China na própria OMC, sob o argumento de que seria indevida. Ironias da globalização: os pneus são fabricados na China pelos próprios americanos, que decidiram trasladar fábricas para lá.
Adoção de salvaguardas é vista pela China como medida de agressão
Quem se queixou e pediu a salvaguarda foi o sindicato dos metalúrgicos, fato lembrado pela China para contestar, sem sucesso, a decisão dos EUA. Afinal, a OMC aceitou uma medida para proteger uma indústria que não queria proteção. É um fato interessante, mas outros pontos chamam maior atenção.

A decisão da OMC, primeira sobre um caso de salvaguarda anti-China, saiu em dezembro. Neste mês de abril, os chineses apenas insinuaram que poderão retaliar. Em um movimento que analistas na China classificaram como reação às salvaguardas, mas de baixo potencial de dano aos EUA, os chineses anunciaram que devem concluir em breve investigações que provam a venda por preços abaixo do normal, de automóveis de cinco fabricantes americanos, entre eles General Motors e Chrysler. Ainda não se fala, porém, de medidas antidumping ou outras barreiras punitivas.

É apenas um alerta chinês de que o país cavará toda possibilidade dentro das regras internacionais para responder a ataques a suas vendas. Os chineses têm reagido com indignação à ameaça de se usar as salvaguardas, que foram obrigados a aceitar para entrar na OMC.

O governo brasileiro sabe dos riscos, tanto que evitou, até agora, a medida. Até usou essa cautela como argumento para que os chineses aceitassem, como aceitaram, uma escalada de medidas antidumping no Brasil contra mercadorias da China, além do adiamento para data indefinida do reconhecimento formal da China como economia de mercado - o que dificultaria os processos contra mercadorias chinesas por dumping.

Ainda na China, há duas semanas, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, revelou ao Valor a decisão concretizada na semana passada pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Máquinas e Equipamentos para a Indústria, a Abimaq, de abrir processos pedindo salvaguardas contra diversos produtos chineses. As salvaguardas são de aplicação mais fácil e rápida que qualquer outro instrumento de defesa comercial.

No seminário para empresários promovido em Pequim, o vice-presidente da Abimaq José Velloso Dias Cardoso, acusou os chineses de venderem produtos, como válvulas e chaves de fenda, a preços capazes de fechar indústrias no Brasil. A Abimaq fez um estudo apontando preços médios para alguns desses produtos abaixo até do preço médio internacional da matéria-prima.

"É a nossa Bíblia", comentou o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Alessandro Teixeira, ao ouvir de Velloso, no seminário, que o governo já recebeu o levantamento da associação com a comparação entre os preços chineses e os internacionais. De fato, impressionado, o ministro Pimentel exibe o estudo em uma mesa do gabinete, e orientou técnicos do ministério a estudar ações possíveis contra importações da China. Ele não pareceu interessado em deixar que considerações políticas sobre o "aliado estratégico" impeçam medidas para conter os chineses.

A adoção de salvaguardas é vista pela China, porém, como medida de agressão, e ameaças veladas de retaliação já foram feitas antes. O Brasil terá de lidar com o dilema de usar todos os instrumentos legais de que dispõe para proteger empresas nacionais e arriscar-se a despertar má vontade do principal parceiro comercial que, timidamente, começou há poucos dias a acenar com medidas para aumentar o valor agregado das compras de produtos brasileiros.

A China já vem fazendo uma transição de seu modelo exportador para um mais voltado ao mercado externo, mas os chineses sabem que não podem abrir mão rapidamente dos mercados que se alimentam de sua produção - e sustentam a geração de emprego no mercado chinês. A ação americana, seguida da brasileira, pode ser prenúncio de um ataque generalizado às invencíveis exportações chinesas, e o governo comandado por Hu Jintao não se dispõe a sancionar precedentes.

A ação aberta pela Abimaq será um teste duplo: para as relações entre Brasil e China e para a atuação chinesa em um mercado cada vez mais tentado pela saída protecionista. Acossados por custos absurdos no Brasil e pela valorização desenfreada do real, segmentos da indústria brasileira podem aproveitar a porta aberta pelos fabricantes de máquinas para impor ao governo uma sucessão de testes semelhantes, no futuro próximo.

Sergio Leo é repórter especial e escreve às segundas-feiras
E-mail sergio.leo@valor.com.br