sábado, 5 de abril de 2014

Pré-candidato ao governo do Rio, Lindbergh Farias (PT-RJ)


A conferir. 


Estamos vivendo um ano de chantagens do PMDB, mas, na hora certa, Lula e Dilma seguraram e garantiram a minha candidatura



Com pessimismo econômico, Dilma perde seis pontos, aponta Data Folha






SÃO PAULO - (Atualizada às 17h20) A presidente Dilma Rousseff perdeu pontos na mais recente pesquisa de intenção de voto para a eleição presidencial feita pelo instituto Datafolha. No entanto, ela continua sendo a pré-candidata com melhor desempenho entre os que se declararam interessados em concorrer. Ela só precisaria disputar um segundo turno no cenário em que Marina Silva fosse sua adversária.

De acordo com a pesquisa, divulgada na página do jornal Folha de S.Paulo na internet, em uma simulação com os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) e considerando partidos nanicos, as intenções de voto na atual presidente caíram para 38% no levantamento realizado entre 2 e 3 de abril. Na rodada anterior, de 19 e 20 de fevereiro, Dilma somava 44% no mesmo cenário.

Apesar disso, ela seria reeleita em primeiro turno. Segundo o Datafolha, seus adversários não cresceram. Aécio se manteve com 16% das intenções de voto e Campos subiu dentro da margem de erro da pesquisa (2 pontos percentuais), indo de 9% para 10%. Os candidatos de partidos nanicos somaram 6% das intenções.

O Datafolha também testou uma opção sem os partidos pequenos. Nesse cenário, a intenção de voto em Dilma diminuiu de 47% para 43%; Aécio foi de 17% para 18% e Eduardo Campos, de 12% para 14%.

Uma terceira opção troca Campos por Marina Silva (atual candidata a vice em sua chapa). Nessa simulação, Dilma caiu de 43% para 39% e Marina subiu de 23% para 27% entre as pesquisas de fevereiro e de abril. Nas três opções desenhadas pelo Datafolha com a candidatura de Dilma Rousseff, essa é a única que iria a segundo turno de eleição.

A presidente registrou o melhor desempenho na região Nordeste, onde recebeu 54% das intenções de voto. Seu ponto fraco é a fatia da população brasileira com renda familiar superior a 10 salários mínimos, na qual tem apenas 20% das preferências.

Já Aécio Neves está mais bem cotado pelo estrato mais rico do eleitorado, pois tem 34% das intenções de voto dos eleitores com renda familiar de mais de 10 salários mínimos. O tucano permanece com baixa penetração no Nordeste, onde angariou somente 7% das preferências. Eduardo Campos tem contra si a menor popularidade em nível nacional dos três candidatos. Dos consultados pelo Datafolha, 42% disseram não conhecer o ex-governador de Pernambuco. Apenas 1% não conhece Dilma Rousseff e 25% não sabem quem é Aécio Neves.

O Datafolha também pesquisou o grau de rejeição que o eleitorado tem em relação aos atuais pré-candidatos. Dilma, Aécio e Campos ficaram com o mesmo percentual, de 33% de rejeição. Marina Silva teve 21% e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve 19%.

Mudanças

Segundo a Folha de S. Paulo, a deterioração das expectativas com inflação e emprego, e um desejo de mudanças podem explicar a queda da preferência do eleitorado por Dilma Rousseff. Pelo resultado da pesquisa de abril do Datafolha, 63% dos brasileiros acham que as realizações de Dilma estão aquém do que esperavam. Além disso, 72% dos 2.637 entrevistados disseram que querem que as ações do próximo presidente sejam diferentes das de Dilma.

Questionados sobre qual dos candidatos listados seria o mais preparado para fazer essas mudanças, 32% dos consultados apontaram Lula, e 17%, Marina Silva. A própria Dilma foi citada por 16%, índice maior do que os atuais candidatos da oposição. Aécio foi apontado por 13% e Eduardo Campos, por 7%.


quinta-feira, 3 de abril de 2014

Brasil tem reservas elevadas, mas posição macro complicada, diz IIF



WASHINGTON - A piora das condições financeiras globais encontra o Brasil com um balanço externo forte e reservas internacionais significativas, mas também com uma posição macroeconômica complicada, diz o Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), em relatório divulgado nesta quinta-feira.
Segundo o IIF, a inflação elevada limitou a perspectiva de o país confiar na desvalorização do câmbio para absorver choques, levando a um aperto pró-cíclico da política monetária. 

Mesmo com o ciclo de aumento da taxa Selic, que ontem foi elevada de 10,75% para 11% ao ano, a inflação continua teimosamente alta, podendo subir mais nos próximos meses, devido aos riscos de escassez derivados de uma seca prolongada, diz o IIF. 

Para a instituição, o ciclo de aperto monetário deve terminar com a elevação feita ontem, devido à expectativa de que os aumentos já promovidos vão afetar a dinâmica da inflação com defasagem. “Nós acreditamos, porém, que o aperto monetário terá que ser retomado no quarto trimestre, levando a Selic para pelo menos 12,25% no fim de 2015”, afirma o IIF.

Ao comentar a política monetária nos países emergentes, o IIF coloca o Brasil entre os países que começaram o processo de elevação dos juros mais cedo, ao lado de Índia e Indonésia. Para a instituição, isso os ajudou a manter a creibilidade da política e estabilizar o câmbio, apesar das condições mais difíceis de financiamento para esses países.

Outras economias adiaram o processo, mas tiveram que aumentar os juros com força em janeiro, depois de fortes depreciações do câmbio, como a Turquia. As reservas brasileiras elevadas são um trunfo importante, por permitir que o país forneça liquidez em dólar, caso seja necessário. 

Segundo a instituição, o mix de políticas desequilibrado e as reformas limitadas têm pesado no cres cimento brasileiro. Ao divulgar novas previsões para a economia global, o IIF elevou ligeiramente as projeções para a expan são do Brasil. Em 2014, a previsão subiu de 1,4% para 1,6% e para 2015, de 2,1% para 2,2%.




Por Sergio Lamucci | Valor

domingo, 30 de março de 2014

A nota da campanha


Na manhã de terça-feira, um dia depois do rebaixamento da dívida brasileira, o diretor de rating soberano da Standard & Poor's, Sebastian Briozzo, era um dos mais aguardados palestrantes de um evento em São Paulo que também tinha entre suas atrações o governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Ao responder à mediadora sobre o impacto da sucessão nos prognósticos fiscais do país, disse: "Faz tempo que não só no Brasil como no resto da America Latina a cor da bandeira deixou de fazer a diferença. Governos de direita e de esquerda fazem políticas pragmáticas e prudentes. O importante é a agenda e a equipe que vai trabalhar com as agendas".




ma tradução possível do bom português do diretor argentino da S&P é que a política no Brasil e na América Latina não preocupa a agência. Quem faz a política, na verdade, são as equipes econômicas e suas agendas. O rebaixamento de BBB para BBB-, portanto, seria um aviso para a atual presidente não se desgarrar do caminho do meio, onde inexistem bandeiras.
Três anos atrás, ao baixar a nota da dívida americana, a S&P pode ter sido acusada de tudo pelo governo Obama, menos de ter ignorado as bandeiras da política local. O país vivia o impasse entre democratas e republicanos em torno do teto da dívida pública que travou os gastos do governo.
A S&P justificou o rebaixamento de AAA para AAA-: "A política temerária dos últimos meses evidencia que a governança e a administração pública nos EUA estão se tornando cada vez mais instáveis, menos efetivas e menos previsíveis. (...) As diferenças entre os partidos políticos provaram-se extraordinariamente difíceis de ser estreitadas".
Como se trata de um país que imprime a moeda mundial, restou à S&P invadir a política para explicitar suas dúvidas sobre a capacidade de o governo americano pagar sua dívida.
A nacionalidade americana da empresa talvez explique a falta de cerimônia com que a agência adentrou terreno minado. As reações foram muito mais enervadas do que aquelas que se observam por aqui, mas a maior delas veio dois anos depois num prato frio. O Departamento de Justiça levou à frente uma ação de US$ 5 bilhões contra a S&P pelas barbeiragens de seus ratings na crise de 2008. A agência queixou-se de retaliação.
Na queda de braço entre a S&P e o governo americano ficou explícita a inconformidade da agência com um modelo político em que Congresso e partidos têm peso na definição dos rumos do país.
No Brasil, o dirigente da agência até chegou a reconhecer os limites do mercado - "O Brasil tem uma democracia consolidada, pluralista e mais avançada que a de outros emergentes e, por isso, é mais difícil construir consensos".
Onde Briozzo se traiu, e seu domínio do português não autoriza um lapso idiomático, foi na constatação de que as equipes econômicas valem mais que as bandeiras políticas.
O maior responsável pela convicção da S&P de que a esquerda no Brasil pode ser pragmática - ou seja, fazer o que a agência acha que precisa ser feito - foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Seis anos atrás, Lula comemorou o grau de investimento a que chegou o Brasil sob seu governo.
A mesma agência que no passado serviu para o PT se exibir como o partido capaz de acender vela para deus e o diabo sem descuidar das criancinhas, agora é contestada como "inconsistente" e "contraditória" pelo governo do mesmo partido.
O rebaixamento chega num momento em que os candidatos - a governista e os de oposição - fogem despudoramente do debate que já precifica todo o mercado: quanto, como e onde vai se dar o corte de gastos.
Cinquenta anos atrás o país iniciava sua mais longa ditadura destruindo a chance de enfrentar a ordem financeira mundial que se modelou a partir da Guerra Fria com uma democracia mais pluralista e avançada do que hoje avalia Briozzo. Foi o pacto social da Constituinte de 1988 que pôs fim à ditadura. E é precisamente esse pacto, e os gastos nele envolvidos, que a sucessão, mais do que a S&P, põe em jogo.
Desaprovação
Intenção de voto vale pouco a esta altura do campeonato. Importa mais a popularidade de governo. Daí que os números do CNI/Ibope como aumento na reprovação à presidente acendam a luz amarela para Dilma.
A reeleição é recente para gerar um histórico confiável, mas tanto FH quanto Lula chegaram às urnas de sua reeleição com aprovação mais próxima a 60%, ainda que, em março tivessem índices parecidos com os de Dilma hoje (ver gráfico).
Para quem gosta de olhar a política brasileira com a bússola voltada para o Norte, os EUA têm 12 presidentes candidatos à reeleição e há quem ache a amostra pequena para que se tire conclusões. Lá aprovação de 60% é probabilidade de 90% de reeleição. Quando a aprovação cai para 40% também despenca para esse patamar a probabilidade de reeleição.
O cientista político Alberto Almeida, do instituto Análise, tabulou um outro dado, a soma de ótimo e bom de 47 governadores candidatos à reeleição desde 1998. Aqueles que tinham a soma superior a 60% foram todos reeleitos. A totalidade dos que tinham a mesma soma inferior a 34% foi derrotada. Dilma hoje tem 36%.
Dos quatro itens mais desaprovados pela população, três estão na linha de tiro do rebaixamento: juros, inflação e impostos. Se mexer para agradar o mercado, pode azedar o eleitor. Faltam Copa, horário
eleitoral e seis meses para a eleição, mas vai ser difícil para Dilma escapar dessa calibragem.

Maria Cristina Fernandes é editora de Política. Escreve às sextas-feiras
E-mail: mcristina.fernandes@valor.com.br

Maria Cristina Fernandes é editora de Política e colunista do Valor desde a fundação do jornal em maio de 2000. Integrou a equipe que fundou a revista "Época", publicação da qual foi repórter especial. Foi editora de Política da "Gazeta Mercantil", subeditora da revista "Veja" e repórter do "Jornal do Comércio".
É formada em jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco e em História pela Universidade Federal de Pernambuco. É mestre em Política Comparada pela Universidade de Paris I e em Política Latino-Americana pela Universidade de Londres.