sábado, 2 de janeiro de 2010

Biodiversidade - Cadeia produtiva da castnha


Começou a safra da castanha do Pará. No Acre, principal estado produtor, a coleta ajuda na renda dos pequenos agricultores.

É inverno amazônico. A época de verão para o restante do país não é considerada assim para quem vive no meio da floresta porque chove muito e o acesso por estradas fica bastante comprometido.

Para chegar à casa do agricultor José Francisco de Freitas, que mora a dez anos no lugar, a equipe de reportagem precisou seguir a pé. Ele coleta castanha e extrai borracha, produtos que geram uma renda de quase mil reais por ano. Para a alimentação da família ele mantém pequenas plantações e cria alguns animais.

“A gente produz, no caso do arroz e do feijão, para a subsistência. Chega a safra da castanha e é uma ajuda. Tem também a ajuda do gado, que a gente tem para manter a subsistência da família”, falou seu José.

O trabalho do seu José com a coleta dos ouriços de castanha começa com o preparo das ferramentas. Quase todas são feitas com materiais extraídos da própria floresta, como a fibra utilizada para fazer o balaio ou panero, como se diz pela região.

Já no meio da floresta, ele procura uma mão de onça. Mas não é do bicho onça. Ele olha para o lado, pega um galho, corta, pega mais uns galhos finos e está pronta mais uma ferramenta feita na hora.

“A gente faz a mão de onça para a colheita ouriço, de castanha”, explicou seu José.

A coleta da castanha é feita entre os meses de dezembro e março. Na última safra o seu José vendeu 52 latas do produtor, cada uma com dez quilos. A renda total foi de R$ 520. Ele recebeu pelas castanhas R$ 2,00 a mais por lata do que o preço pago no mercado. Isso porque ele participa de um programa de boas práticas, que aumenta o valor do produto.

“Amontoa e deixa amontoado por dois ou três dias no máximo. Aí tem que quebrar e levar para casa e colocar para enxugar. Depois, tem a catação da castanha para tirar todas as impurezas”, esclareceu seu José.

Outras 23 famílias fazem parte da mesma associação de extrativismo que o seu José. A castanha coletada pelos produtores vai para o novo armazém da comunidade. Além das boas práticas e da estrutura de armazenamento, a associação dos extrativistas busca a certificação internacional do produto orgânico, titulo que pode render até R$ 2,00 a mais por lata de castanha vendida.

Da comunidade a castanha é carregada diretamente para a cooperativa, que recebe quase a metade de toda a produção do Estado. O controle de qualidade, que começa na floresta, continua na cooperativa. A castanha passa por um processo de secagem e classificação. Depois de esterilizada, a casca é quebrada e a amêndoa ou a própria castanha passa por outra separação, onde são tiradas impurezas como cascas e amêndoas quebradas. Elas são colocadas ainda em estufas para mais uma secagem de 20 horas.

Depois de tudo, elas voltam para uma classificação manual e seguem para serem embaladas a vácuo, em caixas de 20 quilos cada. Na safra passada a cooperativa conseguiu negociar o produto ao preço de R$ 17 a lata. Para esta safra a expectativa é aumentar o preço.

“Nós temos uma grande perspectiva para 2010. No momento ainda não temos uma definição de preço. Mas estamos na expectativa de que vai melhorar em relação a 2009”, falou Manoel Monteiro de Oliveira, representante da Cooperacre.

O Acre é responsável por 34% da produção nacional de castanha do Pará.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Aqui no Chile - Depois de erros históricos do Partido Socialista, seu presidente prefire perder as eleicoes e renunciar

Só depois de varias renuncias de dirigentas da concertacao, os socialistas optaram também por renunciar. Deve-se lembrar que essa foi a condicao de Marco Enríquez para apoiar a Frei: "renuncia de todos os dirigentes dos partidos do bloco de apoio a Frei, reforma tributária, saúde pública e educacao gratiuita". Marco que resultou em terceiro lugar nas eleicoes do dia 13 de dezembro e que conta com capital de mais de 1,4 milhoes de votos, estaria disposto a apoiar ao candidato da concertacao, desde que se cumpram essas condicoes. O preco é alto, entreatanto a única possibilidade de mais um trunfo da concertacao. Caso contrário a direita retoma o poder no Chile e a concertacao terá que assumir os custos do seu erro político.

Leia (em espanhol) no jornal chileno "La Nación" as declaracoes do Presidente do partido Socialista, Camilo Escalona, quem será o grande responsável da quase certa derrota da Concertacao no segundo turno das eleicoes.

Con Camilo Escalona a la cabeza, la mesa directiva del Partido Socialista decidió poner sus cargos a disposición del Comité Central de la colectividad, en un nuevo gesto al interior de la Concertación a 24 horas del remezón provocado con las renuncias del presidente PRSD José Antonio Gómez y el timonel PPD Pepe Auth.

Pero a diferencia del PRSD y del PPD, donde asumieron directivas interinas, la decisión final en el caso del PS quedó para la segunda vuelta, dado que la convocatoria para el Comité Central está programada recién para el 23 de enero.

Fue en una reunión de más de 3 horas, citada de forma extraordinaria en la sede de la colectividad, donde la plana mayor del PS confrontó sus posiciones, con un Escalona que llegó a la cita con la intención de no emular el gesto de sus colegas radical y pepedé, y la disidencia presionando por dar una señal en pos de más renovación y cambios de cara a la segunda vuelta.

La presión sobre el PS y la DC, partido que también decidió mantener en la testera a Juan Carlos Latorre, se redobló durante esta jornada, con los llamados, por ejemplo de la bancada de diputados del PDD, a que Escalona y Latorre hagan “un gesto de solidaridad con Chile” y la asunción de la presidenta interina pepedé Adriana Muñoz.

El largo debate PS se materializó en una declaración pública donde se formaliza la disposición de dar un paso al costado por parte de la directiva encabezada por Escalona, y que también integran el secretario general Marcelo Schilling, más los vicepresidentes Isabel Allende, Juan Pablo Letelier y Ricardo Solari, y los dirigentes Arturo Martínez, Andrés Santander, Daniel Melo y Eugenio Alcamán.

Pero al término de la cita, Escalona llegó sólo acompañado de Martínez, Schilling y Melo, y leyó una declaración en donde fijan sui postura tras “examinar con atención” los últimos sucesos políticos al internos de la Concertación, “y más particularmente tras las renuncias de los presidentes del PPD y del PRSD”.

La declaración PS subraya que la “tarea de las tareas” es lograr un triunfo electoral el próximo 17 de enero, para lo cual reafirma su compromiso con el diálogo para la confrormación de una mayoría progresista, en alusión a los sectores que en primera vuelta estuvieron con Marco Enríquez Ominami y Jorge Arrate.

Direitos Humanos - Lula tenta amenizar crise e frustra comando militar

Presidente adia definição sobre comissão para investigar crimes durante a ditadura

Tarso Genro afirma que não há "controvérsia insanável" dentro do governo apesar da reação das Forças Armadas a plano de direitos humanos

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu ganhar tempo e investir num discurso conciliador e contra "revanchismos" para administrar a tensão entre os militares e a ala do governo mais afinada com as famílias de mortos e desaparecidos durante a ditadura militar.
Lula saiu em férias ontem, e uma definição sobre o terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos, foco da crise, só será anunciada a partir de abril. Os militares, que aguardavam um recuo concreto do governo em relação aos termos do plano, ficaram frustrados. Acham que Lula "empurra com a barriga".
Abril é o prazo que uma comissão do governo tem para elaborar projeto de lei da Comissão Nacional da Verdade -prevista no Plano de Direitos Humanos- para examinar violações de direitos humanos "praticadas no contexto da repressão política", um dos itens de irritação na área militar.
Outros são a identificação de locais públicos que serviram à repressão e a revogação da Lei da Anistia -além da proposta de cassar os nomes de presidentes militares de pontes, rodovias e prédios públicos. A comissão terá representantes dos ministérios da Justiça, da Defesa, da Casa Civil e da Secretaria de Direitos Humanos.
Ontem, as autoridades envolvidas no conflito baixaram o tom das críticas. O secretário de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, entrou em férias e avisou que não comentaria o caso, e o ministro Tarso Genro (Justiça) insistiu em que a palavra final caberá ao presidente.
"Não há nenhum pedido de demissão e nenhuma controvérsia insanável entre Defesa e Secretaria de Direitos Humanos. Isso [o presidente] vai resolver com a sua capacidade de mediação após as férias", disse Tarso, após reunião com Lula.
Também o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e os comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica se recusaram a falar. A promessa de Lula, levada a eles por Jobim, é de que a tensão será contornada e que o governo não tem nenhum interesse em provocar os militares e criar-lhes constrangimentos.
Jobim e os comandantes julgam que o plano ignorou todas as sugestões das Forças Armadas e ficou "desequilibrado", pois cobra responsabilidades dos militares, mas não dos seus adversários, "que assaltaram, mataram e sequestraram". Citam até ministros de Lula.
Interlocutores de Lula lembraram ontem que o tom conciliador foi dado pelo presidente desde o anúncio do plano, na segunda-feira antes do Natal. Na ocasião, Lula afirmou que o documento seria "digerido" -ou seja, que havia brechas para novos debates. No discurso, o presidente exaltou a experiência de integrantes do governo que lutaram contra a ditadura, como os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Franklin Martins (Comunicação Social), Tarso e Vannuchi.
Segundo Lula, Dilma teria comentado, ao passar pelo Comando do 2º Exército (SP), onde esteve presa, que não sentia mais raiva: "Se alguém prendeu a Dilma, se alguém torturou a Dilma achando que tinha acabado a luta da Dilma, ela é uma possível candidata a presidente da República", declarou.
A tensão entre militares e a área de Direitos Humanos não é novidade no governo Lula. Em 2007, foram duras as críticas de militares ao livro "Direito à Memória e à Verdade". Mais complicada foi a reação dos militares ao debate defendido pelo Ministério da Justiça sobre limites da impunidade a torturadores. Uma nova interpretação da Lei de Anistia rachou o governo. Como agora, Lula investiu na conciliação.