sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Casa das Caldeiras


No coração do brasileiro, luz mais barata e bronca em banco 


A redução da conta de luz em cerca de 20% neste ano entusiasmou os brasileiros na virada do terceiro para o quarto trimestre do ano passado. A novidade, rara inclusive pela dimensão do corte, não passou em branco. Foi registrada na pesquisa de opinião sobre o governo da presidente Dilma Rousseff realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Ibope em setembro do ano passado como um tema de destaque nos noticiários. Teve cartaz semelhante, na pesquisa de junho, o combate do governo Dilma às elevadas taxas de juros cobradas pelos bancos aos tomadores de crédito. O apreço da população por essas notícias faz sentido. Repercutem pra valer no orçamento das famílias. Interferem nas decisões de consumo.

As pesquisas de opinião pública a respeito do governo e da gestão da presidente sugerem elevada correlação entre as medidas tomadas no sentido de fortalecer o consumo e melhorar a distribuição de renda e a positiva e crescente avaliação positiva – tanto do governo quanto de Dilma.

O “prejuízo” na imagem do governo que poderia resultar de um abatimento menor no preço da conta de luz em função da escassez de energia – possibilidade afastada categoricamente ontem pelo governo – não chegou a ser estimado por analistas de mercado. Mas, segundo esses analistas, não deve ser desconsiderado. Até porque, explicam, no caso de revisão de cálculos sobre redução da conta de luz, a inflação tende a ficar mais pesada.

E, como uma coisa puxa a outra, na pior hipótese o Banco Central poderia ser forçado a também tirar a taxa Selic do atual nível recorde de baixa para algo superior, cenário em que todo mundo sairia perdedor: o governo, que prefere o juro o mais nanico possível, mesmo com inflação mais gorducha, e o brasileiro que subiu à classe média e conquistou espaço no mercado de crédito.

VALOR ECONÔMICO

A conferir. Ministro Barbosa, disse que o IPCA deve seguir tendência de queda em 2013

Nelson Barbosa vê inflação convergindo
 para o centro da meta


BRASÍLIA - O ministro interino da Fazenda, Nelson Barbosa, disse há pouco que o IPCA deve seguir tendência de queda em 2013, em direção ao centro da meta, de 4,5%. “A inflação mais um ano ficou dentro do intervalo estabelecido pelo governo e a expectativa é de que em 2013 ela continue caindo, se aproximando mais do centro da meta”, afirmou. “Nosso diagnóstico é o mesmo do Banco Central”, disse, lembrando que sobre o assunto “o BC presta esclarecimentos mais detalhados.”

Ontem, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que apesar de a inflação mostrar "resistência" no curto prazo, as perspectivas indicam "retomada da tendência declinante" ao longo deste ano. O presidente do BC lembrou que, pelo nono ano consecutivo, a inflação encerrou o ano dentro da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O IPCA fechou 2012 com alta de 5,84%, ante 6,5% em 2011.

Barbosa, que esteve em uma reunião no Ministério do Planejamento sobre o Fundo de Previdência Complementar dos Servidores Públicos Federais (Funpresp), frisou que a redução no custo da energia elétrica também vai contribuir para o controle da inflação neste ano. A queda no índice seria de mais ou menos 0,5 ponto percentual, como já anunciou o governo anteriormente, mas Barbosa não comentou o número exato previsto.

Vai haver, segundo ele, uma baixa nas contas de luz e o “impacto a gente vai começar a ver a partir de março.” A energia corresponde a cerca de 3,3% do cálculo do Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA). Também há impacto indireto, pois “havendo redução de custo [de produção] as empresas podem repassar isso” às mercadorias, afirmou.

Em relação ao IPCA do ano passado, que fechou acima do centro da meta, o ministro interino disse que houve quebra da safra agrícola no hemisfério norte, o que elevou os preços de grãos e derivados.

Barbosa disse ainda que desonerações contribuíram para controlar o aumento dos preços de alguns produtos, mas houve “aumentos pontuais” decorrentes de alta na tributação de cigarros e bebidas. “No balanço geral, a política tributária teve um impacto neutro ou favorável sobre a evolução da inflação”, avaliou o ministro interino.

(Thiago Resende e Lucas Marchesini | Valor)

Queda da indústria no Pará

O Pará precisa agregar valor a sua produção.   

Repórter Diário.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Métrica biológica e os impactos à biodiversidade



Juliana Rehfeld, da Anglo American: A fórmula baliza investimentos e dá segurança à mitigação de danos e ao relacionamento com as comunidades"



Antes de explorar a jazida de níquel do Jacaré, em São Félix do Xingu, no Pará, atualmente em estudo de pré-viabilidade e com estimativa de produção anual de 80 mil toneladas por 49 anos, a mineradora responsável pelo projeto iniciou medições inéditas que vão além do potencial e vida útil da reserva, das análises de mercado e das planilhas financeiras. Também os impactos à biodiversidade e a dependência atual e futura do empreendimento em relação aos estoques naturais foram incorporados à conta. "No cenário da gestão de riscos, busca-se um método capaz de dimensionar os efeitos dessas alterações e, no próximo passo, valorar ativos ambientais", afirma Juliana Rehfeld, gerente de desenvolvimento sustentável da Anglo American, com plano de replicar a experiência nas demais operações no país.

Está em jogo o acesso à matéria-prima e a oportunidades de negócio: "A fórmula baliza investimentos e dá segurança à mitigação de danos e ao relacionamento com comunidades". A iniciativa integra um projeto-piloto internacional que reúne no Brasil oito empresas de grande porte para a calibragem de uma nova ferramenta de gestão - o Corporate Ecosystem Services Review - testada no exterior por mais de 300 corporações nos últimos quatro anos. Em território brasileiro, o foco é a Amazônia. "Problemas no acesso aos serviços vitais dos ecossistemas, como água e fixação de carbono, podem gerar riscos e impactos nos lucros operacionais", adverte Francisco Almendra, coordenador de clima e energia do World Resources Institute (WRI) no Brasil. Ele completa: "No mundo de hoje é estratégia de sobrevivência para os negócios avaliar o impacto e dependência em relação a esses ativos".

A métrica avalia 24 serviços ecossistêmicos. O grupo sul-africano Mondi, uma das maiores companhias globais de papéis e embalagens, com receita anual de € 5,7 bilhões, aplicou a metodologia para reverter o índice de espécies invasoras da fauna e flora levadas a ambientes estranhos ao seu habitat natural junto com o transporte de mercadorias, causando desequilíbrios ecológicos. Foi também aferido o impacto sobre a água doce, medida cujos resultados fortaleceram as relações com comunidades e permitiram a geração de renda com turismo.

No caso da empresa canadense de energia BC Hydro, a medição reduziu conflitos com partes interessadas do entorno dos empreendimentos e contribuiu para diminuir pela metade o tempo de licenciamento ambiental de hidrelétricas - de três a cinco anos para um a três anos.

A inovação principal é a análise sobre quanto o negócio depende dos recursos naturais impactados pelas atividades da própria empresa e seus fornecedores, principalmente nos setores do agronegócio, abastecimento de água, produção florestal, energia, petroquímica, mineração e turismo. De acordo com a Avaliação Ecossistêmica do Milênio, estudo conduzido pelo WRI em parceria com 2,5 mil pesquisadores de todo o mundo, 15 dos 24 serviços ambientais do planeta se degradaram em níveis perigosos nos últimos 50 anos. Além de custos operacionais com implicações na competitividade, como alto valor da água limpa no futuro, o ambiente de escassez implica riscos regulatórios, de reputação e de acesso a mercados e a crédito - mas também abre caminho para novas tecnologias, modelos de negócios e arranjos produtivos.

Para uma indústria de cosméticos, impactos na regulação do clima pelo ambiente natural podem mudar o regime de chuvas e, por tabela, a incidência de insetos, prejudicando a produção de ativos da biodiversidade, como óleos essenciais. "Evoluímos na medição mais aprofundada dessas dependências", afirma Janice Casara, gerente de sustentabilidade da Natura, participante do projeto do WRI no Brasil, no qual as empresas testam a ferramenta com apoio da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds). Os resultados finais serão divulgados em meados de 2013.

A Natura emprega a fórmula para monitorar a produção pioneira de óleo de palma em sistemas agroflorestais mantidos por produtores familiares, na Amazônia. "Olhar estrategicamente para o futuro, e não apenas para o quanto foi emitido, gerado ou consumido no passado, é chave para a gestão sustentável mais coerente e de longo prazo", avalia a gerente. O foco unicamente nos impactos, diz ela, revela apenas "a ponta do iceberg" e não a real conexão dos negócios com os ecossistemas, envolvendo "questões culturais e de valor espiritual".

A preocupação chegou ao varejo. "É importante entender em que medida as operações de uma rede de supermercados estão associadas aos serviços ecossistêmicos", diz Camila Valverde, diretora de sustentabilidade do Walmart. O alvo principal será a cadeia de suprimento, em geral responsável por 90% dos impactos até os produtos serem expostos nas prateleiras.

Em Randon, no Pará, uma mina de bauxita hoje em fase de licenciamento para ser explorada a partir de 2016 incorpora dados sobre serviços ecossistêmicos ao planejamento das operações. Está prevista a recuperação de floresta em áreas de pastagens degradadas de onde o mineral será extraído, além da construção de aterro sanitário e estação de tratamento de esgoto na cidade, reduzindo o risco do abastecimento da empresa com água poluída.

"É uma forma de evitar custos operacionais mais altos no futuro", argumenta David Canassa, gerente de sustentabilidade da Votorantim Metais, responsável por investimento de R$ 5,6 bilhões na região. "Em 2010, quando a biodiversidade foi inserida na pauta do planejamento estratégico, estipulamos que em cinco anos teríamos uma metodologia para medi-la", diz o executivo. Não bastava valorar os serviços ecossistêmicos, mas identificar os impactos sobre os recursos que a natureza provia às operações. Após a experiência inicial, o método começou a ser aplicado em outras quatro plantas do grupo.

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Perdas da biodiversidade podem afetar economias



Quando a iniciativa The Economics of Ecosystems and Biodiversity (TEEB) divulgou há três anos que o mundo perde anualmente entre US$ 2,5 trilhões e US$ 4,5 trilhões com a destruição dos ecossistemas vitais, o setor empresarial despertou para os riscos e começou a se movimentar para evitar impactos irreversíveis nos negócios. Liderado por Pavan Sukhdev, diretor-fundador da empresa indiana GIST (Green Indian States Trust), o estudo, iniciado em 2007, gerou diferentes relatórios que subsidiariam negociações internacionais sobre o tema. No Brasil, dono de 15% da biodiversidade do planeta, invejável estoque hídrico e expressivo potencial no mercado de fixação de carbono, o governo federal decidiu iniciar a tropicalização da metodologia para inserir o assunto nas contas nacionais, trabalho conduzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Em paralelo, foi lançada em outubro no Brasil uma versão do TEEB específica para o mundo dos negócios, de modo que o meio empresarial contabilize riscos e identifique oportunidades a partir da biodiversidade. "A inclusão desses valores nas políticas adotadas pelas empresas pode gerar economia de recursos, desenvolvimento local, geração de emprego e melhoria na qualidade de vida", diz Helena Pavese, gerente de política ambiental da Conservação Internacional (CI-Brasil), organização ambientalista que desenvolve o projeto em cooperação com a ONU.

O objetivo é tornar as ferramentas de medição acessíveis e mudar a cultura corporativa para incluir a biodiversidade no manejo de riscos. Nos próximos 25 anos, diz Pavese, as perdas de biodiversidade podem atingir € 25 bilhões, podendo afetar setores estratégicos.

Só os EUA movimentam entre US$ 75 bilhões e US$ 150 bilhões com a produção de fármacos a partir de recursos naturais. Pavese acredita ser possível reverter o processo quando se mede financeiramente a biodiversidade.

A cidade de Nova York, por exemplo, economizou US$ 6 bilhões em tratamento de água após o recente investimento na recuperação ambiental de seu principal manancial hídrico, nas montanhas de Catskills.

Contabilizar o retorno para as empresas e para a sociedade de cada real investido na proteção dos recursos naturais é uma estratégia que fortalece os argumentos para a urgência da conservação. No Brasil, 78% da hidroeletricidade provem de fontes geradoras nutridas por rios situados em áreas protegidas, como parques ou reservas, que garantem qualidade e boa vazão à água. Os dados constam no relatório "Contribuição das Unidades de Conservação Brasileiras para a Economia Nacional", elaborado pelo United Nations Environment Programme (UNEP).

Para o pesquisador Carlos Eduardo Young, um dos autores do estudo, "o sucesso ou fracasso dos empreendimentos deixam de ser consequência apenas dos resultados financeiros atingidos".

Na competição por mercado, surgem ferramentas de gestão para diferenciar empresas que adotam boas práticas no uso da biodiversidade. É o caso do selo de certificação Life, projeto brasileiro reconhecido pela Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), em fase piloto de desenvolvimento. (SA)


Governo acelera a criação de estatais que não geram receita

Das dez empresas concebidas desde Lula, só uma já tem perspectiva de operar de forma independente


Empresa que nunca funcionou e incluída em plano de desestatização gastou R$ 110 mil para remunerar conselheiros



Sede da Hemobrás, em Brasília, única das estatais criadas nos governos
petistas que deu os primeiros passos para gerar receita - 
Andre Borges/Folhapress


A prática de criar estatais foi ressuscitada pela administração petista e acelerada pela presidente Dilma Rousseff, mas a maior parte das novas empresas está longe de fazer jus a essa qualificação.

Levantamento feito pela Folha mostra que, em uma década, os governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma deram à luz dez estatais, quatro delas nos últimos dois anos -não foram incluídas na conta subsidiárias de empresas preexistentes, como a CaixaPar, o Banco Popular e a recém-lançada Infraero Serviços.

Da lista, apenas uma já deu os primeiros passos rumo à geração de receitas suficientes para financiar seus investimentos e operações: a Hemobrás, fundada em 2004 para fabricar e vender medicamentos derivados do sangue.

As demais ou não saíram do papel ou são mantidas com recursos da arrecadação de tributos como uma repartição pública.

Aprovada por lei no mês passado, a EPL (Empresa de Planejamento e Logística) já está classificada pelo Ministério do Planejamento entre as estatais dependentes do Tesouro Nacional, ao lado de outras cinco criadas nos governos do PT.

TREM-BALA


A EPL tomou o lugar da Etav, uma breve empresa criada no ano anterior exclusivamente para viabilizar o trem-bala nacional -e que, de um orçamento de R$ 166 milhões, desembolsou apenas R$ 3 milhões com salários e despesas administrativas.

Também necessitam do dinheiro do contribuinte a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), a EBC (Empresa Brasil de Comunicação), o Ceitec (Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada), a EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) e a Amazul (Amazônia Azul Tecnologias de Defesa).

A maior delas, a EBC, não é propriamente uma novidade: surgiu em 2007 a partir de uma ampliação da antiga Radiobrás. No ano passado, segundo dados preliminares, ela gerou cerca de R$ 70 milhões em receitas com os serviços de radiodifusão, mas suas despesas ultrapassaram os R$ 400 milhões.

Criado em 2008 para fabricar chips eletrônicos, o Ceitec informou uma receita de R$ 300 mil no ano passado com a venda de seus produtos para a iniciativa privada. A legislação considera microempresas aquelas com receita anual até R$ 360 mil.

Outras duas estatais estabelecidas por lei nos últimos anos ainda não existem na prática: a PPSA, concebida para explorar o petróleo do pré-sal, e a ABGF, apelidada de Segurobras, para garantir obras de infraestrutura.

LEGADO ESPORTIVO


O caso mais inusitado é o da Brasil 2016, ou Empresa Brasileira de Legado Esportivo, criada no final do governo Lula para desenvolver projetos ligados à Olimpíada do Rio de Janeiro. Descartada antes de esboçar qualquer iniciativa, ela foi incluída no Programa Nacional de Desestatização.

Mesmo sem nunca ter entrado em operação, registrou como único gasto em seu balanço R$ 110 mil para remunerar conselheiros.

A Hemobrás, até agora, é a única incluída no orçamento federal de investimentos, que reúne as empresas utilizadoras de recursos próprios, como a Petrobras, a Eletrobras e os bancos públicos.

Ela recebeu aportes do Tesouro Nacional para a abertura de uma fábrica em Pernambuco, ainda não concluída. De um orçamento de R$ 264 milhões em 2012, R$ 50 milhões foram investidos até outubro.


GUSTAVO PATUBRENO COSTADE BRASÍLIA

Torturadora moderna

Se existisse uma verdadeira lei de imprensa, essa mulher estaria presa....

Ela é um obstáculo ao Pensamento Único....

"A bagunça da atual administração da política econômica".


Por Miriam Leitão


Pode levar anos para consertar o que a bagunça da atual administração da política econômica do Brasil tem feito. Aos poucos, está sendo dilapidado o patrimônio de solidez fiscal do país. Com truques contábeis, jeitinhos, mudanças de regras, invenções, o ministro Guido Mantega está minando o que o Brasil levou duas décadas para construir: a base da estabilização.

De todos os erros do ministro, esse é o pior. Mantega está tirando a credibilidade dos números das contas públicas. Mesmo quem acompanha o assunto já não sabe mais o valor de cada número que é divulgado.

O governo autorizou o resgate antecipado de R$ 12,4 bilhões do Fundo Soberano. Isso é 81% de um dos fundos do FSB. Além disso, o BNDES pagou R$ 2,3 bilhões e a Caixa R$ 4,7 bilhões, definindo esse dinheiro como dividendo antecipado para o Tesouro.

Está fabricando dinheiro. O Tesouro se endivida, manda o dinheiro para os bancos públicos, depois extrai deles recursos antecipados, alegando serem dividendos de balanços ainda nem fechados. Os recursos são registrados como arrecadação no fechamento das contas do ano. É estelionato fiscal.

Foram tantos truques em que dívida do Tesouro virou receita do governo para fingir o cumprimento de metas fiscais que hoje ninguém sabe dizer qual parte é confiável dos números que o governo divulga. Só com truques, diferimentos, transformismos e abracadabras, o Ministério da Fazenda conseguiu chegar à meta do ano.

A Caixa recebeu dinheiro público recentemente, e agora está antecipando dividendos ao Tesouro. A capitalização foi feita para fortalecer a instituição centenária da fragilidade financeira em que ficou após operações como a compra de 49% de um banco falido, no qual teve depois que despejar mais dinheiro.

As transferências para o BNDES aproximam-se de R$ 300 bi. Nascem como dívida, viram empréstimo subsidiado, e depois dividendo antecipado para o Tesouro. Com manobras circulares assim que se montou o mais nefasto e inflacionário dos mecanismos do passado, a conta movimento.

O Fundo Soberano era para ser um fundo de longo prazo onde fosse feito um esforço extra de poupança para momentos de crise. Em 2012 o país não cresceu, mas não foi ano exatamente de crise.

A mudança da Lei de Responsabilidade Fiscal é um atentado à viga mestra do edifício que os brasileiros construíram para ter uma moeda estável. Se a Fazenda considera que o custo da dívida dos entes federados ficou incompatível com a atual taxa de juros no Brasil, precisa abrir um debate amplo, sério e transparente para se encontrar a saída sem fazer rachaduras na sustentação da estabilidade.

Na época da renegociação, foram oferecidas duas taxas de juros aos devedores: quem fizesse um ajuste prévio pagaria 6%, quem não quisesse fazer pagaria 9%. A prefeitura de São Paulo escolheu não se ajustar e pagar mais. Agora, o governo está oferecendo a todos os juros de 4%.

A conta dos desatinos fiscais da atual equipe econômica chegará, mas quando os autores das artimanhas contábeis não estiverem mais lá para responder. Como sempre, a conta cairá sobre a população. O governo militar inventou artefatos de fabricação de dinheiro que produziram inflação. A democracia consumiu uma década para desarmar essas bombas. Os riscos a que o governo tem exposto o país são enormes.

Era preferível o governo ter simplesmente admitido que em 2012 arrecadou menos do que previa e, por isso, não pôde cumprir a meta. Ao mesmo tempo, se comprometeria a fazer esforço extra em ano de maior crescimento.

O Ceará saiu na frente...

 CADÊ?

Hidrovia


A participação da Vale na siderúrgica de Pecém, no Ceará, deixou empresários do sul do Estado com as
barbas de molho. Afinal, se a condição para instalação da Alpa e Aline, em Marabá, é a retirada das pedras do caminho do Lourenço, para viabilizar a Hidrovia do Tocantins, o Pará ainda vai ficar a ver navios por muito tempo e o prometido polo metal-mecânico não sairá do papel tão cedo.

Repórter 70, O Liberal.


As diferenças entre as filhas do Presidente Hugo Chávez



CARACAS - Na cabeceira do quarto onde está internado Hugo Chávez, Rosa Vírginia, a filha mais velha do líder venezuelano permanece de vigília desde que o presidente passou por sua quarta cirurgia, no começo de dezembro. Por questões legais, cabe à ela tomar as decisões que afetam o futuro de seu pai. Mais nova, María Gabriela, é vista como a primeira-dama.

Recentemente, pediu que acabassem as mentiras sobre o estado de saúde do Chefe de Estado, diante dos rumores sobre sua suposta morte, em um tweet publicado na internet. As duas, filhas do primeiro casamento do presidente com Nancy Colmenares, viveriam no entanto um conflito em relação à decisão mais difícil de todas: dar a ordem para desligar a máquina que mantém Chávez vivo, de acordo com o jornal espanhol "El Mundo".

Na quinta-feira, o irmão mais velho de Chávez, Adán, esteve na capital cubana. O jornalista venezuelano Nelson Bocaranda confirmou que a visita de Adán teve uma finalidade específica: foi um pedido das filhas do presidente, que teriam visões opostas sobre a decisão. Casada com com o ministro da Tecnologia, Jorge Arreaza, Rosa Virgínia assume o papel de possível herdeira política de Chávez.

Nos comícios finais da campanha de reeleição, Rosa foi figura constante. Além dos eventos eleitorais, acompanhou Chávez também nos compromissos oficiais. Em junho de 2011, foi recebida pela presidente Dilma Rousseff durante a visita do presidente venezuelano ao Brasil. E esteve ao lado de Chávez durante o longo tratamento contra o câncer, em Cuba: numa das poucas fotografias de Chávez em Havana, a filha estava junto.

María Gabriela Chávez é a mais nova. Mais comunicativa, pediu na semana passada, para que acabassem as mentiras sobre o estado de saúde do chefe de Estado. Nesta sexta-feira, também desmentiu que a irmã mais velha tivesse uma conta no Twitter. "Peço respeito à família, e principalmente, respeito ao meu povo. Chega de mentiras. Estamos juntos com papai, vivos, lutando e recuperando a saúde", disse em sua conta.

Chávez tem ainda outra filha, Rosinés, do casamento com a locutora Marisabel Rodríguez, de quem o mandatário se divorciou há sete anos. De acordo com o jornal "ABC", no entanto, a jovem de 15 anos não conseguiu ver o pai, apesar de ter passado o fim de semana em Cuba, tentanto visitá-lo. Na quinta-feira, Marisabel viajou à capital cubana para buscar a filha.

(O Globo)