domingo, 6 de outubro de 2013

O Plano "C". Quem quer o poder a todo custo e quem tem a humildade para apoiar outro candidato

Segundo ela, como todos falavam em plano A (a criação da Rede) e em plano B (sair candidata a presidente por outro partido), ela começou a bolar o "plano C" --"plano Eduardo Campos".

"Ninguém teria coragem de propor a uma candidata com 26% das intenções de voto que ela desistisse de sua candidatura à Presidência para apoiar um outro candidato. Essa é uma iniciativa que só ela teria a capacidade de colocar na mesa", afirmou o deputado Alfredo Sirkis (RJ), que também ingressou no PSB.



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A surpreendente aliança entre Eduardo Campos e Marina Silva ainda precisará ser "metabolizada", para usar um termo do marinês, mas o fato é que deve ter provocado uma tremenda indigestão em Dilma Rousseff e Lula.

Aliás, este pareceu ser o objetivo inconfesso de uma Marina "bolada", embora segura, que lançou mão de um sarcasmo até então ausente de suas falas e culpou o PT, seu antigo partido, por "aviltar" a democracia ao supostamente agir contra a Rede.

Campos fez jus à fama de bom articulador político e, enxergando a oportunidade, soube dizer exatamente o que Marina queria ouvir: que a Rede existe e é "legítima".

Aos aliados que se espantaram com o fato aceitar até ser vice, mesmo tendo o triplo das intenções de votos do aliado, Marina mostrou pragmatismo: quem tem partido e máquina é ele. Se as condições mais adiante vão levar a uma mudança de planos, é algo que partidários de Campos não discutem agora.

A possível chapa é forte pelo simbolismo: são dois ex-ministros de Lula, ambos com trajetória de esquerda. Será mais difícil para o PT fazer o discurso do bem contra o mal das últimas eleições.

O fim da polarização afeta também Aécio Neves. Para se contrapor à nova força que surge e pode ocupar o espaço de oposição, o tucano terá de ir atrás de aliados que sobraram no tabuleiro, como o PPS de Roberto Freire.

Opinião: Ex-senadora continua candidatíssima, e o jogo de 2014 está apenas começando

A possível chapa é forte pelo simbolismo: são dois ex-ministros de Lula, ambos com trajetória de esquerda. Será mais difícil para o PT fazer o discurso do bem contra o mal das últimas eleições.




Marina é candidatíssima a presidente, apesar do discurso elegante, muito cuidadoso, que fez ontem à tarde durante a sua filiação ao PSB.

A ex-senadora disse que apoia Eduardo Campos, afirmou até que ele tem uma "responsabilidade histórica diante de todos nós", mas em nenhum momento declarou que não será candidata no ano que vem ou que será vice do governador de Pernambuco à sucessão de Dilma.

Não há contradição nisso. Marina não poderia entrar em um partido, que já tem uma candidatura colocada, exigindo sentar na janelinha, como diria Romário, agora seu correligionário. Definitivamente não combina com alguém que prega um novo modo de fazer política.

A ex-senadora joga com o tempo. Não tem pressa porque sabe que, se continuar tão à frente de Campos nas pesquisas (hoje ela tem 26% no Datafolha; ele tem 8%), não há força capaz de tirar seu nome da urna eletrônica. O próprio governador haverá de lhe oferecer o lugar.

É necessário lembrar que Campos iniciou o movimento de dissidência com o atual governo justamente porque percebeu que estava sem espaço para crescer. Ele desejava ser candidato a vice de Dilma agora para, em 2018, aí sim, disputar a Presidência. Mas, sem condições de enfrentar o PMDB, partido fundamental para a sustentação do governo no Congresso, resolveu mudar de rota.

Na entrevista de ontem, embora chamado de futuro presidente por correligionários em coro, Campos disse que seu PSB ainda não definiu nada. Minutos depois, Marina, sabida, fez questão de repetir que o PSB só definirá sua vida em 2014. O jogo só começou a ser jogado.

ROGÉRIO GENTILE
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO