Mostrando postagens com marcador Marina Silva. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Marina Silva. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 7 de março de 2016





terça-feira, 21 de outubro de 2014

A ex-candidata Marina Silva defende sua campanha. The Wall Street Journal





SÃO PAULO – A ex-candidata Marina Silva defendeu em entrevista sua decisão de não retaliar a enxurrada de ataques da propaganda eleitoral que, de acordo com muitos observadores, destruiu suas chances de se tornar presidente da República e implantar uma plataforma de reformas políticas e ambientais.

“Eu nunca lutaria com as mesmas armas porque, uma vez que você faz isso, se torna exatamente aquilo com o qual está lutando”, afirma, em sua primeira grande entrevista depois da eleição de 5 de outubro, na qual ficou em terceiro lugar e saiu da corrida presidencial.

O que “nós temos hoje é um país onde todas as conquistas estão sob ameaça em razão da degradação da política e das instituições políticas, em razão da corrupção, em razão da falta de credibilidade, em razão da lógica de que ‘vale tudo’ para ter o poder”.

Marina ingressou de forma extraordinária em uma das eleições mais acirradas desde que o país retomou o caminho democrático em 1985. Ela entrou tardiamente na disputa a presidente ao substituir o candidato do Partido Socialista, Eduardo Campos, que morreu em um acidente de avião. Em certo momento, as pesquisas a colocaram dez pontos à frente da atual presidente, Dilma Rousseff.

Mas sua campanha retrocedeu de forma quase tão dramática sob uma avalanche de propagandas com ataques agressivos. O então terceiro candidato, Aécio Neves, se beneficiou de sua queda em meio à percepção de que ele iria enfrentar com mais força do que Marina a campanha de Dilma Rousseff.

Aécio Neves subiu e ficou em segundo lugar na eleição de 5 de outubro. Uma pesquisa publicada pelo Datafolha na quarta-feira (15) deu a ele uma vantagem de dois pontos percentuais sobre Dilma Rousseff –empate técnico— no segundo turno.

Na entrevista, Marina Silva disse que o péssimo estado da política brasileira a motivou a apoiar Aécio Neves, apesar de o partido social-democrata ter se colocado no lado oposto de negociações sobre questões fundamentais, como o desmatamento.

Para conquistar o apoio de Marina, que obteve 21% dos votos no primeiro turno, Aécio Neves prometeu proteger o meio ambiente e promover reformas políticas, como o fim da reeleição. Ele também vai incluir um pronunciamento de Marina em sua propaganda eleitoral que vai ao ar durante a noite. Ela admite que nem todos os seus apoiadores vão votar no conservador Aécio Neves. Mas seu apoio pode dar a ele uma vantagem em uma eleição apertada.

Marina é uma figura rara no cenário político do Brasil. Nascida em uma família pobre da Amazônia, ela entrou na política ao lado de Chico Mendes, ativista que defendia a floresta e foi assassinado, e se tornou senadora e ministra do Meio Ambiente no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores, antes de romper com a legenda por conta das diferenças em relação à política para a Amazônia.

Sobrevivente da malária e de outras doenças potencialmente fatais durante a infância, Marina Silva se tornou a primeira mulher negra a se candidatar para a Presidência da República.

“Nascida pobre, negra, mulher, eu superei todos os tipos de preconceito que podem ser lançados contra você, às vezes de forma cruel”, disse ela, revelando um sentido apurado do que precisa mudar no Brasil.

Entre suas atuais preocupações estão as investigações da Polícia Federal sobre um suposto esquema de desvio de recursos envolvendo aliados do esquerdista Partido dos Trabalhadores de Dilma Rousseff na estatal de petróleo. “A Petrobras, que antes estava em reportagens de negócio, de economia e de ciências, está agora nos registros policiais.”

O porta-voz de Dilma Rousseff não quis comentar.

Mas Marina afirma que a campanha teve um impacto também pessoal. Disse que a campanha de Dilma empenhou-se em “mentiras” deslavadas para “aniquilá-la” como pessoa.

Um exemplo citado por Marina Silva: ela foi acusada de estar em uma trama com banqueiros para prejudicar os pobres. Em uma das propagandas, os banqueiros riam diabolicamente enquanto uma família via a comida evaporando de seus pratos ao se sentar para jantar.

Embora anúncios assim sejam usados em algumas eleições americanas, eles são incomuns no Brasil.

Marina ficou visivelmente emocionada ao descrever um discurso de campanha no mês passado feito por seu antigo mentor político Luiz Inácio Lula da Silva, o fundador do Partido dos Trabalhadores, que, segundo ela, a acusou falsamente de querer cessar a exploração de petróleo em águas profundas. Na década de 80, Marina Silva chegou a percorrer, mesmo grávida, estradas de terra para fazer campanha para Lula.

“A única coisa que eu posso dizer é que pretendo continuar lutando pelos mesmos ideais pelos quais lutávamos no passado”, disse Marina.

No rescaldo de uma campanha dura, afirmou estar comprometida com a tentativa de mudar o Brasil, mas disse que não precisa ser presidente para fazê-lo.

“Meu objetivo não é ser presidente da República, o meu objetivo de vida é que o mundo seja um lugar melhor, que o Brasil melhore”, disse.

Publicado em 15/10/2014
- Por John Lyons e Luciana Magalhães - The Wall Street Journal



segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Aécio busca Marina e homenageia Campos


Otimismo de Aécio: o candidato à Presidência pelo PSDB acena logo depois de votar, ontem, em Belo Horizonte; agora sua prioridade é buscar o apoio de Marina Silva para o segundo turno





O senador e candidato presidencial pelo PSDB, Aécio Neves, confirmou a virada sobre Marina Silva (PSB), que as pesquisas já vinham apontando, e disputará com a presidente Dilma Rousseff (PT) o segundo turno das eleições. Ele surpreendeu na votação ontem e ficou apenas oito pontos percentuais atrás de Dilma.

Aécio teve uma vantagem de 4 milhões de votos sobre a presidente Dilma em São Paulo, no maior colégio eleitoral do país.

O tucano terá como tarefa imediata tentar atrair o apoio de Marina Silva, o que tornaria mais fácil a migração de eleitores marinistas para ele no segundo turno. O PT também brigará por uma costura eleitoral com Marina.

Ontem à noite, ao comentar os resultados da eleição, ele lembrou Eduardo Campos, candidato do PSB morto no início da campanha num acidente aéreo. Foi uma reverência a um amigo, mas também um claro aceno para cativar Marina e alas do partido ligadas ao antigo líder.

"Quero aqui, desde já, deixar uma palavra de homenagem muito pessoal a um amigo, a um homem público honrado, digno, que foi abatido por uma tragédia no meio dessa campanha: o governador Eduardo Campos. A ele, aos seus ideais e aos seus sonhos também, a minha reverência. Nós saberemos juntos transformá-los em realidade", disse Aécio.

"É hora de unirmos as forças. A minha candidatura não é mais a candidatura de um partido político ou de um conjunto de alianças", afirmou, em entrevista coletiva no comitê da campanha tucana em Belo Horizonte.

Um interlocutor de Aécio disse ao Valor, no sábado, já ter tido duas conversas por telefone na semana passada com um dos políticos próximos a Marina. "Foi o começo de um ensaio de diálogo."

O grupo de Aécio dá um senso de urgência a essa aproximação. O ideal, segundo duas pessoas do círculo de Aécio, é que a abordagem seja rápida e que no máximo até o fim da semana a união entre os candidatos esteja sacramentada. O segundo turno está marcados para o dia 26.

Aécio disse ontem que não havia tido ainda nenhum contato com o campo de Marina e afirmou ter "enorme respeito pessoal" por ela.

O tucano, no entanto, fez um convite: "Nosso projeto é um projeto generoso. Não é o projeto de um partido é um projeto da sociedade brasileira e todos aqueles que quiserem se somar a ele e tiverem contribuições a dar a essas mudanças serão muito bem vindos".

Ex-integrante do PT por mais de 20 anos e ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula, Marina será também cortejada pelos petistas - se não para aderir a Dilma, ao menos para se manter neutra, como fez em 2010. O presidente do PSB, Roberto Amaral, é próximo de Lula. Lideranças petistas afirmam que uma fatia importante dos eleitores de Marina tende a apoiar mais facilmente a candidata do PT.

No caso do PSDB, ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é visto pelo grupo de Marina como a pessoa com quem ela fará a ponte para um início de conversa com Aécio Neves.

Na corte de Aécio a Marina, além do ex-presidente, outra pessoa terá importância: a viúva de Eduardo Campos, Renata Campos. "Sem dúvida ela será uma conselheira importante. Marina ouve a Renata e tem uma ligação pessoal e política muito sólida", disse o interlocutor da candidata ouvido pela reportagem

Aécio disse que não tinha ainda nenhuma conversa agendada com ela e que é "muito cauteloso com relação a essas questões".

No lado dos tucanos, a avaliação é que, além de FHC, outros nomes serão importantes na tentativa de costura com Marina. Entre eles, estão Márcio França (PSB), que se elegeu vice-governador de São Paulo na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB); o candidato a vice de Marina, Beto Albuquerque (PSB), o presidente do PPS, Roberto Freire.

Mas a conversa com a Marina terá de ser com o Aécio, acrescenta um parlamentar tucano, dizendo que essa não é uma discussão que possa ser "terceirizada".

Marina chegou a ter 34% das intenções de voto, encostando em Dilma, que tinha 35%, na pesquisa do Datafolha feita entre 1 e 3 de setembro. Aécio apareceu com 14%. Para recuperar o segundo lugar nas pesquisas, a campanha tucana começou a criticar Marina, dizendo que ela não tinha experiência de gestão, que suas opiniões oscilavam em função de conveniências e que não era, de fato, oposição ao governo atual, já que esteve por mais de 20 anos no PT.

Aécio procurou, no entanto, misturar as críticas palavras positivas e de respeito sobre a adversária.

No sábado, o interlocutor de Aécio disse à reportagem que, na semana passada, teve duas conversas longas com uma pessoa da confiança de Marina e que os contatos serviram de "sinalização", de "abertura das conversas" sobre um apoio de Marina a Aécio - ou de Aécio a Marina.

As últimas pesquisas mostraram uma ascensão de Aécio proporcional à contínua queda de Marina. O tucano recuperou votos em Minas, sua base eleitoral e Estado que ele governou entre 2003 e 2010. Mas, ainda assim, teve menos votos do que Dilma entre os mineiros.

Sua campanha na TV foi marcada por exemplos de políticas bem sucedidas que ele adotou quando governador e que ganhariam escala caso fosse eleito presidente.

Mas Aécio terá dificuldades de continuar a exibir Minas como sua vitrine no segundo turno. Não apenas ele teve menos votos do que Dilma no Estado, como o candidato a governador apoiado por ele, o tucano Pimenta da Veiga, foi batido no primeiro turno por Fernando Pimentel, do PT, depois de três gestões seguidas do PSDB.

Aécio disse ontem que a oposição a Dilma já foi vitoriosa porque teve a maioria dos votos no primeiro turno. "Eu me sinto extremamente honrado em ser o representante desse sentimento."

Ele prometeu intensificar as ações de campanha já a partir de amanhã. O tucano estará em São Paulo hoje para definir com coordenadores da campanha suas próximas viagens pelo país.

Ainda sobre as futuras conversas entre tucanos e marinistas, os dois lados usam o mesmo termo quando se referem à forma a conversa entre Marina e Aécio terá de se dar: em bases programáticas. Quem convive com Marina acredita que ela começará a conversa com base nos compromissos que a candidatura de Aécio assumirá e no interesse dele em absorver algumas bandeiras que ela considere mais importantes.

É a mesma postura que ela teve em 2010, quando ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais, atrás de José Serra (PSDB) e Dilma. Naquele ano, ela acabou não apoiando nenhum dos dois no segundo turno.

Para o parlamentar tucano, a "discussão programática" não será dificuldade. Ele lembra que conselheiros econômicos de Marina, Eduardo Gianetti da Fonseca e André Lara Resende, defendem posições muito semelhantes à da campanha do PSDB.

Uma das poucas diferenças que apareceram na campanha diz respeito ao Banco Central. Marina passou a defender que é necessário que instituição seja independente do Poder Executivo. Aécio, não.

Nas políticas sociais, ainda conforme o parlamentar tucano, não há diferenças entre os dois lados. As únicas arestas seriam quanto à questão ambiental e ao agronegócio, temas em que Marina já defendeu posições mais restritivas e críticas do que Aécio.

Por Marcos de Moura e Souza | De Belo Horizonte

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Agora, no último programa na TV, Marina decide fazer ataque frontal a Dilma

domingo, 28 de setembro de 2014

Á TRAJETÓRIA




Parece claro que Marina quer deixar uma marca com a campanha eleitoral deste ano. Há alguns dias, ouviu do ex-deputado Maurício Rands, um dos coordenadores de seu programa de governo, o prognóstico de uma possível vitória eleitoral. "Você tem ideia de que será a primeira mulher negra eleita presidente do Brasil?", perguntou o colaborador. Marina corrigiu: "Negra e seringueira".


TRAJETÓRIA


Nome completo: Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima


Nascimento: 8 de fevereiro de 1958, no seringal Bagaço, a 70 km de Rio Branco (AC)


ANOS 1960 Vive com a família num seringal e tem o sangue contaminado por mercúrio por causa de medicamento usado para tratar uma leishmaniose. Também contrai malária e hepatite


ANOS 1970 Fixa-se, em 1974, em Rio Branco para tratar da saúde e tentar ser freira. Trabalha como empregada doméstica e se alfabetiza pelo Mobral. Em 1976, conhece Chico Mendes


ANOS 1980 Após os supletivos de 1º e 2º graus, passa no vestibular para o curso de história na Universidade Federal do Acre. Filia-se ao PT e, em 1988, é eleita vereadora em Rio Branco


ANOS 1990 Em 1990, é eleita deputada estadual no Acre. Em 1994, conquista vaga no Senado Federal. Em 1997, troca o catolicismo pela Assembleia de Deus


ANOS 2000 Em 2002, é reeleita senadora. Em 2003, torna-se ministra do Meio Ambiente do governo Lula. Tem embates com a ministra Dilma Rousseff. Em 2009, deixa o PT


ANOS 2010 Concorre à Presidência pelo PV em 2010. Em 2013, tenta criar a Rede Sustentabilidade. Com a morte do aliado Eduardo Campos, encabeça chapa do PSB ao Planalto


AÇÚCAR


Marina perdeu 3 kg desde que assumiu a cabeça da chapa à Presidência. Alérgica a diversos alimentos, encontra o prazer do açúcar no biju, biscoito feito sem manteiga que devora em velocidade assustadora


FONO


Com agenda intensa, Marina ficou afônica e foi aconselhada por assessores a diminuir seu ritmo. Recusou-se. No lugar, pediu a ajuda de uma fonoaudióloga para exercitar as cordas vocais


MEDO


Desde a morte de Eduardo Campos, amigos repetem para Marina teses sobre a baixa probabilidade de um avião cair. Um assessor deu de presente à candidata um livro sobre estatísticas que ela carrega em todos os voos


BETERRABA


Marina encontrou uma linha importada de produtos de beleza que supre suas necessidades de pele sensível. Apenas o batom não foi compatível devido às suas alergias. Ela mesma inventou uma essência de beterraba que utiliza nos lábios


REVELAÇÃO


Uma católica que quase se tornou freira, Marina diz ter tido a epifania que a levaria a se tornar evangélica após um sofrer um problema de saúde, em 1997

sábado, 20 de setembro de 2014

Marina critica resultados do Pnad e aponta 'políticas erráticas' do governo


A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, disse ontem que a interrupção na trajetória de queda da desigualdade - verificada nos últimos dois anos e confirmada em 2013 - é resultado das "políticas erráticas" do atual governo. A informação consta da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2013, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para Marina, a tendência de redução da desigualdade que prevaleceu na década passada só poderá ser retomada com a recuperação da credibilidade do governo e do país, e a consequente atração de investimentos. "É mais um exemplo de que o atual governo vai deixar o país pior do que encontrou".

De acordo com a candidata, o resultado da Pnad se soma ao crescimento baixo, a volta da inflação e a elevação dos juros entre as más notícias. "Agora temos o retorno da concentração de renda que estava fazendo uma inflexão para baixo. Os 10% mais ricos ficando mais ricos e os 10% mais pobres ficando mais pobres é só uma demonstração de que uma coisa está sendo o discurso para ganhar a eleição. Outra coisa é a prática na hora de governar, fazendo prioridades erráticas, deixando piorar uma coisa que vinha mudando, que era a desconcentração de renda" diz.

Questionada se o aumento dos juros também poderia ter influenciado no resultado da Pnad, a candidata acusou a presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff, de governar com interesses diferentes da sociedade. "Uma série de políticas erráticas combinadas fazem com que muitas coisas estejam acontecendo. O atraso na política está ameaçando as conquistas que alcançamos", afirmou, acusando Dilma de "dar continuidade a essa forma de ganhar com discurso, com boatos e depois governar defendendo interesses que não são da sociedade, como acontece com a elevação dos juros".

No Blog do Planalto, o governo também comentou os dados da Pnad. Não comparou os dados de renda entre as várias classes sociais, mas destacou o aumento do rendimento médio real mensal, que avançou 5,7% contra 5,9% de alta do IPCA no período e 5,5% do IGP-M. O Planalto também destacou a melhoria em indicadores sociais e no acesso a serviços. O número de domicílios com coleta de esgoto subiu um ponto percentual, de 63,3% para 64,3%.

Marina comentou a possibilidade, aventada por analistas, de que a falta de qualificação profissional de uma parcela da sociedade brasileira torne os ganhos mais desiguais, com profissionais mais bem treinados melhorando mais sua renda do que a média. Para a candidata, a falta de credibilidade do governo prejudica mais as possibilidades do país de ter investimentos e voltar a crescer do que a falta de mão de obra qualificada.

"Tem que qualificar (o trabalhador), treinar, capacitar, mas ao mesmo tempo recuperar o crescimento do país", disse, citando o impacto dos resultados de pesquisas eleitorais sobre ações de empresas estatais e o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) como exemplo da falta de credibilidade da presidente.

Marina e seu candidato a vice, Beto Albuquerque (PSB), passaram a manhã no Rio, de onde seguiram para Vitória, no Espírito Santo. Antes, Albuquerque comentou a proposta do PSB de criar um comitê de busca para identificar nomes e preencher cargos no governo, citada por Marina. Segundo Albuquerque, a ideia não será adotada para ministros, que devem permanecer como cargos políticos. A iniciativa deve ser válida para bancos públicos, estatais e agências reguladoras. Os candidatos seriam recrutados por chamadas públicas e selecionados por especialistas, da área de recursos humanos e do setor em questão.

Albuquerque defendeu o modelo como alternativa para formar novas lideranças. De acordo com o candidato, essa era uma prática de Eduardo Campos no governo de Pernambuco. O atual prefeito de Recife, Geraldo Júlio, e o candidato do PSB ao governo de Pernambuco, Paulo Câmara, atual líder nas pesquisas de intenção de votos, entraram na política depois de carreira no Tribunal de Contas do Estado.

© 2000 – 2014. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico


Por Renata Batista | Do Rio


sábado, 13 de setembro de 2014

Marina: "Há um caos no sistema elétrico e Dilma foi ministra da área"


RIO - A candidata à presidência da República pelo PSB, Marina Silva, afirmou nesta sexta-feira que o país vive “caos” no setor elétrico e fez questão de frisar que a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, foi ministra de Minas e Energia e chefe da Casa Civil da presidência.

“É preciso que o país possa planejar, ter orientação estratégica dos investimentos, saber que o Estado está ali para resolver, sem beneficiar ou prejudicar”, disse Marina, em evento com empresários na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

Marina também foi incisiva ao afirmar que “é inadmissível que um projeto comece com R$ 5 bilhões e termine com um aditamento de R$ 20 bilhões” e afirmou que os recursos que pretende destinar para a saúde e educação virão justamente do corte desses aditamentos. Segundo ela, um melhor planejamento dos projetos evitará o crescimento dos orçamentos das obras.

Por Elisa Soares | Valor

Na TV, Marina responde em dois minutos as mentiras que a Dilma fabrica em 13 de TV

Terrorismo não, por favor. A fase Collor/Lula quer voltar


quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Investida feroz de Dilma Rousseff



BRASÍLIA - Está em curso uma investida feroz de Dilma Rousseff contra sua principal adversária na corrida presidencial, Marina Silva.

Nos últimos dias, Marina foi comparada a Jânio Quadros e a Fernando Collor, ex-presidentes que fracassaram sem apoio do Congresso. Ontem (9), num comercial de 30 segundos, Dilma afirmou que uma administração marinista entregará o comando do Banco Central aos banqueiros –enquanto uma imagem mostrava pessoas ficando sem ter o que comer.

Nessa guerra na TV, Dilma parece não se importar em vestir um figurino de "esquerda de museu". A propaganda petista lembra o maniqueísmo das passeatas dos anos 70 e 80, quando tudo era "culpa do FMI". Agora, o reducionismo dilmista sugere que é tudo culpa dos bancos.

Há duas formas, não excludentes entre si, de interpretar esses comerciais. Uma delas é notar o exagero e o cinismo. Não é necessário ser historiador político para enxergar diferenças entre Marina e Collor. Ou lembrar quem foi o chefe do Banco Central durante o governo Lula –não era ninguém descido do paraíso, mas sim Henrique Meirelles, um ex-presidente do BankBoston.

Uma outra interpretação para os comerciais de Dilma deve ser do ponto de vista da eficácia eleitoral. Preparados pelo marqueteiro João Santana, os filmes são testados previamente com grupos de eleitores. Não são peças para explicar como seria um segundo governo dilmista. A missão é apenas ganhar a disputa.

A presidente já percebeu que só vencerá se destruir as chances de Marina. É o marketing a serviço da eleição. Em menos de dez dias, Dilma sapecou em Marina a pecha de ser frágil como Fernando Collor e cruel o suficiente para entregar "um poder que é do presidente e do Congresso" para os terríveis (sic) banqueiros.

A imagem de Marina está sendo desossada. O curioso é que sua reação até agora parece tímida para quem deseja estancar o processo.

Fernando Rodrigues é repórter em Brasília. Na Folha, foi editor de 'Economia' (hoje 'Mercado'), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006). Escreve quartas e sábados.

domingo, 7 de setembro de 2014

Para Lula, Marina era o ‘Pelé’ do ministério




Seis anos antes de ser relançada à corrida pelo Palácio do Planalto e se tornar a maior ameaça à reeleição de Dilma Rousseff (PT), a então ministra do Meio Ambiente Marina Silva foi elogiada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva por sua “habilidade política” e “competência técnica”, justamente as áreas em que os petistas agora criticam a candidata do PSB. Lula chegou até mesmo a compará-la a Pelé quando ela deixou o ministério – e o governo – em maio de 2008.

“A Marina provou que a sensatez, a habilidade política, o respeito às leis e a competência técnica podem trabalhar juntos, quando se instituiu a transversalidade no nosso governo e conseguimos fazer o projeto da rodovia possivelmente mais bem projetada, que foi a BR-163″,discursou Lula em 27 de maio de 2008, com Marina ao lado, ao dar posse ao seu sucessor, Carlos Minc.

O elogio do presidente continuava: “(Marina) Soube fazer isso, também, quando conseguiu organizar o licenciamento para que pudéssemos fazer o processo de integração das bacias do São Francisco com o processo de revitalização.”


As declarações de Lula na ocasião contrastam com o tom adotado agora por petistas – mais exatamente, desde que pesquisas de intenção de voto apontaram a ambientalista descolando-se do candidato do PSDB, Aécio Neves, e derrotando a presidente Dilma Rousseff em um eventual segundo turno. Sob condição de anonimato um ministro afirmou ao Estado que Marina foi “uma péssima gestora” e que bastaria avaliar “o que ela fez (no governo Lula) e o que atrapalhou a fazer”.

Contradições

No novo cenário, em que Marina aparece como favorita, a campanha de Dilma dedica-se a desconstruir sua imagem, questionando sua capacidade gerencial e recordando suas resistências de outrora a algumas obras de infraestrutura – um discurso diferente do proferido por Lula em 2008.
“Lembro das brigas que criaram entre a Dilma e a Marina. Eram os desenvolvimentistas a qualquer custo contra os ambientalistas a qualquer custo. E eu, que participava das reuniões com as duas, não via a briga que eu lia no jornal”, comentou Lula. “(Eu) Olhava se, embaixo da minha mesa, tinha um pequeno anão que passava a notícia que eu não tinha discutido, porque não era possível.”

Ao deixar o ministério, Marina dizia na carta de demissão que ia embora por encontrar dificuldades para “dar prosseguimento à agenda ambiental federal”. A demora de sua gestão para conceder licenças ambientais virou alvo de críticas e ela enfrentou seguidos embates com Dilma, que tinha pressa em fazer as obras andarem e era ministra-chefe da Casa Civil. Uma queda de braço foi a construção das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia. “Eu sei do tormento que você viveu, Marina”, afirmou na despedida o presidente, “porque não foram poucas as vezes em que conversamos. (…) No primeiro momento, tentou-se vender a ideia seguinte: Marina sai porque é ambientalista e Minc entra porque é desenvolvimentista”. E Lula concluía: “Nenhuma das duas versões é verdadeira”.

Como Pelé

Habituado às comparações com o futebol, Lula associou a imagem de Marina, em seu discurso, à de Pelé. “Minc, sabe como é que eu me sinto aqui, hoje? Você está lembrado de um jogo, na Copa de 1962, quando o Pelé foi tirado de campo? Colocaram Amarildo e ele fez os dois gols brasileiros. Faz de conta que você está entrando no lugar do Pelé”, comparou Lula, acrescentando a dica final: Minc deveria lembrar que “o Pelé não era insubstituível”.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Perguntas sem respostas



A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, faltou a uma entrevista ao Jornal da Globo e o programa exibiu as perguntas direcionadas à candidata. Esta seria a segunda edição da série de entrevistas com os principais candidatos à Presidência nas eleições de 2014.

Marina Silva, a candidata do PSB, foi a primeira entrevistada do programa, na segunda-feira (1º). Dilma seria entrevistada pelos apresentadores William Waack e Christiane Pelajo, que ainda assim leram no ar as perguntas que seriam feitas para Dilma na terça-feira (2).

O não comparecimento da presidente não foi explicado pela atração. Esta foi a primeira vez que um dos candidatos não participou desde o início da série de entrevista, em 2002. Confira abaixo a lista de perguntas direcionadas para a atual presidente do Brasil:

1. Os últimos índices oficiais de crescimento indicam que o país entrou em recessão técnica. A senhora ainda insiste em culpar a crise internacional, mesmo diante do fato de que muitos países comparáveis ao nosso estão crescendo mais?

2. A senhora continuará a represar os preços da gasolina e do diesel artificialmente para segurar a inflação, com prejuízo para a Petrobras?

3. A forma como é feita a contabilidade dos gastos públicos no Brasil, no seu governo, tem sido criticada por economistas, dentro e fora do país, e apontada como fator de quebra de confiança. Como a senhora responde a isso?

4. A senhora prometeu investir R$ 34 bilhões em saneamento básico e abastecimento de água até o fim do mandato. No fim do ano passado, tinha investido menos da metade, segundo o Ministério das Cidades. O que deu errado?

5. Em 2002, o então candidato Lula prometeu erradicar o analfabetismo, mas não conseguiu. Em 2010, foi a vez da senhora, em campanha, fazer a mesma promessa. Mas foi durante o seu mandato que o índice aumentou pela primeira vez, depois de 15 anos. Por quê?

6. A senhora considera correto dar dentes postiços para uma cidadã pobre, um pouco antes de ser feita com ela uma gravação do seu programa eleitoral de televisão?

O candidato do PSDB, Aécio Neves, será o entrevistado desta quarta-feira (3). Por conta de um pedido dos candidatos, foi combinado que as entrevistas seriam gravadas e exibidas na íntegra.



 



quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Dilma e as ações anticorrupção






Ao comentar uma resposta de Aécio, Dilma disse que seu governo combateu a corrupção ao fortalecer a Polícia Federal e ao aprovar leis, como a Ficha Limpa.


"É importante lembrar que no governo meu e do presidente Lula nós fortalecemos a Polícia Federal. E a Polícia Federal promoveu 162 operações de combate à corrupção, lavagem de dinheiro, e crime financeiro. Também no governo meu e do presidente Lula, a CGU ganhou status de ministério. Criamos o portal da Transparência, aprovamos a lei de acesso à informação, da Ficha Limpa, da punição dos corruptores e do combate às organizações criminosas."


A Lei da Ficha Limpa, entretanto, não foi enviada ao Congresso pelo Executivo. Trata-se de um projeto de iniciativa popular, aprovado no Legislativo e sancionado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Marina: Licenciamento ambiental terá agilidade, sem perder qualidade




SÃO PAULO - A presidenciável Marina Silva (PSB) afirmou nesta terça-feira que, se for eleita, o licenciamento ambiental terá agilidade, mas qualidade, ao responder uma crítica recorrente de que grandes obras ficaram paradas em sua gestão no Ministério do Meio Ambiente. “[Vamos resolver o problema] Fazendo com que os licenciamentos tenham agilidade, sem perda de qualidade. Quando chegamos ao Ministério do Meio Ambiente, existiam 40 hidrelétricas paralisadas. Quando deixamos, apenas oito não foram resolvidas”, afirmou, durante sabatina do jornal “O Estado de S. Paulo”.

Segundo Marina, em sua gestão no ministério foram reduzidos os funcionários temporários e aumentado o número dos servidores de carreira. “Fizemos concurso público e saímos de quantidade muito pequena de servidores, de oito funcionários de carreira do ministério, e uns 70 temporários, para apenas oito temporários e 150 de carreira”.

Ela disse que a concessão de licenças para grandes obras, como a transposição do Rio São Francisco, da BR-364 e das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau saíram em sua gestão. “Elas não foram concluídas, mas não foi por falta de licença ambiental”, disse.

A candidata brincou ainda com uma pergunta do público, que questionou quem seriam os ministros em um eventual governo Marina. "Podem ficar tranquilos, serei a Presidente da República, então não serei a Ministra do Meio Ambiente", disse.

Marina afirmou ainda ser a favor da extração do petróleo da camada pré-sal, mas que o país precisa buscar outras formas de energia para não ficar dependente de uma única fonte, a exemplo do que é feito no resto do mundo. “[O pré-sal] É uma riqueza que precisa ser explorada com as melhores tecnologias e que vai ajudar a avançarmos na Educação, como implantar o estudo em tempo integral em todo o país”, afirmou. “Mas é fundamental também investir em novas fontes de geração de energia. Hoje, por exemplo, se perde o equivalente a quatro Belo Montes pelo não aproveitamento do bagaço da cana de açúcar”, disse.

Marina disse que não tem nenhum preconceito com a construção de usinas hidrelétricas. “O que precisamos é buscar viabilidade econômica, ambiental e social para os projetos”, disse, sem comentar projetos específicos. A candidata também disse que não pretende desativar as usinas termoelétricas, que são o tipo mais sujo de geração, antes de ter soluções alternativas para os períodos de seca. Deu como exemplo de possível substituição a biomassa.

Ela criticou ainda o uso político da Petrobras, mas evitou comentar se aumentará o preço da gasolina, que está represado no atual governo. “O que está sendo feito com os preços administrados para controlar a inflação tem custo muito alto para todos os brasileiros. Espero que a presidente Dilma está com a responsabilidade de fazer isso, o faça, sem prejudicar o próximo governo”, disse. “Ela é que tem que fazer a correção dos erros que cometeu.”


Por Raphael Di Cunto | Valor

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Marina Silva é entrevistada no Jornal da Globo

A candidata do PSB à Presidência da República foi entrevistada por William Waack e Christiane Pelajo.



Christiane Pelajo: Boa noite, candidata. Eu vou fazer a primeira pergunta e nosso tempo começa a contar a partir de agora. Candidata, desde sexta-feira, quando foi lançado, o seu programa de governo foi modificado em itens como casamento entre gays. Houve um recuo em relação a algumas reivindicações de movimentos que defendem os homossexuais. É um recuo da senhora em relação à constatação de que a senhora é mais conservadora do que alguns eleitores acreditavam? Na verdade, é uma concessão à religião num estado laico?

Marina Silva: Na verdade, Chris, o que aconteceu foi que houve um erro de processo. A equipe do programa de governo foi quem fez a correção. Eu nem interferi nesse processo. Aconteceram duas falhas. Uma foi em relação à energia nuclear, que na parte de ciência e tecnologia estava dito que iria, no finalzinho de uma frase, ampliar a participação da energia nuclear na matriz energética brasileira. E a outra foi que o documento que foi encaminhado como contribuição pelo movimento LGBT, não foi considerado documento da mediação do debate, foi um documento tal qual eles enviaram. Vários setores mandaram contribuições e obviamente que nenhum setor colocou 100% das propostas que colocou. Eu mesma que sou ambientalista não iria ter a pretensão de que todas as propostas que eu apresentei iriam ficar ipsis litteris. Então o que aconteceu foi uma correção, porque houve uma mediação no debate. Mas os direitos civis da comunidade LGBT, o respeito à sua liberdade individual, o combate ao preconceito, isso está muito bem escrito no nosso programa, melhor do que dos outros candidatos.

William Waack: Candidata, quanto à energia nuclear a gente volta ainda ao assunto. A senhora é contra ou a favor o casamento gay?

Marina Silva: A Constituição brasileira, ela tem uma diferenciação em relação ao casamento. O casamento é utilizado para pessoas de sexo diferente. Para pessoas do mesmo sexo, o que a lei assegura, o que o Supremo já deu ganho de causa com os mesmos direitos, equivalentes ao do casamento, é a união civil.

Christiane Pelajo: Mas não a lei, candidata, a senhora?

William Waack: É a resposta que a senhora tem dado. A senhora, qual é a sua posição?

Marina Silva: A minha posição é de respeito à liberdade individual das pessoas. Nós vivemos em um estado laico, as pessoas têm o direito de exercitar sua liberdade, independente da condição social, de raça ou de orientação sexual.

William Waack: Se eu fizer uma manchete dizendo: a candidata Marina Silva é a favor do casamento gay. Eu estou errado?

Marina Silva: Em termos da palavra casamento você está errado, porque o que nós defendemos é a união civil entre pessoas do mesmo sexo.

William Waack: A manchete correta então seria: Marina Silva é contra o casamento gay?

Marina Silva: A manchete seria: Marina Silva é a favor da união civil entre pessoas do mesmo sexo.

William Waack: Casamento é uma palavra que não sai da sua boca.

Marina Silva: É que é a forma como nós colocamos no nosso programa.

Christiane Pelajo: O que que impede a senhora de ser a favor da lei que equipara a homofobia ao racismo. É religião?

Marina Silva: Não. É que a lei que está em tramitação, ela ainda não faz a diferenciação adequada em vários aspectos. Por exemplo, ninguém pode defender homofobia, qualquer forma de preconceito, discriminação. Por outro lado, você tem os aspectos ligados à convicção ou à manifestação de uma opinião. Você tem que separar isso. E na lei isso não está adequadamente claro. Por isso que nós não colocamos tal qual o movimento havia encaminhado, reafirmando o que está no PLC, da forma como está. Mas há que se ter sim os regramentos legais, para que não se permita nenhuma forma de discriminação, nenhum tipo de preconceito e que se possa tratar todas as pessoas com direitos iguais, porque afinal de contas, como eu disse, nós vivemos em um estado laico, que não pode permitir discriminação contra quem quer que seja.

Christiane Pelajo: Candidata, hoje saiu uma reportagem no jornal Folha de S.Paulo, dizendo que em momentos cruciais a senhora decide com base em consultas aleatórias à Bíblia. Eu gostaria de saber se isso é verdade. E também gostaria de saber se a senhora acha que um presidente pode agir assim, ou se um presidente deveria agir sempre com avaliação realista dos fatos.

Marina Silva: Todos nós agimos em base, na relação realista dos fatos, mas os seres humanos, eles têm uma subjetividade. Uma pessoa que crê, obviamente que tem na Bíblia uma referência, assim como tem na referência a arte, a literatura. Às vezes, você pode ter um insight assistindo um filme. O quanto nós já avançamos do ponto da ciência e da tecnologia, pela capacidade antecipatória, que você encontra, enfim, na indústria cinematográfica.

Christiane Pelajo: Mas a senhora toma decisões lendo a Bíblia aleatoriamente? É verdade isso?

Marina Silva: Olha, isso é uma forma que as pessoas foram construindo, ou estão construindo, pra tentar passar uma imagem de que eu sou uma pessoa que é fundamentalista, essas coisas que muita gente de má fé acabam fazendo.

William Waack: Mas a senhora é uma pessoa profundamente religiosa. Seria absolutamente normal que a senhora procurasse num texto religioso amparo para as decisões que senhora toma. A pergunta é a seguinte: qual é o tamanho desse amparo que a senhora toma em preceitos religiosos, frente ao que a senhora pretende ser, que é governante de todos os brasileiros, tomando decisões nacionais.

Marina Silva: O mesmo amparo que você pode tomar a partir de outros referenciais. A Bíblia é, sem sombra de dúvida, uma fonte de inspiração pra qualquer pessoa que é cristã ou que é um judeu, enfim, e que não vai negar que é uma fonte de inspiração, mas existem outras fontes de inspiração, às quais eu já me referi. As decisões são tomadas com base racional pra todas as pessoas. Agora, dificilmente você vai encontrar uma pessoa que diga que ela é 100% racional. Essa pessoa estaria presa à realidade, e com certeza, se os especialistas do comportamento forem avaliar uma pessoa como essa, vai ver que ela tem uma subjetividade muito pobre. Qualquer pessoa forma, toma as suas decisões considerando vários aspectos. Ele é atravessado pela cultura; se tem crença, pela espiritualidade; se é da ciência, pelo conhecimento científico. O ser humano não é uma unidade, digamos, pura de alguma coisa não é? Somos seres subjetivos, e a subjetividade é uma riqueza interior, para qualquer ser humano.

William Waack: Nós estamos entrando no campo da política e imediatamente vem à minha mente algumas das críticas que a senhora tem feito recorrentemente ao que a senhora chama de crise da democracia representativa brasileira. Democracia essa que lhe permitiu, candidata, de vereadora a ser duas vezes candidata a presidente. A senhora é um exemplo de uma democracia representativa que permite que as pessoas ascendam. Que crise é essa, afinal?

Marina Silva: Eu tenho falado na verdade, William, da crise da política.

William Waack: Que é diferente da crise da democracia representativa. Mas é essa que a senhora criticou mais. A democracia representativa.

Marina Silva: Não, eu não teci nenhum comentário em relação a isso.

William Waack: Está no seu programa.

Marina Silva: Eu tenho falado de uma crise da política e nessa crise, obviamente, que você tem que reconhece-la. Eu não acho que as pessoas devam fazer vistas grossas para o que está acontecendo, não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Cada vez....

Christiane Pelajo: Mas crise da política ou da democracia? O William falou em crise da democracia.

Marina Silva: Eu diria que a gente precisa aprofundar sim a nossa democracia.

William Waack: Isso significa democracia direta, por conselhos populares?

Marina Silva: Não, é uma combinação das duas coisas. Ampliar a participação das pessoas, ao mesmo tempo melhorar a qualidade da representação e das nossas instituições. Se nós partirmos do princípio de que a representação tá muito boa, obrigada, de que não temos problemas em relação às instituições políticas, nós vamos ficar metidos na situação de crise dramática que nós estamos hoje no Brasil, em que as conquistas que alcançamos a duras penas estão sendo ameaçadas pelo atraso na política, e até mesmo por um certo descolamento das pessoas em relação à capacidade de acreditar que os políticos e os partidos podem ajudar a resolver os seus problemas. O que eu busco é aperfeiçoar a nossa democracia, democratizar a nossa democracia, combinando a participação correta e legítima, pelo o que é assegurado na Constituição, dos cidadãos. Nós somos eleitos para representar, não é para substituir o representado.

William Waack: A sua crítica tem um eixo muito forte, no sentido de pedir mais participação popular ou participação direta. O que a senhora quer dizer exatamente? A senhora apoia, por exemplo, os conselhos populares que o Congresso quer derrubar, e que não descritos como uma herança do bolivarianismo, que tem causado enormes prejuízos às instituições políticas na América Latina?

Marina Silva: Uma coisa importante pra a gente pensar, William, é o que que significa ampliar a participação das pessoas? Isso não tem nada a ver com bolivarianismo, isso tem a ver com melhorar a qualidade das instituições. Se nós não partimos do princípio de que os partidos precisam se renovar na sua forma, em relação à linguagem, às suas estruturas, nós vamos criar um descolamento. Eu sempre...

William Waack: Mas isso não tem a ver com conselhos populares, candidata. O que a senhora está dizendo, melhorar as instituições, isso vale para qualquer democracia representativa.

Marina Silva: Vale para qualquer democracia. E quem foi que disse...

William Waack: A pergunta é: a senhora é a favor da democracia direta?

Marina Silva: E quem foi que disse? Eu sou a favor da combinação das duas coisas. A Constituição brasileira assegura as duas coisas. Nós não podemos achar que uma coisa é em prejuízo da outra. Pelo contrário. Há um processo de retroalimentação entre a participação do cidadão dos diferentes setores que enriquece o processo democrático e, obviamente, que temos que ter instituições que passam a ser o polo estabilizador da democracia.

William Waack: O Congresso, no caso?

Marina Silva: O Congresso Nacional. Eu fui senadora durante 16 anos, né? Eu tive que aprovar projetos de lei convencendo os meus pares. Como ministra do Meio Ambiente eu dialoguei com todos os parlamentares. Aprovei projetos de leis que eram quase impossíveis de serem aprovados, como é o caso da Lei de Gestão de Florestas Públicas, a Lei da Mata Atlântica, a lei que criou o serviço florestal brasileiro, a lei que criou as concessões públicas para florestas, que era um mito.

William Waack: Ou seja, a senhora está considerando todos os argumentos a favor das instituições existentes e não de conselhos populares.

Marina Silva: Eu estou dizendo que quando se tem a contribuição da sociedade, o Parlamento, o Executivo, todos nos enriquecemos. O que eu fiz como ministra para conseguir reduzir desmatamento, na proporção que conseguimos, foi transformando boas ideias em políticas públicas, dos movimentos sociais, da academia, do próprio Congresso e dos gestores públicos. Hoje não tem mais essa ideia de que você faz as coisas pura e simplesmente para a sociedade. Você faz com a sociedade. Fazer com é diferente de fazer para. Conheço muitas pessoas que estão dizendo ai que é um perigo dizer que vai governar com a participação da sociedade. Mas também não é bom achar que vai governar apenas para os partidos.

Christiane Pelajo: Candidata, a gente tem que fazer um pequeno intervalo, mas a gente volta daqui a pouquinho com a segunda parte da entrevista com a candidata do PSB, Marina Silva.

Christiane Pelajo: Estamos de volta com a entrevista da candidata do PSB à presidência da República, Marina Silva. O seu tempo volta a contar a partir de agora, candidata. Candidata, a senhora já se comprometeu em manter o tripé: meta de inflação, câmbio flutuante, superávit fiscal. Eu queria saber como é que a senhora vai pilotar a economia no ano que vem, 2015. Um ano que os economistas, todos concordam, que vai ser necessário um ajuste forte com corte grande de despesas.

Marina Silva: Em primeiro lugar, recuperando o tripé da política macroeconômica brasileira. Nós estamos vivendo diante de uma situação em que essa conquista da sociedade brasileira está sendo completamente desconstituída. A presidente Dilma ganhou o governo dizendo que ia fazer a baixa dos juros, que iria reduzir a inflação e que iria fazer o nosso país crescer. O nosso país não está crescendo, a inflação está aumentando e os juros estão subindo. É fundamental que o país tenha estabilidade econômica para que a gente não perda as conquistas que já alcançamos, inclusive as conquistas sociais, e que a gente possa aumentar o investimento. E, para aumentar investimento, é fundamental que se readquira confiança. A confiança, ela se dá em dois níveis: uma é a confiança que o governante passa. E eu sinto que a sociedade brasileira e os investidores já não conseguem mais ter confiança no governo e na forma como a presidente Dilma governa. E a outra forma é combinando os instrumentos de política macroeconômica com os instrumentos de política microeconômica, criando um ambiente favorável para o investimento, aonde você não tem essa situação que nós estamos vivendo agora. Nós temos, por dois trimestres consecutivos, o país crescendo de uma forma que já faz com que tenhamos o risco de uma contração na nossa economia.

Christiane Pelajo: A senhora quer manter os programas sociais atuais e ainda criar outros. A senhora disse hoje, inclusive, que vai conseguir isso apenas melhorando gasto e arrecadação. É o que todos os políticos em campanha, no mundo inteiro, dizem. Candidata, a senhora vai aumentar impostos? É a minha pergunta.

Marina Silva: O nosso compromisso é de não aumentar impostos.

Christiane Pelajo: E como é que a senhora vai conseguir?

Marina Silva: O nosso compromisso é de dar eficiência ao gasto público. Tem muitos desperdícios, inclusive o desperdício da corrupção, e quando o país volta a crescer, a gente vai conseguindo o espaço fiscal para poder fazer os investimentos sociais. É uma questão de escolha. A escolha, se o principio é, de que queremos prover à sociedade com a saúde que acolhe quando mais se precisa desse acolhimento, e não deixar as pessoas morrendo nos hospitais, nós vamos conseguir os meios para os 10% do orçamento bruto para investir na saúde. Se a nossa escolha é de que queremos que os jovens tenham o passe livre, nós vamos ter os recursos, fazendo todos esses esforços que acabamos de fazer. Se conseguiu R$ 500 bilhões para ungir empresas que recebem esses recursos a juros subsidiados e depois se vem com os argumentos de que não é possível alocar os recursos para atender os brasileiros na saúde, na educação, na segurança?

William Waack: Candidata, deixa eu trazer a sua atenção para outras questões estratégicas que tem a ver com economia. O pré-sal, por exemplo, é talvez a aposta do atual governo, não só como instrumento de arrecadação, mas, sobretudo, como instrumento de desenvolvimento. A senhora tem dito, por exemplo, hoje, que o pré-sal é uma prioridade entre outras. O que isso significa? Que a senhora deixará o pré-sal caminhando de maneira morna?

Marina Silva: Isso significa que, se eu disser que a educação é uma prioridade entre outras, eu estou dizendo que a educação é prioridade, mas a saúde também é prioridade. Se eu estou dizendo que o pré-sal é uma prioridade entre outras, eu estou dizendo que nós vamos explorar os recursos do pré-sal, mas também vamos dar um passo à frente. Vamos investir em energia limpa com o uso da biomassa, o uso do vento, o uso do sol. William, não faz sentido termos a maior área de insolação do planeta e termos a quantidade de energia solar que nós temos. A Alemanha tem ‘zero vírgula nada’ de sol e tem 20% de sua matriz energética de energia solar. Nós temos um enorme potencial de biomassa e nós não estamos fazendo os investimentos. É você cuidar do lugar onde a bola está, mas sem ficar apenas nesse lugar. É você ir também para onde a bola vai estar. E o mundo inteiro está correndo atrás da ideia de uma economia de baixo carbono. O petróleo é uma necessidade não é só do Brasil, não, é do planeta. Ainda não se conseguiu a fonte de geração de energia que vai substituir esse combustível fóssil.

William Waack: A senhora tem sido uma entusiasta do etanol, que a senhora, nome que a senhora não citou na sua longa lista de energias que poderiam combinar com as energias fósseis e garantir ao Brasil uma nova matriz. A senhora vai subir a gasolina quando, pra salvar o etanol?

Marina Silva: Na verdade essa política desastrosa do governo, que está subsidiando gasolina, inclusive fazendo a importação desse combustível com um preço elevado, e que acabou destruindo a indústria do etanol. O que eu espero é que os preços administrados pelo governo possam ser corrigidos pelo próprio governo e criarmos os mecanismos.

William Waack: A senhora está querendo que o governo desarme a bomba para a senhora? Que essa bomba cai no seu colo.

Marina Silva: Não, eu quero é que se tenha uma visão de país e não uma visão apenas das eleições. Essa visão tacanha de se pensar apenas em como vai ganhar o voto do cidadão e deixando a conta para depois, a conta da energia, a conta de todos os preços administrados, que senão a inflação estaria pior, isso não é a melhor governança. Eu fico impressionada como é que se sacrifica os recurso de milhares de anos por apenas uma eleição. É por isso que eu sou contra a reeleição. Eu estou dizendo que só vou ter um mandato de quatro anos, porque eu não quero governar pensando no que eu vou fazer para a próxima eleição. Eu quero governar pensando o que eu quero deixar para as futuras gerações e o que eu quero é um país que seja capaz de crescer, de fazer os investimentos, de ter credibilidade, de apostar em infraestrutura. Hoje nós perdemos quase 30% da nossa produção agrícola por falta de armazenamento, por falta de estrada, por fata de visão estratégica. Nós precisamos investir em educação de qualidade. Por isso que nós temos a proposta da educação integral de tempo integral. É ela que gera igualdade de oportunidade para que a gente possa ter um futuro para nossa juventude.

Christiane Pelajo: Candidata, a gente estava falando de energia e nós sabemos que as termelétricas salvaram o Brasil esse ano, mas o seu programa de governo ele fala em reduzir gradativamente o uso delas, porque elas poluem muito. A senhora vai mandar desligar as termelétricas, colocando em risco a luz na casa das pessoas em épocas em que hidrelétricas estão com baixo reservatório?

Marina Silva: Falando desse jeito tem um certo, uma certa simplificação do problema.

William Waack: Mas é o dilema do governante.

Marina Silva: Vamos pensar da seguinte forma. Nós hoje temos as termoelétricas como um recurso complementar quando os reservatórios baixam. Com um custo muito alto. Se nós estivéssemos já investido na geração distribuída de biomassa, por exemplo, utilizando o bagaço e a palha da cana-de-açúcar, que é equivalente a três, quatro Belo Monte, com certeza nós teríamos uma energia, um megawatt/hora de R$ 200. Hoje, nós estamos com o megawatt/hora de R$ 1.000 a R$ 1.700. Você advoga isso como política e defende isso como meio da nossa matriz energética. Nós não podemos prescindir dessa fonte auxiliar, mas nós temos que buscar os novos investimentos. É isso que nós estamos propondo: ter uma matriz energética limpa, segura e diversificada, utilizando o grande potencial que o Brasil tem. Não faz sentido um país como o nosso não investir adequadamente em energia eólica, em energia solar. E, quando faz os investimentos, você tem a produção de energia eólica, mas não tem a forma como fazer a transmissão.

William Waack: Mas candidata, a senhora tem um nome internacional nessa discussão, uma discussão que a senhora conhece bastante bem. Por isso a senhora conhece bastante também as críticas que os especialistas fazem, toda vez que a energia eólica ou solar ou a biomassa, ou mesmo o etanol são mencionados nesse contexto. Os especialistas costumam dizer que são fontes suplementares. Portanto, não nos livram de um apagão, que se o Brasil tivesse crescendo, estaria provavelmente ai. Os especialistas estão errados?

Marina Silva: Olha, os especialistas também dizem que o Brasil pode avançar cada vez mais com fontes limpas de geração de energia. Eu não vejo nenhum especialista que advogue que nós tenhamos um modelo que vai sujar cada vez mais a nossa matriz energética. Nós temos uma grande fonte de geração que é a hidroeletricidade, 63% desse potencial está na Amazônia. Se os projetos tem viabilidade econômica, viabilidade ambiental e viabilidade social, é fundamental que se faça esses projetos. Mas é preciso avançar, é preciso fazer os novos investimentos. A China tá fazendo isso, a Alemanha tá fazendo isso, o mundo inteiro está investindo nas fontes renováveis de geração de energia. O Brasil, que tem a vantagem comparativa, infinitamente maior do que todos esses países, de ter as fontes naturais para a geração de energia, ele não está transformando esses meios em vantagens competitivas. Isso é falta de plano, de visão estratégica, é ficar preso aonde a bola está e não ir para onde a bola vai estar. É combinar as duas coisas. Eu repito, o pré-sal é importante, é uma fonte de riqueza, vamos utilizar os recursos para a educação, mas também para a ciência, para a tecnologia, para a inovação, para que o Brasil possa dar um passo à frente.

Christiane Pelajo: Candidata, muito obrigada pela sua entrevista. Uma boa noite para a senhora.

William Waack: Boa noite e obrigado.

Debate mostrou quem é a pedra no sapato da presidente


Nas duas vezes em que teve a oportunidade de fazer pergunta para outros candidatos, a presidente Dilma Rousseff escolheu Marina Silva. A candidata do PSB é a pedra no sapato de Dilma, ainda líder nas pesquisas, mas com diferença cada vez menor em relação ao segundo colocado.

O debate de ontem, à primeira vista, deixou a impressão de uma polarização entre Dilma e Marina, com Aécio Neves correndo por fora, no terceiro lugar, e não entre PT e PSDB, como estavam convencidas as direções dos dois partidos.

Merece registro, no entanto, a postura do candidato do PSDB. A não ser por uma breve menção às "contradições" de Marina, já no final do debate, Aécio, em geral, poupou a candidata do PSB e foi contundente nas críticas à presidente. Nem mesmo o formato do debate explica o fato de o terceiro não tentar desconstruir o segundo colocado.

Desde a época em que o candidato do PSB era Eduardo Campos o acerto com o PSDB, no segundo turno, era dado como favas contadas. Agora o PSDB começa a vislumbrar a hipótese de atacar a posição de Dilma Rousseff. Não foi por acaso que o candidato, mais do que no debate da Rede Bandeirantes, passou a falar em mudanças.

Marina, por seu turno, virou vidraça. Ela foi cobrada por Dilma a explicar como pretende abrir mão de receitas e ao mesmo tempo assegurar recursos para programas cuja execução chega à casa dos R$ 140 bilhões. "Não são promessas, são compromissos".

No decorrer da campanha ou no segundo turno, com tempo igual de televisão para os candidatos, Marina terá de encontrar explicações mais precisas que a realização de uma "política macroeconômica saudável".

Outro ponto que deve exigir mais satisfações de Marina é a questão da governabilidade: como a candidata pretende aprovar seus projetos no Congresso, sem contar com partidos fortes na retaguarda e uma ampla base de sustentação política.

Em alta nas pesquisas, é natural que Marina passe a ser referência nos debates. A presidente leva a desvantagem de ser atacada por todos os outros adversários e ter que ela própria investir contra Marina, o que nunca é um bom negócio, porque a palavra final cabe sempre a quem foi chamado a responder a pergunta. Se há alguma polarização visível e entre governo (Dilma) e oposição (todos os outros)

No centro do ringue, Marina sobreviveu. Estava calma, inclusive quando teve de responder à pergunta sobre quais empresas contrataram suas palestras. Não se destacou, mas também não cometeu nenhum erro capaz de comprometer seu crescimento nas pesquisas.

Aécio Neves bem que tentou levar o debate para a economia, especialmente para o fato de o país se encontrar numa "recessão técnica". Marina ainda falou em "contração", mas o assunto morreu por aí. No debate da Bandeirantes, Dilma tentou polarizar com Aécio e as "medidas impopulares" que ele se declarara disposto a tomar, para fazer um ajuste econômico. Ficou por aí.

Se alguém contava com o debate para definir o voto, deve esperar pelos próximos, dia 28, na Record, e no dia 2 de outubro na TV Globo.

Por Raymundo Costa | De São Paulo

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Ideia de renúncia, para apoiar Marina, ronda Aécio Neves


SÃO PAULO - A ideia da renúncia seguida do apoio a Marina Silva ronda o candidato Aécio Neves, segundo reportagem exclusiva publicada no Valor Pro, serviço de notícias em tempo real do Valor. Seria a maneira de despachar o PT já no primeiro turno das eleições, sem correr o risco de uma eventual virada no segundo turno, algo que até hoje não ocorreu nas eleições, desde 1989, quando foi restabelecida a eleição direta para presidente da República.

Aécio tem prazos. Assim como o PT, o candidato do PSDB apostou na polarização e se deu mal. Contra a maioria das apostas no PSDB, Aécio ainda acredita numa resposta positiva do eleitorado, em meados de setembro, quando aposta que sua propaganda eleitoral começará a apresentar resultados. De qualquer forma, o programa de Aécio, cada vez mais, fala para Minas Gerais.

Mal na disputa presidencial, Aécio também enfrenta problemas em Minas, onde seu candidato ao governo do Estado, Pimenta da Veiga, está comendo poeira no rastro de Fernando Pimentel, o único petista a liderar a corrida para o governo do Estado, nos quatro maiores colégios eleitorais. O próprio Aécio não tem o desempenho esperado em Minas. Em algum momento da campanha, o candidato terá de se concentrar na campanha mineira, de modo a assegurar sua base de apoio mineira para as próximas eleições.

Também não é certo, a esta altura, que se Aécio desistir e apoiar Marina a fatura será liquidada no primeiro turno. Hoje a presidente está consolidada no segundo turno, graças sobretudo ao forte apelo que seu nome mantém nas regiões Norte e Nordeste. O problema de Dilma é que ela não amplia nem para o primeiro nem para o segundo turno, conforme demonstram as últimas pesquisas.

É improvável que Aécio aceite algum tipo de acordo com Marina já no primeiro turno, mas o simples f ato de a proposta circular nas áreas afins ao candidato, eleitores fiéis que agora pensam no voto útil em Marina, dá uma ideia do tamanho do apoio que se delineia em torno da candidata do PSB. Na hora em que o PT perder a eleição, a disponibilidade dos o utros partidos para se aproximar será grande.

No segundo turno, a tendência do PSDB é apoiar Marina Silva e ajudá-la a governar, se ela for eleita, como apontam as pesquisas. Ao contrário do que aconteceu em 1992, quando era oposição e se recusou a compor com o governo Itamar Franco, o PT tem muitos interesses em jogo e deve pensar com mais receptividade a ideia de dar apoio congressual a Marina. O problema é que Marina se tornou a primeira opção ao PT. O mercado financeiro é parceiro de Marina porque não quer o PT no governo.

Nos cálculos dos políticos mais experientes, Marina não precisará compor com o PT. Ela pode fazer maioria tranquila com partidos médios e apoios nos maiores, mas, sobretudo, vai jogar luz sobre o Congresso. Marina terá uma agenda dura, para trazer as pessoas da rua, os manifestantes de junho. É evidente que haverá gente no Congresso tentando esconder com mão de gato, mas será muito mais difícil com uma relação transparente.

Dilma, no momento, tem maioria instável no Congresso. Pode-se afirmar que Marina deve ter uma minoria estável. Ela também vai contar com o apoio da mais tradicional sigla brasileira, o PG, o Partido do Governo, aquele que está com qualquer que seja o presidente no Palácio do Planalto. Mas a candidata do PSB também quer inverter a lógica adotada pela presidente para a nomeação dos ministros.

Assim, não será o PSDB, por exemplo, que vai dizer “eu quero fulano”. Marina vai escolher, até porque poderá dizer que não tem interesse na reeleição. É uma negociação que não está sobre a mesa. E quando fala que não quer disputar um segundo mandato, Marina Silva desarma os partidos e seus eventuais candidatos em relação a ela. Pode montar um ministério de melhor qualidade. Eduardo Campos, o candidato cuja morte virou de ponta cabeça a sucessão presidencial, era mais gestor e menos equipe. Marina, que o sucedeu, é menos gestora mas tem mais equipe

O PSDB deve declarar apoio a Marina Silva no segundo turno da eleição, se as pesquisas atuais forem confirmadas em 5 de outubro. A dúvida no entorno da candidata do PSB é sobre o apoio do PT. Afinal, Lula é candidato declarado em 2018. O fato de Marina não querer disputar um novo mandato ajuda um entendimento, se houver convencimento de que ela não cederá a pressões para permanecer, caso faça um bom governo.

A situação do PT hoje é muito diferente daquela vivida quando o partido teve de decidir se apoiava ou não Itamar Franco, após o impeachment de Fernando Collor. Não se trata simplesmente de uma questão de manter cargos, isso também existe, mas de projetos e políticas em andamento que são muito caras ao partido. Diz um integrante da coordenação da campanha de Dilma: “Na época do governo Itamar nós éramos oposição. Agora, com um monte de gente no governo, nós vamos ficar”.

Leia mais informações na coluna de Raymundo Costa na edição desta terça-feira do Valor.



sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Marina defende superávit fiscal necessário para controlar inflação





RIO - O programa de governo da candidata à Presidência Marina Silva (PSB), divulgado nesta sexta-feira, estabelece como prioridade a “recuperação” do tripé macroeconômico. As propostas para economia têm como objetivo acalmar eventuais receios do mercado sobre as posições da ex-senadora sobre o assunto, embora o mercado financeiro já tenha se mostrado a favor da candidata.

O texto se compromete com metas de inflação sem “artificialismos”, superávit primário para assegurar o controle dos preços e o câmbio livre, sem intervenções do Banco Central, “salvo as ocasionalmente necessárias”. O objetivo é sinalizar ao mercado que as políticas fiscais e monetárias serão os instrumentos de controle de inflação de curto prazo.

O PSB ainda defende a independência institucional do BC. “Como em todos os países que adotam o regime de metas, haveráregras definidas, acordadas em lei, estabelecendo mandato fixo para o presidente, normas para sua nomeação e a de diretores, regras de destituição de membros da diretoria, dentre outras deliberações”, afirma o texto.

O programa cita a necessidade de acabar com “a maquiagem das contas, a fim de que elas reflitam a realidade das finanças do setor”. Além disso, propõe reduzir a dívida modificada - definida no texto como dívida bruta, menos reserva - para evitar manobras que contribuam para realizar gastos sem elevar o déficit primário ou o endividamento líquido do setor público.

Combustíveis

O programa defende ainda o equilíbrio de preços dos combustíveis em relação ao mercado internacional. O objetivo é eliminar a defasagem dos preços que prejudica os resultados da Petrobras.

“No que diz respeito às estatais, o novo governo eliminará a prática de usá-las como instrumento de política macroeconômica. Isso muitas vezes gera grandes prejuízos para as empresas, como tem ocorrido com a Petrobras e a Eletrobras. Assim, equilibraremos os preços praticados por estatais para refletir custos e condições de mercado”, defende o programa da candidata.

O documento também defende a "revitalização" da produção de biocombustíveis no país. “A agroindústria da cana-de-açúcar para produção de etanol, açúcar e bioeletricidade não deve ficar a reboque da intervenção estatal, mas não pode ser sacrificada na sua capacidade de competir no mercado de combustíveis por causa de políticas de controle de preços da gasolina que desprezam seu valor real, considerados os preços do produto e do frete no mercado internacional e a taxa de câmbio”, afirma o documento.

Apesar de incentivar a recuperação do setor de biocombustíveis, o programa de Marina admite que o petróleo e derivados vão continuar importantes na matriz energética brasileira.

“Mesmo considerando os maiores esforços para a redução do consumo absoluto de combustíveis fósseis, o petróleo e seus derivados continuarão a ser fonte importante na matriz energética brasileira, dado que não há tecnologia para sua substituição no curto prazo”.

Datafolha: Marina sobe e empata com Dilma no primeiro turno



SÃO PAULO - Pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira pelo Jornal Nacional da Rede Globo indica que a candidata Marina Silva (PSB) cresceu 13 pontos percentuais na intenção de voto e empatou com a presidente Dilma Rousseff (PT) na disputa pelo Palácio do Planalto.

Marina, que tinha 21% no último levantamento, tem agora 34%. Dilma caiu dois pontos e aparece com os mesmos 34% da ex-senadora.

Aécio Neves (PSDB) perdeu cinco pontos e está com 15% das preferências.


Essa foi a segunda pesquisa feita pelo instituto Datafolha depois da morte do candidato Eduardo Campos, em 13 de agosto.

Pastor Everaldo (PSC) tem 2% e os demais candidatos não pontuaram. Votos em branco e nulos somam 7%. Os que não sabem também totalizam 7%.

Marina venceria no segundo turno

Em simulação de segundo turno contra Dilma, Marina venceria a disputa por dez pontos de diferença, 50% a 40%. Na hipótese de Dilma contra Aécio, a petista teria 48% e o tucano, 40%.





O levantamento foi encomendado pela Rede Globo e pelo jornal “Folha de S.Paulo”. O Datafolha ouviu 2.874 eleitores em 178 municípios nos dias 28 e 29 de agosto. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob número BR-00438/2014



quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Com arranhões, Marina sai ganhando de entrevista na TV

Kennedy Alencar

Postado por: DANIELA MARTINS


O comentário no “Jornal da CBN” analisou a entrevista de Marina Silva, candidata do PSB à Presidência da República, ao “Jornal Nacional”, da Rede Globo. Marina manteve a calma e um tom de voz firme. Não se intimidou com questões duras.

A candidata defendeu a legalidade do uso do jato que ocasionou a morte de Eduardo Campos e mais seis pessoas. Afirmou que era um empréstimo e que as horas de voo seriam contabilizadas e ressarcidas pela campanha ao final das eleições, como permite a lei. Mas disse que não tinha conhecimento das questões de propriedade da aeronave, que envolvem empresas laranjas. Também não apresentou documentos de empréstimo. A resposta foi incompleta. Esta continua sendo uma questão que precisa ser mais bem esclarecida.

Questionada sobre a posição que alcançou no Acre nas eleições de 2010, Marina utilizou um argumento razoável. Havia uma forte polarização entre PT e PSDB e ela ficou em terceiro lugar, como na média nacional. Ela lembrou fatos de sua trajetória política e usou frases de efeito como “minha vida nunca é fácil”.

As contradições entre Marina e seu vice, Beto Albuquerque, são pertinentes e foram bem abordadas na entrevista. Elas jogam dúvidas sobre quais seriam, de fato, as diferenças entre a “nova política” e a “velha política”. Mas, politicamente, Marina se saiu bem em uma entrevista difícil.

Outro tema comentado foi a manchete da Folha de S. Paulo que diz que Aldemir Bendine, presidente do Banco do Brasil, pagou multa para evitar uma investigação da Receita Federal sobre sua evolução patrimonial. É um assunto que preocupa o governo e o PT. A Petrobras já está no centro do debate eleitoral devido à operação Lava Jato e à compra da refinaria de Pasadena. Uma investigação que envolva o Banco do Brasil pode significar munição para a oposição falar em eventuais aparelhamento e corrupção em outro órgão estatal. Tudo o que a campanha da presidente Dilma Rousseff não quer é abrir outra frente de batalha no momento em que Marina Silva cresce nas pesquisas e aparece com chances de vencer no segundo turno.