sábado, 10 de janeiro de 2009

Do "O COLAPSO" de Diamond à Tragédia de Belém.

Já foi dito por um filósofo, que todos os fatos na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes, só que a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa.

Se ainda não teve a oportunidade de conhecer o trabalho de Jarred Diamond, é interessante você ler o livro “O Colapso”, recomendo sua leitura para entender muitas das causas e possíveis conseqüências dos principais conflitos pelos que passa Belém, uma cidade que cresce em meio da floresta.

Guardadas as proporções com os diversos exemplos históricos a que faz referência o autor do livro, em Belém se vive, em certa medida, um colapso.

Diamond ressalta alguns dos fatores mais importantes que, no passado, teriam determinado a queda de civilizações em diversos continentes. Eles podem servir de exemplo para a explicação do sucesso ou do fracasso de toda uma civilização, segundo aponta o autor.

Esses fatores não são atribuídos apenas a danos ambientais, conforme aponta Diamond. Ele menciona causas que podem levar uma sociedade ao colapso: dano ao meio ambiente, desmatamento, mudança climática, falta de políticas públicas dos governos e dirigentes. Problemas de segurança, violência no sistema como um todo (trânsito, ruas, comércio, sistema de saúde, colégios, drogas, furtos, assaltos, etc.).

Devemos concordar, se olharmos o Estado do Pará, que esses são os problemas, entretanto, não são de exclusividade do Pará, nem apenas da cidade de Belém, muitas das principais cidades brasileiras passam por problemas semelhantes aos de Belém. Também, esses problemas não foram gerados nos anos recentes, são sim resultados de políticas públicas equivocadas, que predominaram por muitas décadas e que hoje se tentam corrigir.

Deve-se reconhecer, também, que na nova administração do Governo do Estado, ainda, pouco tem sido feito para atenuar esses problemas.

Um dos principais desafios deste Governo é como satisfazer a grande expectativa que ele mesmo gerou na sua plataforma política de campanha e pela qual hoje está sendo cobrado pela população. É muito importante ressaltar que não há muito tempo para mostrar resultados que permitam alterar o modelo de desenvolvimento econômico que ainda predomina no Estado.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

BELÉM DA SAUDADE

Estou de volta ao meu BLOG um dos poucos espaços onde escrevo meus desabafos e sei que pelo menos uma dúzia de amigos acessa meu blog e acompanha minhas postagens. Para todos eles e para quem me incentivou a manter este BLOG vivo, meus melhores desejos de um ano de sucesso e de vivas esperanças.

Apesar de não ser brasileiro de nascimento tenho um grande amor pelo Brasil e um compromisso com este país onde já passei metade da minha vida. Entretanto, meu compromisso de vida é, principalmente, com a Amazônia e particularmente com o Pará. Aqui nasceram minhas filhas. É muito provável que o contato delas com a região continue. Nesta minha preocupação com a Amazônia e com o desenvolvimento sustentável, quem sabe o meu compromisso e luta por um estado mais sustentável e mais justo propicie um futuro melhor para essa região e para as gerações vindouras, dentre elas para os filhos das minhas filhas.

Passei minhas férias em Belém com minha família. Matando a saudade que, coletivamente, tínhamos da cidade e seus balneários maravilhosos. A comida as frutas, os sorvetes (recomendo uma nova sorveteria, ICE BODY) continuam enlouquecendo-nos a mim e as minhas filhas. Apesar de viajar com certa freqüência pela Amazônia, para participar de reuniões, eventos, seminários, nestes últimos anos que estamos radicados, provisoriamente fora do estado, poucas vezes tinha permanecido mais de dois dias em Belém.

Depois de quase um mês em Belém deu para sentir as mudanças da cidade nestes anos. Para pior, infelizmente.
Apesar de ter desfrutado das férias, não consegui sentir alegria pelo que vivi e percebi na cidade.

O que de cara chama a atenção é a sujeira que se instalou nas principais ruas de Belém, as pichações, o lixo que permanece amontoado nas portas das casas, e a violência que tronou Belém uma verdadeira cidade em estado de guerra interno. Não são apenas, gangues de bairros, são verdadeiros bandidos profissionais, quadrilhas muito vêm organizadas que migraram para uma cidade que lhes oferece a maior comodidade para atuar impunemente. O inchaço populacional é surpreendente.
Estava alarmado pelas conversas sobre a violência. Com todas as pessoas, amigos, parentes, conhecidos com que falei, já tinham sido assaltados ou conheciam alguém da família ou amigos próximos que haviam sofrido assalto ou robô com violência. Só faltava eu.

E aconteceu. Na saída de Mosqueiro uma noite de domingo 19:00h, no bairro CARANANDUBA (ficou para sempre na minha memória) cinco bandidos armados com uma pistola e um fuzil recortado nos abordaram no carro. Estava com minha esposa, minhas duas filhas e mais duas crianças. Fiz o que todo mundo faz e resulta morto, reagi, arranquei no carro e para minha felicidade consegui fugir e nada aconteceu. Estou vivo para contar a história com detalhes de filme de ação, para quem queira ouvir, mas como é uma história rotineira não terá nada de interessante, só mais um nas estatísticas oficiais.

Lembrei-me da época da ditadura militar de Pinochet no Chile, onde mais de 80% da população já tinha sofrido algum tipo de violência, tinha sido presa, torturada, sua casa invadida pelo exército na procura de “terroristas” (terroristas no Chile eram pessoas humildes, jovens de esquerda ou democrata, estudantes e, principalmente trabalhadores e quem tivesse algum antecedente ou familiar de esquerda). Felizmente no Chile 90% dos responsáveis pelos crimes, já foram julgados estão presos e condenados. No Brasil os crimes da ditadura continuam impunes.
Em Belém a ditadura está no poder. A ditadura das quadrilhas organizadas, que mantém a cidade em verdadeiro toque de recolher.

Ao meio dia os guardas municipais e policiais estão na rua como verdadeiras moscas, para levantar infrações no transito para cuidar da faixa de pedestres, implantada em uma avenida das muitas que existem em Belém. Depois das 19:00h vão todos para casa, quando começa o toque de recolher e ficam na rua os mais experientes cidadãos que já sabem conviver com estados de perigo, e os bandidos na espera de clientes para assaltar.

Retornaremos a falar sobre a segurança e a necessidade de desenvolver políticas públicas, já que as que existem ainda não mostram resultados significativos.
E também falaremos da saúde, educação, da UFPA e as novas possibilidades que se abrem para que as instituições de ensino se integrem em um novo processo de interação com os diversos segmentos mais expressivos da região Amazônica. Já que segurança pública não é só polícia na rua e repressão.