quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Governo deixará digitais se PT ajudar a salvar Cunha no Conselho de Ética



Pacto maldito Apesar de tentar se esquivar da manobra para livrar Eduardo Cunha do Conselho de Ética, o governo deixará suas digitais na operação caso os três petistas votem a favor do chefe da Câmara. Sendo esse o desfecho, Dilma aparecerá na foto oficial do episódio contrariando o Ministério Público, a OAB, a PF e até mesmo o PT para conseguir salvar sua alma do impeachment. “Não se paga por uma chantagem apenas uma vez”, diz um cacique do partido, prevendo novas ameaças de deposição.

Refém Aliados de Cunha são unânimes em dizer que, mesmo que consiga os votos petistas, o dirigente guardará uma ou mais cartas na maga para continuar pressionando o governo.

Munição A carta pode ser um novo pedido de impeachment ou mesmo o recurso da oposição contra o indeferimento de alguns deles.

Aritmética “É melhor controlar três agora ou 300 depois”, questiona um líder governista, resumindo a estratégia do Planalto para evitar um pedido de impeachment.

Gravidade No encontro de Dilma com líderes partidários nesta terça, o ministro Nelson Barbosa (Planejamento) afirmou que a máquina pública ficará imobilizada a partir da semana que vem caso a nova meta fiscal não seja aprovada nas próximas horas.

Engole o choro Na mesma reunião, um congressista desavisado pediu autorização da presidente da República para defender o aumento da Cide em nome do Planalto. “De jeito nenhum!”, respondeu Dilma, rispidamente.

Extrema-unção Para um dos negociadores da operação de salvamento da Sete Brasil, a empresa responsável pela cadeia do pré-sal entrará em recuperação judicial já no primeiro trimestre do ano que vem.

Pac-Man Um alto representante do sistema bancário afirma que o único com bala na agulha para adquirir o BTG hoje é o grupo JBS. “Eles andam comendo tudo e ainda não têm participação expressiva no setor financeiro”, aposta o executivo.

Vai que cola Ronaldo Caiado (DEM-GO) vai propor ao partido que defenda um plebiscito sobre a renúncia da presidente e de todos os congressistas, com a convocação de novas eleições.

À espera O TCU pode impor mais um revés ao governo Dilma nesta quinta, quando julgará a legalidade e os critérios adotados em edital do MEC para abertura de novos cursos de medicina no âmbito do Mais Médicos.

Em análise Em decisão liminar, a relatora, ministra Ana Arraes, suspendeu a divulgação do resultado por suspeita de irregularidades no processo de seleção.

Deposição A bancada do PT na Assembleia paulista entrou com representação no Ministério Público estadual para pedir o afastamento do secretário de Educação do governo Alckmin, Herman Voorwald.

Me dê motivos Os deputados petistas argumentam que o secretário, “por ineficiência e incapacidade de diálogo”, é o responsável “pela ocupação das escolas estaduais” e “pela intrusão da Polícia Militar em tema de política pública”.





Pressão do Planalto para salvar Cunha de cassação divide o PT


Brasil em crise

Pedro Ladeira/Folhapress

Deputados discutem durante votação no Conselho de Ética


DE BRASÍLIA

A pressão do Palácio do Planalto para deputados do PT votarem no Conselho de Ética pela anistia do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), colocou a cúpula do partido e a maioria da bancada da sigla em choque com o governo.

A sinalização de que representantes da legenda poderiam chancelar, nesta terça-feira (1º), a salvação de Cunha a pedido de aliados de Dilma Rousseff levou parlamentares e prefeitos da sigla a acionar a direção do PT com ameaças de desfiliação em série.

Três deputados petistas integram o colegiado e os votos deles são fundamentais para que o peemedebista consiga enterrar a discussão sobre uma eventual cassação de seu mandato por suposto envolvimento nas investigações de corrupção na Petrobras.

Os defensores de um acordo com Cunha, entre eles o ex-presidente Lula, acreditam que ele engavetará pedidos de impeachment contra Dilma se conseguir salvar seu mandato no Conselho de Ética.

No entanto, a direção do PT, a maioria da bancada e até uma ala minoritária do governo decidiu remar na corrente contrária. Eles defendem a tese de que salvar Cunha seria manter nas mãos dele um "cheque em branco" para chantagear a presidente. Pregam, inclusive, que a presidente deve "pagar para ver" e encarar a discussão sobre seu afastamento.

O choque ficou evidente durante o dia. Enquanto no Planalto o ministro Jaques Wagner (Casa Civil) trabalhava para convencer os petistas a votarem a favor de Cunha, na Câmara a manobra era descrita por parlamentares do próprio PT como "suicídio político".

Essa pressão resultou em uma declaração pública do presidente nacional do PT, Rui Falcão, contra o apoio dos deputados de seu partido ao peemedebista.

Além disso, 34 dos 60 deputados da bancada do PT apoiaram um abaixo assinado contra Cunha. No início da noite, esses parlamentares diziam que a chance dos colegas de partido darem aval a Cunha era "zero".

"A posição do presidente Rui Falcão e da maioria da bancada dará um enorme conforto para que eles [integrantes do Conselho] votem pela admissibilidade do processo", sustentou Paulo Teixeira (PT-SP).

ADIAMENTO

A decisão sobre o trâmite do processo de cassação do presidente da Câmaraacabou adiada após seis horas de discussão. Com isso, Cunha conseguiu protelar novamente o desfecho do caso. Até o fim da sessão, sete deputados anunciaram que votariam pelo andamento do processo e um, contra.

A sessão terminou sem que os três deputados do PT se posicionassem formalmente. Durante o dia, no entanto, a declaração mais incisiva sobre a pressão a que estavam submetidos veio do deputado José Geraldo (PT-PA).

"Estamos votando não com a faca, mas com a metralhadora no pescoço. E a metralhadora está na mão do Cunha", disse o petista.

Ele chegou a dizer que, se votasse a favor de Cunha, não estaria falando a favor o peemedebista, mas pela "salvação do país, da economia e do emprego", numa referência ao mandato de Dilma.

Sentindo o clima de divisão no PT, Cunha indicou que poderá mudar o relator da proposta do governo de recriar a CPMF caso os deputados petistas votem pelo arquivamento de sua cassação.

Nesta terça, o presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Arthur Lira (PP-AL), aliado de Cunha, indicou-se relator da recriação do imposto, o que desagradou ao Planalto.

UOL
(DANIELA LIMA, MARINA DIAS, GUSTAVO URIBE, RANIER BRAGON E VALDO CRUZ) 

domingo, 29 de novembro de 2015

Só na teleconferência, para evitar face to face.




Argentina, nova política externa