quarta-feira, 26 de novembro de 2008

VOLVER AO SUL - Crise econômica: a primeira, última?

A crise econômica atual é uma crise generalizada de sobre produção própria do sistema capitalista, que envolve ao mundo todo. O efeito espetacular do setor financeiro tem encoberto a essência de toda crise.

Em maio de 2008, quando a crise hipotecária recém começava, o multimilionário e investidor de origem húngara disse que o enfraquecimento da economia nos Estados Unidos será "mais severo e prolongado" do que a maioria espera, e que o "superboom" iniciado depois da Segunda Guerra Mundial, poderá ter chegado ao fim.

"Nos últimos 60 anos, tivemos uma situação estável, mas acredito que estamos entrando em um período de instabilidade muito maior, porque temos a ameaça de uma recessão ao mesmo tempo de uma ameaça de inflação", explicou Soros.

O megainvestidor, que foi um dos precursores dos fundos especulativos e que nos últimos anos ganhou milhões de dólares apostando nos mercados internacionais, disse ainda que "há mais incertezas nos assuntos financeiros do que admitimos".

Preocupado, Soros tem dito: “Marx e Engels fizeram uma análise muito bom do sistema capitalista faz 150 anos, melhor em alguns aspectos, que a teoria do equilibro de economia clássica…”.

Que dizia Marx?: “a razão última de toda verdadeira crise é sempre a pobreza e a capacidade restringida de consumo das massas, com as que contrastam a tendência da produção capitalista a desenvolver as forças produtivas como se não tiveram mais limites que a capacidade absoluta de consumo da sociedade”.



Por una parte, pessoas com necessidades. Por outra, capacidade crescente de criação como nunca antes na história da humanidade. Mas, no sistema capitalista não pode haver harmonia entre a satisfação das necessidades dos seres humanos y a produção de bens e serviços. Ainda que existam ou abundem, o livre acesso a eles —para milhões de pessoas— permanece vedado. Porque devem comprá-los e não têm poder aquisitivo.



Em outras fases dos ciclos econômicos, as crises se originavam por escassez e desastres naturais. Hoje essas crises são produto da abundância.



O sistema capitalista tem produzido enormes avances no desenvolvimento. Em mais ou menos dois séculos, a riqueza material cresceu a uma velocidade nunca antes vista na historia da humanidade. Entretanto, a conseqüência no tem sido uma regulação planejada racional, dirigida e administrada pela sociedade. O capitalismo se organiza em função do lucro. As relações entre os homens se produzem a por meio desse “ente” avassalador e dominante que é o mercado, insensível ante as preocupações e as angustias dos seres humanos.



Todo valor verdadeiro, real, se gera nos setores produtivos nos serviços. A base das crises é ter produzido mais do que se pode vender. Se afeta o comércio. O setor financeiro lucra por um tempo das angustias alheias. Entretanto, dependendo da magnitude da cadeia de dívidas não pagas, o setor financeiro se treme. Agudiza e prolonga as crises mediante os créditos. O crédito atua como um elástico incentivando o desenvolvimento do sistema produtivo e serviços além do poder aquisitivo. Quando a tensão corta o elástico e as obrigações não podem cumprir-se, o sistema se recolhe recordando bruscamente que numa economia de mercado a produção deve limitar-se somente aquilo que possa se vendido. Na crise atual os problemas se profundizaram porque se engendro dinheiro do dinheiro, sem base alguma no setor real da economia.



Ainda quando as crises são inerentes à estrutura do sistema capitalista, existem medidas preventivas e atenuantes. Há uma grande diversidade de formas de enfrentar os desafios. Desde o Estado de Bem estar até o Neoliberalismo. A equidade e as medidas para distribuir melhor os ingressos devem ser o centro da preocupação. Isso não muda a essência do sistema, no em tanto favorece a reprodução da economia. Não impede a crise, mas retarda sua aparição, diminui sua magnitude e seus efeitos negativos.

Nesta crise são responsáveis quem se favoreceu com a especulação, mas sobretudo quem a permitiu por falta de regulação. Grande responsabilidade dos governos, os parlamentares e os organismos internacionais que não estabeleceram limites, e permitiram a libertinagem do lucro.



É urgente que os seres humanos no seu conjunto tomem em suas mãos o que entre todos tem sido capazes de criar e estabeleçam relações sociais superiores, que permitam uma coerência e harmonia entre produção de bens e serviços e seu consumo para o bem estar de todos, assumindo um planejamento ecologicamente sustentável.



Um sistema com tantas contradições e limites, capaz de destruir produção, promover guerras, limitar até no mais elementar a vida de milhares de seres humanos, que avança por meio de competição e o egoísmo, baseado na ganância de poucos, deve quedar no passado. O sistema capitalista quedará na historia como um sistema progressista no que diz respeito aos anteriores regimes, mas limitado. Será o antepassado de um sistema superior em que os seres humanos estejam por sobre qualquer outra consideração.

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