segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

PT dá apoio a Puty, Ana Júlia e Caten. Denuncias “artificiais e sem consistência”



O diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) aprovou no último sábado (12), durante encontro do diretório estadual que comemorou os 31 anos de fundação do partido, moção de solidariedade à ex-governadora Ana Júlia, ao deputado federal Claudio Puty e à deputada estadual Bernadete ten Caten que, segundo a legenda, estariam sendo “arbitrariamente e injustamente acusados em situação de escândalo na Secretaria de Meio Ambiente do Estado, no que refere à liberação de licença ambiental”. De acordo com a moção, assinado por todas as correntes petistas, o PT “confiou, confia e continuará defendendo a governadora Ana Júlia e nossas lideranças”.

Ainda segundo o documento, o combate à corrupção em órgãos públicos tem sido uma das marcas do governo do PT. “No governo Ana Júlia os órgãos de controle e fiscalização foram fortalecidos e as práticas ilegais de madeireiros foram duramente combatidas em todas as regiões do Estado”. O PT afirma que apóia “plenamente as investigações que visem apurar e punir qualquer conduta irregular cometida nas instituições públicas do Estado do Pará em qualquer governo, inclusive no nosso”.

VAZAMENTO
Por outro lado, a legenda repudiou “o vazamento de informações em segredo de justiça que são utilizadas de forma irresponsáveis e tendenciosas na tentativa de ataque às lideranças do PT”. O documento ressalta ainda que as lideranças em questão “possuem atuações pautadas na legalidade, na transparência e na ética”, e que ações individuais que levem a qualquer constrangimento ao partido e ao povo paraense “serão repudiadas por nós e deverão ser punidas pela justiça”.

Ao final, o documento diz que o PT tem como uma de suas principais bandeiras “assegurar o estado democrático de direito, onde ninguém pode ser condenado até que seja provado pela justiça”.
Ao final do encontro, a ex-governadora Ana Júlia Carepa fez uma ótima avaliação. Segundo ela, a reunião fez uma defesa do legado do PT e das políticas públicas defendidas pelo partido. “Começamos um processo de avaliação onde, é claro, se reconheceram erros e problemas mas, ao mesmo tempo se reconhecem os avanços, e esses avanços e as nossas lideranças políticas. Vamos lutar para manter e ampliar nosso espaço no Estado”.

SILÊNCIO
Ana Júlia disse que a partir daquele momento não falava mais acerca do vazamento do inquérito da Polícia Federal que mostra o tráfico de influência na Sema e remeteu seu posicionamento ao advogado Carlos Botelho, que classificou as denúncias veiculadas no DIÁRIO, fruto do inquérito da PF, como “artificiais e sem consistência”.
Botelho ressaltou que a ex-governadora não é alvo que qualquer investigação no âmbito da Polícia Federal e tampouco é citada como integrante de qualquer esquema nas ligações. “Estão criando uma ficção envolvendo o nome da ex-governadora”.
Botelho reafirma que tudo se resume a uma disputa política. “Em toda essa investigação da Polícia Federal não houve nenhuma quebra de sigilo fiscal, interceptação de ligação ou apreensão de documentos envolvendo ou mencionando Ana Júlia. Nada. Além disso a ex-governadora entrou no cargo como saiu, sem responder a nenhuma acusação ou inquérito policial”, sustenta.

Paulo Rocha: “PT está passando por momento difícil”
Paulo Rocha, que foi conduzido no encontro ao posto de presidente de honra do PT no Pará, ressalta que a legenda tem uma característica de superação. “O PT do Pará perdeu as eleições e está passando por um momento difícil. Vamos superar esse momento e buscar nesse processo voltar a ser o partido que sempre fomos no Estado. Nosso grande desafio será buscar a nossa unidade política e demos hoje um grande passo nesse sentido”.

Ao lado de Paulo Rocha, a ex-governadora Ana Júlia sustentou que as lideranças petistas não estão atrás de cargos e nem vão disputá-los. “É verdade. Deixamos essa tarefa nas mãos do partido”, disse Rocha. Ana Júlia afirma que “O PT tem que ocupar esses espaços. Nós enquanto lideranças vamos ajudar o partido nesse processo”, disse Ana Júlia. Nenhum dos dois quis confirmar as especulações acerca da ocupação de cargos federais aqui no Pará. “Vamos sim nos preparar politicamente para a disputa de 2012 e 2014”, coloca Paulo Rocha. O PT montou uma comissão que discutirá essa questão da ocupação dos cargos aqui no Estado.

João Batista, presidente do PT, disse que os rumos que o partido vai tomar nos próximos anos serão tomados mais tarde. “Esse debate que promovemos aqui hoje vamos levar para a maioria dos municípios do Estado e aprovar as diretrizes num grande encontro em junho”, coloca.
Como esse foi apenas o primeiro encontro do partido após as eleições para o governo, Batista diz que o PT ainda não tem uma posição oficial do partido acerca da derrota de Ana Júlia. “Cada um tem sua opinião e sua avaliação. Os erros com certeza ocorreram, mas temos um capital político que é superior a esses erros. Houve no governo em alguns momentos mais política de secretário do que política de governo, além do erro de articulação política, mas isso será bastante discutido daqui para frente”.

O presidente do PT lamentou ainda o vazamento das investigações da PF sobre o esquema de corrupção na Sema. “O governo Ana Júlia foi um dos que mais combateu a corrupção e esse esquema de madeireiros. Estamos solidários aos companheiros e queremos que as investigações se aprofundem, mas dentro da Lei e não se antecipando e condenando as pessoas que sequer estejam sendo citadas ou sob investigação”.

Em relação à ocupação dos cargos federais no Estado por lideranças da legenda derrotadas no último pleito, João Batista acredita que o processo ainda demore. “Assim como o Paulo Rocha e Ana Júlia, temos lideranças do PT nessa situação por todo o país e a decisão caberá ao PT nacional, já que o processo envolve diálogo os demais Estados da região”, coloca.

Na resolução do diretório estadual aprovada ao final do encontro, o PT avalia o processo eleitoral e apresentou perspectivas políticas para os próximos anos de atuação no Estado, colocando–se como principal oposição ao governo do PSDB no Pará.

(Diário do Pará)

Vender a Amazônia, um bom negócio?

A ética da riqueza

O historiador americano disse, em 2002, que as tradições de
um povo são tão importantes para a economia
quanto
os recursos materiais e que o Brasil poderia ser desenvolvido se fosse dividido, separando Sul do Norte. 
Também alertava que era de alto risco investir na China.

Entrevista `Veja" 
22/3/2000
Carlos Graieb
 "Se o Brasil se dividisse em dois, 
o Sul teria chances 
de ser desenvolvido"


É alarmante  como em apenas 10 anos mudaram de forma radical as visões sobre o conceito de riqueza das nações. 
O economista americano e insstitucionalista, David Landes se equivocou redondamente ao considerar que a riqueza das nações não dependia dos recursos naturais e das matérias primar, e nem da extensão do território. 

Alguns critérios como: "Minerais? Madeira? Tudo isso pode ser comprado. Não é preciso ser dono desses recursos, é mais fácil comprar que ser proprietário", hoje são largamente questionados e em qualquer análise básico os indicadores importantes que se utilizam como importantes são o território, a população, os recursos naturais (Caso dos BRIC). 

Veja trechos da entrevista que David Landes ofereceu à Veja, em 2000. 
Para o historiador americano David Landes, a humanidade se divide em duas classes: a dos que vivem para trabalhar e a dos que apenas trabalham para sobreviver. "Quanto mais pessoas do primeiro tipo houver, mais chances uma nação terá de sair ganhando no jogo da globalização", diz ele. Landes tem 75 anos.

Em décadas de trabalho como professor da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, ele se dedicou a desenvolver a idéia lançada pelo pensador alemão Max Weber de que a cultura e os valores de um povo são tão ou mais importantes para o seu crescimento econômico do que os fatores materiais. Suas teses ganharam forma de livro em 1998 e deram notoriedade ao autor. Escrito com verve e lidando com uma vasta quantidade de informações, A Riqueza e a Pobreza das Nações alcançou a lista de mais vendidos em diversos países, inclusive o Brasil, onde foi lançado pela Editora Campus. Na semana passada Landes visitou São Paulo para uma série de palestras, a convite da Fundação Armando Álvares Penteado e do Instituto Fernand Braudel, e deu a seguinte entrevista a VEJA.

Veja – Quais são as causas da riqueza e da pobreza das nações?
Landes –
Não há dúvida de que fatores "clássicos", como o acesso a recursos naturais ou mão-de-obra, são importantes. Também estou certo de que a geografia e o clima podem ser determinantes, embora muita gente não concorde com isso. Mas eu gostaria de insistir em uma variável pouco lembrada: a cultura. Ela é preponderante no sucesso material de algumas nações e no insucesso de outras. Falo de cultura em sentido amplo. Não me refiro a obras de arte, mas aos valores e atitudes vigentes numa sociedade. Foi por prezar a liberdade individual, a curiosidade e a criatividade, e por assumir uma atitude positiva com relação ao trabalho, que a Europa Ocidental tomou a dianteira na corrida pelo desenvolvimento, 500 anos atrás. Fora da Europa, os países que assimilaram esses valores, como os da América anglo-saxônica, ou dispunham de tradições semelhantes em sua própria cultura, caso dos asiáticos, entraram para o clube dos vitoriosos.

Veja – Assim como o pensador alemão Max Weber, o senhor diria que o espírito protestante está diretamente ligado à ascensão do capitalismo?
Landes –
Certamente. As outras religiões monoteístas, incluindo o judaísmo, ao qual pertenço, fazem da pobreza uma virtude. Quase toda a história da cristandade inclui uma louvação da pobreza: os pobres vão para o céu, enquanto a riqueza é uma forma de corrupção. Nos países islâmicos, a pobreza é considerada um antídoto para os modos, o luxo, a auto-indulgência do Ocidente. O protestantismo foi importante por causa de sua atitude positiva com relação ao trabalho e ao enriquecimento. Também foi importante porque desde o começo os protestantes discordaram e discutiram entre si. O protestantismo era na origem pluralista, enquanto o catolicismo sempre foi centralizador.


Veja – E no que esse aspecto centralizador atrapalhou o desenvolvimento?
Landes –
O catolicismo não apenas tinha uma atitude ambivalente com relação aos empreendedores como também segregava os que pensavam diferente. Na sociedade colonial, comandada por espanhóis e portugueses, a imigração de europeus do norte era evitada a todo o custo. Imperava o fechamento. Além disso, o homem que vencia nos negócios era incentivado a retirar-se para uma vida aristocrática e não esperava que seus filhos repetissem seu itinerário de trabalho. Empreendimentos são realizados por pessoas que vivem para trabalhar, e não por aquelas que trabalham para viver. É preciso ter prazer no trabalho para tornar-se um empresário bem-sucedido.

Veja – O Brasil é mesmo "o país do futuro"?
Landes –
Acho que o Brasil vai conseguir diminuir suas taxas de pobreza. Quanto a tornar-se um dos países mais desenvolvidos, isso é outra história. Isoladamente, a Região Sul do país teria boas chances.  
 
Veja – O senhor está sugerindo que o país se divida em dois?
Landes –
Estou dizendo que se o Sul se separasse do Norte teria boas chances de alcançar os países mais avançados. Sei que as pessoas logo vão pensar em coisas do tipo: mas como assim, abrir mão dos infindáveis recursos da Amazônia? Pois eu lhe digo que, se vivesse em São Paulo, não me preocuparia muito com o destino do Amazonas. Minerais? Madeira? Tudo isso pode ser comprado. Não é preciso ser dono desses recursos. É mais fácil comprar e vender do que ser proprietário. Em nossa época, não existe nenhuma virtude intrínseca, política ou econômica, em manter um grande território e ser uma grande unidade.  

 Leia a entrevista completa ha href="http://veja.abril.com.br/220300/entrevista.html">Aqui

domingo, 13 de fevereiro de 2011

ENTREVISTA ITAMAR FRANCO


ITAMAR, A CADA HORA, UMA IDEIA

ENTREVISTA // ITAMAR FRANCO
DENISE ROTHENBURG
JOSIE JERÔNIMO 
Correio Braziliense

     A entrevista com itamar já estava na impressão quando recebo um telefonema do Fonseca, que está assessorando o ex-presidente no Senado. "Falei com ele há pouco. Dá para acrescentar na entrevista que ele vai pregar o fi do voto obrigatório?"

   Itamar é assim mesmo. Quando tem uma ideia, põe na rua e vê o que acontece. Agora, além da reeleição, ele quer o fim do voto obrigatório, como forma de reduzir a corrupção e acabar com a compra de votos que ainda impera em algumas localidades do Brasil. A seguir, a entrevista que está hoje publicada no Correio:

O ex-presidente chega ao Senado para fazer uma oposição inspirada em suas atuações passadas na Casa, quando "não se calava"


Em sua primeira sexta-feira em Brasília depois da posse no Senado, Itamar Franco (PPS-MG) foi ao Conjunto Nacional para comprar uma pequena televisão para o seu apartamento funcional. Na loja, atraiu a atenção de funcionários mais velhos. Afinal, há 16 anos Itamar era quase tão popular quanto Lula ao deixar a Presidência da República — por ter sido o presidente que implantou o Plano Real. Um dos vendedores criou coragem e se aproximou: "Fizemos uma aposta ali: o senhor é aquele ex-presidente?". Itamar, sem pestanejar, respondeu. "Se eu for, o que você ganha?". Ao saber o valor dão aposta, R$ 20, o senador brincou: "Você ganhou. Então vai lá, pega o seu dinheiro e me dá R$ 10 de desconto".

Nos tempos de presidente, Itamar costumava sair sozinho do Palácio da Alvorada e dirigir o próprio carro para visitar amigos. Certa vez, para desespero da segurança, foi ao circo. Os seguranças se espalharam pela arquibancada, sem que ele soubesse. Agora, de volta à cena política brasiliense, ele dá sinais de que não mudou. No Senado, chega pregando o fim da reeleição e rechaça o voto em lista. "Vou combater a reeleição (…).Fico muito preocupado quando dizem: vamos fazer uma eleição por lista. Se uma cúpula partidária dominar o partido por muitos anos e não gostar da sua atuação, você vai ser o último da lista", diz. Só evita falar dos Fernandos — os dois ex-presidentes Collor e Fernando Henrique Cardoso. "Vamos mudar de assunto para que eu não seja indelicado com as senhoras".

Vem aí a discussão a reforma política e, pelo jeito, vão ampliar a discussão para o mandato presidencial. O senhor é favor da reeleição? Não, primeiro ela quebrou a ordem constitucional brasileira. Ao longo da vida pública, nós nunca tivemos reeleições neste país. Quando terminamos o Plano Real, nós tínhamos que ter três pilares: o da reforma política, da tributária e a fiscal. O que aconteceu em 1995? Em vez de fazer o que ainda não tinha sido feito, passaram a reeleição. A linha divisória que distingue um candidato no cargo e um candidato que apenas concorre é invisível. Eu acho que a reeleição permite muita corrupção. A máquina é usada de uma forma muito violenta. Vou combater a reeleição.

Então o senhor vai propor o quê? O mandato de cinco anos?
Acho que cinco seria o ideal. Não acho quatro pouco, mas cinco seria razoável.

Fala-se também em abrir uma janela para uma reacomodação partidária. O senhor é a favor? E o voto em lista?
Pode haver um choque de consciência do cidadão com o partido. Ele pode se sentir desconfortável. Os nossos partidos costumam ter uma minoria que domina os domina há muitos anos. De repente, é preciso 16 ou 18 anos para se chegar à cúpula, se chegar. Fico muito preocupado quando dizem: vamos fazer uma eleição por lista. Se uma cúpula partidária dominar o partido por muitos anos e não gostar da sua atuação, você vai ser o último da lista. Os partidos brasileiros ainda são regionais. Quer goste ou não, eles não são nacionais.

E que avaliação o senhor faz do PMDB de hoje?
O PMDB é como se fosse uma namorada, a gente nunca esquece. Esse partido não é o mesmo PMDB. A minha namorada está no céu. Não é aquele PMDB que nós fundamos em nível nacional em janeiro de 1980. Eu fui o primeiro presidente do PMDB. Não é o mais o meu partido, eu fico calado, mas dá uma tristeza, viu…

Hoje, o PMDB e Collor se dão muito bem aqui no Senado. Como está o seu relacionamento com o ex-companheiro de chapa?
Sem ser indelicado, não quero falar sobre isso.

Talvez seja coincidência, mas o senhor critica a reeleição, promovida por FHC, não quer falar de outro Fernando, seu antecessor…. Os Fernandos não se dão com o senhor?
Não falo sobre eles. C’est la vie (assim é a vida).

E como é voltar ao Senado?
Quando eu cheguei ao Senado, nós tínhamos um MDB coeso. Eu tenho que me readaptar. O nosso líder era um líder que entendia que nós, da oposição, para tratar de qualquer assunto, teríamos sempre que estudar. Chegar apresentando dados, debatendo dados. O senador Virgílio Távora era o líder da ordem econômica do governo. Por um determinado dia, ele foi à tribuna e disse que o presidente Geisel não permitiria que empresas estrangeiras explorassem o petróleo. Quando foi seis horas da tarde, o presidente Geisel permitiu. Ele (Virgílio Távora) ficou tão envergonhado que ficou um mês sem aparecer na tribuna. Como é que o governo (de hoje) leva tanto tempo. O apagão se deu na quinta-feira e só hoje uma liderança do governo vem explicar o que aconteceu. A presidente conhece bem o problema energético. Não sei se ela conhece bem as usinas nucleares, a questão nuclear, mas a outra parte ela conhece bem.

E o Senado de hoje?
Não posso julgar o parlamento porque eu estou aqui há uma semana. Mas há influência total do Executivo no Legislativo. Há submissão até nas comissões parlamentares de inquérito. Coisa que nem no regime militar tínhamos, de proibir que um parlamentar da oposição presidisse uma comissão. Não vamos permitir que isso aconteça. Quero deixar claro que não estou julgando o Senado agora. A oposição naquela época não se calava. Naquele tempo, nosso mandato poderia ser cassado em 10 ou 15 minutos. Nós fomos eleitos pela oposição, nós temos que debater no campo das ideias, é a nossa obrigação.

Daí a sua ideia de chamar José Serra para discutir o salário mínimo?
Ele deve ter informações, deu muita ênfase a um salário de R$ 600, deve ter algum embasamento. Nunca houve um debate frontal entre a candidata e o candidato. Eu quero saber — e espero que o Senado não deixe de convidar. Existem as centrais sindicais, que podem ser convidadas também.

O senhor não estará assim abrindo um palanque para Serra na "casa" de Aécio, que chega aqui como a maior aposta da oposição para o futuro?
Não, meu palanque agora foi o do Aécio. Primeiro, acho cedo ainda. Se amanhã o Aécio for candidato, eu espero estar ao lado dele. Em relação ao Serra, ao longo da nossa vida política, nós nunca fomos mal educados um com o outro. Mas eu já achava que, no início do processo eleitoral, o Aécio somava mais em termos partidários do que ele. O Serra teve uma coisa que eu falei com ele. Eu estou na minha casa sentado, ainda indefinido, e vejo o candidato da oposição elogiando o candidato do governo. Então, para que eu vou mudar? Se até ele está elogiando, então deve ser bom. Falei isso pra ele (na campanha). Ele não falou nada. Acho que ele esqueceu Minas. Mas vamos deixar o Dr. Serra lá. Mas votei nele, viu.

Qual foi sua maior alegria e a maior tristeza na Presidência?
Em determinados momentos, nas horas mortas, o presidente tem que tomar decisões sozinho. A vida pública é muito bonita, mas tem fases que trazem na alma uma tristeza muito grande. A maior alegria, além do Plano Real, foi ter passado a faixa presidencial a Fernando Henrique Cardoso porque, quando eu entrei, disseram que meu governo não duraria 48 horas.

A maior tristeza?
Tem dia que a sua alma corre mais do que você. Então, você tem que puxar sua alma de volta. Se ela correr mais do que você, as tristeza são levadas por ela. Quando você a traz de volta, parte das tristezas ficam fora.

Que avaliação o senhor faz desse início do governo Dilma?
Eu escutei o discurso da presidente, achei interessante que ele não falou o "nunca antes nesse país"… Achei uma evolução, tomara que ela não tenha recaídas.
FRASE
"Há influência total do Executivo no Legislativo. Há submissão até nas comissões parlamentares de inquérito. Coisa que nem no regime militar tínhamos"

Qual foi sua maior alegria e a maior tristeza na Presidência? Em determinados momentos, nas horas mortas, o presidente tem que tomar decisões sozinho. A vida pública é muito bonita, mas ela tem fases que trazem na alma uma tristeza muito grande. Quem ingressa nela tem que aguentar. A maior alegria, além do Plano Real, foi ter passado a faixa presidencial ao meu sucessor, Fernando Henrique Cardoso, porque, quando eu entrei, disseram que meu governo não duraria 48 horas. Em 92, quando assumimos a presidência da República, o país estava entristecido. E nós entregamos o governo democraticamente.

A maior tristeza? Tem dia que a sua alma corre mais do que você. Então, você tem que puxar sua alma de volta. Se ela correr mais do que você, as tristeza são levadas por ela. Quando você a traz de volta, parte das tristezas ficam fora.

Que avaliação o senhor faz desse início do governo Dilma? Eu escutei o discurso da presidente e achei interessante ela não ter dito o "nunca antes nesse país". Achei uma evolução, tomara que ela não tenha recaídas.

Pelo visto, o senhor está disposto a dar trabalho ao governo como oposição…
Dar trabalho, eu não sei se vou dar. Eu espero que, toda a vez que for possível, eu possa ajudar com a pequena experiência que tenho. 

Perda de Competitividade da Indústria Brasileira



Sergio Lamucci (Valor, 14/12/2010) reporta que a indústria de transformação brasileira perde espaço na produção da economia brasileira e mundial, tendência que pode ameaçar a consolidação de ritmo de crescimento mais expressivo nos próximos anos, adverte, em estudo, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Enquanto no Brasil a fatia do setor no Produto Interno Bruto (PIB) está em queda, recuando da casa de 30% nos anos 70 para nivel inferior a 24%, ela mantém trajetória de alta em países asiáticos que há décadas crescem a taxas elevadas. Na Coreia do Sul, está em 38% e na China, próximo de 53%. Os números são da Organização das Nações Unidas (ONU), a preços em dólares de 1990 (ver gráfico).


Para o Iedi, a situação brasileira é reversível, mas exigirá esforço que passa não só por mudar o quadro de câmbio valorizado, mas também por medidas como a redução do custo financeiro na economia e dos encargos sobre a mão de obra e pela melhora dos sistemas de logística e da inovação empresarial.

O estudo ressalta a importância do bom desempenho da indústria de transformação para a expansão recente da economia brasileira, ao analisar o resultado de uma série de 54 resultados para o crescimento do PIB brasileiro acumulado em quatro trimestres entre o começo de 1997 e junho de 2010. Nesse período, em apenas 12 trimestres o aumento do PIB superou 5% em bases anuais, e em todos esses trimestres a indústria de transformação cresceu em percentuais próximos ou superiores. Em oito desses trimestres, o crescimento da indústria de transformação situou-se entre 6% e 9%.
Os números indicam que, para promover expansão a taxas robustas, é fundamental que a indústria de transformação avance a passos rápidos. Países com taxas robustas de crescimento “tiveram na indústria o principal apoio.
Segundo o estudo, “China, Coreia do Sul, Indonésia, Índia, Malásia, Tailândia e Irlanda, todos com taxas médias anuais de expansão superiores a 5% ao ano entre os anos de 1970 e 2007, tiveram aumentos relevantes na participação de seus setores industriais no PIB. No outro extremo, países já industrializados e várias economias latino-americanas, dentre elas o Brasil, tiveram médias de crescimento abaixo de 5% ao ano e declinantes participações nos respectivos PIBs.”

Na China, a fatia da indústria de transformação no valor adicionado total da economia pulou da casa de 35%, no começo dos anos 80, para 52,9%, em 2007. Na Coreia, a participação passou de 20%, nos anos 80, para 38,4% em 2007. Nesse cenário, a participação do Brasil no valor adicionado da indústria de transformação global caiu da casa de mais de 3%, no começo dos anos 80, para os 2,2% de 2007.

Outro sinal que preocupa é o comportamento do balanço comercial da indústria de transformação. Em 2006, havia superávit bastante expressivo, na casa de US$ 30 bilhões. Em 2008, o resultado entrou no vermelho, atingindo déficit de US$ 7,1 bilhões, que se ampliou para US$ 8,3 bilhões em 2009. De janeiro a setembro de 2010, o rombo foi de US$ 25,8 bilhões. Isso revela processo intenso e rápido de deterioração da competitividade do setor, atribuindo-se à apreciação da moeda nacional (ou queda da taxa do câmbio) a maior responsabilidade por essa piora.


Para o Iedi, a apreciação do real tem no diferencial de juros internos e externos uma de suas principais causas. Não é o saldo comercial do agronegócio e da mineração que vem determinando a apreciação da moeda, pois não há oposição entre agricultura e indústria ou entre a economia industrial e a de commodities, tampouco existindo a necessidade de o país optar por especialização em algum desses segmentos. O êxito simultâneo da indústria e dos demais setores é perfeitamente possível, considerando-se, evidentemente, a obtenção de taxa de câmbio competitiva.
 
Para o IEDI, o papel do câmbio tem sido relevante para explicar a perda de importância da indústria de transformação. Em primeiro lugar, a tendência do real tem sido de apreciação, exceto em momentos de crise, como em 1999, 2002 e 2008. Há grande flutuação do câmbio, o que também atinge a competitividade. Esses problemas do câmbio afetam especialmente a competitividade da indústria, que não conta com preços internacionais favoráveis na mesma intensidade que os setores que produzem commodities.

 O estudo do IEDI diz que não há uma solução única para reverter esse quadro para a indústria. Mexer no câmbio é importante, mas também é fundamental diminuir o custo financeiro e tornar menos pesado os encargos que encarecem a mão de obra, assim como melhorar a logística. Ele destaca ainda a necessidade de políticas voltadas à indústria, à inovação empresarial e à sustentabilidade. Outro ponto crucial é o país desenvolver regime mais avançado de financiamento de longo prazo. É importante algo que contemple, além do BNDES, mecanismos voluntários de crédito bancário em longo prazo e de instrumentos do mercado de capitais.

Libertado na Colômbia o primeiro dos três reféns das Farc

 
Publicação: 13/02/2011 17:50 Atualização: 13/02/2011 18:14
 

IBAGUÉ, 13 fevereiro 2011 (AFP) - O policial Carlos Obando, o primeiro dos três reféns que a guerrilha das Farc ficou de libertar neste domingo, foi entregue a uma missão humanitária na Colômbia, informou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

O helicóptero emprestado pelo Brasil para esta operação se dirige agora para reabastecer na base aérea de Chaparral (Tolima, centro), e depis viajará de novo para buscar outros dois reféns.

A operação enfrentou um atraso devido ao mau tempo na zona prevista para a libertação, segundo informou o delegado presidencial Eduardo Pizarro.

A missão humanitária partiu neste domingo, em um helicóptero cedido pelo Brasil, às 9H30 locais (12H30 de Brasília) rumo às selvas do centro do país.

A missão, integrada pela ex-senadora Piedad Córdoba e representantes do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) deve resgatar ainda o major da polícia Guillermo Solórzano e o cabo do Exército Salín Sanmiguel.

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) haviam anunciado em dezembro a libertação de cinco reféns, mas no sábado acrescentaram o nome de Ocampo, que foi sequestrado há dois meses.

Entre 9 e 11 de fevereiro, as Farc libertaram os vereadores Marcos Baquero e Armando Acuña, além do oficial da Marinha Henry López.

Além dos reféns que serão libertados neste domingo, as Farc mantêm em cativeiro outros 16 policiais e militares que consideram "moeda de troca" por guerrileiros presos, mas que segundo Córdoba podem ser liberados ainda este ano.

China aperta vigilância à entrada de investimento estrangeiro na economia



É a resposta de Pequim aos entraves à penetração de empresas chinesas no Ocidente. Uma nova entidade vai avaliar a entrada de capitais estrangeiros

Aproveitar a expansão da economia chinesa e o crescimento de um dos maiores mercados do mundo deverá passar a ser ainda mais difícil para as empresas internacionais.

A China anunciou ontem que irá criar uma nova entidade com o objectivo de avaliar de forma sistemática as aquisições de empresas nacionais por parte de capitais estrangeiros. Uma equipa, formada por membros de diversas áreas do Governo, irá verificar se os potenciais investimentos directos estrangeiros a realizar no país não colocam em risco a "segurança nacional". Os investimentos na indústria militar, agricultura, energia e outros recursos, infra-estruturas chave, sistemas de transporte e tecnologias serão os principais visados pela reforçada avaliação que passará a ser feita.

De acordo com o comunicado ontem divulgado pela autoridades, "os diversos departamentos deverão elevar o sentido de responsabilidade para guardar segredos comerciais e de Estado, para salvaguardar efectivamente a segurança nacional".


Com esta entidade, a China dá um sinal claro aos países que já bloquearam a entrada de empresas chinesas nos seus mercados alegando questões de segurança de que está disposta a responder na mesma moeda.

Há já, noutros países, estruturas semelhantes à agora criada pela China. A Austrália tem uma agência encarregue de analisar as consequências das tentativas de aquisição de firmas por parte de capitais estrangeiros e que, durante os últimos anos, já vetou, em diversas ocasiões, a entrada de empresas chinesas em sectores como o da exploração de minérios.

Estudo publicado na Science - Em 2007 o mundo podia armazenar 295 exabytes de informação

Em 2007 o mundo tinha uma capacidade de armazenamento de informação de 295 exabytes, ou seja, 295 mil milhões de gigabytes. A grande maioria em formato digital. O cálculo foi feito por dois cientistas que publicaram os resultados na revista Science.

Martin Hilbert, da Universidade da Califórnia e Priscila López, da Universidade Aberta da Catalunha analisaram a evolução da capacidade de armazenamento, de computação e de difusão de informação entre 1986 e 2007.

Há 25 anos, a informação armazenada no mundo era de 2,6 exabytes. Passou para 15,8 em 1993, para 54,5 em 2000 e alcançou os 295 exabytes em 2007. Ou seja, 295 milhões de milhões de milhões de bytes. O equivalente a uma coluna de CD-ROM (cada um com 1,2 milímetros de grossura) tão alta que chega à Lua e faz mais um quarto do caminho. Ou a mesma quantidade de informação que cobriria toda a superfície da China por uma camada de três livros de grossura. Estes números mostram porque é que estamos a atravessar uma revolução.

“O carro mudou a sociedade completamente, ou a electricidade. A cada 40, 50 ou 60 anos, existe algo que cresce mais rápido do que o resto, e neste momento é a informação”, disse Hilbert, à BBC News.

Em 2002 o mundo entrou na era digital: nesse ano passou a haver mais capacidade de armazenamento em formato digital do que analógico. Entre 2000 e 2007 a informação guardada analogicamente, em cassetes de vídeo, fotografia, vinis, passou de 75 por cento para seis por cento em 2007.

Em 2007, os discos rígidos perfaziam 52 por cento da capacidade de armazenamento e a informação armazenável em dispositivos ópticos era de 28 por cento. Ao pé deste volume, o que se guarda nos livros é mínimo. Entre 1986 e 2007 a percentagem de informação guardada em papel desceu de 0,33 para 0,007 por cento. Mesmo assim o papel não é menos raro em termos absolutos. A informação em papel passou de 8,7 para 19,4 milhões de gigabytes nestes 21 anos.

Para chegarem a estes resultados os dois cientistas tiveram em conta a quantidade de informação guardada em 60 tecnologias analógicas e digitais durante os 21 anos. Consideraram vinis, microchips, discos rígidos, chapas de raio-x, cartões de crédito.

“Basicamente, o que se pode fazer com informação é transmitir através do espaço, e chamamos a isso comunicação. Pode-se transmitir através do tempo, e chamamos isso armazenamento. Ou pode-se transformá-la, manipulá-la e mudar o seu significado e a isso chama-se computação”, disse o investigador.

Durante estas duas décadas a capacidade computacional aumentou 58 por cento por ano. Por outro lado, a difusão de informação alcançou em 2007 quase dois zetabytes de informação ou seja, quase 2000 exabytes.

“Estes números são impressionantes, mas ainda assim minúsculos comparados com a ordem de magnitude da informação tratada pela natureza”, comparou Hilbert, num comunicado. O ser humano guarda na sua molécula de ADN cerca de 100 zetabytes de informação e o universo observável guarda o número impressionante de um 10 com 90 zeros atrás.

Elizabeth Taylor hospitalizada com problemas cardíacos. Actriz tem 78 anos


Elizabeth Taylor, uma das lendas vivas do cinema, foi hospitalizada num hospital de Los Angeles com problemas cardíacos. Taylor, com 78 anos, já tinha sido operada ao coração em 2009, depois de ter tido vários problemas.

O ficha suja do Gilvan Borges falando do ficha limpa João Capiberibe


O ex-governador do Amapá João Capiberibe, condenado injustamente pela lei da Ficha Limpa, por suposto pagamento de R$ 26,00 (vinte e seis reais) para compra de votos, acusação de uma testemunha ligada (e paga) pelo seu inimigo político, Gilvan Borges, -afiliado do Sarney e um dos políticos mais corruptos do norte do Brasil-,  ironiza a acusação de uso abusivo da imprensa. Capiberibe diz que o senador Gilvan Borges (PMDB), seu inimigo, tem 3 tevês e 7 rádios.

A nova lei dos royalties é uma Mina de dinheiro


NO PARÁ
Arrecadação
crescerá 5 vezes,
se proposta passar
no Congresso

Aqueda de braço do governo com as mineradoras para obrigá-las a exportar minérios com maior valor agregado e a investir mais em siderurgia abriu espaço para que prefeitos, governadores e parlamentares, principalmente os de Minas Gerais e do Pará, começassem a se articular com o objetivo de aumentar as alíquotas dos royalties.


Esse movimento assustou o governo, que hoje arrecada sobre a receita líquida das mineradoras. A ideia era cobrar impostos sobre a receita bruta, para facilitar a fiscalização.
Com a alteração na lei, o volume de recursos arrecadados no Estado do Pará seria quase cinco vezes superior ao atual.


Para se ter uma ideia, durante todo o ano passado a arrecadação total dos royalties dos
minérios foi de R$ 1,08 bilhão, sendo a segunda maior fatia desse bolo do Pará, que recebeu
R$ 315 milhões.
 
Pará arrecada
menos em
royalties do
que pequeno
município do Rio

O valor equivale a menos de um terço da arrecadação de um único município carioca, Macaé, que, no último ano, engordou mais R$ 1,1 bilhão em royalties do petróleo.


A disparidade se dá pelo valor da alíquota. Enquanto a máxima para o minério é de
3% (sendo 2% para o governo e 1% para o proprietário da terra), a mínima para o Petróleo é de 10% (sobre o faturamento bruto das petroleiras). Em 2010, as compensações do petróleo chegaram a R$ 9,9 bilhões (quase dez vezes mais que o dos minerais), sendo, apenas do Rio
de Janeiro, R$ 5,35 bilhões.


“É só usar como exemplo o contracheque do trabalhador: tem um salário bruto, onde ali
tem o abatimento do INSS, do vale-transporte, do plano de saúde e outros descontos até
se chegar ao salário líquido. Ocorre o mesmo com as empresas, que tem uma receita
bruta da venda do produto.


Depois, ela abate os impostos, transporte, seguros e só depois é que se chega à um valor
menor, que é a receita líquida. Queremos então mudar a base de cálculo para a receita bruta que tem valor maior e certamente deixará mais recursos e renda para os municípios e
Estados mineradores”, explica o senador Flexa Ribeiro (PSDB/PA), autor da proposta que altera o cálculo a forma como é cobrada a CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais). O imposto é cobrado de empresas mineradoras, como contraprestação pela utilização econômica dos recursos minerais em seus respectivos territórios.

O liberal