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segunda-feira, 18 de maio de 2015

Os Estados Unidos e Cuba: uma história ímpia



O estabelecimento de laços diplomáticos entre os Estados Unidos e Cuba foi amplamente saudado como um evento de importância histórica.


Na revista "The New Yorker", John Lee Anderson resumiu a reação geral entre os intelectuais liberais.

"Barack Obama mostrou que pode agir como um estadista de peso histórico. Assim como, neste momento, Raúl Castro. Para os cubanos, este momento será tanto emocionalmente catártico quanto historicamente transformador. O relacionamento deles com seu vizinho americano rico e poderoso do norte permaneceu congelado nos anos 60 por 50 anos. Em um grau surreal, seus destinos também foram congelados."

"Para os americanos, isso também é importante. A paz com Cuba nos leva momentaneamente de volta àquela época dourada em que os Estados Unidos eram uma nação amada por todo o mundo, quando um jovem e simpático JFK estava na presidência –antes do Vietnã, antes de (Salvador) Allende (o presidente chileno), antes do Iraque e de todas as outras misérias– e nos permite nos sentir orgulhosos de nós mesmos por finalmente fazermos a coisa certa."

O passado não é tão idílico como retratado na imagem de Camelot. O presidente John F. Kennedy não foi "antes do Vietnã", nem mesmo antes de Allende e do Iraque. Mas vamos deixar isso de lado.

Em Cuba, Kennedy herdou a política de embargo do presidente Dwight Eisenhower, assim como seus planos formais para derrubada do regime, que Kennedy rapidamente botou em prática com a invasão à Baia dos Porcos em abril de 1961.

Na primeira reunião do Gabinete de Kennedy após a invasão fracassada, o clima era "quase selvagem", notou de modo privado o subsecretário de Estado, Chester Bowles. "Havia uma reação quase frenética por um programa de ação."

Kennedy articulou a histeria em seus pronunciamentos públicos: "As sociedades complacentes, autoindulgentes e moles estão prestes a ser varridas com os escombros da história. Apenas os fortes (...) podem sobreviver", disse ao país, apesar de estar ciente, como disse de forma privada, que os aliados "acham que estamos ligeiramente dementes" em relação a Cuba. Não sem razão.

As ações de Kennedy fizeram jus às suas palavras. Ele lançou uma campanha homicida para levar "os terrores da terra" a Cuba –uma frase do historiador e conselheiro de Kennedy, Arthur Schlesinger, referindo-se ao projeto que o presidente designou ao seu irmão Robert Kennedy como sendo sua mais alta prioridade.

A campanha, conhecida como Operação Mangusto, envolveu operações paramilitares, guerra econômica e sabotagem, que somadas resultaram nas mortes de milhares de cubanos.

Esses terrores da terra foram um importante fator para levar o mundo à beira da guerra nuclear durante a crise dos mísseis cubanos em outubro de 1962, como revelam estudos recentes. Mesmo assim, o governo Kennedy retomou os ataques terroristas assim que a crise passou.

Uma forma padrão dos apologistas para evitar esses assuntos desagradáveis é se ater aos planos de assassinato de Fidel Castro pela CIA, ridicularizando seu absurdo. Eles de fato existiram, mas foram apenas uma pequena nota de rodapé.

Ao tomar posse após o assassinato de Kennedy, o presidente Lyndon Johnson relaxou o terrorismo. Mas não deixaria Cuba sobreviver em paz. Johnson explicou ao senador J. William Fulbright, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado, que apesar de "eu não estar interessado em algo como a Baía dos Porcos", ele queria conselho sobre "como poderíamos apertar as porcas mais do que estamos fazendo".

Como observa o historiador latino-americano Lars Schoultz, "apertar as porcas tem sido a política americana desde então".

Certamente alguns sentiram que esses meios delicados não bastavam –como, por exemplo, o chefe de Gabinete do presidente Richard Nixon, Alexander Haig, que pediu ao presidente que "apenas me dê a ordem e eu transformarei aquela maldita ilha em um estacionamento".

A eloquência de Haig capturou vividamente a longa frustração dos líderes americanos com "aquela pequena república cubana infernal", a frase de Theodore Roosevelt enquanto reclamava da não disposição de Cuba em aceitar graciosamente a invasão americana de 1898 para bloquear sua libertação da Espanha e transformá-la em uma colônia virtual.

Louis Pérez, o historiador de Cuba, escreve que a "Guerra Hispano-Americana" (como é conhecida em sua nomenclatura imperial), saudada nos Estados Unidos como uma intervenção humanitária para libertar Cuba, atingiu seus objetivos: "Uma guerra cubana de libertação foi transformada em uma guerra americana de conquista", visando obscurecer a vitória cubana que a invasão rapidamente abortou.

O resultado aliviou as ansiedades americanas a respeito "do que era anátema para todos os autores de políticas norte-americanos desde Thomas Jefferson –a independência cubana".

Como as coisas mudaram em dois séculos.

Ocorreram alguns esforços hesitantes para melhorar as relações nos últimos 50 anos, analisados em detalhes por William LeoGrande e Peter Kornbluh no livro recente deles, "Back Channel to Cuba".

Se deveríamos nos sentir "orgulhosos de nós mesmos" pelos passos dados pelo presidente Barack Obama pode ser debatido, mas eles são "a coisa certa", apesar do embargo esmagador permanecer em vigor em desafio a todo o mundo (com exceção de Israel) e o turismo ainda estar proibido.

Em seu discurso à nação anunciando a nova política, o presidente também deixou claro que, em outros aspectos, a punição a Cuba por se recusar a se curvar à vontade e violência americana continuará.

Vale a pena notar as palavras de Obama:

"Orgulhosamente, os Estados Unidos têm apoiado a democracia e os direitos humanos em Cuba ao longo dessas cinco décadas. Nós o fizemos principalmente por meio de políticas que visavam isolar a ilha, impedindo a viagem e comércio mais básicos que os americanos podem desfrutar em qualquer outro lugar. E apesar dessa política ter raízes na melhor das intenções, nenhum outro país se juntou a nós na imposição dessas sanções e elas tiveram pouco efeito, fora fornecer ao governo cubano uma desculpa para impor restrições à sua população. (...) Hoje, eu estou sendo honesto com vocês. Nós nunca poderemos apagar a história entre nós."

Esse pronunciamento impressionante traz à mente as palavras de Tácito: "O crime, assim que é exposto, não tem refúgio exceto na audácia".

Obama certamente está ciente da história de fato, que inclui não apenas a guerra terrorista e o embargo econômico, como também a ocupação militar do sudeste de Cuba por mais de um século, incluindo a Baía de Guantánamo, um importante porto. Em comparação, a tomada ilegal da Crimeia pelo presidente russo, Vladimir Putin, parece quase benigna.

A vingança contra os cubanos insolentes que resistiram à dominação americana tem sido tão extrema que até mesmo prevaleceu sobre segmentos poderosos da comunidade empresarial –farmacêutico, agronegócio e energia– que fizeram lobby pela normalização. Esse é um desdobramento incomum na política externa americana.

As políticas vingativas de Washington virtualmente isolaram os Estados Unidos no hemisfério e provocaram desprezo mundial. Washington e seus acólitos gostam de fingir que "isolaram" Cuba, como Obama disse, mas a história mostra claramente que os Estados Unidos é que foram isolados –provavelmente o principal motivo para a mudança parcial de curso.

A opinião doméstica sem dúvida também pesou na "medida histórica" de Obama –apesar do público, de modo irrelevante, ser a favor da normalização há muito tempo. Uma pesquisa da "CNN" em 2014 mostrou que apenas um quarto dos americanos atualmente considera Cuba uma ameaça séria aos Estados Unidos, em comparação a mais de dois terços 30 anos atrás. Com a diminuição dos temores, talvez possamos relaxar um pouco nossa vigilância.

Nos comentários sobre a decisão de Obama, um tema principal tem sido que os esforços benignos de Washington de levar democracia e direitos humanos aos cubanos sofredores, manchados apenas pelas peripécias infantis da CIA, foram um fracasso. Nossas metas elevadas não foram atingidas, de modo que uma mudança de curso relutante é necessária.

A mentalidade imperial é maravilhosa de se ver. Dificilmente passa um dia sem novas ilustrações. Nós podemos adicionar a nova "medida histórica" em relação a Cuba, e sua recepção, à lista notável.

NOAM CHOMSKY

Noam Chomsky é um dos mais importantes linguistas do século 20 e escreve sobre questões internacionais.



domingo, 19 de agosto de 2012

Justiça americana nega pedido para conter aumento da mistura de etanol



SÃO PAULO - O tribunal de apelações do distrito de Columbia, nos Estados Unidos, negou hoje um pedido formal que havia sido feito para que a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) interrompesse a expansão da mistura de etanol à gasolina no país. Atualmente, a maior parte da gasolina vendida nos EUA contém 10% de etanol.

Em 2009, os fabricantes do biocombustível pediram à EPA a permissão para adicionar até 15%, em uma tentativa de expandir o mercado. O órgão ambiental concedeu uma vitória parcial ao setor, ao autorizar que o chamado E15 (gasolina que possui 15% de etanol) fosse utilizado em veículos fabricados a partir de 2001.

No fim de 2010, associações que representam as indústrias de petróleo e de automóveis contestaram a decisão, dizendo que a aprovação parcial poderia expô-las a ações judiciais de clientes que colocassem o biocombustível no motor errado. As empresas de alimentos, preocupadas com o fato de que o uso de mais etanol elevaria os custos de milho — base para a alimentação animal — também levou sua reclamação à justiça.

Segundo o tribunal, o pedido foi negado porque nenhuma das partes tinha o direito legal de contestar a decisão da EPA. Bob Greco, diretor do Instituto Americano de Petróleo, que representa as indústrias de petróleo e gás, disse que é "surpreendente que o tribunal não aceite que as refinarias, que devem cumprir com o mandato de etanol, têm legitimidade para este caso".

Em nota, a EPA informou que "esta decisão e as ações anteriores da EPA não exigem o uso ou a venda de E15. A EPA continuará a trabalhar com as partes interessadas para garantir uma transição suave se houver a decisão por introduzir o E15 no mercado”. Apesar da decisão, não está claro qual será a amplitude de adoção do E15. Os maiores fabricantes de automóveis disseram que suas garantias não cobrem danos associados com o E15, embora a EPA diga que a mistura é segura em carros novos.

Representantes da Associação Nacional de Lojas de Conveniência, um grupo comercial que representa os postos de gasolina nos EUA, estão preocupados se o E15 pode ser armazenado com segurança em tanques subterrâneos e temem serem responsabilizados por clientes que utilizarem o produto em motores não indicados.



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domingo, 3 de junho de 2012

No mundo do cada um por si

Marcos Troyjo é codiretor do Briclab, nos EUA - Reprodução
Marcos Troyjo é codiretor do Briclab, nos EUA
SÃO PAULO - De um lado do Atlântico, a crise na União Europeia ganha proporções inéditas. Do lado oposto, críticos veem no livre mercado o responsável pelas desigualdades de renda na maior economia do mundo. Na seara política, a democracia representativa parece não dar conta de problemas tão distintos quanto a formação de um novo governo na Grécia e os impasses no Congresso dos Estados Unidos. No mundo todo, a ideia de Estado-Nação volta a ganhar força. Esses parecem todos sintomas de um novo fenômeno que pode durar alguns anos e deve afetar não só o mundo desenvolvido, mas o Brasil e outras economias emergentes: a desglobalização.

O diagnóstico é do economista e cientista político brasileiro Marcos Troyjo, um dos diretores do recém-criado BRICLab, núcleo dedicado ao estudo dos Brics na Universidade Colúmbia e especialista do think tank liberal Instituto Millenium. 

Na opinião de Troyjo, a nova conjuntura apresenta uma série de desafios para o Brasil. O principal é mudar o DNA de nossa economia. De país exportador de produtos de baixo valor agregado, ele precisa se tornar líder em inovação. Para que isso ocorra, o pesquisador defende maior investimento em ciência, educação e tecnologia e o resgate de um debate sobre o que chama de "interesse nacional", conceito que considera pouco claro para os brasileiros, mas bastante concreto em economias como a da China. 

Diplomata de carreira - serviu na missão brasileira junto às Nações Unidas em Nova York entre 1997 e 2001 -, Troyjo também faz críticas ao que considera falta de um plano estratégico para lidar com esse novo cenário e defende a substituição de clássicas prioridades da política externa brasileira, como a demanda por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, por uma política mais ampla de inserção global do Brasil. A seguir, os principais trechos da entrevista que esse paulistano de 45 anos deu ao Aliás. 

Quando o economista Jim O'Neill cunhou o acrônimo Bric, alguns analistas o criticaram por incluir o Brasil. De fato, o país vem crescendo menos que seus parceiros. Em sua opinião, o grupo é representativo? 

Há um futuro comum para os Brics?

Marcos Troyjo: A ideia de Bric foi um conceito pensado para tentar descrever a evolução da economia global de agora até 2050. População, tamanho do mercado e dinâmica relativa foram os fatores que criaram uma certa identidade para esse grupo. Mas imaginar que esses países vão se converter em uma organização internacional é incorreto. É mais provável que seu futuro seja parecido com aquilo que durante muito tempo foi o G-7 (grupo das nações mais industrializadas), ou seja, um grupo que se reúne regularmente para emitir opiniões sobre como o mundo funciona e como deve funcionar. Se é verdade que o Brasil cresce menos que os outros, é verdade que talvez seja a economia mais madura dessas quatro. Muito provavelmente haverá outras economias que vão crescer a taxas superiores, mas isso não quer dizer que o Brasil terá sua posição ameaçada. O que vai poder ameaçar o Brasil é o país não conseguir fazer a conversão do DNA de sua economia, ou seja, se continuar apenas como produtor de baixo valor agregado, com um trabalhador de baixa produtividade. Esse é o grande dilema brasileiro: fazer a transição entre país que investe intensivamente em produtos de baixo valor agregado para país inovador, que investe com energia em tecnologia. Mas não existe um esforço nacional em relação a esse caminho. Não temos uma grande parceria entre a sociedade e o governo para fazer do Brasil um país com esse perfil. 

Ao mesmo tempo, os Brics vêm se posicionando de maneira conjunta em fóruns internacionais. O grupo pode se tornar um agente político de peso? 

Marcos Troyjo: Acho que os Brics vão ser muito mais uma espécie de voz crítica à inadequação e atraso no desenho de algumas instituições multilaterais, sem necessariamente se constituírem numa grande força em prol de sua reforma. A China e a Rússia são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Esses países não querem ver seu status diminuído em termos relativos com a entrada do Brasil e da Índia. A China deseja uma ou outra reforma, mas não uma revolução da governança global a partir da qual ela venha a desempenhar um papel de liderança. Pelo contrário, a China vai focar seus problemas internos. Aliás, entendo que vamos viver uma década de desglobalização, e isso vai afetar os Brics. Se percebemos a globalização como mais comércio e investimento internacional, mais coordenação macroeconômica, mais livre circulação de bens, capitais e pessoas, todas essas frentes estão em xeque, assim como a globalização de valores, aquela ideia dos anos 1990 de que democracia representativa e economia de mercado eram os melhores parâmetros para a organização da sociedade. Vinte anos atrás, parecia que o mundo estava caminhando para um processo de integração econômica regional que tinha na União Europeia um caso paradigmático. Ora, a União Europeia está descarrilando. Estamos observando um renascimento do Estado-Nação. Há várias frentes desglobalizantes no mundo e um renascimento não dos nacionalismos, mas dos individualismos nacionais. É o mundo do cada um por si. 

E como isso afeta o Brasil?

Marcos Troyjo: Isso pode ser benéfico se conseguirmos definir onde reside nosso interesse nacional. Os chineses, por exemplo, sabem muito bem qual é o deles. O Brasil às vezes parece saber com mais clareza o que ele quer para o mundo do que definir o que quer receber dele. 

Como essa dificuldade se reflete nas decisões do governo? 

Marcos Troyjo: Qual comércio exterior o Brasil quer como porcentual do PIB em 2025, por exemplo? Qual o número de doutores por 100 mil habitantes que o Brasil pretende formar em 2025? Qual a poupança em relação ao PIB que o Brasil quer ter em 2025? Com metas assim você vai arregimentar recursos e esforços para chegar lá. Existe isso no Brasil? Acho que não. O Brasil precisa de um plano. 

Nós já tivemos algum projeto nacional? 

Marcos Troyjo: Existem planos emergenciais, desenhados para lidar com problemas pontuais urgentes. Por exemplo, os planos de combate à inflação no Brasil, como o Plano Cruzado e o Plano Verão. Há também planos voltados para a harmonização das capacidades internacionais de competir. Temos o caso do PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento. O PAC não é o Brasil construindo para o futuro. É o Brasil em busca do tempo perdido. Construir ferrovias, portos, estradas não é o futuro, é o presente. O País já teve alguns planos estratégicos, o "50 anos em 5" de Juscelino Kubitschek, por exemplo. Agora vamos ingressar em uma fase, talvez até já estejamos nela, de desglobalização, em que o tema do interesse nacional vai ter que prevalecer. 

O Brasil parece carecer da mesma influência internacional que seus parceiros de grupo. Em termos de influência política, o País tem que se conformar em ser um sócio menor dos Brics?

Marcos Troyjo: É importante saber quais são as políticas de poder, de prosperidade e de prestígio brasileiras. Em relação ao poder, o País abriu mão de posições estratégico-militares de caráter ofensivo. As ambições nesse aspecto se resumem a ser um membro construtivo e, se depender do Brasil, ainda mais ativo de organismos multilaterais como a ONU. O Brasil gostaria de ser membro permanente do Conselho de Segurança. Essa é uma questão que depende dos atuais membros e não deve ser resolvida no curto prazo. Talvez nem devêssemos colocar tanta ênfase no assunto. O Conselho de Segurança tem mandato internacional para fazer intervenções importantes no mundo, mas hoje tem sido pouco eficiente. Em termos de influência de prosperidade, vai depender muito do que acontecer com a economia brasileira. Se o Brasil crescer 5% ao ano no período de 2012 a 2030, vai ser uma das quatro maiores economias do mundo. E, se fizer uma conversão da sua economia para atividades cada vez mais tecnológicas, sem dúvida projetará influência por conta de sua prosperidade. Quanto à política de prestígio, acho que vai estar ligada à prosperidade brasileira e projeção dos interesses econômicos do Brasil. Deve estar muito associada também a políticas de inclusão social, como programas de renda mínima, Bolsa Escola e Bolsa Família, que têm chamado atenção de outros países e sido um elemento importante do chamado soft power brasileiro. 

Qual deveria ser então o objetivo principal de nossa política externa?

Marcos Troyjo: Acho que deveria ser um objetivo que vá além da política externa, algo a ver com a política de inserção global do Brasil. É um esforço que precisaria ir além da diplomacia tradicional para aumentar a parcela do comércio internacional na composição do PIB, ou seja, aumentar o número de exportações e importações e também abrir novas frentes para investimentos. O número de funcionários que nosso serviço exterior coloca à disposição das atividades de promoção comercial e atração de investimentos nas embaixadas e consulados é muito pequeno se comparado ao de outros países. Tínhamos de unificar o comando da política de comércio exterior e de atração de investimentos estrangeiros diretos. Se conseguirmos colocar todos os nossos ativos de política exterior ao serviço do projeto de prosperidade brasileiro, acho que isso constituiria uma prioridade mais relevante para as necessidades da população do que fazer parte de um clube restrito como o Conselho de Segurança. 

Como a crise europeia afeta o Brasil?

Marcos Troyjo: Em primeiro lugar, os investidores puxam o freio, correm para os ativos mais tradicionais e seguros. Essa onda de pessimismo e apreensão também chega ao Brasil. A questão do comércio é algo menos impactante. Feliz ou infelizmente, o Brasil tem apenas cerca de 17% de seu PIB como resultado da soma de importações e exportações. Ou seja, o comércio exterior para o Brasil não desempenha um papel tão importante. Além disso, apenas 20% das nossas exportações vão para a União Europeia e são produtos em geral de baixo valor agregado. Não há necessariamente uma grande retração de demanda. Já em relação a investimentos, aí sim o Brasil é mais afetado. Primeiro porque os investimentos financeiros saem daqui para buscar opções mais seguras e mais chamativas, pois o País perdeu atratividade com a redução da taxa de juros. Em segundo lugar, com a perda de velocidade da economia mundial e da economia brasileira, os investimentos estrangeiros diretos também arrefeceram. 

A redução da taxa de juros deveria ser evitada, já que juros altos atraem mais investimentos?

Marcos Troyjo: É uma faca de dois gumes. Do ponto de vista teórico, está correto jogar as taxas de juros para baixo, porque taxas elevadas acabam se tornando um dos obstáculos para o crescimento econômico. O fato é que há uma aversão de risco generalizada. Vamos saber se essa redução da taxa de juros vai ser benéfica se a atividade industrial e econômica se aquecer em velocidade superior aos efeitos negativos da saída de capitais. Essa vai ser a tensão. Muita gente acha que os efeitos negativos da saída de investimentos são mais rápidos que os efeitos benéficos de taxas mais baixas.
Caio Quero - O Estado de S.Paulo

sexta-feira, 30 de março de 2012

EUA estão perdendo a batalha para os hackers

O principal agente de crimes cibernéticos do FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, fez uma avaliação sombria dos esforços do país para proteger as redes de dados das empresas dos ataques de hackers de computadores: "Nós não estamos ganhando", disse ele.
HACKER
Shawn Henry, diretor-assistente executivo do FBI. Enlarge Image
Shawn Henry, diretor-assistente executivo do FBI.
Shawn Henry, que se prepara para deixar o FBI depois de mais de duas décadas na agência, disse numa entrevista ao The Wall Street Journal que a abordagem atual tanto do governo quanto do setor privado para defender-se de hackers é "insustentável''. Os criminosos cibernéticos são simplesmente muito talentosos e as medidas defensivas muito fracas para impedi-los, disse ele.

Seus comentários não foram dirigidos a uma legislação específica, mas foram feitos num momento em que o Congresso americano considera dois projetos de lei concorrentes, concebidos para reforçar as redes de empresas de infraestrutura crítica do país, tais como usinas de energia e reatores nucleares. Embora poucos especialistas em segurança cibernética discordem sobre a necessidade de melhorias de segurança, defensores da iniciativa privada têm argumentado que as novas regulamentações incluídas em um dos projetos de lei provavelmente não aumentarão a proteção das redes de computadores.

Henry, que está deixando o governo para trabalhar em uma firma de segurança cibernética em Washington, disse que as empresas precisam fazer grandes mudanças na maneira que usam suas redes de computadores para evitar maiores danos à segurança nacional e à economia. Muitas empresas, desde grandes multinacionais a pequenas firmas iniciantes, falham em reconhecer os riscos financeiros e legais que estão tomando — ou os custos em que provavelmente já incorreram sem saber — ao operar com redes vulneráveis, disse.
"Não vejo como nós sairemos dessa situação sem fazer mudanças na tecnologia e mudanças no comportamento, porque o modelo atual é insustentável. Insustentável porque você nunca avança, nunca se torna mais seguro, nunca têm uma expectativa razoável de privacidade ou segurança'', disse Henry.

James A. Lewis, pesquisador sênior sobre segurança cibernética do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, disse que, por mais sombria que a avaliação de Henry possa parecer, "eu sou na verdade ainda mais pessimista. Acho que perdemos a batalha de entrada [contra os hackers]". Lewis diz que não acredita que exista nos EUA uma única rede de computadores não restrita que seja segura.
"Há uma espécie de desejo deliberado de não admitir como as coisas estão ruins, tanto no governo quanto, certamente, no setor privado, então dá para entender porque [Henry] se sente frustrado'', acrescentou.
A lista de vítimas famosas de hackers inclui a Sony Corp. Segundo a empresa, no ano passado hackers tiveram acesso a informações pessoais de 24,6 milhões de clientes de um serviço de jogos online da empresa — parte de um ataque maior à Sony que comprometeu dados de mais de 100 milhões de contas. A Nasdaq OMX Group Inc., operadora da bolsa eletrônica Nasdaq Stock Market, também admitiu no ano passado que hackers haviam invadido parte de uma rede do grupo: a Directors Desk, um serviço para os conselhos de administração das empresas comunicar e compartilhar documentos. Já a firma de segurança na internet HBGary Federal foi infiltrada pelo grupo de hackers Anonymous, que roubou dezenas de milhares de e-mails internos.

Henry teve um papel fundamental na expansão dos poderes de segurança cibernética do FBI. Em 2002, quando o órgão se reorganizou para alocar mais recursos à proteção de redes de computadores, o FBI tinha quase 1.500 casos de hacking.
Oito anos depois, o número de casos crescera para mais de 2.500.
Henry disse que os agentes do FBI estão cada vez mais topando com dados roubados de empresas cujos executivos sequer sabiam que seus sistemas haviam sido violados.
"Descobrimos seus dados no meio de outras investigações", disse. "É um choque para eles. Em muitos casos, a invasão vinha ocorrendo por meses, em alguns casos por anos, o que significa que um adversário havia tido total visibilidade de tudo que ocorria naquela rede, potencialmente".

Henry disse que, embora muitos executivos de empresas reconheçam a gravidade do problema, vários outros não — o que é motivo de frustração para ele. Mas, mesmo quando a empresa reforça as defesas, seus sistemas seguem sendo invadidos, disse. "Estamos jogando na defesa há tempo demais […]. Só é possível erguer uma cerca até certa altura, e o que estamos vendo é que o ataque ultrapassa a defesa, e que o ataque é melhor que a defesa ", disse ele.
Henry disse que uma empresa precisa mudar certas coisas para criar redes de computadores mais seguras. Segundo ele, os dados de maior valor simplesmente devem ser mantidos fora da rede. Henry citou o caso recente da invasão de uma empresa não identificada na qual, segundo ele, o equivalente a dez anos de pesquisa e desenvolvimento, no valor de mais de US$ 1 bilhão, foi roubado por hackers.

Ele acrescentou que empresas precisam fazer mais do que apenas reagir a invasões. "Em muitos casos, a habilidade do adversário é tamanha que [o invasor] simplesmente salta por cima da cerca, e [a empresa] nunca ouve o alarme disparar", disse. Empresas precisam "sair à caça dentro do perímetro da rede", acrescentou.
  
Por DEVLIN BARRETT

WSJ Americas

quarta-feira, 21 de março de 2012

Twitter mostra esboço da primeira interface no aniversário de 6 anos

Foto de caderno de Jack Dorsey estava no Flickr desde 2006, quando desenhou à caneta



Twitter publica foto do primeiro rascunho da interface feito por Jack Dorsey
Foto: Reprodução



Twitter publica foto do primeiro rascunho da interface feito por Jack Dorsey Reprodução
RIO - Um caderno, uma caneta e uma boa ideia. Foi o que Jack Dorsey, cofundador do Twitter, precisou para criar o esboço da primeira interface do microblog. Nesta quarta-feira, quando a plataforma completa seis anos, o microblog publicou uma foto histórica do seu primeiro rascunho. Com o título "My Status", o desenho ainda não fazia referência ao nome Twitter.

"Quando @Jack fez o primeiro esboço da sua ideia em março de 2006, ninguém poderia prever a trajetória desta nova ferramenta de comunicação. Agora parece que há tantas maneiras de se expressar em 140 caracteres quanto pessoas fazendo isso", disse a companhia.
Dorsey publicou a imagem no Flickr, em 24 de março de 2006. Ele usou uma câmera Canon PowerShot SD450 para fotografar o seu caderno com folhas pautadas reproduzindo a tela do seu computador.
Segundo o microblog, no seu último levantamento foram contabilizados mais de 140 milhões de usuários ativos e 340 milhões de tweets por dia - mais de 1 bilhão a cada 72 horas. "Sem você, é claro, não haveria o Twitter", escreveu o microblog, em tom de agradecimento.
Com a ideia na gaveta por seis anos, o conceito do Twitter foi finalmente implementado e tomou uma nova forma. O nome stat.us, presente no primeiro desenho, deu espaço ao Twtt - ainda sem as vogais “i” e “e” - mais tarde Twitter, o popular pio do passarinho, batizado pelo microblog de Larry - inspirado no mito do basquete Larry Bird, que jogou pelo Boston Celtics.
"Estou feliz, esta ideia é original. Espero que prospere", escreveu Dorsey.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/tecnologia/twitter-mostra-esboco-da-primeira-interface-no-aniversario-de-6-anos-4376200#ixzz1pnU8cycL
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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Executivos brasileiros estão mais pessimistas com cenário externo



Executivos brasileiros estão mais pessimistas que a média mundial a respeito da evolução da economia global. A conclusão é da 15ª Pesquisa Global Anual de CEOs da PricewaterhouseCoopers (PwC), divulgada ontem pela empresa em Davos, na Suíça. Nesta edição, a PwC consultou 1.258 empresas em 60 países, das quais 43 são brasileiras e representam todos os setores da economia. Dessas, apenas 5% esperam que o cenário externo melhore nos próximos 12 meses, contra 15% na média global. "Eu também não acho que vá melhorar", disse, ao Valor o presidente da PwC Brasil, Fernando Alves.

Também chama atenção o elevado grau de incerteza dos CEOs brasileiros sobre a situação econômica mundial. Enquanto na média global apenas 4% das empresas não sabiam ou escolheram não opinar sobre o ambiente internacional para este ano, no Brasil esse percentual atingiu 42%. A volatilidade do crescimento econômico é apontada por 58% das empresas brasileiras como possível ameaça à expansão dos negócios, à frente da inflação e da volatilidade da taxa de câmbio, ambas citadas por 56% dos CEOs ouvidos.

Para Alves, tanto o pessimismo como a incerteza maiores no Brasil são reflexo do recrudescimento da crise externa. "O Brasil acreditou que estava distanciado da crise, mas o aprofundamento da recessão na Europa nos faz revisitar as coisas porque isso impacta tanto a economia chinesa como a americana", afirmou. Ele observa que a demanda enfraquecida no velho continente reprime as exportações chinesas à Europa, o que diminui o crescimento do país asiático e, consequentemente, os embarques de commodities do Brasil à China.

  


Além disso, lembrou Alves, a União Europeia ainda figura entre os principais destinos dos embarques brasileiros, com uma fatia de 20,7% das exportações do país, atrás apenas da Ásia, que detém uma parcela de 29,9%. "O executivo percebe que o Brasil não é um mercado dissociado do mundo."

A crise na Europa foi mencionada por 49% das empresas brasileiras como evento significante que provocou mudanças de estratégia, gerenciamento de riscos e planejamento operacional. Também é o principal fator (citado por 60% delas) que afetou financeiramente essas companhias.

Apesar do cenário externo negativo, as empresas brasileiras ainda estão otimistas sobre o crescimento de suas receitas em 2012, mostrou a pesquisa da PwC. Dos executivos ouvidos, 42% se disseram "muito confiantes" no aumento do faturamento nos próximos 12 meses, contra 40% na média global. O percentual de companhias brasileiras confiantes, 51%, também é maior que o mundial (44%).

Segundo Alves, o resultado reflete um reposicionamento das empresas brasileiras para enfrentar a crise, que estão buscando ampliar sua atuação em mercados onde a presença do Brasil ainda é tímida. "O Brasil está paulatinamente olhando mais para fora", comentou. Todos os CEOs de empresas brasileiras consultados esperam que seus negócios aumentem na África e no Oriente Médio nos próximos 12 meses. Também há um claro interesse pela América Latina, citada por 83% dos empresários.

O mesmo raciocínio vale para as companhias de outros países, que, face ao enfraquecimento da economia na zona do euro, estão voltando cada vez mais seus olhares para os mercados emergentes. Nesse contexto, o Brasil ganhou destaque este ano na pesquisa da PwC: desbancou a Alemanha e a Índia e é o terceiro país considerado mais importante para a expansão de negócios em 2012, atrás apenas de China e Estados Unidos. Do total de 1.258 empresas consultadas, 15% citaram o Brasil como alvo para seus negócios nos próximos 12 meses. Os EUA representaram 22% das respostas e a China, 30%.

Em 2011, o Brasil estava em quinto lugar no ranking, com 11% das respostas, atrás da Índia e da Alemanha. Para Alves, o resultado deste ano é "uma medalha de bronze com significado de medalha de ouro", reflexo principalmente de uma maior estabilidade política e econômica, que acaba se transformando em vantagem competitiva.

O executivo também destacou a pujança do mercado interno brasileiro, uma taxa de crescimento respeitável - "que poderia ser muito maior" - o retorno obtido por investidores estrangeiros e o bônus demográfico do país, ou seja, uma população jovem que integrará a força produtiva no longo prazo. Assim, acredita Alves, o Brasil deve seguir como destaque nas próximas edições da pesquisa. "Temos performance e temos tamanho".

Por Arícia Martins | De São Paulo

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

No Brasil a lei permite que o bandido se cubra o rosto. Acredite se quiser.



Ladrão tenta roubar lutador de MMA e toma uma surra antes de ser preso


Qualquer ladrão por menor que seja fica todo machão com uma arma na mão. Achando que podia fazer tudo, Anthony Miranda, de 24 anos, resolveu assaltar um carro dirigido por um fortão, em Chicago (EUA).

O assaltante se aproximou do veículo e pediu um isqueiro para a vítima. Quando o motorista disse que não tinha fogo, Miranda mostrou o revólver e anunciou o assalto.

Não tenho dó de ladrão, mas... pobre Miranda. Mal sabia que estava tentando roubar um lutador de MMA que compete no maior torneio da modalidade, o UFC (Ultimate Fighting Championships).

O lutador, que não quis ser identificado, pegou a arma, tirou as balas e deu uma surra em Miranda. O ladrão apanhou tanto que ficou com o rosto cheio de marcas roxas.
Quando a polícia chegou, declarou nocaute, o lutador manteve seu cinturão, digo, seu carro, e Miranda foi levado para a cadeia. Quer dizer, antes de ser preso, o ladrão ainda teve de dar uma passadinha do hospital.

*Com informações do New York Daily News

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Depois de um trilhão de dólares (Delfim Neto). Mas o que faltou na análise do Economista?

Antonio Delfim Netto A crise que o mundo está vivendo tem aspectos paradoxais. Presta-se a múltiplas interpretações, cada uma delas colocando, segundo o viés ideológico do analista, seu foco sobre os diferentes aspectos em que ela se revela. Os economistas do "mainstream" estão na defensiva por terem demonstrado "matematicamente" (e até conseguido prêmios Nobel) que os mercados (em particular o financeiro) eram eficientes e autoadministráveis. Dispensavam, portanto, a "mão visível" do governo. Os economistas com viés marxista não deram um passo além da constatação do velho Karl: os mercados financeiros são essencialmente instáveis. Pela centésima vez proclamam o rápido fim do capitalismo, como se ele fosse uma coisa e não um processo histórico com as "contradições" que o dinamizam e o civilizam lentamente pelo sufrágio universal.

Os economistas com viés keynesiano hidráulico (incorporado ao "mainstream") assistiram ao irremediável fracasso dos seus "multiplicadores". Mecanizaram as sofisticadas considerações psicológicas do papel das expectativas e a inevitabilidade da incerteza sobre o futuro opaco. Essas continuaram a ser cultivadas apenas por um pequeno grupo, expulso da profissão como "heterodoxo".

Americanos parecem ter consciência de quem é a "culpa"
Os economistas do "mainstream" foram, no máximo, apenas coadjuvantes da crise. Quatro anos depois de instalada, é evidente que sua "causa eficiente" foi a rendição dos governos à pressão econômica do único poder universal emergente: os mercados financeiros! Apenas teorizaram "a posteriori" a luta entre o poder incumbente e o mercado financeiro, que queria livrar-se do controle que lhe fora imposto nos anos 30 do século passado (exatamente por ter causado a crise de 1929). 

Deram-lhe um suposto apoio científico. Papel coadjuvante, mas importante para a aceitação, pela sociedade desprevenida, da ideologia (vendida como ciência) que a desabrida liberdade das "inovações" do mercado financeiro e sua internacionalização eram fatores decisivos para o aumento da produtividade da economia real e para o desenvolvimento econômico dos países.

Hoje, os americanos parecem ter clara consciência de quem é a "culpa" pela tragédia que estão vivendo. Um levantamento da Gallup (15/16 outubro) mostrou que 2/3 das pessoas consultadas a atribuem ao governo federal e 1/3 às instituições financeiras. Mas o fato ainda mais grave (e que coloca em risco a reeleição do presidente Obama) é que a "qualidade" do programa posto em prática pelo governo de Washington para enfrentar a crise é considerada lamentável: mais de um US$ 1 trilhão de estímulos e quase quatro anos depois, o crescimento é pífio e o desemprego altíssimo. O verdadeiro conhecimento empírico e teórico da economia poderia ter sido melhor utilizado na formulação do programa, como mostraram em interessante artigo J.F.Cogan e J.B.Taylor ("Where Did the Stimulus Go?").

O US$ 1 trilhão de estímulo foi dividido em três programas de inspiração keynesiana-hidráulica: 1) colocar dinheiro diretamente nas mãos dos cidadãos (cheques do Tesouro) para que eles o gastassem em consumo (US$ 152 bilhões); 2) disponibilizar recursos para compras governamentais e infraestrutura (US$ 862 bilhões); e 3) transferir verba para Estados e governos locais, na esperança que ampliassem seus gastos com bens e serviços (US$ 173 bilhões).

Como se deveria esperar, em razão de experiências anteriores e desenvolvimentos teóricos, eles não produziram qualquer efeito "multiplicativo" importante, ao contrário do que haviam previsto os assessores econômicos de Bush e Obama.

A ineficiência do primeiro estímulo é consequência das pesquisas de Milton Friedman e Franco Modigliani, que mostraram que o consumo está ligado à renda "permanente" e não a um estímulo ocasional, frequentemente utilizado para "diminuir as dívidas" dos agentes, que foi o que aconteceu.

Quanto ao segundo, devido às dificuldades operacionais que sempre acompanham aumentos inusitados de disponibilidade de recursos no serviço público (a falta de bons projetos e a indisposição da burocracia, elementos amplamente conhecidos e empiricamente constatados), não se gastou até o terceiro trimestre de 2010 mais do que 5% do estimado!
Quanto aos estímulos transferidos para Estados e governos locais, eles tiveram o mesmo destino dos enviados diretamente aos consumidores: foram basicamente utilizados na redução de dívidas. De fato, dos US$ 173 bilhões transferidos, 4/5 foram utilizados no pagamento de dívidas acumuladas, o que praticamente anulou o efeito físico do "multiplicador". Aqui, também, já havia evidência empírica (Ned Gramlich, 1979) mostrando a ineficiência desse tipo de programa.

Esses fatos mostram o quanto de "ilusão" estatística está envolvida no cálculo descuidado e ingênuo dos "multiplicadores" ditos "keynesianos", quando se esquece o próprio Keynes. Se na prevenção da crise e na sua construção podemos criticar o "mainstream", parece que lhe devemos um crédito na crítica do horrível projeto de recuperação de inspiração do "keynesianismo-hidráulico" que desperdiçou US$ 1 trilhão...

Comentário do Blog.

O que está faltando na análise do Delfim Neto tem sido, sem dúvida, uma variável fundamental, quase sempre esquecida pelos economistas do Governo que pensavam que a questão da educação, a capacitação e o fortalecimento do capital social, seria uma consquencia, um resultado natural do crescimento econômnico e não ao contrário. 

A educação, capacitação e desenvolvimento do capital social é fator fundamental para alcançar o crerscimento e o mais importante, o desenvolvimento.  Mas se tratando do Delfim, economista cartesiano é difícil fazer ele entender como é importante a questão da educação no desenvolvimento econômico.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Obama homenageia vítimas nos 3 cenários dos



Atentados do 11/9

Em Nova York, o presidente leu o Salmo 46 da Bíblia, escolhido, segundo a Casa Branca, por ser especialmente apropriado para o momento

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Economia americana cresce mais lentamente


SÃO PAULO – O presidente do Federal Reserve (Fed), iniciou há pouco sua entrevista coletiva admitindo que a economia americana está crescendo em um ritmo mais lento que o esperado.
Porém, ele observou que os fatores que vem contribuindo para este ritmo mais lento de expansão econômica são temporários e afirmou esperar que a taxa de desemprego comece a recuar nos próximos meses.

Quanto à inflação, ele admitiu que alta dos preços dos alimentos e dos combustíveis, e também as dificuldades de abastecimento da cadeia produtiva, especialmente da indústria automobilística por conta do terremoto no Japão, ajudaram a puxar o índice para cima.
Mas ele acredita que a inflação retornará para a casa dos 2% ou abaixo disso a médio prazo, uma vez que os efeitos do terremoto estão se dissipando, assim como os combustíveis estão recuando.

(Téo Takar | Valor, com agências internacionais)

domingo, 17 de abril de 2011

Outro controlador aéreo é suspenso nos EUA por cochilar em expediente



Outro controlador aéreo é suspenso nos EUA por cochilar em expediente
Washington, 16 abr (EFE).- A Organização Federal de Tráfego Aéreo dos Estados Unidos (FAA, em inglês) voltou suspender neste sábado um controlador aéreo por ter dormido enquanto trabalhava, desta vez no Centro de Controle de Rotas Aéreas de Miami.

De acordo com um exame preliminar do registro de tráfego aéreo, o controlador não perdeu nenhuma das chamadas feitas pelos aviões e não houve nenhum impacto operacional, indicou a FAA em comunicado.

O incidente foi reportado por outro controlador a um dos supervisores, depois que nesta mesma semana um avião que transportava três pessoas foi obrigado a aterrissar durante a noite sem instruções porque o controlador da Rena-Tahoe International Airport, em Nevada, estava dormindo.

Outro controlador, no aeroporto Boeing Field-King County International, de Seattle, também cochilou durante o turno da madrugada na segunda-feira passada.

Os incidentes são divulgados após dois controladores serem suspensos, em março, porque dormiam em serviço no aeroporto de Lubbock, no Texas. Também no mês passado, dois aviões tiveram de pousar sem instruções no aeroporto Nacional de Washington quando o único controlador de plantão cochilava na torre.

"Estou totalmente escandalizado com esses incidentes. Isso é algo completamente inaceitável", assinalou o secretário de Transporte americano, Ray LaHood, no comunicado. "A segurança é nossa principal prioridade e estou disposto a trabalhar 24 horas por dia, todos os dias da semana, até que esses problemas sejam resolvidos", acrescentou.

sábado, 2 de abril de 2011

Obama diz que economia americana começa a dar sinais de fortalecimento



LANDOVER - O presidente Barack Obama disse que os dados divulgados nesta sexta-feira sobre a melhora na taxa do desemprego nos Estados Unidos indicam que a economia começa a dar sinais de fortalecimento.

A economia americana adicionou 216 mil vagas em março e a taxa de desemprego saiu de 8,9% em fevereiro para 8,8% um mês depois. Os dados são do Departamento do Trabalho dos EUA.

A pesquisa trouxe ainda as revisões dos dados referentes à geração de postos de trabalho em janeiro (de 63 mil para 68 mil) e fevereiro (de 192 mil para 194 mil).

Obama disse que há ainda muito trabalho a ser feito. Ele ressaltou que, apesar de lidar com crises em outras partes do mundo, a economia americana tem prioridade. O presidente americano discursou nesta sexta-feira em uma fábrica em Maryland.

Os 2,5 milhões de empregos previstos para serem criados até o final deste ano são apenas uma pequena porção dos 7,5 milhões de postos de trabalho que foram eliminados durante a recessão.
(Associated Press)

domingo, 13 de março de 2011

De continuar assim a economia regride, o país regride e voltamos a ser terceiro mundo

O Brasil como um todo parece surfar na onda da valorização dos commodities e relaxa na geração de mais competitividade, de inovação e agregação de valor local nos seus produtos. Estamos vivendo um processo de desindustrialização e em geral, reprimarização da produção.


Veja artigo completo, no Valor Econômico do Carlos A. Cavalcanti é vice-presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior e diretor do departamento de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

 Aqui leia este trecho do artigo. 



"No campo comercial, a qualidade da relação deteriorou-se, sobretudo da perspectiva brasileira. O pior déficit do Brasil é com os EUA, embora o quinto melhor superávit dos EUA seja conosco. 
Em 2010, as exportações americanas atingiram mais de US$ 27 bilhões - o maior valor registrado na série histórica bilateral. Já as exportações brasileiras, de cerca de US$ 19 bilhões, mantém-se em nível pré-2004. Além disso, a pauta exportadora do Brasil para os EUA se reprimarizou: a participação dos produtos básicos saltou de 6% em 2001 para 31% em 2010".

sexta-feira, 11 de março de 2011

Brasil, Estados Unidos e a agenda comercial necessária

Brasil e EUA vivem um paradoxo: consolidaram relações políticas em patamar elevado, mas permitiram que seu fluxo comercial se deteriorasse. Diante desse cenário, que fazer?

No campo político, a relação evoluiu rapidamente. Na última década, foram realizadas diversas cúpulas presidenciais e visitas de funcionários de primeiro escalão; e criadas mais de duas dezenas de diálogos bilaterais. Além disso, os governos prestigiaram-se: Tom Shannon veio representar os EUA em Brasília; e Antonio Patriota representou o Brasil em Washington. Apesar das naturais fricções, a relação política demonstra-se sólida, como atestará a vinda do presidente Obama ao país.

Já no campo comercial, a qualidade da relação deteriorou-se, sobretudo da perspectiva brasileira. O pior déficit do Brasil é com os EUA, embora o quinto melhor superávit dos EUA seja conosco. Em 2010, as exportações americanas atingiram mais de US$ 27 bilhões - o maior valor registrado na série histórica bilateral. Já as exportações brasileiras, de cerca de US$ 19 bilhões, mantém-se em nível pré-2004. Além disso, a pauta exportadora do Brasil para os EUA se reprimarizou: a participação dos produtos básicos saltou de 6% em 2001 para 31% em 2010.

No passado, os dois países buscaram soluções distintas para aprofundar sua relação comercial, todas sem grande sucesso.

Do lado americano, foram propostos grandes projetos para o continente, seja na forma de uma rede de acordos de livre comércio, seja por meio da criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Ambos foram rejeitados pelo Brasil, pois, corretamente, enxergamos neles a consolidação da assimetria de poder vis-à-vis os EUA, além de ameaça à nossa indústria, que ainda digeria os efeitos da abertura unilateral e das crises financeiras dos anos 1990.

Já do lado brasileiro, propôs-se a multilateralização da relação comercial por meio do tratamento dos principais temas no âmbito da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). Em paralelo, contudo, Brasil e EUA criaram suas próprias redes de acordos de livre comércio com os demais países do continente - sem, no entanto, conseguirem isolar um ao outro. Desde então, os dois países estabeleceram agenda de baixa intensidade centrada na facilitação de comércio.

Agora, estamos diante de duas únicas opções: planejar o futuro ou lamentar o passado. Se optarem por enfrentar os desafios da relação bilateral, Brasil e EUA deverão iniciar negociações comerciais em dois trilhos, com barganhas cruzadas entre eles.

O primeiro é o trilho multilateral. Nele, devem liderar a conclusão da Rodada Doha. Aos EUA cabem tanto aceitar redução ambiciosa de seus subsídios agrícolas e reformas nas regras antidumping, concessões só possíveis na OMC; quanto diminuir seu apetite por acordos setoriais na área industrial. Além disso, o país deve, junto com o Brasil, buscar a redução das elevadas tarifas agrícolas de europeus e asiáticos.

O único caminho é a cooperação multilateral para pressionar pelo fim da manipulação cambial chinesa
Ambos deverão, ainda, impulsionar negociação para ampla liberalização do comércio de bens ambientais, com ênfase na abertura de mercado tanto de equipamentos para geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis ou de baixa intensidade de emissão de CO2 (eólica, solar, hidrelétrica, nuclear, geotérmica e biomassa); quanto de biocombustíveis, como etanol. Esse é o único caminho à disposição da administração Obama para recolocar os EUA no centro da negociação sobre mudança do clima - e, ao mesmo tempo, criar maior coerência entre os compromissos no âmbito da OMC e da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.

O segundo é o trilho bilateral. Nele, devem relançar-se à negociação de acordo de livre comércio no formato 4+1 Mercosul-EUA. Por meio dele, o Brasil poderá oferecer maior acesso ao seu mercado industrial (e compensar os EUA pela diminuição da ambição por setoriais na Rodada Doha) sem temer abertura para importações da China. Poderá assegurar, também, acesso preferencial ao mercado americano para seus produtos industriais, além de reduzir tarifas, ampliar quotas e eliminar barreiras sanitárias e fitossanitárias na área agrícola. Por fim, o acordo deve refletir novo formato, incorporando compromissos em acesso a mercados (bens, serviços e investimentos), regras (propriedade intelectual, concorrência, barreiras técnicas e medidas sanitárias e fitossanitárias) e novos temas (clima, energia e infraestrutura).
Quando o então ministro Celso Amorim propôs o 4+1 como alternativa à paralisação da negociação da Alca, não se previa a crise de 2008-2009 e a China não era ainda essa potência comercial. Como se percebe, o cenário econômico mundial mudou de forma radical.

Ao Brasil e aos EUA essa estratégia pode interessar, porque reúne virtudes ao criar, simultaneamente, solução para ampliar a relação comercial bilateral e alternativa para lidar com a concorrência chinesa. Tarifas altas, subsídios e defesa comercial não são instrumentos perenes para lidar com a China. O único caminho é a cooperação multilateral para pressionar pelo fim da manipulação cambial chinesa aliada ao aprofundamento da relação comercial bilateral.

Aos EUA, o modelo interessa porque o Brasil é peça-chave no esforço de transformação da economia norte-americana, tanto no que diz respeito a sua reorientação exportadora, quanto à adaptação da matriz energética e do parque produtivo para cenário de baixo carbono.

Ao Brasil, o modelo também interessa porque os EUA são, entre as grandes economias, a única que apresenta alto grau de complementariedade com a brasileira. Para nós, a solução para a questão chinesa requer reformas domésticas e aumento da produtividade - que, no nível internacional, exige maior integração com as economias norte-americana e continental.

Para além do valor político da próxima cúpula presidencial, seria fundamental que, como resultado da visita, os dois governos relançassem as bases da agenda comercial comum. Não a possível, mas a necessária.

Carlos A. Cavalcanti é vice-presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior e diretor do departamento de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

 O Valor Econômico (para assinantes).

domingo, 30 de janeiro de 2011

Proibido em USA

EARTH SONG by MICHAEL JACKSON (CENSURADO NOS EUA) 

O vídeo é do single de maior sucesso de Michael Jackson no Reino Unido, que não foi nem "Billie Jean", nem "Beat it", e sim a ecológica "Earth Song", de 1996. A letra fala de desmatamento, sobrepesca e poluição, e, por um pequeno detalhe, talvez você nunca terá a oportunidade de assistir na televisão. 

O Detalhe: "Earth Song" nunca foi lançada como single nos Estados Unidos, historicamente o maior poluidor do planeta. Por isso a maioria de nós nunca teve acesso ao clipe. 

Vejam, então, o que os americanos nunca mostraram de Michael Jackson.
Filmado em África, Amazónia, Croácia e New York. 

Aqui

sábado, 20 de novembro de 2010

O mundo encontrado por Obama não era esperado por ele

  

 Na quarta-feira, David Axelrod, principal conselheiro político do presidente Barack Obama, pareceu sinalizar que a Casa Branca estava pronta para fazer uma redução de impostos – a ceder aos pedidos dos republicanos para estender os cortes de impostos não só para a classe média, mas também para os mais ricos. “Temos que lidar com o mundo da forma como o encontramos”, declarou. 
 
A Casa Branca tentou voltar atrás em relação à declaração de Axelrod. Mas foi um comentário revelador, sob muitos aspectos. O ponto óbvio é o contraste entre o comportamento de cachorro abandonado do governo atual e a retórica grandiloquente de Obama quando era candidato. Como foi saímos de “somos aqueles por quem esperávamos” e chegamos nesse ponto? Mas a ironia amarga vai além disso: o principal motivo pelo qual Obama se encontra nessa situação é que há dois anos ele não estava, de fato, preparado para lidar com o mundo que iria encontrar. E parece que ele ainda não está. 
 
Olhando para trás, as raízes do desânimo democrata vêm da forma como Obama concorreu à presidência. Muitas e muitas vezes ele definiu o problema dos Estados Unidos como um problema de processo, e não de substância – tínhamos um problema não porque havíamos sido governados por pessoas com as ideias erradas, mas porque as divisões partidárias e políticas habituais haviam impedido que homens e mulheres de boa vontade se juntassem para resolver nossos problemas. E ele prometeu transcender essas divisões partidárias. 

 Essa promessa de transcendência pode ter sido boa para a política das eleições gerais, embora até isso seja questionável: as pessoas esqueceram quão próxima estava a corrida presidencial no começo de setembro de 2008. Mas a verdadeira questão é se Obama poderia ter mudado de opinião ao se deparar com a tempestade partidária que todos aqueles que se lembram dos anos 90 sabiam que estava chegando. Ele era capaz de levantar o moral – mas seria capaz de lutar? Até agora a resposta foi não.

Leia o artigo completo no UOL.

Paul Krugman
Professor de Princeton e colunista do New York Times desde 1999, Krugman venceu o prêmio Nobel de economia em 2008

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Algo diferente e que as campanhas não registram. As melhores em educação, pesquisa, inovação, o que faz uma nação se desenvolver.


Não é só mito, mas estatística: Harvard é a melhor universidade do mundo, os EUA, sozinhos, abrigam 15 das 20 melhores instituições de ensino do planeta, e é dinheiro, muito dinheiro, que move essa engrenagem.

Essas são algumas das conclusões do Ranking Mundial de Universidades 2010-11 da Times Higher Education, referência em ensino superior que a Folha publica com exclusividade no Brasil.

 Na América Latina, USP é a 1ª colocada em ranking

A crise financeira de 2008 parece não ter provocado estrago nos campi dos EUA. Entre as 200 instituições que figuram no ranking, mais de um terço é de norte-americanas (72).

A receita é simples, segundo Ann Mroz, editora da THE: "Os EUA investem 3,1% de seu Produto Interno Bruto em educação superior, enquanto os demais países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico investem 1,5%".

FORÇA ASIÁTICA

Em sua sétima edição, o ranking também revela a forte presença das asiáticas.

Entre as 50 melhores, o continente possui sete --China (2), Hong Kong (2), Japão, Coreia do Sul e Cingapura-- e, nessa faixa, já bate a Europa continental: Suíça (2), França (2), Alemanha e Suécia.

No entanto, se for incluído o Reino Unido, a balança pende para a Europa. A ilha detém quatro das 50 melhores universidades, três delas entre as dez primeiras (Cambridge, Oxford e Imperial College). Levando-se em conta o ranking completo, o Reino Unido (com 29) e Europa continental (com 51) disparam.

No total, as asiáticas somam 27 --China (6), Japão (5), Taiwan e Coreia do Sul (4 cada uma) são os destaques.

Já as instituições dos países de língua inglesa, somadas, dominam 120 posições --ou 60% do ranking (Canadá --nove-- e Austrália --sete-- vêm em seguida).

Na Europa continental, a surpresa foi a Alemanha. Com 14 instituições, o motor econômico da região também lidera o ensino superior. O país "investiu 18 bilhões de euros em pesquisa nos últimos cinco anos", afirma Mroz.

A França decepcionou: figura apenas em quinto.

NOVOS CRITÉRIOS

A versão 2010-11 do ranking da THE passou por ampla reformulação --a começar da compiladora dos dados, que é a Thomson Reuters. Mas a mudança mais radical, segundo Mroz, foi de metodologia: "Usamos hoje 13 indicadores, em vez dos seis usados anteriormente [...] e ouvimos 13.388 acadêmicos altamente qualificados, de todo o mundo".

O critério de reputação também teve seu peso reduzido. "Privilegiamos mais as evidências objetivas --e não as subjetivas."

Colaborou EMILIO SANT'ANNA, de São Paulo

Veja aqui a relação das melhores universidades do Mundo Aqui

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Mitos da austeridade

PAUL KRUGMAN – O GLOBO

Quando eu era jovem e ingênuo, acreditava que pessoas importantes tomavam decisões baseadas em cuidadosa consideração das opções. Sei mais hoje. Muito do que as pessoas sérias acreditam se baseia em preconceito, não em análise.

E esses preconceitos são sujeitos a manias e modas. O que me traz ao assunto desta coluna. Nos últimos meses, temos assistido, com espanto e horror, à emergência em círculos políticos de um consenso em favor de imediata austeridade fiscal. Isto é, de alguma forma tornou-se senso comum que agora é tempo de cortar gastos, apesar de as principais economias mundiais permanecerem profundamente deprimidas. Esse senso comum não se baseia em evidência ou análise cuidadosa.

Em vez disso, repousa no que poderíamos caridosamente chamar de completa especulação, e menos caridosamente, de fábula na imaginação da elite política — especificamente, na crença no que passei a chamar de “vigilante invisível de títulos” e de “confiança imaginária”. Os vigilantes de títulos são investidores que tiram da tomada governos que percebem ser incapazes de pagar suas dívidas.

Não há mais dúvida de que países podem entrar em crise de confiança (veja a Grécia). Mas o que os advogados da austeridade argumentam é que: a) os vigilantes de títulos estão para atacar os EUA, e b) gastar qualquer coisa a mais em estímulo à economia vai fazer com que ataquem.

Que razão temos para acreditar que algo disso seja verdadeiro? Sim, os EUA têm problemas orçamentários de longo prazo, mas o que fizermos para estimular a economia nos próximos dois anos não terá quase impacto sobre nossa capacidade de lidar com esse problema. Conforme Douglas Elmendorf, diretor do Escritório Orçamentário do Congresso, disse recentemente, “não há contradição intrínseca entre prover estímulo adicional hoje, enquanto o desemprego é elevado e muitas fábricas e escritórios estão subutilizados, e adotar restrições fiscais vários anos mais tarde, quando a produção e o emprego estiverem provavelmente perto de seu potencial”.

Apesar de tudo, quase a cada mês somos informados que os vigilantes dos títulos chegaram e que precisamos impor austeridade agora, agora e agora, para aplacá-los. Há três meses, uma leve alta nos juros de longo prazo foi recebida com algo próximo da histeria: “Temor sobre dívida faz juros subirem”, foi a manchete do “Wall Street Journal”, embora não houvesse prova real de tais preocupações, e Alan Greenspan tenha considerado a alta um “canário na mina”.

Desde então, os juros de longo prazo caíram. Longe de fugirem dos títulos da dívida americana, os investidores evidentemente os veem como a aposta mais segura numa economia cambaleante. Ainda assim, os defensores da austeridade continuam garantindo que os vigilantes dos títulos vão atacar a qualquer momento se não cortarmos os gastos imediatamente. Mas não se preocupe: corte de gastos pode doer, mas a confiança imaginária levará a dor embora. “A ideia de que medidas de austeridade possam provocar estagnação é incorreta”, disse Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu, recentemente. Por quê? Porque “medidas que aumentem a confiança vão ajudar, e não pre judicar, a recuperação da economia”.

Qual é a base para a crença de que a contração fiscal é de fato expansionista porque aumenta a confiança? (Por falar nisso, esta é precisamente a doutrina exposta por Herbert Hoover, em 1932.) Bem, houve casos históricos de cortes de gastos e aumento de impostos seguidos de crescimento econômico. Mas, tanto quanto eu possa afirmar, cada um desses exemplos prova, num exame mais cuidadoso, que os efeitos negativos da austeridade foram ofuscados por outros fatores, de pouca relevância hoje. Por exemplo, a era de austeridade com crescimento na Irlanda, nos anos 80, dependeu de uma drástica inversão de déficit para superávit comercial, estratégia que não pode ser adotada por todos ao mesmo tempo.

Os atuais exemplos de austeridade são tudo, menos encorajadores. A Irlanda foi um bom soldado nesta crise, implementando cortes de gastos selvagens. Sua recompensa foi um tombo em nível de Depressão — e os mercados financeiros continuam a tratar o caso como um sério risco de calote. Outros bons soldados, como Letônia e Estônia, foram ainda mais longe nas medidas restritivas — e, acredite ou não, sofreram tombos maiores em produção e emprego do que a Islândia, que foi forçada, pela escala de sua crise, a adotar medidas menos ortodoxas. Desta forma, da próxima vez que você ouvir pessoas sérias explicando a necessidade de austeridade fiscal, tente analisar seu argumento.

Quase certamente, descobrirá que o que soa como realismo repousa numa fantasia, na crença de que os vigilantes invisíveis vão nos punir se formos maus e a confiança imaginária vai nos recompensar se formos bons. E a política do mundo real — que prejudicará as vidas de milhões de famílias de trabalhadores — está sendo feita sobre essa fundação. Somos advertidos que os “vigilantes invisíveis de títulos” preparam ataque aos EUA

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Internacional - O efeito Hillary na Faixa de Gaza não se deixou esperar

Conselho de Segurança da ONU faz reunião de emergência sobre Gaza

DA AGÊNCIA REUTERS

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas se reunirá na tarde desta segunda-feira em uma sessão de emergência para discutir o ataque de Israel contra um comboio de navios que levavam ajuda humanitária a Gaza, disseram diplomatas do Conselho de Segurança à Reuters.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fez um apelo nesta segunda-feira por uma investigação completa e mostrou-se chocado com o ataque israelense, que matou ao menos dez pessoas. "É vital que haja uma investigação completa para determinar exatamente como o ataque ocorreu. Eu acredito que Israel deve fornecer urgentemente uma explicação", disse ele em coletiva de imprensa realizada na capital de Uganda, Kampala.

O secretário-geral está em Kampala para participar de uma conferência de revisão do Tribunal Penal Internacional (ICC, sigla em inglês). Ataque O Exército de Israel atacou na madrugada desta segunda-feira um comboio de barcos organizado pela ONG Free Gaza, um grupo de seis navios, liderados por uma embarcação turca, que transportava mais de 750 pessoas e 10 mil toneladas de ajuda humanitária para a faixa de Gaza, deixando ao menos dez mortos e cerca de 30 feridos.

O grupo tentava furar o bloqueio de Israel à entrega de mercadorias aos palestinos. De acordo com a imprensa turca o ataque ocorreu em águas internacionais, mas as forças de defesa de Israel mantêm que as embarcações tinham invadido seu território. A imprensa turca mostrou imagens captadas dentro do navio turco Mavi Marmara, nas quais se viam os soldados israelenses abrindo fogo. Em Istambul cerca de 10 mil pessoas protestaram contra os ataques.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, decretou três dias de luto nos territórios palestinos devido ao ataque israelense à "Frota da Liberdade". Em comunicado emitido na cidade cisjordaniana de Ramallah através da agência oficial palestina "Wafa", Abbas não anunciou, no entanto, uma interrupção do diálogo indireto de paz que mantém com Israel. EUA (é uma verdadeira piada (se não for trágica) essa declaração dos Estados Unidos).

Os responsáveis do atentado, inspirados na nova Pit Bull do Império Lamentam o atentado



Os Estados Unidos lamentaram a ação e indicaram que uma investigação deve apurar os detalhes da ação militar. "Os EUA lamentam profundamente a perda de vidas humanas e o saldo de feridos, e neste momento tentam entender as circunstâncias em que esta tragédia ocorreu", sinalizou o porta-voz da Casa Branca, Bill Burton. O ataque também motivou forte reação na comunidade internacional. A Turquia já pediu à ONU (Organização das Nações Unidas), uma reunião urgente sobre o tema.

A alta comissária para os Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, se manifestou, e em seu discurso na abertura da 14ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU disse estar "comovida" com as informações do ataque, que provocou "mortos e feridos".

Irã O ministro de Defesa do Irã fez nesta segunda-feira um apelo à comunidade internacional para que cortem todas as relações com Israel após a morte de ativistas que levavam ajuda humanitária à faixa de Gaza a bordo de navios nesta segunda-feira. "O mínimo que a comunidade internacional deveria fazer com relação ao horrível crime cometido pelo regime sionista é boicotá-lo e cortar todas as relações diplomáticas, econômicas e políticas", disse Ahmad Vahidi, segundo a agência semi-oficial de notícias Irna.

Anteriormente, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, denunciou o ataque do Exército israelense contra a frota, qualificando-o de um "ato desumano do regime sionista". "O ato desumano do regime sionista contra o povo palestino e o fato de impedir que a ajuda humanitária destinada à população chegasse a Gaza não é um sinal de força, e sim de fragilidade deste regime", declarou Ahmadinejad. "Tudo isto mostra que o fim deste sinistro regime fantoche está mais perto do que nunca", acrescentou.