terça-feira, 25 de outubro de 2011

O "homem" da Presidenta: Geólogo gaúcho é o 'zagueiro' da presidente

 
Por Fernando Exman | De Brasília
Em meio a um despacho rotineiro, na frente de outros assessores e ministros, a presidente Dilma Rousseff disparou sem dó para seu interlocutor: "Você não me diga que voltou a roer as unhas". O puxão de orelha em tom maternal até surpreendeu os presentes. Mas foi uma demonstração da proximidade entre Dilma e o alvo de sua interpelação, o chefe de gabinete presidencial, Giles Carriconde de Azevedo.

Giles, 50 anos de idade, é o tipo de pessoa que passa despercebida pelas ruas de Brasília. Discreto, não ostenta a proximidade que tem com o poder. Mas os políticos, empresários e representantes de entidades da sociedade civil que pretendem chegar perto da presidente Dilma Rousseff sabem muito bem de quem se trata e do acesso que o geólogo gaúcho pode lhes garantir à sala mais poderosa da República.

Pela lei, Giles comanda a estrutura que garante a assistência direta à presidente, a organização da sua agenda, a gestão das informações em apoio à decisão, o cerimonial, a secretaria particular, o acervo documental e a sua ajudância-de-ordens. Funcionários do Palácio do Planalto, no entanto, resumem: Giles é um "zagueiro" que serve de anteparo a Dilma.

É responsabilidade do auxiliar da presidente conversar com quem Dilma não receberá em audiências, assim como contextualizar à presidente o que foi dito em encontros já realizados e sugerir com quem Dilma deve se reunir em viagens aos Estados e que temas deve abordar com esses interlocutores. Giles, na avaliação de quem trabalha ou já trabalhou com ele, tem a função de um operador político. "A organização da agenda é uma questão política. O chefe de gabinete tem que saber como é o pensamento político do titular da Pasta e o que é feito pelo governo em relação aos mais diversos assuntos", explica uma pessoa próxima a Dilma e Giles.
Geólogo de formação, o chefe de gabinete da presidente está à frente no governo das discussões de assuntos de seu domínio, como o novo marco regulatório da mineração. Giles também participa das reuniões de coordenação política do governo, opinando sobre os desafios do Executivo e a conjuntura política. "Ele organiza, prioriza e define a agenda da presidenta, gerenciando tensões que, na prática, revelam quais são as prioridades políticas do governo", comenta um integrante do primeiro escalão do governo.

Não é de hoje que Giles, avesso a jornalistas e acostumado a agir nos bastidores, é considerado um homem de confiança de Dilma Rousseff. Os dois se conhecem desde os tempos em que eram militantes do PDT do Rio Grande do Sul. Brizolistas e da ala mais à esquerda do partido, ambos faziam parte do grupo liderado pelo ex-marido de Dilma, o ex-deputado estadual Carlos Araújo. Naquela época, quando foi secretário estadual e nacional da Juventude pedetista, chegou a frequentar a casa de Dilma e Araújo.

"Ele [Giles] sempre exerceu funções extremamente importantes e nunca criou problemas. Teria condições de se candidatar, mas nunca quis. Nunca teve a pretensão, sempre ficou na assessoria política", lembra Carlos Araújo.

Pela proximidade, Giles invariavelmente está exposto ao humor da chefe. Mas a descontração também está presente na relação dos dois, como nas vezes em que Dilma faz questão de caçoar do fato de Giles já ter ido quatro vezes passear na Antártida.

Pode-se dizer que Giles "especializou-se" em chefiar gabinetes ao longo de sua carreira. Primeiro, exerceu a função para o deputado federal Vieira da Cunha (PDT-RS), quando o parlamentar ainda era deputado estadual. Na época, coordenou uma derrotada campanha de Vieira da Cunha à Prefeitura de Porto Alegre e também foi da assessoria da Comissão de Economia da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, onde destacou-se pela produção de estudos e pareceres para os parlamentares. Giles ainda fez carreira no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), antes de sua trajetória voltar a cruzar com a de Dilma.

Após a eleição do pedetista Alceu Collares ao governo gaúcho em 1993, Dilma foi nomeada secretária de Energia, Minas e Comunicação. A presidente já havia sido da equipe de Collares. Após participar da fundação do PDT gaúcho ao lado do ex-marido, Dilma trabalhou na assessoria da bancada estadual do partido entre 1980 e 1985. No ano seguinte, Alceu Collares, à época prefeito de prefeito de Porto Alegre, colocou-a à frente da Secretaria da Fazenda de sua administração.

Alceu Collares nomeou Giles para chefiar seu gabinete, decisão que promoveu uma aproximação entre Dilma e seu futuro auxiliar. Como resultado, Dilma convidou-o para reforçar a Pasta de Energia, Minas e Comunicação. Giles topou, mas decepcionou-se quando percebeu que não iria voltar a atuar na sua área de formação, a geologia e mineração. A então secretária preferiu colocar o correligionário na presidência da Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás), onde Giles participou do processo de implementação do sistema de distribuição no Estado do gás natural adquirido da Bolívia e ajudou o governo a resistir a privatizar a estatal.

Dilma e Giles permaneceram na gestão do petista Olívio Dutra. No entanto, quando o PDT rompeu com o governo petista, ambos deixaram o partido, filiaram-se ao PT e consolidaram a sua parceria profissional. Recentemente, na presença de alguns ministros, Dilma e Giles rememoraram as articulações que culminaram no afastamento entre petistas e pedetistas depois de uma reunião no Palácio da Alvorada. Os petistas presentes se divertiram com as histórias, apesar de o episódio ainda provocar ressentimentos entre pedetistas.

O geólogo foi recompensado poucos anos depois. Após destacar-se na transição dos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff foi nomeada em 2003 ministra de Minas e Energia e indicou o auxiliar para chefiar a Secretaria de Minas e Metalurgia.

Giles retornou então ao seu campo profissional original, e logo no ano seguinte foi beneficiado por um decreto que ampliou os poderes da sua secretaria para autorizar a exploração mineral no país. O mesmo ato mudou o nome da área chefiada por Giles para Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral. No governo, a medida foi vista como um símbolo da confiança depositada pela então ministra ao subordinado.
"A relação dos dois é de muito tempo e de muita cumplicidade", comenta uma fonte do primeiro escalão do governo. "Eles se entendem pelo olhar."

Giles seguiu com a chefe para a Casa Civil quando, em 2005, Dilma Rousseff foi convidada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a substituir José Dirceu em meio ao escândalo do mensalão. Lá, onde chegou a ser secretário-executivo-adjunto e por algumas vezes na ausência da então ministra assumiu a chefia da Pasta, o geólogo firmou-se como um dos principais assessores de Dilma.

Era Giles o responsável pela agenda e a interlocução da chefe da Casa Civil com o meio político. Quando Dilma não tratava diretamente com as principais lideranças políticas ou governadores, Giles fazia o meio de campo. A consequência não poderia ser outra: a importância estratégica da função exercida por Giles crescia à medida que Dilma conquistava um maior espaço na administração de Lula e se consolidava como potencial candidata à Presidência da República. Parlamentares sabiam que atender a um telefonema do gaúcho era o mesmo que receber um recado da própria Dilma.

Em 2010, Giles foi novamente carregado por Dilma quando a então ministra desincompatibilizou-se para disputar a eleição presidencial. Responsável pela agenda da candidata, Giles integrou o núcleo da coordenação da campanha petista. Não à toa, Giles integrou a lista com os primeiros nomes dos indicados por Dilma Rousseff para tocar a transição de governos.

Nomeado chefe de gabinete da presidente, Giles está à disposição de Dilma em tempo integral, mas não abre mão de buscar os filhos na escola nos fins das manhãs. Quem conhece o gaúcho sabe que a atividade é considerada "sagrada" e Giles só abre mão de realizá-la se não tiver outra opção. Fanático pelo Grêmio, o gaúcho debate futebol com paixão. E tem também outra válvula de escape: sempre que pode vai para o mato passear de jeep nos arredores de Brasília com sua turma de trilheiros.


Policial diz não ter provas que incriminem diretamente ministro

Por Agência Brasil
BRASÍLIA - O policial militar João Dias Ferreira disse que hoje  que não tem provas para incriminar diretamente o ministro do Esporte, Orlando Silva. Ferreira disse, no entanto, que todos os interlocutores com quem ele (Ferreira) falava nas gravações eram ligados ao ministro. O policial prestou depoimento hoje na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília.

O policial entregou à PF treze arquivos de áudio, um celular, documentos que apresentam supostas irregularidades e convênios do programa Segundo Tempo do Ministério do Esporte.
A Polícia Federal informou que o laudo da perícia das gravações feitas por Ferreira, autor de denúncias sobre a existência de um esquema de corrupção no Ministério do Esporte, devem ficar prontas no final da próxima semana.

Ex-militante do PCdoB, mesmo partido do ministro, João Dias Ferreira é responsável pela Federação Brasiliense de Kung Fu e pela Associação João Dias de Kung Fu, organizações não governamentais (ONGs) com as quais o ministério firmou dois convênios em 2005 e 2006, para que crianças e jovens em situação de risco fossem atendidos pelo Programa Segundo Tempo, criado pelo governo federal para incentivar crianças carentes a praticar atividades esportivas.

Segundo a denúncia do policial militar, Orlando Silva comandaria um esquema de desvio de parte do dinheiro que o ministério repassava a entidades conveniadas ao programa federal. Ferreira e um de seus funcionários, Célio Soares Pereira, haviam garantido que Silva recebeu pessoalmente, na garagem do ministério, parte do dinheiro obtido com o esquema.
(Agência Brasil)

Análise: Qualquer ajuda da China sairá a um custo alto para a Europa


Por Tom Orlik | Dow Jones Newswires
PEQUIM – As histórias de dois encontros de cúpula revelam o provável preço do apoio da China à Europa. Em 2008, uma raivosa China cancelou sua cúpula anual com a União Europeia por causa de um insulto político: o encontro do presidente da França, Nicolas Sarkozy, com o Dalai Lama. Desta vez, foram os europeus que pularam fora do compromisso – originalmente agendado para terça-feira – porque eles estavam muito ocupados em enfrentar sua crise da dívida.

O que não era tão claro há três anos, mas que hoje é bastante evidente, é que o equilíbrio de poder está mudando. As pesadas dívidas da UE e os fundos bolsos da China ajudaram a acelerar essa mudança no cenário.

O primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, e outros líderes chineses fizeram um tour pelo velho continente prometendo apoio à Grécia, Espanha e Itália nessa hora de necessidade. Mas fora alguns poucos dados inconclusivos e sugestões de autoridades europeias, que têm todo o interesse em alardear uma demanda por seus ativos, não está claro se a China realmente aumentou suas compras de títulos da dívida de países europeus.

A Administração Estatal de Câmbio – que administra as reservas internacionais da China – está focada em segurança em vez de retorno. Portanto, parece improvável que o país mergulhe de cabeça na dívida emitida por países europeus em dificuldade financeira.

Se a Europa quer receber uma verdadeira injeção de capital da China vai ter de colocar ativos reais, ou concessões políticas, à mesa.

Esse processo já está em andamento. Em julho de 2010, a chinesa Cosco, uma gigante estatal de navegação, assinou um contrato de arrendamento de 35 anos de um porto grego por US$ 4,2 bilhões. Para uma importante nação comercial, nada mais estratégico do que um porto.
Além de tijolos e argamassa, a China tem outros interesses. A designação como uma economia de mercado sob as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) pode estar no topo de sua lista, mas isto limitaria a capacidade da Europa de adotar ações contra a China em questões comerciais.

Wen já deixou escapar que o apoio da China para uma endividada Europa estaria atrelada a uma mudança da posição da UE nesta questão chave.

O fim do embrago europeu sobre vendas de armas à China, imposta desde o massacre de Tiananmem de 2989, pode parecer uma possibilidade mais distante. Mas as críticas da Europa ao histórico de violações aos direitos humanos da China estão mais amenas do que já foram. E no final de 2010 até mesmo circularam informes na imprensa europeia de que a chefe da diplomacia da EU Catherine Ashton teria estimulado os Estados membros a reverem esse embargo.

À medida que a desenrola a crise da dívida e a posição da China continua a se fortalecer, mesmo o que era impensável antes pode vir a entrar na mesa de negociação.
(Tom Orlik, da Dow Jones Newswires)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Jarbas Vasconcelos vai recorrer da decisão


Após a aprovação da intervenção nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) nas atividades administrativas da OAB Seção Pará, o presidente Jarbas Vasconcelos afirmou ao DOL, na manhã de hoje (24), que vai recorrer da decisão. “Foi um sessão sigilosa, então não posso adiantar nem quando, nem o que eu vou fazer. Mas foi uma decisão completamente arbitrária, o que envergonha a OAB”, disse.

O resultado do julgamento deixará os dirigentes envolvidos no processo afastados por seis meses, até que a 2ª Câmara da Ordem decida o que será feito. Caso sejam provadas as denúncias contra os envolvidos, eles podem ser punidos com a perda da carteira da Ordem e ficarão impedidos de advogar.

Além de Jarbas, foram julgados como envolvidos o secretário-geral, Alberto Campos Júnior, e os diretores licenciados Evaldo Pinto, Jorge Medeiros e Albano Martins.
Eles fizeram parte do episódio da  venda de um terreno da subseção de Altamira, suspeita de irregularidades, que culminaram na falsificação da assinatura do vice-presidente da OAB-PA. (DOL)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Governo de transição da Líbia confirma que Kadafi foi morto ao tentar fugir em comboio

SIRTA, Líbia - O ex-ditador líbio Muamar Kadafi se tornou nesta quinta-feira o primeiro líder a ser morto após ser deposto na Primavera Árabe. Depois de dois meses escondido, ele foi encontrado ao tentar fugir de Sirta, tomada nesta manhã por combatentes do Conselho Nacional de Transição (CNT). Após muitas especulações, o ministro da informação do conselho, Mahmoud Shammam, afirmou que o ex-ditador foi alvejado e morreu. Pouco depois, o primeiro-ministro do governo interino, Mahmoud Jibril, confirmou a informação, comemorando o fim definitivo da era Kadafi, após 42 anos.
- Estávamos esperando por esse momento há muito tempo. Muamar Kadafi foi morto - afirmou Jibril, em entrevista coletiva em Trípoli.



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domingo, 16 de outubro de 2011

Passeata mundial dos indignados - No chile a Federação de Estudantes do Chile (UNE, no Brasil) comanda a passeata





Obras na Amazônia atraem 7 'trens-bala'

Investimentos somam, pelo menos, R$ 212 bilhões e criam novo ciclo de expansão econômica na região

Plano cria saída para o agronegócio exportador e uma nova estrutura para geração de energia e exploração mineral

JULIO WIZIACK
AGNALDO BRITO

DE SÃO PAULO

O governo federal e o setor privado inauguraram um novo ciclo de desenvolvimento e ocupação da Amazônia Legal, onde vivem 24,4 milhões de pessoas e que representa só 8% do PIB brasileiro.
O pacote de investimento para os nove Estados da região até 2020 já soma R$ 212 bilhões. Parte já foi realizada. O valor deverá subir quando a totalidade dos projetos tiver orçamentos definidos.
Esse volume de recursos equivale a sete projetos do TAV (Trem de Alta Velocidade), pouco mais de quatro vezes o total de capital estrangeiro atraído pelo Brasil em 2010 e duas vezes o investimento da Petrobras para o pré-sal até 2015. Excluindo o total do investimento do país no pré-sal, os recursos a serem aportados na Amazônia praticamente vão se equiparar aos do Sudeste, principal polo industrial do país.
É o que indica levantamento feito pela Folha com base no PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) e nos principais projetos privados em andamento.


Basicamente, são obras de infraestrutura (energia, transporte e mineração). Juntas, elas criarão condições para a instalação de indústrias e darão origem a um corredor de exportação pelo "arco Norte", que vai de Porto Velho (RO), passando por Amazonas, Pará, até o Maranhão.


Essa movimentação de cargas será feita por uma malha logística integrada por rodovias, ferrovias e hidrovias que reduzirão custos de exportação, principalmente para o agronegócio, que hoje basicamente utiliza os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR).

ENERGIA AMAZÔNICA
O setor elétrico é a força motriz dessa onda de investimento. As principais hidrelétricas planejadas pelo governo serão instaladas na região e, com elas, também se viabilizarão as hidrovias.
Projetos como Belo Monte (PA), Jirau e Santo Antônio (RO), Teles Pires e o complexo do Tapajós (PA) fazem parte desse novo ciclo de ocupação, acelerando o processo que se iniciou ainda sob a batuta do governo militar. A Amazônia, que hoje participa com 10% da geração de energia no país, passará a 23%, até 2020. Em uma década, ela será responsável por 45% do aumento da oferta de energia no sistema elétrico brasileiro e se tornará um dos motores do crescimento.

CONTROVÉRSIAS
Para acelerar a implantação dos projetos, o governo federal estuda uma série de mudanças legais. Entre elas estão a concessão expressa de licenças ambientais, a criação de leis que permitam a exploração mineral em áreas indígenas e a alteração do regime de administração de áreas de preservação ambiental.
Há ainda no Congresso um projeto de lei que, caso seja aprovado, tornará obrigatória a construção de hidrelétricas juntamente com as eclusas, viabilizando o transporte hidroviário.


O atual modelo prevê a construção das usinas e somente a apresentação do projeto da eclusa, obra que deve ser feita pelo governo. O avanço sobre a Amazônia gera controvérsias entre ambientalistas, que acusam o governo de repetir um modelo de desenvolvimento não sustentável e que conduz a região ao colapso social. Para os ambientalistas, as obras das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Porto Velho (RO), e de Belo Monte, em Altamira (PA) são exemplos. 

Belém - Mais um prédio que envolve técnicos do Real Class evacuado por riscos de problemas estruturais

Por solicitação da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros, engenheiros especialistas fazem avaliações no edifício Wing, onde os moradores ficaram assustados após ouvir estalos, na madrugada deste domingo (16). O prédio fica na rua Diogo Móia, entre a travessa 14 de Março e a avenida Generalíssimo Deodoro, no bairro do Umarizal, em Belém.

Segundo informações do Tenente Benedito, do Corpo de Bombeiros, os estalos ouvidos foram provocados pela sobrecarga em um pilar, o qual entrou em colapso, causando o estouro do concreto. De acordo com a Defesa Civil, a parte afetada situa-se em uma área anexa ao edifício, que compõe a estrutura de garagem e piscina e não integra o corpo do prédio. Por isso, o risco de desabamento do edifício de 30 andares foi descartado.

Por medida de segurança, o perímetro da Diogo Móia foi isolado e o edifício foi evacuado. Os moradores do edifício La Vie En Rose, vizinho do Wing, e de outras cinco residências da área também foram retirados do local. No total, 45 famílias foram relocadas para dois hotéis de Belém, por providência do Governo do Estado.

Os engenheiros Paulo Brígido e Paulo Barroso, professor da UFPA e especialista em estrutura, fizeram um diagnostico visual. A arquiteta da Defesa Civil, Rosário Ribeiro, informou que uma empresa de engenharia foi acionada e realizou um procedimento para escorar o pilar afetado. Foi colocada uma escora metálica até que o reparo necessário seja feito. Os moradores só deverão retornar aos apartamentos depois que o pilar for reestruturado.

Com um apartamento por andar e 30 andares, o Edifício Wing foi construído pela empresa Porte Engenharia Ltda para um público Classe A. O diretor do Centro de Perícias Renato Chaves, Orlando Salgado, confirmou que o profissional responsável pelos cálculos estruturais deste edifício foi Raimundo Lobato da Silva, o mesmo calculista responsável pelo edifício Real Class, da Real Engenharia, que desabou em janeiro deste ano.

O Secretário de Segurança do Estado, Luiz Fernandes Rocha, está desde cedo no local acompanhando o trabalho das equipes do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Polícia Militar e Centro de Perícias Renato Chaves. Segundo o Secretário, dois filhos e familiares do governador do Estado, Simão Jatene, residem do edifício Wing. (DOL, com informações de Fúvio Maurício/Diário do Pará)

sábado, 15 de outubro de 2011

Educação - Chile no primeiro lugar da América Latina. Brasil, nos últimos 12 lugares dentre 65 países.



No final do ano passado, a Organização para Cooperação dos Países Desenvolvidos (OCDE) divulgou a quarta edição de seu Programa de Avaliação Internacional de Estudantes, o Pisa. O Brasil melhorou pouco e continuou entre as 12 últimas posições no ranking de 65 países. Do outro lado do mundo, a cidade chinesa de Xangai e a Coréia do Sul figuraram entre os primeiros colocados ao lado da sempre exemplar Finlândia. Na América Latina, o primeiro lugar é do agora conturbado sistema educacional chileno. O que leva estes países a estas posições?

A presidente da Comunidade Educativa, Beatriz Cardoso, é uma das brasileiras que melhor pode responder a esta pergunta. Ela passou dez dias em cada um destes países para colaborar com a série especial “Destino: Educação”, que estreia na próxima segunda-feira no Canal Futura em parceria com o Sesi e vai ter também um capítulo sobre o Canadá e outro sobre o Brasil.

Se antes de embarcar já achava que o ranking era um dado isolado que devia ser visto ao lado de outros fatores, na volta está convicta de que, sozinho, ele “afunila” e descarta a reflexão. “O ranking tem que existir, mas não pode ter a dimensão que ganha no Brasil”, diz ela. Por quê? A resposta está na descrição que faz dos primeiros colocados na entrevista a seguir.

iG: É possível tirar lições da educação de Xangai, Coreia do Sul, Finlândia e Chile para o Brasil?
Beatriz: O objetivo era justamente contextualizar o sistema de ensino que gera estes primeiros lugares no Pisa e desmistificar o ranking. Fomos tentar entender qual a sociedade em que aqueles resultados aparecem e o que está dando base para a escola funcionar daquela forma. Não fomos buscar receita, mas compreensão do que está em jogo por trás do resultado e, aí sim, se existem elementos para o Brasil refletir.

iG: O que leva estes países as primeiras posições?
Beatriz: É a base cultural e socioeconômica. Em cada país por um motivo, mas é a pressão ou a cultura geral que levam a educação a ser tão importante. Isso nos faz pensar na nossa base, no que todos nós somos e queremos ser.

iG: Qual país deixou a melhor impressão?
Beatriz: A Finlândia me marcou inteira. Acho que é onde a gente tem mais a aprender. Lá entendemos porque o sistema responde tão bem às necessidades de todos: pela visão igualitária. Eles apostam em todos os cidadãos como pessoas competentes, independente do que eles queiram fazer. As carreiras técnicas são tão bem recebidas quanto as acadêmicas, porque são fundamentais para a sociedade da mesma forma. Há uma parceria muito grande com os pais, com os sindicatos, todo o sistema é a favor da melhor escola possível para todos.

iG: As escolas seguem um modelo massificado como no Brasil ou são diferentes umas das outras?
Beatriz: Lá o professor tem liberdade para fazer o que quiser. A palavra que me ocorre para resumir o sistema finlandês é confiança. O professor confia nos alunos e nas famílias e todos têm confiança de que o professor é extremamente competente. Em uma entrevista a professora diz que a obrigação dela é fazer com que o sistema crie condições para todos aprenderem, não só ela. Eles têm essa percepção de que cada um é importante.

iG: Como um país com sociedade tão diferente como a Coréia do Sul também consegue estar entre os primeiros?
Beatriz: Eles também têm uma base cultural muito forte, mas ali o que põe a educação em destaque na sociedade é a competição. Todo mundo no Brasil cita o exemplo da revolução que a Coréia do Sul promoveu na Educação, mas de que maneira? O compromisso com a educação é muito evidente, mas a competitividade chegou a um ponto extremo. Todo mundo quer ir para a melhor faculdade do mundo. Não é à toa que os índices de suicídio entre os estudantes já são altíssimos. A situação chegou a um ponto que o governo hoje tenta amenizar a pressão. As escolas estão proibidas de dar aulas depois da meia-noite para que eles descansem. Se deixar, nem dormem.

iG: O governo estabeleceu um limite máximo de tempo de estudo?
Beatriz: É para que não estudem o dia inteiro. Eles já vão para a escola pública às 7h30 da manhã e ficam até 4h da tarde, mas todo mundo vai para a particular depois disso e fica até tarde da noite estudando. As famílias cobram de forma muito pesada o resultado e as escolas focam nos melhores, todos querem estar entre os melhores. Enquanto falávamos com um bom aluno, o diretor estava visivelmente nervoso porque, para ele, aqueles minutos eram preciosos, um talento não deveria estar perdendo tempo dando entrevista.

iG: Nesta sociedade, os professores também tem autonomia?
Beatriz: Têm muita autonomia porque são extremamente preparados. A disputa para ser professor é enorme, uma vez que ele consegue a vaga é o dono da sua cadeira. Mas a competição perversa o atinge também. A pressão é enorme.

iG: Qual a grande motivação na China?
Beatriz: Esse é um caso muito interessante e complexo, toda a cultura deles é diferente para a gente. Todo mundo vai para a faculdade, não sei o que vai acontecer daqui 15 anos. A pressão é parecida com a da Coréia, mas ali é pela responsabilidade que o menino tem de cuidar da família. São todos filhos únicos e não existe sistema de previdência. A segurança financeira dos pais e avós depende do sucesso do estudante. Isso gera responsabilidade e cobrança bem grandes. Além disso, a base cultural é totalmente diferente. Não existe namorar, por exemplo. Não faz parte da rotina sair para passear, eles só pensam na universidade. Vão para casa depois da aula e continuam estudando.

iG: Outro país visitado pela sra., o Chile, tem passado por protestos de estudantes. O sistema merece ter recebido a melhor colocação da América Latina?
Beatriz: O Chile foi o primeiro que visitamos, em fevereiro, antes dos protestos, mas já tínhamos a sensação de que o modelo era insustentável. A colocação, que nem é tão boa (eles são o 45º lugar, se destacam pelo primeiro lugar na América Latina) se deve muito pelo fato de metade das matrículas serem do sistema particular. No Brasil, cerca de 90% dos estudantes estão no sistema público. Efetivamente a grande questão que apareceu no Chile foi a desigualdade, quem é pobre tem um tipo de escola, quem é rico, outro. Há conquistas, uma das coisas mais interessantes é o pacto pela educação, nós percebemos que eles colocam isso acima de um governo ou de outro, mas também não estão tão bem assim.

iG: Depois de conhecer esses lugares, qual papel a sra. atribui a listas como o Pisa?
Beatriz: O ranking é inevitável, não pode ser proibido, mas não pode ter a dimensão que ganha no Brasil. Na Finlândia, por exemplo, ninguém está preocupado com isso, o ranking não é sequer mencionado. Esta coisa de publicar lista de escola foca a avaliação no lugar errado. A prova é uma das medidas do sistema. Olhar só o Pisa, assim como o Enem, é afunilar o julgamento. Tem muita coisa por trás dos números.

Clique aqui e acesse a publicação original da notícia

Fonte: Ig Educação

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Educação - O Brasil investe mais de cinco vezes por estudante universitário que no ensino básico




A edição atual da The Economist inclui um artigo sobre o estado das universidades na América Latina. A região como um todo tem padrões de baixa escolaridade. Seus alunos fazem muito mal em avaliações da OCDE PISA, que testam o 15-year-olds são capazes de fazer no básico: ler e compreender um texto em sua própria língua, e aplicar idéias matemáticas e científicas para situações cotidianas. Ele também tem uma maneira particularmente perversa de distribuir dinheiro, gastando proporcionalmente menos no ensino primário, que beneficia a todos, e mais no terciário, que é a reserva de poucos. (O Brasil gasta mais de cinco vezes mais por estudante universitário como faz por escola-primária de alunos, de longe a maior taxa no mundo. Em segundo lugar, o México gasta três vezes mais.)Que o dinheiro vai principalmente para os filhos de famílias abastadas, que são capazes de pagar ensino privado e, portanto, fazem bem em exames de admissão da universidade. E é geralmente distribuiu com pouca supervisão de ambos os governos ou estudantes, que geralmente têm muito pouca informação sobre a qualidade para pressionar por melhorias, e não tem o poder de fazer a diferença de qualquer maneira. Pessoal universitário na maioria dos países são unsackable funcionários públicos, enquanto os reitores são eleitos e, portanto, tendem a ser executado em uma plataforma de continuidade.O universidades estaduais paulistas, que estão puxando à frente da embalagem estão fazendo isso com a ajuda de financiamento do Estado generoso, o que lhes permite recolher melhores investigadores da região. Eles também são especializados. Brasil está emergindo como o Demos, um think tank britânico, descreve como uma "economia do conhecimento natural": uma que aumenta o valor de suas mercadorias abundantes pela aplicação da tecnologia, como a fabricação de biocombustíveis a partir da cana de açúcar. Que por sua vez faz com que seja possível reunir uma massa crítica de pesquisadores em um só lugar.Uma das três grandes organizações ranking, Quacquarelli Symonds (QS), produziu um ranking de universidades latino-americanas, os dez primeiros dos quais foram publicados na edição impressa. A lista completa está disponível aqui. Outras organizações classificação estão olhando com cuidado na região também. Times Higher Education, uma revista especializada semanal, diz que tem dados suficientes para produzir um ranking latino-americano. Mas ainda está trabalhando em sua metodologia: seu topo mundial 200 torna-se apenas 1% das instituições do mundo do ensino superior, que competem no mesmo mercado global para alunos e professores. Incluindo muitas instituições mais significaria ter de encontrar novas maneiras de comparar um grupo muito mais diversificado. Até a revista tem certeza que pode fazê-lo de forma justa, diz Phil Baty, o seu editor-adjunto, vai avançar com cautela.QS depende muito mais fortemente do que as outras organizações do ranking em medidas de reputação, o que lhe permite mover-se rapidamente em novas regiões. No entanto, que carrega a desvantagem de potencialmente sobre-avaliação das instituições de grande porte, especialmente aqueles cujos nomes incluem países ou cidades capital, como a Universidade de Buenos Aires ou a Universidade Nacional Autônoma do México. Eles têm centenas de milhares de estudantes cada e som como você deve ter ouvido falar deles, mesmo se você não tem. Ainda assim, um começo já foi feito na abertura universidades da região a um maior escrutínio. Isso só pode ajudá-los a melhorar.