Investimentos somam, pelo menos, R$ 212 bilhões e
criam novo ciclo de expansão econômica na região
Plano cria saída para o agronegócio exportador e uma nova estrutura para
geração de energia e exploração mineral
JULIO WIZIACK
AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO
O governo federal e o setor privado inauguraram um novo ciclo de
desenvolvimento e ocupação da Amazônia Legal, onde vivem 24,4 milhões de
pessoas e que representa só 8% do PIB brasileiro.
O pacote de investimento para os nove Estados da região até 2020 já soma R$ 212
bilhões. Parte já foi realizada. O valor deverá subir quando a totalidade dos
projetos tiver orçamentos definidos.
Esse volume de recursos equivale a sete projetos do TAV (Trem de Alta
Velocidade), pouco mais de quatro vezes o total de capital estrangeiro atraído
pelo Brasil em 2010 e duas vezes o investimento da Petrobras para o pré-sal até
2015. Excluindo o total do investimento do país no pré-sal, os recursos a serem
aportados na Amazônia praticamente vão se equiparar aos do Sudeste, principal
polo industrial do país.
É o que indica levantamento feito pela Folha com base no PAC (Plano de
Aceleração do Crescimento) e nos principais projetos privados em andamento.
Basicamente, são obras de infraestrutura (energia, transporte e mineração).
Juntas, elas criarão condições para a instalação de indústrias e darão origem a
um corredor de exportação pelo "arco Norte", que vai de Porto Velho
(RO), passando por Amazonas, Pará, até o Maranhão.
Essa movimentação de cargas será feita por uma malha logística integrada por
rodovias, ferrovias e hidrovias que reduzirão custos de exportação,
principalmente para o agronegócio, que hoje basicamente utiliza os portos de
Santos (SP) e Paranaguá (PR).
ENERGIA AMAZÔNICA
O setor elétrico é a força motriz dessa onda de investimento. As principais
hidrelétricas planejadas pelo governo serão instaladas na região e, com elas,
também se viabilizarão as hidrovias.
Projetos como Belo Monte (PA), Jirau e Santo Antônio (RO), Teles Pires e o
complexo do Tapajós (PA) fazem parte desse novo ciclo de ocupação, acelerando o
processo que se iniciou ainda sob a batuta do governo militar. A Amazônia, que
hoje participa com 10% da geração de energia no país, passará a 23%, até 2020.
Em uma década, ela será responsável por 45% do aumento da oferta de energia no
sistema elétrico brasileiro e se tornará um dos motores do crescimento.
CONTROVÉRSIAS
Para acelerar a implantação dos projetos, o governo federal estuda uma série de
mudanças legais. Entre elas estão a concessão expressa de licenças ambientais,
a criação de leis que permitam a exploração mineral em áreas indígenas e a
alteração do regime de administração de áreas de preservação ambiental.
Há ainda no Congresso um projeto de lei que, caso seja aprovado, tornará
obrigatória a construção de hidrelétricas juntamente com as eclusas,
viabilizando o transporte hidroviário.
O atual modelo prevê a construção das usinas e somente a apresentação do
projeto da eclusa, obra que deve ser feita pelo governo. O avanço sobre a
Amazônia gera controvérsias entre ambientalistas, que acusam o governo de
repetir um modelo de desenvolvimento não sustentável e que conduz a região ao
colapso social. Para os ambientalistas, as obras das hidrelétricas de Jirau e
Santo Antônio, em Porto Velho (RO), e de Belo Monte, em Altamira (PA) são
exemplos.
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