quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Listão da UFPA será divulgado amanhã (21)




A Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio do Centro de Processos Seletivos (Ceps), confirmou a divulgação do listão com os nomes dos aprovados no Processo Seletivo 2011 (PS2011), para amanhã (21), a partir das 11 horas.

A universidade informou também que às 10h30 haverá coletiva de imprensa com a presença do reitor Carlos Maneschy e de integrantes da Pró-reitoria de Graduação (Proeg), Ceps e da Comissão Permanente de Processos Seletivos (Coperps).

Durante a coletiva, será divulgado o número de vagas preenchidas, os primeiros colocados e como será a matrícula dos novos alunos.

(Ascom UFPA)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

economia e finanças - Inflação em alta pressiona Copom


Política monetária: Primeira reunião sob o comando de Tombini deve iniciar alta da Selic





Fernando Travaglini

VALOR

De Brasília

Houve uma piora considerável no cenário inflacionário e nas expectativas dos agentes nas últimas semanas, o que amplia o peso da decisão que será tomada na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nesta quarta-feira, sob o comando do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini. O relatório Focus desta semana já aponta um IPCA de 5,42% este ano, percentual muito acima da meta de 4,5% e superior também à estimativa de inflação de 5% feita pelo Ministério da Fazenda.

Há consenso no mercado que o BC deve anunciar amanhã uma alta de 0,5 ponto percentual na Selic, elevando a taxa básica para 11,25% ao ano. Os economistas e analistas que respondem semanalmente o Focus acreditam ainda em outros dois aumentos de 0,5 ponto, nos encontros de março e abril, o que levaria a Selic para 12,25% ao ano já no segundo trimestre.

Paralelamente à deterioração das expectativas de inflação, cresce o número de economistas que já defendem um aperto maior, de até 2,75 pontos ao longo do ano, como é o caso de Nilson Teixeira, do Credit Suisse. A curva de juros futuros, que responde mais rapidamente aos dados conjunturais, já projeta um aperto monetário maior, com alta de 0,75 em março.

O que era, a princípio, uma inflação localizada, decorrente do choque de ofertas vindo da alta dos preços de commodities internacionais, especialmente em alimentos, ganhou corpo nas últimas semanas. Os economistas de mercado, e até a autoridade monetária – como ficou claro no último Relatório de Inflação- já defendem uma alta dos juros para impedir os chamados efeitos de segunda ordem, ou seja, a disseminação desse choque para os demais preços da economia.

Essa não é, porém, uma visão consensual no governo. A Fazenda avalia que as pressões inflacionárias estão restritas às commodities, sobretudo alimentos, que devem recuar no primeiro semestre. Essa foi a interpretação que o ministro Guido Mantega levou à primeira reunião ministerial do governo, na semana passada. E é, também, a que a presidente da República, Dilma Rousseff, acredita que esteja ocorrendo. Já o BC vê um movimento generalizado de alta.
Os primeiros indicadores de inflação de janeiro mostram que o ritmo de desaceleração dos preços da alimentação é mais lento do que o esperado pelo mercado. Os dados do IGP-10 divulgados ontem são consistentes com a trajetória recente de alta das commodities nos últimos meses e da menor oferta de produtos, afirma Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora. Ele lembra que os dados que serão divulgados nesta semana devem incorporar os reajustes de educação e de transportes, além de um choque climático que já estaria pressionando a os alimentos in-natura no Sudeste.

Choque de preços, na ausência de demanda aquecida, se dissipam de forma rápida, sem causar contaminação em outros segmentos. Mas esse não é o caso brasileiro. A demanda doméstica, que deve ter superado os 10% de crescimento no ano passado, se confronta com uma consistente redução da ociosidade do mercado de fatores (utilização da capacidade instalada e elevação dos empregos). Além disso, a inflação de serviços já superou os 7% no fim do ano passado.

Como resume o Departamento Econômico do Bradesco, “os riscos são ampliados em economias que já estão aquecidas, principalmente emergentes, aumentando o potencial de contágio para os preços domésticos”, diz o banco, em relatório.
A identificação de efeitos de segunda ordem é reforçada pela aceleração dos núcleos de inflação, que subiram no último trimestre e se distanciaram da meta de inflação. A média dos núcleos acumulou variação de 5,3% em 2010.

Para a economista do Itaú Unibanco, Laura Haralyi, o núcleo do IPCA, que exclui alimentos no domicílio e combustíveis, deve fechar 2011 em 6%, com o índice cheio do recuando para 5,6%, ainda elevado, mesmo com menor pressão dos alimentos.
O comportamento do dólar é outra variável que voltou para a mesa de discussão. Com a guerra declarada do governo à valorização do real, a contribuição cambial para o controle da inflação, que ajudou o BC ao longo dos últimos anos, deve se reduzir.

Como lembra o diretor do Bradesco, Octavio de Barros, o câmbio poderia ser uma válvula de escape para conter as pressões em dólares de preços de commodities, mas os últimos sinais emitidos pelas autoridades brasileiras em relação ao câmbio sugerem que a eventual contribuição da apreciação adicional do real não deve se materializar. “Parece pacificado que o governo abrirá mão do instrumento câmbio no auxílio do combate à inflação”, disse Barros, em relatório.

A gestão de Tombini declarou o câmbio como o inimigo nº 1 e subir juros intensificaria a valorização do real, diz o economista Ricardo Denadai, da Santander Asset Management. “O Copom vai fazer menos do que precisa e deve tomar medidas adicionais no campo regulatório, com vias a encarecer o crédito.” Mexer no prazo dos financiamentos ou aumentar o IOF para contratos de consumo poderiam fazer parte da artilharia extra.

O especialista também acredita que o governo, que usou os bancos públicos federais para suprir a escassez de crédito na época da crise, pode adotar o caminho inverso, porque mesmo com um esforço fiscal razoável, o risco de a inflação desviar da meta é bastante concreto.
(Colaborou Adriana Cotias)

Economia A Frase do dia


"Qualquer economia que já é 1% do PIB global deve ser encarada seriamente"

  De Jim O'Neill, que cunhou o termo Bric para se referir ao Brasil, Rússia, Índia e China, ao informar que pretende incluir o México, a Coreia do Sul, a Turquia e a Indonésia no grupo. 

Jim O'Neill é um economista inglês que ocupa atualmente o cargo de chefe de pesquisa em economia global do grupo financeiro Goldman Sachs desde 2001.

“O Brasil deve se concentrar em manter a inflação estável e fazer coisas para apoiar o desenvolvimento do consumo doméstico e do investimento interno”

Para Jim O’Neill, do Goldman Sachs, “é muito difícil” que o país seja bem-sucedido apenas como vendedor de produtos primários.

Chefe de pesquisa do banco, porém, elogia economia doméstica do país e diz que investimento e consumo devem ser incentivados

Vestibular 2010 - Notas do Enem já foram recebidas pela UFPA



O Centro de Processos Seletivos (Ceps) da Universidade Federal do Pará (UFPA) recebeu, na tarde desta terça-feira, 18, o documento com as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), enviado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Segundo o diretor pedagógico do Ceps, professor Arquimimo de Almeida, o documento foi repassado para o setor de informática para que os dados sejam analisados. “Precisamos verificar se as notas de todos os candidatos foram enviadas, para depois fazermos os cálculos e, então, divulgarmos o listão de aprovados”, explica o professor.

A previsão para a divulgação do resultado final do Processo Seletivo 2011 está mantida para até o final desta semana. o Inep encaminhou as notas brutas que serão processadas pela UFPA a partir de duas medidas estatísticas usadas pela Universidade: a média aritmética e o desvio padrão, conforme estabelece o Edital do Processo Seletivo 2011.

“O candidato não deve se espantar se a nota não estiver igual ao que foi divulgado pelo Inep, por conta do tratamento estatístico diferenciado”, explica Arquimimo Almeida. Após o recebimento das notas, o Ceps inicia a conferência eletrônica dos dados encaminhados pelo Inep, como notas e relação de candidatos faltosos na prova do Enem.

A segunda etapa de trabalho consistirá no processo de eliminação, de acordo com os critérios estabelecidos no Edital do PS 2011. Entre os critérios de corte, está a ausência na prova do Enem, que correspondeu à primeira etapa do Processo Seletivo da UFPA.

Segundo o Ceps, o Inep encaminhou as notas brutas, que serão processadas pela UFPA a partir de duas medidas estatísticas usadas pela Universidade: a média aritmética e o desvio padrão, conforme estabelece o Edital do Processo Seletivo 2011. “O candidato não deve se espantar se a nota não estiver igual ao que foi divulgado pelo Inep, por conta do tratamento estatístico diferenciado”, explica Arquimimo Almeida.
Também está eliminado do concurso o candidato que obteve nota zero em uma das quatro áreas do Enem, ou nota inferior a 4 na Redação. Para o Processo Seletivo 2011 da UFPA, foram inscritos 54.108 candidatos. Destes, 6.226 faltaram à prova aplicada pela Universidade no dia 19 de dezembro. Estes candidatos estão automaticamente eliminados do concurso.

Dilermando Gadelha e Ericka Pinto - Assessoria de Comunicação da UFPA

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Tudo pela governabilidade

Do Blog do Parsifal 4.0

Bingo! - algo interessante na Veja - Beber cerveja todo dia faz bem e combate até diabetes

"Sabemos que a cerveja não é a culpada pela obesidade, já que ela tem cerca de 200 calorias por caneca - o mesmo que um café com leite integral"

Para as mulheres são dois copos pequenos da bebida; para os homens, três

Todos os dias: assim como o vinho, a cerveja deve ser consumida com moderação

Rosa Lamuela, pesquisadora

A cerveja foi elevada ao status do vinho no que diz respeito aos benefícios à saúde. Um novo estudo espanhol comprovou que tomar uma caneca da bebida por dia combate diabetes, evita ganho de peso e previne contra hipertensão. Além de ter graduação alcoólica baixa, a cerveja contém ainda ácido fólico, vitaminas, ferro e cálcio - nutrientes que protegem o sistema cardiovascular.

“Nesse estudo, nós conseguimos banir alguns mitos. Sabemos que a cerveja não é a culpada pela obesidade, já que ela tem cerca de 200 calorias por caneca - o mesmo que um café com leite integral”, destaca a médica Rosa Lamuela, uma das responsáveis pela pesquisa feita em parceria entre a Universidade de Barcelona, o Hospital Clínico de Barcelona e o Instituto Carlos III de Madri.

Os especialistas afirmam também que a cerveja não é a responsável pelo aumento da gordura abdominal. A culpa, na verdade, seria dos aperitivos gordurosos, como salgadinhos e frituras, que grande parte das pessoas consome junto à bebida.

O estudo, realizado com 1.249 homens e mulheres acima de 57 anos, indica que mulheres podem tomar dois copos pequenos de cerveja por dia, enquanto para os homens estão liberados até três copos. Contudo, o hábito deve estar associado a uma dieta saudável e a exercícios físicos regulares.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Uma grande semana para tod@as

Introdução à economia do novo século



O mundo já não é o mesmo. O nascimento do Facebook pôs o ponto final na nossa vida privada. A Nikon anunciou o fim da produção de sua máquina fotográfica com película. Os Jogos Olímpicos de Pequim exibiram o poder da China no maior espetáculo da Terra. Enfim! O século XXI fez dez anos. 

 Foi uma infância turbulenta marcada por violência e desastres extraordinários. Três mil pessoas perderam a vida no ataque terrorista às torres gêmeas em Nova York (2001). Os EUA e a Inglaterra invadiram o Iraque (2003). O furacão Katrina destruiu Nova Orleans e fez 2 mil vítimas (2005). O mundo entrou em pânico com a possibilidade de que o vírus H1N1 se espalhasse pelo globo (2009). Um terremoto no Haiti fez 200 mil vítimas e o incêndio de uma plataforma de petróleo no Golfo do México transformou-se em gigantesco desastre ambiental (2010).

Aos desastres naturais e à sanha destruidora das guerras no Iraque e Afeganistão somaram-se turbulências econômicas. A Argentina foi à bancarrota em 2002, mas isso não foi nada em comparação com a crise financeira que estourou nos EUA em 2007. O euro, que entrara em circulação nos países da União Europeia em janeiro de 2002, chegou a valer US$ 1,60 em 2008. Mas no fim de 2010 mais da metade dos alemães já alardeava sua nostalgia do marco. E em 2010 Grécia e Irlanda embarcaram na crise financeira, que ainda deve fazer muitos estragos.

Infância turbulenta é presságio de puberdade e adolescência tumultuadas. Você discorda? Não acredita que o futuro está escrito no passado? Pois minha bola de cristal avisa que - com ou sem Facebook, filmes de películas e poderio chinês e ao contrário do que anuncia o primeiro parágrafo - o mundo continua "misericordiosamente o mesmo que era quando Platão era Platão". Para prever o que nos aguarda, basta repetir o que Álvaro de Campos já dizia em 1914:

"A maravilhosa beleza das corrupções políticas. Deliciosos escândalos financeiros e diplomáticos. [...] grandes crimes [...] Adubos, debulhadoras, progressos da agricultura. [...] Progressos dos armamentos gloriosamente mortíferos. [...] Ó artigos inúteis que tanta gente quer comprar. [...] Eh-la-hô recomposições ministeriais!"
Triste? Ora, não se desespere, pois em outra roupagem Fernando Pessoa oferece o remédio na voz de Ricardo Reis:
"Débil como uma haste de papoula
Me suporta o momento. Nada quero."

Nada quero, repita com Pessoa. Mas, se você quer, terá de imaginar tanto as consequências da supremacia da China - a quem pertence a próxima década - quanto os desafios que o envelhecimento populacional vai criar. No curto prazo, terá ainda de prever a sequela da crise financeira que tomou conta do mundo desenvolvido e ameaça o euro.

Para lhe ajudar nessa tarefa, viva o economista! "The Little Book of Economics: How the Economy Works in the Real World" (Wiley, 2010) não é um livro para Ph. Ds. Tem, entretanto, as respostas para as perguntas que lhe fazem tios e primas. Um livro pequeno, que explica como os economistas pensam e a sua importância nas nossas vidas.
Em 2009, a capa da revista "The Economist" mostrava um livro-texto afundando numa poça e comentava: "De todas as bolhas econômicas, poucas estouraram de forma mais espetacular que a reputação da teoria econômica, ela mesma". Greg Ip usa essa citação na introdução de seu livro e logo em seguida repete o comentário de Paul Krugman de que a pesquisa macroeconômica dos últimos 30 anos foi inútil nos melhores dos casos e maléfica nos piores.

Evidentemente, Greg Ip (ou Krugman ou "The Economist") não acreditam que a teoria econômica é imprestável. Estão apenas puxando a sardinha para a própria brasa. Você deve ter ouvido contar que o ex-presidente americano Harry S. Truman uma vez pediu que lhe trouxessem um economista que tivesse uma mão só, porque ele estava cansado dos economistas que respondiam a todas as perguntas dizendo: "On the one hand..., and on the other..." Pronto, com uma ciência assim, se você é o economista de uma mão só, precisa desacreditar a mão de seus colegas.

Mas, na verdade, Ip (que é editor da revista "The Economist"), quando não está fazendo graça, concorda com Mohamed El-Erian - CEO da Pimco, que escreve a introdução ao "Little Book of Economics". El-Erian - que se confessa apaixonado pela ciência econômica desde os 15 anos - argumenta que a economia oferece um arsenal de instrumentos valiosos para pensar sobre muitos tópicos. Para explicar diferentes interações entre indivíduos, empresas e o governo. E para facilitar o entendimento do bem-estar da sociedade e das tendências que definem o mundo em que vivemos.

Escrito em linguagem simples e atraente, "The Little Book" explica as políticas monetária e fiscal. Discute como a psicologia e os bancos centrais comandam os ciclos econômicos. Como os gastos do governo podem ajudar a curar uma recessão ou gerar um desastre. Como uma crise financeira pode transformar uma recessão em depressão. Fala ainda dos efeitos das taxas de fertilidade e da educação para o crescimento econômico. E de por que a deflação é pior do que a inflação.

Isso e muito mais está no livrinho, que inclui algumas observações claras e precisas sobre os mercados financeiros globais e o caso do yuan chinês - que, ao contrário do que ocorre em outros países, pode se manter subvalorizado, sem provocar inflação, porque a China tem controles de capitais, o governo poupa bastante para comprar ativos externos e o rápido crescimento da produtividade acompanha o crescimento salarial.

Lá está ainda a razão pela qual o dólar não é o problema dos EUA, mas sim do resto do mundo. Com certeza, num dia ainda muito, muito distante, o dólar perderá o status que hoje tem, à medida que a importância dos EUA diminuir. Mas, por enquanto, não tem rival. Para os banqueiros centrais, manter suas reservas em yuans (enquanto a China tiver controles de capital) seria como manter nossa poupança na forma de milhagens de uma companhia aérea. O euro não seria melhor. Basta considerar o risco de a Grécia abandonar o euro e tentar servir a dívida externa em dracmas.

Ip observa também que mais inevitável que as crises é o fracasso em prevê-las. Paul Samuelson costumava brincar dizendo que o mercado de ações previu nove das últimas cinco recessões. As previsões são ruins, porque cada crise é diferente da anterior. Isso, apesar de terem traços comuns e amplamente documentados desde 1340, quando Eduardo III da Inglaterra declarou a moratória e levou à bancarrota os banqueiros florentinos, que tinham financiado sua guerra contra a França. O pior é que, enquanto numa economia normal a redução de preços atrai compradores e corrige o excesso de oferta, numa crise a redução de preços provoca mais vendas e a agrava.

Nem todas as bolhas levam a crises. Para haver crise, é preciso que haja "leverage", isto é, muita dívida em relação aos ativos. O crescimento do endividamento (privado ou público) é o principal suspeito no advento de uma crise e seus parceiros são os descasamentos cambiais e de prazo. As crises se espalham por contágio: os investidores prejudicados por uma companhia (ou país) fogem daquelas (ou daqueles) que se parecem com ela (ou com ele). Um banco que vai à bancarrota arrasta consigo os outros com os quais tinha negócios e o contágio transforma problemas de liquidez em problemas de solvência.

Se você não é aluno de economia, pode se dar ao luxo de esquecer os pesados livros de introdução utilizados nas universidades, que deixam de lado a discussão de temas correntes para se concentrar em princípios teóricos. E, no lugar deles, pode ler "The Little Book of Economics", que vai direto ao assunto que interessa aos leitores de jornais. Pena que as instituições e os exemplos ali discutidos sejam todos da economia americana. O leitor brasileiro merecia um livro de igual conteúdo, mas em que a instituição em foco fosse nosso Banco Central (em vez do Fed) e a discussão da política fiscal se desse em torno do mecanismo de elaboração, discussão e aprovação dos nossos orçamentos (no lugar dos processos que caracterizam a política fiscal americana).

Eliana Cardoso, economista, escreve semanalmente neste espaço, alternando resenhas literárias (Ponto e Vírgula) e assuntos variados (Caleidoscópio). 
http://www.valoronline.com.br/

Sinal vermelho para o trânsito


Metrópoles buscam caminhos alternativos para os caóticos congestionamentos 
Por Maurício Oliveira
Valoronline
 
Desperdiçar duas horas por dia no trajeto entre casa e trabalho tornou-se algo tão corriqueiro nas grandes cidades brasileiras que muita gente entregou os pontos de vez e passou a considerar que os congestionamentos são um daqueles incômodos da vida contra os quais não há o que fazer.

Talvez a mesma informação suscite algum tipo de atitude dita de outra forma: ao se aposentar, um cidadão que enfrenta tal situação no cotidiano terá passado o equivalente a dois anos da vida produtiva - justamente o período em que tem mais planos e desfruta de maior disposição física - preso dentro de um carro. E não se trata, certamente, do lugar mais agradável para estar.
  
Eventuais lampejos de prazer proporcionados por uma boa trilha sonora não resistem ao desgaste emocional causado pelas buzinas, o medo de assaltos nos semáforos e a ausência de cordialidade entre os motoristas. Sem falar no risco de ficar ilhado por inundações como as ocorridas em São Paulo e no Rio neste início de ano.

Levando-se em conta as estatísticas, reverter o quadro parece mesmo quase impossível. Com as facilidades para adquirir um carro zero-quilômetro - financiamentos a perder de vista -, houve 5,4 milhões de novos emplacamentos no país em 2010, ante 4,8 milhões no ano anterior. A cidade de São Paulo teve que acomodar quase três veículos para cada bebê que nasceu ao longo do ano. Enquanto 160 mil crianças chegaram ao mundo, entraram em circulação 440 mil veículos. Ou seja: a cidade ganhou 18 bebês e 50 veículos a cada hora. Há no momento 6,9 milhões de veículos circulando pela capital paulista, entre os quais 5,1 milhões de automóveis, 876 mil motos, 705 mil micro-ônibus, caminhonetes ou utilitários, 159 mil caminhões e 42 mil ônibus. Nada menos que nove veículos para cada dez habitantes acima de 18 anos.


Somando todos os prejuízos individuais e corporativos causados pelos congestionamentos, chega-se a um custo gigantesco. Estima-se que só as cidades de São Paulo e Rio percam por ano o equivalente a R$ 45,5 bilhões, considerando-se todos os aspectos envolvidos, do gasto adicional de combustível ao chamado "custo de oportunidade" - tudo aquilo que as pessoas deixam de produzir enquanto o trânsito não anda. O prejuízo anual em São Paulo foi estimado em R$ 33,5 bilhões pelo professor Marcos Cintra, da Fundação Getúlio Vargas, e o do Rio em R$ 12 milhões pelo professor Ronaldo Balassiano, do Programa de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
 
Quem enfrenta os congestionamentos de São Paulo dia após dia talvez até se console um pouco ao saber que há situações ainda mais desoladoras mundo afora. Num estudo divulgado recentemente pela IBM, a capital paulista foi considerada o sexto pior trânsito entre as 20 grandes cidades pesquisadas, distribuídas por todos os continentes. A avaliação levou em conta uma série de fatores, dos emocionais aos econômicos, e chegou à conclusão de que Pequim e Cidade do México merecem compartilhar o título de pior trânsito do mundo. As outras cidades que "perdem" para São Paulo são Johannesburgo, Moscou e Nova Déli.


Os resultados evidenciam que a situação mais delicada está nos países em desenvolvimento, que enfrentam limitações orçamentárias para investimentos em infraestrutura e experimentaram nos últimos anos um rápido incremento no número de veículos em circulação. São Paulo é um exemplo típico: começou a década passada com uma frota de 5,1 milhões de veículos e a encerrou, no mês passado, com 6,9 milhões.


Um dos caminhos já testados e aprovados para desestimular o uso de automóveis é o pedágio urbano, a exemplo do existente em Londres. A discussão na capital inglesa sobre a adoção do sistema, com seu previsível impacto negativo na popularidade dos governantes, se estendeu por nada menos que três décadas, até a ideia ser finalmente adotada em 2003. Para circular entre as 7 e as 18 horas na área central da cidade e nos bairros próximos, paga-se uma taxa equivalente a R$ 21. Toda a fiscalização é feita por câmeras, que decodificam automaticamente as placas dos veículos e possibilitam a notificação de quem não cumprir a norma. Com o sistema funcionando, os congestionamentos foram imediatamente reduzidos em 30%.


Leia a matéria completa na  Revista "Eu & Fim de semana" do Valoronline.com.br