quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

OBAMA ASSUME E SUSPENDE MEDIDAS DO GOVERNO BUSH

Obama assume e suspende regulações pendentes da administração Bush e julgamentos de Guantánamo

O novo governo de Barack Obama, empossado ontem (20) presidente dos Estados Unidos, pediu já na terça-feira que todas as agências e departamentos federais interrompam qualquer processo de regulamentação até que sejam feitas revisões.

DEPOIS DA POSSE

"Nesta tarde, o chefe-de-gabinete da Casa Branca, Rahm Emanuel, assinou um memorando enviado a todas as agências e departamentos pedindo que interrompam todas as regulamentações pendentes até que uma revisão legal e de

diretrizes possa ser conduzida pelo governo Obama", disse a Casa Branca em comunicado horas depois da posse de Obama.

A revisão é uma ferramenta comumente usada por uma nova administração para atrasar as chamadas regulações tomadas na calada da noite, chamas nos EUA de "regulações da meia-noite", por ex-presidentes entre a eleição e o dia da posse.

Essas regulações têm sido amplamente usadas por ex-presidentes recentes, incluindo o democrata Bill Clinton, o republicano George H. W. Bush e, mais recentemente, seu filho George W. Bush.

O DISCURSO

Regras tardias e controversas formuladas pelo agora ex-presidente Bush incluem a permissão para o porte de armas escondidas em alguns parques nacionais e a retenção de verbas para instituições de saúde que discriminem médicos e enfermeiras que se recusem a trabalhar em abortos ou na distribuição de anticoncepcionais com base em credo religioso.

A lei federal exige um período de 60 dias até que qualquer importante mudança regulatória entre em vigor, de modo que alguns presidentes tentam publicar o maior número de regulamentações possíveis para assegurar que elas já estejam valendo antes da posse do novo presidente, em 20 de janeiro.

GUANTÁNAMO

Barack Obama também solicitou na noite desta terça-feira a suspensão temporária nos julgamentos militares de cinco acusados de terrorismo na base de Guantánamo, em Cuba. O pedido foi feito por Obama e por seu secretário de Defesa, Robert Gates, e deverá ser analisado por juízes militares ainda nesta quarta-feira. A solicitação foi feita horas antes do início das audiências de cinco acusados de terem ligações com os atentados contra os Estados Unidos de 11 de setembro de 2001.

No documento de duas páginas, o governo afirma que os "interesses da justiça" serão contemplados com a imediata suspensão dos julgamentos.

Foi solicitado um adiamento de 120 dias nas audiências.

Encontro com comandantes militares

Obama se reunirá nesta quarta-feira (dia 21) com os comandantes militares e sua equipe de segurança nacional, informaram funcionários democratas.

Entre os convocados para a reunião estão o secretário de Defesa, Robert Gates, e o chefe do Estado-Maior, o almirante Mike Mullen, além do comandante do Comando Central, o general David Petraeus.
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Também participarão do encontro, mas por video-conferência, o general Ray Odierno, a cargo das tropas no Iraque, e o general David McKiernan, responsável pelas forças norte-americanas no Afeganistão.

No último domingo, o assessor político de Obama, David Axelrod, havia dito que o novo presidente deve pedir aos comandantes militares um plano para a retirada das tropas do Iraque e anunciar reforços no Afeganistão.

Durante sua campanha eleitoral, Obama defendeu o retorno dos militares americanos no Iraque em 16 meses. Hoje, em seu discurso de posse, ele voltou a prometer que, durante seu mandato, os soldados começarão deixar o país árabe, mas "de maneira responsável".

O novo presidente americano também havia prometido dar mais atenção à guerra no Afeganistão, onde os comandantes pedem reforços ante o ressurgimento do movimento talibã, sobretudo no sul do país.

Cerimônia de posse

Obama se tornou hoje o 44º presidente dos Estados Unidos, após jurar sobre a Bíblia e diante de mais de 2 milhões de pessoas reunidas em frente ao Capitólio de Washington "desempenhar com fidelidade o cargo e defender a Constituição dos EUA".

No discurso de posse, Obama relembrou os fundadores dos Estados Unidos. Também direcionou o seu discurso aos não norte-americanos: "A América é amiga de toda nação em busca de paz e prosperidade", afirmou, pouco antes de falar em deixar o Iraque a seu povo e a levar paz ao Afeganistão. "O mundo mudou, e precisamos mudar com ele", afirmou.

Sobre a economia, Obama citou "esperança" e "medo": "nós escolhemos a esperança sobre o medo. Sabemos da gravidade da crise, pois vemos a situação que vivemos, com milhares de empregos perdidos. Mas juntos conseguiremos sair dessa crise". O presidente afirmou ainda que os problemas não serão resolvidos facilmente nem em pouco tempo, mas que serão enfrentados. "A nossa economia está enfraquecida como consequência de ganância e irresponsabilidade de alguns", afirmou.

"A América precisa desempenhar o seu papel de trazer essa nova era de paz", disse Obama. "O mundo mudou e precisamos mudar com ele." "Vamos começar a deixar responsavelmente o Iraque."

"Que estamos no meio de uma crise, não é algo novo. Nossa economia está enfraquecida pelas escolhas de alguns. Os problemas não serão enfrentados em pouco tempo ou facilmente, mas, saiba disso América, serão enfrentados", disse Obama.

"Teremos que enfrentar dogmas que por muito tempo impediram nossa nação de funcionar melhor", completou. "Nosso momento de defender interesses estreitos e pequenos acabou. O Estado da economia precisa de ação corajosa, e vamos agir."

Obama citou os ideais da Constituição americana e afirmou que eles ainda são os mesmos feitos pelos fundadores do país. "Nós somos os guardiões desse legado." "Somos uma nação de judeus, hindus, de toda língua e cultura", disse. "Seu povo vai julgar baseado no que vai construir e não destruir", completou, referindo-se às nações em guerra.

Por fim, Obama citou o pai, afirmando que, há alguns anos, ele sequer poderia comer em um restaurante e que, agora, seu filho está no Capitólio, tomando posse como presidente. "Vamos enfrentar as tempestades que podem vir."

Os passos da posse

Barack Obama tomou posse como o 44º presidente do país, um acontecimento inédito para os Estados Unidos, que terá seu primeiro líder negro. Ele chegou ao Capitólio por volta das 14h, acompanhado pelo então presidente George W. Bush, sob forte esquema de segurança.
Após fazer o juramento de posse, acompanhado de seu vice, Joe Biden, Obama realiza o trajeto do desfile do Capitólio até a Casa Branca.

Obama deu início às cerimônias de posse com um ofício religioso, acompanhado pela mulher, Michelle. O casal chegou à Casa Branca para um café com o atual presidente George W. Bush e o vice Dick Cheney, por volta das 13h30 (horário de Brasília).

Obama, sorridente, beijou Laura na face e apertou cordialmente a mão de Bush que lhe deu um tapinha no ombro; Michelle Obama beijou o casal Bush e entregou um presente a Laura.

Antes, Obama e Michelle foram levados de carro até a igreja Episcopal St. John para uma cerimônia de cerca de uma hora. O casal presidencial estava acompanhado pelo vice eleito, Joseph Biden, e sua esposa Jill.

Em um telegrama enviado nesta terça, o papa Bento 16 pediu ao novo presidente que promova a paz e a cooperação entre as nações. "Rezo para que se comprometa em promover a compreensão, a cooperação e a paz entre as nações", escreveu.

Mais de 2 milhões de pessoas enfrentaram 6 ºC negativos em Washington para assistir à cerimônia. Grupos cantam slogans como "Yes, we can" (Sim, nós podemos) e "USA, USA" (sigla para EUA, em inglês).

Televisores foram instalados ao redor do National Mall para que todos possam ver o presidente


Fonte: diversas - com AFP, AP, Efe e Reuters, BBC Brasil, Folha Online e informações de Fernanda Brambilla, em Washington

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