PORTO VELHO - Cerca de 30 pessoas foram presas, entre madeireiros, garimpeiros e grileiros de terra, numa operação realizada durante 15 dias por funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai), policiais ambientais e índios de várias etnias. Eles são acusados de desmatar a maior área preservada de Rondônia: a terra indígena de Uru-eu-wau-wau, que tem mais de um 1,8 milhão de hectares - o equivalente a 10% do estado. Nos últimos anos, cerca de 90 quilômetros quadrados foram desmatados. A área corresponde a menos de 1% do total, mas é de grande importância pela biodiversidade e por concentrar os principais rios que abastecem a região.
Os madeireiros fazem o chamado 'trabalho de formiguinha'. Eles não usam grandes máquinas, e agem discretamente dentro da floresta. Trabalham com motosserras pequenas e um caminhão para transportar a madeira extraída ilegalmente. No meio da mata, fiscais encontram até uma serraria improvisada cheia de toras cortadas em forma de pranchas. Em outro caminhão encontrado, a madeira já estava pronta, cortada em vigas. A ONG WWF-Brasil fez um sobrevoo pela região. De cima, é possível ver as clareiras abertas na mata pelo desmatamento.
O território da maior reserva indígena de Rondônia ainda é motivo de discussão judicial desde a década de 1980. Num trecho, um dos primeiros a ser declarado como reserva indígena, vivem cerca de 60 famílias. Elas têm o título de propriedade cedido pelo Incra, mas o documento é contestado pela Funai. Enquanto a questão não é resolvida, nenhuma árvore pode ser derrubada. Mas um passeio pela região mostra que isso não está sendo cumprido. Na estrada, há restos de uma árvore cortada. No final da trilha, os agentes encontraram outra árvore derrubada. Os madeireiros abandonaram o tronco, que estava sendo dividido.
Poucos metros à frente, eles encontraram a serraria clandestina. Nela, toras de madeira abandonadas. Logo depois da chegada dos policiais, um rapaz tenta passar pela área: "Eu só vim dar um recado para esse meu cunhado que mora na fazenda", diz ele. Mas logo os policiais desconfiam da história e encontram pó de madeira em seus braços. O rapaz confessou que era ele quem serrava uma castanheira.
- Uma série de fatores contribui para a ação dos madeireiros. Temos um quadro mínimo de pessoal e eles trabalham na maioria das vezes à noite, no meio do mato, transformando a madeira, dificultando as nossas ações - diz Jorge Leal, agente da Funai.
Para os ambientalistas, o crime esconde uma rede de destruição, que tem no topo, alguém que se protege pagando pouco e contratando várias pessoas.
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