quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O Açaí, fruto típico de uma palmeira amazônica, ganhou o mundo


O açaizeiro é uma palmeira tipicamente tropical, encontrada no estado silvestre e faz parte da vegetação das matas de terra firme, várzea e igapó. A palmeira também é explorada na região para a extração do palmito. Conhecido por ter uma polpa com grande poder nutritivo, a fruta é consumida no mundo todo em bebidas, mix de frutas, sorvetes e cápsulas.

O Açaí, fruto típico de uma palmeira amazônica, ganhou o mundo. É vedete nas lanchonetes de cidades litorâneas do Brasil, em quiosques de Los Angeles e Nova Iorque (EUA) e até em Paris (França). Açaí, típico da região Amazônica, fruto do açaizeiro (Euterpe oleracea, família Palmae) é muito utilizado pelos habitantes no preparo de sucos, vinhos, doces, licores e sorvetes. O açaizeiro é uma palmeira tipicamente tropical, encontrada no estado silvestre e faz parte da vegetação das matas de terra firme, várzea e igapó. A palmeira também é explorada na região para a extração do palmito. Conhecido por ter uma polpa com grande poder nutritivo, a fruta é consumida no mundo todo em bebidas, mix de frutas, sorvetes e cápsulas.

Na região amazônica, o suco feito com a polpa é conhecido como “vinho de açaí”. Consumido geralmente com farinha de tapioca, faz parte da alimentação local. Hoje, o estado que lidera a produção é o Pará, com quase 90% do mercado, mas o açaí é apreciado em toda a região amazônica e recentemente tem sido também consumido pelos estados do Sul e Sudeste do Brasil, principalmente por academias e atletas.


Açaizeiro

 Despolpamento do fruto
Pelo despolpamento do fruto, obtem-se o tradicional "vinho do açaí", bebida de grande aceitação e bastante difundida entre as camadas populares, considerado um dos alimentos básicos da região. O caroço (endocarpo e amêndoa), após decomposição é largamente empregado como matéria orgânica, sendo considerado ótimo adubo para o cultivo de hortaliças e plantas ornamentais.

Utilização da Estirpe do Açaí
Quando adulto e bem seco, a estirpe é bastante utilizado como esteio para construções rústicas, ripas para cercados, currais, paredes e caibros para coberturas de barracas, lenha para aquecimento de fornos de olarias. Experiências realizadas pelo Idesp-Pará, demonstraram a sua importância como matéria-prima para produção de papel e produtos de isolamento elétrico.

A Copa
As folhas do açaí servem para cobertura de barracas provisórias e fechamento de paredes, especialmente as de uso transitório como as utilizadas pelos roceiros e caçadores. Quando verdes e recém-batidas, servem como ração, sendo bastante apreciada pelos animais. As folhas do açaizeiro, após trituração, também fornecem matéria-prima para fabricação de papel. Na base da copa, constituída pela reunião das bainhas e o ponto terminal do estipe, encontra-se um palmito de ótima qualidade e muito procurado pelas indústrias alimentícias.

As bainhas da folhas, por sua vez, após separação para extração do palmito e os resíduos deste, são utilizadas como excelente ração para bovinos e suínos, bem como - após decomposição - excelente adubo orgânico para hortaliças e fruteiras.

A Planta
É palmeira de belo porte, apresentando-se bastante alta, quando em concorrência na floresta, porém de porte médio se cultivada isoladamente ou sem influência de árvores de grande porte. Presta-se com ótimos resultados para ornamentação de jardins e parques. Pelas características de cultura permanente, pode ser recomendada para proteção do solo, por apresentar uma deposição constante de folhas, aliado ao sistema radicular abundante que possui.

Importância Comercial
O açaí é de importância incalculável para a região amazônica em virtude de sua utilização constante por grande parte da população, tornando-se impossível, nas condições atuais de produção e mercado, a obtenção de dados exatos sobre sua comercialização. A falta de controle nas vendas, bem como a inexistência de uma produção racionalizada, uma vez que a matéria-prima consumida apoia-se pura e simplesmente no extrativismo e comercialização direta, também impedem a constituição de números exatos.

Variedades
O açaizeiro apresenta duas variedades bastante conhecidas pelo homem interiorano, cuja diferenciação é feita apenas pela coloração que os frutos apresentam quando maduros, as quais podem ser assim caracterizadas:

Açaí Roxo:
É a variedade regional predominante conhecida com açaí preto, pois seus frutos apresentam, quando maduros, uma polpa escura, da qual se obtém um suco de coloração arroxeada "cor de vinho", originando assim, a denominação popular de "vinho de açaí".

Açaí Branco
É assim denominado por produzir frutos cuja polpa, quando madura, se apresenta de coloração verde-escuro brilhante, fornecendo um suco (vinho) de cor creme claro.

Além de ser aproveitado de todas estas formas, o palmito do açai, que é muito apreciado e considerado como um prato fino, é comercializado em grande escala e chega a ser exportado.

Bom para a Saúde
O mais recente resultado da pesquisa traz nova boa notícia aos consumidores do açaí. Em artigo publicado no Journal of Agricultural and Food Chemistry, os cientistas descrevem que os antioxidantes contidos no fruto são absorvidos pelo organismo humano. O estudo envolveu 12 voluntários, que consumiram açaí em polpa e na forma de suco, esta última contendo metade da concentração de antocianinas – pigmentos que dão cor às frutas – do que a versão em polpa. Os dois alimentos foram comparados com sucos sem propriedades antioxidantes, usados como controle.

Amostras do sangue e da urina dos participantes foram tomadas 12 e 24 horas após o consumo e analisadas. Segundo os pesquisadores, tanto a polpa como o suco apresentaram absorção significativa de antioxidantes no sangue após terem sido consumidos. "O açaí tem baixo teor de açúcar e seu sabor é descrito como uma mistura de vinho tinto e chocolate. Ou seja, o que mais podemos querer de uma fruta?", disse Susanne Talcott, principal autora do estudo, do qual também participaram cientistas das universidades do Tennessee e da Flórida.

Segundo ela, trabalhos futuros poderão ajudar a determinar se o consumo do açaí pode resultar em benefícios para a saúde com relação à prevenção de doenças. O grupo do qual faz parte tem estudado a ação do açaí contra células cancerosas. “Nossa preocupação é que o açaí tem sido vendido como um superalimento. E ele definitivamente tem atributos notáveis, mas não pode ser considerado uma solução para doenças. Há muitos outros bons alimentos e o açaí pode ser parte de uma dieta bem balanceada”, disse Susanne.

O artigo Pharmacokinetics of anthocyanins and antioxidant effects after the consumption of anthocyanin-rich açai juice and pulp (Euterpe oleracea Mart.) in human healthy volunteers, de Susanne Talcott e outros, pode ser lido por assinantes do Journal of Agricultural and Food Chemistry em http://pubs.acs.org/journals/jafca

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

prioridade ZERO.


„ Zenaldo Coutinho, tão logo assuma, contratará com a UFPA a realização de cursos de capacitação e atualização em gestão pública para os funcionários da prefeitura.


O Liberal. 

Só tem uma vaga, e têm mais candidatos...

Ô FOGO

Tucanos

O começo de 2013 promete pegar fogo no ninho tucano paraense e a principal faísca é a disputa pela presidência do partido. Além de Nilson Pinto, que sairá da secretaria especial de Promoção Social para assumir o seu mandato na Câmara, o deputado Wandenkolk Gonçalves já comunicou ao governador Jatene que está em plena campanha nos diretórios municipais pelo comando do PSDB no Estado. Até a data das eleições, em abril, Pinto estará à frente do partido, uma vez que é o vice da legenda e Zenaldo Coutinho, o atual presidente, se afastará do cargo para assumir a prefeitura de Belém.

O Liberal.com 

Padroeiro dos paraenses


Ô ANUÁRIO

Mineração


Em recente viagem ao Rio de Janeiro, o presidente do Simineral, José Fernando Gomes, visitou o empresário Eliezer Batista. Na pauta do encontro, discussões sobre os rumos da atividade mineral no Pará e no Brasil e a importância da educação para o desenvolvimento econômico do País.

Eliezer Batista parabenizou o Simineral pela iniciativa do lançamento do Anuário Mineral do Pará, publicação inédita que traça uma radiografia completa da mineração no Estado.

O Liberal.com


quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

FHC. A única discussão no Congresso foi a divisão de royalties que ainda nem existem



RIO E SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou o governo Dilma Rousseff durante almoço com empresários no Rio de Janeiro nesta quarta-feira. O tucano afirmou que falta transparência e debate com a sociedade nas decisões do governo.

“A única discussão no Congresso foi a divisão de royalties que ainda nem existem. Os temas deixaram de ser públicos, estamos vivendo de novo como nos anos 1970, o governo decide e publica sem debate na sociedade”, declarou.

“A sociedade está um tanto anestesiada, não está reagindo às medidas sendo tomadas, ainda quando boas”, declarou. “Outra vez nós sentimos que o Brasil precisa de uma sacodida forte. Não pode continuar no marasmo”, disse FHC após lembrar os feitos de seu governo na estabilização da economia com o Plano Real.

“O que não nos faltava naquele momento era audácia e o sentimento de que o que vale mesmo é o que fica para o país, muitas vezes temos que arriscar até mesmo nosso capital político”, completou. FHC disse, no entanto, que Dilma tem boa vontade. “A presidente tem boa vontade, dizendo que vamos fazer 800 aeroportos, mas eu quero três. Há vontade de grandeza, mas o resultado não é positivo”, disse.

(Luciana Bruno | Valor)

Para o Ipea, crescimento econômico depende do aumento do investimento



RIO - A retomada mais robusta e sustentada do crescimento econômico no curto prazo depende da recuperação do setor de bens industriais e, mais especificamente, do setor de bens de capital, por meio de aumento dos investimentos. A afirmação está na carta de conjuntura de dezembro, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Segundo a carta de conjuntura, a recuperação de investimentos é necessária para impulsionar a demanda agregada e, no contexto atual, dividir com a atividade de consumo o papel de dinamizar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, a carta afirma que o crescimento dos investimentos pode estimular o setor industrial e reduzir níveis de ociosidade existentes, além de gerar maior capacidade de crescimento econômico no futuro.

O Ipea destacou que em 2012 a atividade econômica tem tido um desempenho aquém do desejado. A produção industrial acumula queda de 2,8% no período janeiro a setembro, o que impacta negativamente o PIB, que acumulou alta de 0,7% nos três primeiros trimestres do ano. “A variação positiva do PIB tem sido garantida pelo setor de serviços, com crescimento acumulado de 1,5% no ano”, destacou Fernando Ribeiro, coordenador do Grupo de Análises e Previsões (Gap-Ipea).

Segundo Ribeiro, o governo respondeu às preocupações com o nível de atividade econômica por meio de mudanças no mix de política macroeconômica em associação com medidas de caráter microeconômico. “Na área monetária procura-se uma combinação de juros mais baixos, câmbio mais desvalorizado e manutenção da inflação dentro dos limites do sistema de metas, optando-se por um processo mais gradual de convergência da inflação para o centro da meta”, disse a carta de conjuntura.

Já na política fiscal o Ipea observou que o governo busca elevar os investimentos públicos sem abrir mão dos gastos sociais, dando prioridade ao controle das despesas com pessoal e encargos, que se reduzem como proporção do PIB. As medidas do governo também contemplam desonerações fiscais, bem como a redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que incide sobre os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Mesmo com os estímulos a atividade continua tímida. “Tendo em vista as medidas expansionistas de política econômica e a ociosidade do setor industrial, e tomando-se como referência a experiência pregressa, seria razoável esperar que a economia brasileira já estivesse em um novo ciclo de crescimento”, disse a carta de conjuntura. No entanto, o Ipea afirmou que as razões para a recuperação estar ocorrendo em ritmo mais lento do que o esperado ainda não são claras.

A carta diz ainda que o quadro econômico brasileiro atual mostra uma economia em que o consumo cresce de forma consistente – com base em ganhos reais de salário, aumento de emprego e crédito e crescentes transferências do governo —, mas que encontra dificuldades para expandir os investimentos de maneira mais firme, além de enfrentar restrições externas para expandir suas exportações. “O reflexo deste quadro no lado da oferta é um desempenho relativamente desanimador da produção de bens de capital e de tradeables [comercializáveis] em geral – em suma, de bens industriais – e um desempenho mais favorável do setor de serviços”, diz a carta.

Para FHC, Congresso não exerce papel de fiscalizar ações do governo



RIO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou a atuação do Parlamento brasileiro. Segundo o tucano, o Congresso Nacional age à sombra das decisões do Executivo e não exerce seu dever de fiscalizar as ações do governo.

“Acho que, infelizmente, o Congresso abdicou de ser um poder para ser áurea, para apoiar medidas [do governo]”, afirmou a jornalistas no Rio. “O problema é que o Congresso deixou um vazio, não está exercendo o poder que ele tem de fiscalização. Não tenho porque me solidarizar com o erro, mesmo no meu partido”.

FHC criticou ainda a postura dos parlamentares na votação dos vetos da presidente Dilma à redistribuição dos royalties do petróleo. De acordo com ele, a decisão de votar em um só dia mais de três mil vetos apenas para poder redistribuir os royalties não é correta. “Ninguém vai acreditar que tenha sido uma decisão pensada, quando o objetivo é outro”.

O ex-presidente se disse contra a redistribuição dos recursos do petróleo que quebram contratos já assinados pelos Estados produtores. FHC elogiou a decisão do governo de tentar limitar a aplicação dos recursos com educação. Segundo ele, se cair o veto da Presidência à aplicação dos royalties em educação, “não vai ter limitação, será tudo transformado em gastos correntes”.

O tucano também negou que haja uma crise entre o Congresso e o Supremo tribunal Federal deflagrada pela cassação dos mandados de parlamentares condenados pela Corte no processo do Mensalão. “É buscar tempestade em copo d’água”, afirmou.

De acordo com ele, o Congresso deve acatar a decisão do Supremo de cassar os mandados, mas há uma questão de interpretação sobre os procedimentos. “Uma vez que o Supremo toma a decisão de suspender os direitos políticos não há como a pessoa exercê-lo, mas eu entendo que o Supremo informa ao Senado ou à Câmara que tomam a decisão formal”, disse.

(Guilherme Serodio | Valor)

A esquerda política desapareceu, afirma sociólogo espanhol

Da indignação à esperança 


Esse é o caminho descrito pelo sociólogo Manuel Castells (nascido em Hellín, Albacete, em 1942) nos movimentos de protesto que sacudiram os países árabes e o Ocidente, com especial presença na Espanha. Um movimento que se organiza nas redes de computadores e se concretiza nos espaços urbanos ocupados: da Porta do Sol ou da Praça Tahrir até Wall Street. Castells, catedrático na Universidade do Sul da Califórnia, vê aí o germe da mudança para formas de democracia mais participativas. É o que explica em sua última obra, "Redes de Indignação e Esperança" (ed. Aliança).

El País: Faça um balanço do movimento dos indignados.
Manuel Castells: Ele vai por países. Na Islândia se nacionalizaram os bancos, se expulsaram os dois partidos que a governavam desde 1927, criou-se um novo governo com a democracia participativa, elaborou-se uma nova Constituição discutida pela Internet, com milhares de cidadãos intervindo. Foi uma revolução, pacífica, mas uma revolução. Em alguns países árabes se acabaram as ditaduras. Pode-se pensar se o islamismo agrada mais ou menos, mas é outra coisa. Ditaduras inalteradas durante décadas se acabaram em semanas. Na Tunísia, no Egito. Em outros casos, os governantes avisados transformaram as revoltas em guerra civil. Nos EUA a distinção entre ricos e pobres era alheia à cultura americana, e agora é um assunto vivo e teve um efeito eleitoral de segundo grau na campanha, a favor de Obama.

El País: E na Espanha?
Castells: A Espanha é o país da Europa onde o sistema político mostrou menos sensibilidade diante dos protestos, e com os dois grandes partidos de acordo em ignorá-los. O caso mais drástico é o das hipotecas. Os suicídios dispararam o alarme social, mas há mais de um ano e meio que vem se colocando sem resposta. A opinião pública registrou as críticas do 15-M. As pesquisas indicam 70% de apoio, mas também registram que quase não se acredita que haja capacidade de mudança. Mudou a consciência das pessoas, mas o sistema político se mantém impermeável. E isso pode degenerar em confrontos e violência.

El País: Uma violência que o movimento rejeita totalmente.
Castells: Com uma sociedade mobilizada, indignada, sem resposta institucional verossímil, é difícil evitar a violência. Espero que não ocorra, e muita gente do 15-M também espera.

El País: O senhor indica que parte da desconfiança em relação aos partidos se deve a que são vistos como subordinados ao capitalismo financeiro. Mas anota que não há uma rejeição do capitalismo.
Castells: Dentro do movimento há uma tendência que é anticapitalista, mas nem todo o movimento o é. O que se rejeita é o sistema financeiro como funciona hoje. Sua indignidade e imoralidade. Também a subordinação das instituições e dos partidos. O movimento parte do mal-estar econômico e social, mas é sobretudo um movimento político que exige a democracia real. Fez várias propostas razoáveis de democratização do sistema eleitoral, porque a sociedade mudou, mas o sistema político não muda. Gerou mais debate e criou mais consciência política que os partidos nos últimos 20 anos. Isso logo se traduzirá em votos. O problema é que nenhuma das propostas políticas reflete hoje essa nova sensibilidade.

El País: De modo que, quando houver eleições, vencerão as formações que defendem o contrário.
Castells: É que a esquerda desapareceu. Hoje, em termos políticos, estamos em um período constituinte. Não desaparecem os partidos conservadores, mas a esquerda está em crise, apesar de haver um espaço de centro-esquerda que não é preenchido porque a lei eleitoral funciona como um mecanismo de bloqueio. Os partidos espanhóis se sentem acossados, creem que se se abrirem desaparecerão. E têm razão, sobretudo a esquerda. E isso é dramático.

El País: O movimento se comunica através das redes, como antes os operários se reuniam na fábrica.
Castells: Todos os movimentos sociais nascem da comunicação. O indivíduo isolado com seu tédio não tem força. Pode suicidar-se. Os suicídios são o que precede as revoluções islâmicas. As pessoas passam da humilhação à autodestruição. A sorte é que existe um espaço de comunicação, a Internet, no qual vivem muitos jovens. As pessoas se organizam onde vivem. Os operários se comunicaram nas fábricas, os jovens de hoje o fazem na Internet, mas é vital que logo ocupem o espaço público. Ao ocupar um espaço público, as pessoas percebem que ele existe e que podem impor seu direito à cidade, acima das regras de trânsito. O que produz as mudanças históricas é a combinação de um espaço de comunicação, um espaço de reunião, um espaço de incidência política. São velhas liberdades (de reunião, de expressão) traduzidas para a era digital. Os movimentos nascem na rede e se organizam no espaço urbano. E como a ocupação do espaço urbano não pode se eternizar (às vezes a polícia se encarrega disso), se replicam na rede, mas não desaparecem.

El País: Uma comunicação que o poder combate com a coação e a manipulação.
Castells: A dominação perfeita é a que não se sente. Pode ser por adesão aos valores dominantes ou por resignação, e aí os processos de persuasão são fundamentais. Quando falham, se recorre à coerção, mas os melhores sistemas de controle são os que não precisam do uso da polícia.

El País: O senhor ressalta o papel das emoções, do medo que paralisa ou da esperança que estimula.
Castells: A primeira emoção que aparece é a indignação. O medo instiga as pessoas. O medo de perder o pouco que lhes resta. O medo e a resignação paralisam as pessoas. Isso explode quando não se aguenta mais. Nesse momento se supera o medo. A esperança chega quando você supera o medo e encontra nas redes, na rua, muita gente que está igual a você. Essa é a passagem do medo para a esperança. Não se produzem efeitos em curto prazo, mas mesmo assim as pessoas se sentem melhor protestando do que ficando em casa.

Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Renato Casagrande (PSB) defende discussão de pacto federativo

Governador Renato Casagrande
RIO - O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), se disse aliviado com a decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, de suspender a votação do Congresso sobre o veto presidencial à lei que redistribui os royalties e participações especiais sobre a exploração do petróleo. Casagrande afirmou que vai propor ao governo federal, governadores e ao Congresso um pacto federativo que leve ao entendimento de temas que opõem os entes da federação.

“O Congresso insistiu em errar no método e o Supremo está pedindo ao Congresso para corrigir [sua postura]”, afirmou ao Valor sobre a decisão do ministro Fux. “E eu acho que se o Congresso insistir em errar no mérito, o Supremo também vai corrigir. O Supremo acaba sendo o porto em que estamos ancorando nossos direitos”, disse sobre a possibilidade de a corte dar a palavra final sobre a questão. Os governos do Rio e Espírito


Santo já têm prontas ações de inconstitucionalidade para levar ao Supremo se o Congresso aprovar a redistribuição de recursos em campos já licitados.

A decisão de hoje deve dar mais um ou dois meses para que o tema volte à pauta do Congresso. Segundo ele, tempo será suficiente para se discutir o pacto federativo. Para Casagrande, o governo hoje não exerce a coordenação dos temas federativos.

“Eu vou propor aos governadores, ao governo federal e ao Congresso Nacional que nesse tempo que nós conquistamos se faça um pacto federativo”, afirmou. “Um pacto onde ninguém saísse como derrotados ou vitoriosos, mas com posições equilibradas e que isso levasse o governo a exercer um papel de coordenação federativa”, disse Casagrande, citando

outras discussões que dividem as posições de bancadas estaduais como a alíquota única para o ICMS de produtos importados. “Se esse pacto der certo pode ser que a gente faça um grande acordo, um grande entendimento. Minha proposta é essa”. Casagrande prometeu procurar outros governadores e a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, além dos presidentes da Câmara e do Senado nas próximas semanas.

O governador afirmou que a discussão dos royalties no Congresso gera “total insegurança” para o Espírito Santo. “A gente não sabe até que ponto a gente pode se comprometer com investimentos”, disse Casagrande, levando em conta também a questão da revisão do ICMS sobre importações.

(Guilherme Serodio | Valor)


“Decisões do STF deverão ser cumpridas”, diz Cardozo


BRASÍLIA - O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, evitou posicionar-se sobre o embate entre Supremo Tribunal Federal e Câmara dos Deputados, em razão da decisão do STF de determinar a perda de mandato de deputados condenados no julgamento do mensalão, contrariando interpretação feita pelo presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), para quem cabe ao Legislativo essa competência.

“Uma das funções centrais do ministro da Justiça é zelar pela separação de Poderes, e eu seria muito incorreto se fizesse considerações em questões que ultrapassam os limites do Poder Executivo e dizem respeito ao Poder Judiciário e ao Poder Legislativo”, disse o ministro, ex-secretário-geral do PT.

Ao ser questionado objetivamente se uma decisão judicial deve ser cumprida, Cardozo foi taxativo e lembrou que, quando transitadas em julgado, decisões judiciais passam a ter efeito de leis. “Decisões do Supremo Tribunal Federal (...) valem como lei e deverão ser cumpridas independentemente da avaliação que as pessoas possam subjetivamente fazer sobre elas.”

O conflito entre Legislativo e STF ampliou-se também depois que o ministro Luiz Fux decidiu na segunda-feira aceitar recurso apresentado por parlamentares do Rio de Janeiro para derrubar o pedido de urgência na análise dos vetos da presidente Dilma Rousseff ao projeto que altera a distribuição dos royalties do petróleo. Na semana passada, o Congresso havia antecipado a votação para a derrubada desses vetos, passando o assunto à frente de outros 3 mil que aguardam na fila.

(Bruno Peres / Valor)