terça-feira, 28 de julho de 2009

BELÉM - CONVÍVIO COM O LIXO E LAMA


Amazônia Jornal
Edição de 28/07/2009


Moradores da rua das Amoras, no Tapanã, reclamam do lamaçal no qual são obrigados a conviver, além de dois pontos que se transformaram em verdadeiros 'lixões' no local. De acordo com eles, a rua nunca recebeu qualquer tipo de pavimentação e, em períodos chuvosos, os alagamentos são constantes. Eles pedem uma providência da prefeitura para acabar com os problemas enfrentados. 'Os dois últimos prefeitos de Belém já estiveram aqui na época de eleição e prometeram asfaltar esta rua, mas até hoje nada foi feito. A gente precisa muito que a prefeitura nos ajude e pavimente logo a rua', disse o morador Francisco Viriato, de 47 anos.

De acordo com os moradores, a comunidade possui várias associações, mas elas nunca conseguiram que a reivindicação fosse acatada pela prefeitura. Francisco Viriato mora há 30 anos na passagem Presidente Dutra - que corta a rua das Amoras - e conta que ela sempre foi ruim e que nunca teve nenhum tipo de saneamento. De acordo com ele, os dois 'lixões' na via são formados por moradores de outras localidades, que vão até lá só para despejar o lixo e o entulho. 'Essa questão já gerou muita briga entre moradores. Hoje mesmo eu chamei a atenção de uma pessoa que veio despejar lixo aí, mas eles não nos ouvem', reclama o morador.

Cleude Maria Portugal de Castro, de 42 anos, mora há 26 anos na comunidade e conta que o caminhão de lixo passa na rua Presidente Dutra todas as segundas, quartas e sextas, mas muitos moradores de outras áreas não observam o calendário do recolhimento do lixo domiciliar. Além disso, depositam também entulho, cuja data de recolhimento eles desconhecem. Maria de Assis, de 44 anos, mora há cerca de dez anos na rua das Amoras e revela que queima o lixo no seu quintal porque acha mais fácil fazer isso do que levá-lo até a rua Presidente Dutra. 'Acho que o correto seria o carro do lixo também passar aqui na Amoras, mas acho que eles não passam porque a rua está em péssimo estado de conservação', acrescentou.

Através de nota enviada à redação, a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) informa que 'o trecho citado, na rua das Amoras, no Tapanã, é um ponto crítico de descarga de entulho'. Entretanto, a secretaria afima é feita a limpeza da área periodicamente. Ainda segundo a nota, hoje, 28, será um dos dias de limpeza do local. A secretaria esclarece ainda que uma equipe fará uma visita técnica na área, para avaliar a situação e adotar as devidas providências.
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Amazônia - Exportação de madeira cai quase 53% no semestre

Amazônia Jornal
Edição de 28/07/2009


A exportação de madeira no Pará fechou o primeiro semestre de 2009 em queda de 52,9%, se comparado ao valor comercializado no mesmo período do ano passado, conforme os dados divulgados ontem pela Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex). Para se ter uma idéia do prejuízo, se igualados os seis primeiros meses de 2008 ante a 2007, a queda não chegou a 9%. Ainda que o volume de exportações tenha aumentado 1,7% entre maio (29.384.624 kg) e junho (29.905.515 kg) deste ano - a defasagem cambial atrapalhou o plano dos produtores, pois a arrecadação entre os dois meses caiu 2,3%, totalizando um prejuízo de aproximadamente US$ 660 mil.

Os principais fatores que contribuem para os maus resultados da indústria, segundo especialistas, foram a grande quantidade de impostos pagos pelos produtores; a falta de demanda do mercado externo; a competição acirrada junto a outros países exportadores do produto tropical como Malásia e Indonésia, além das altas taxas de juros para pequenas e médias empresas, assim como a variação do câmbio para os grandes estabelecimentos.

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EDUCAÇÃO - MEC notifica 35 universidades particulares (dentre elas UNAMA) que não cumprem com minimo de mestres e doutores e com dedicação integral

O Ministério da Educação notificou ontem 35 instituições privadas de ensino superior que, segundo a pasta, não cumprem os percentuais mínimos de professores com dedicação integral ou com títulos de mestre e doutor estabelecidos pela legislação. Ao todo, elas oferecem quase 10% das vagas em cursos universitários no Brasil.

Elas terão 90 dias para resolver o problema. Caso continuem irregulares, estão sujeitas a processos administrativos que poderão culminar com o descredenciamento de cursos.

A medida atinge 11 centros universitários e 24 das 87 universidades privadas do país, como a PUC-MG e duas das maiores em número de alunos, a Universidade Presidente Antônio Carlos (MG) e a Universidade Salgado de Oliveira (RJ).

Sete das 35 instituições notificadas não poderão abrir novas vagas até comprovarem a regularidade da situação, já que a situação delas foi considerada mais grave, dentre elas a UNAMA do Pará.

A lei estabelece que as instituições de ensino superior devem ter um terço do corpo docente com dedicação integral. Para professores com título de mestre e doutor, centros universitários têm que respeitar a proporção de 20%, e universidades, de um terço. A diferença é que universidades têm mais autonomia para abrir vagas.

A Folha tentou contatar, na tarde de ontem, a Anup (Associação Nacional das Universidades Particulares), mas ninguém atendeu os telefones disponíveis no site da entidade.
Veja a lista completa das universidades notificadas pelo MEC
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DESMATAMENTO - Ecologistas e agropecuaristas se enfrentam pelo desmatamento da Amazônia


As riquezas da Amazônia são fontes de muita cobiça, em especial a dos agropecuaristas. E o debate que opõe ecologistas e ruralistas em torno do desenvolvimento dessa região povoada por 23 milhões de habitantes mobiliza o fervor dos defensores de cada campo.

Recentemente, foram os ecologistas que obtiveram uma vitória, ao tomar o mundo agrícola de surpresa. Um relatório da ONG Greenpeace sobre a criação descontrolada de gado na Amazônia levou as três principais redes de supermercados a suspenderem suas compras de carne proveniente de áreas desmatadas ilegalmente. Os contratos de diversos abatedouros também foram suspensos, o Banco Mundial rescindiu contrato com o frigorífico Bertin e a justiça entrou com ações contra 21 fazendas. "É preciso conscientizar as pessoas, pois a Amazônia está ameaçada pelo eixo do mal que alia o gado - o Brasil é o principal exportador mundial de carne - , à exploração ilegal de madeira e ao avanço da soja e da cana de açúcar", diz Paulo Adário, coordenador de campanha para o Greenpeace.

Um argumento que vai contra a maior defensora do agronegócio, a senadora do partido conservador Democratas (DEM), Kátia Abreu: "Não é crime produzir para exportar", se rebela aquela que preside também a Confederação Nacional da Agricultura, "pois nós não destruímos a vegetação, mas sim a substituímos por alimentos". Seu argumento choca: o agronegócio representa um terço do PIB e das exportações do país.

Essa rica fazendeira do Estado de Tocantins assumiu o papel de porta-voz dos agricultores que "muitas vezes não se expressam bem, são tímidos, rudes, simples". Assim que chega a Brasília, ela troca seu jeans por uma saia e sapatos envernizados e defende seus protegidos da tribuna do Senado. Ela também conta com o apoio da bancada ruralista, o grupo de deputados que apoiam a causa agrícola, com 150 dos 513 deputados.

"Kátia Abreu tem uma visão moderna do mundo agrícola, e o defende como uma tigresa", garante o agrônomo Dante Scolari, conselheiro para a comissão parlamentar da Agricultura. No Brasil, os lobistas miram os congressistas, apesar (ou por causa?) de sua reputação abominável de "corruptos".

Coletes à prova de bala e escolta

"Os ecologistas não devem ter o monopólio do debate", defende Kátia Abreu, que exigiu a demissão do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, depois de tê-lo ouvido chamar os grandes fazendeiros de "vigaristas". Ela diz: "Então para que interesses serve essa ONG estrangeira que só fala mal, em vez de também dizer ao mundo que o Brasil conservou 52% de sua vegetação original?"

Tratados com hostilidade por seus detratores, os militantes do Greenpeace percorrem a Amazônia por sua conta e risco. Com base em Manaus, Paulo Adário foi ameaçado de morte, e durante dois anos, esse homem de cinquenta e poucos anos grande e forte viveu com um colete à prova de balas, e uma escolta da polícia federal. Em 2005, a irmã missionária Dorothy Stang, defensora dos pequenos agricultores, foi assassinada por matadores de aluguel pagos por latifundiários.

Paulo Adário abandona a floresta para falar em encontros internacionais. "As autoridades brasileiras tremem diante de pressões internacionais", ele afirma, acreditando que o presidente Lula ainda não decidiu entre o desenvolvimento predatório e o desenvolvimento sustentável.

Enquanto eles o ouvem promover a solução brasileira dos biocombustíveis, os militantes do Greenpeace exigem que o Brasil prove que etanol de cana de açúcar não contribui para a destruição da Amazônia e do ambiente.

Esses dois adversários, entretanto, concordam quanto à solução que salvaria a majestosa floresta de novas destruições.

"A remuneração do serviço ambiental é a solução para todos nossos problemas", garante Kátia Abreu. "É preciso criar uma economia do meio ambiente onde o Estado criaria infraestruturas e créditos para uma exploração sustentável", completa Paulo Adário.

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segunda-feira, 27 de julho de 2009

ECONOMIA - O colapso do comércio mundial parou, mas não há sinais de uma recuperação


O comércio mundial tem sido um dos piores acidentes do abrandamento da economia mundial e fonte de alguns números particularmente surpreendente. Para o final do ano passado, todas as trocas no comercio mundial caíram. Segundo o Banco Mundial, o valor das exportações a partir de uma amostra de 65 países representando 97% do comércio mundial aumentou de 20,2% em setembro, em comparação com um ano antes. Mas, em Novembro de exportações tinham um valor 17,3% inferior a um ano antes, antes da crise com uma queda de 32,6% com relação a janeiro do ano anterior. Em Março, gestores do “South Korea’s Busan port”, um dos portos mais movimentados do mundo, disse que tinha espaço para armazenar cerca de 32.000 contentores vazios. Por sua vez o “Baltic Dry Índex”, que mede a demanda de navios que transportam mercadorias a granel, como minério de ferro ou carvão, passou de 11.793 no final de Maio do ano passado para um lamentável 663 no início de dezembro.
Isso reflete um pouco a crise pela que atravessa o comércio mundial.
Leia mais na revista “The Economist”
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CHILE - NOVA ALTERNATIVA DEMOCRÁTIVA AVANÇA NAS PESQUISAS E MUDA O QUADRO POLÍTICO DO PAÍS (em espanhol)



Tras los buenos resultados que obtuvo en la última encuesta desarrollada por La Tercera -en donde alcanzó un 21% en primera vuelta, quedando a cuatro puntos de Eduardo Frei y a nueve de Sebastián Piñera- el candidato independiente, Marco Enríquez-Ominami, analizó positivamente el sondeo y se centró en lanzar sus dardos a las candidaturas de la Concertación y la Coalición por el Cambio.

"Gracias a los chilenos, gracias por su apoyo, pero la verdad que 21% no es 50% más uno. Necesitamos trabajar muchísimo. Acá hay un dato, hay tres autos y dos van para atrás y uno va para adelante. Lo que importa es la dinámica, y nuestra dinámica es positiva, de crecimiento y de armonía" dijo Enríquez en entrevista con ADN Radio.

A renglón seguido señaló que en un escenario de segunda vuelta, si es que él no llegara a pasar, no votaría por Eduardo Frei.

"Mi candidato no es el senador democratacristiano que tiene ansias de poder inconmensurables que le prohibieron a él despertar sus mejores sentimientos, y que al revés, sus ganas de ser reelecto lo volcaron a ser un personaje que no conocíamos, lleno de odio, que no quiso primarias (...) Yo no quiero votar por él, porque creo que a Chile no le hace bien un hombre que hoy día está invadido por el odio e invadido por el miedo", sostuvo.

Con respecto a Piñera, el diputado ex PS criticó que "tiene un egoísmo infinito, sólo piensa en él". Además, advirtió que a su juicio el abanderado RN "no quiere ser Presidente... quiere ser ex Presidente. Quiere haber probado el elixir de ser Presidente, porque es una especie de perfume que se echa", concluyó.

Leia mais no Jornal "La Tercera" do Chile

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CHILE - COMPLICAM-SE AS ELEIÇÕES PARA A DIREITA E O CENTRO POLÍTICO


Desafiante chileno aposta em reformas
Marco Enríquez-Ominami deixa o partido de Bachelet e já alcança 13% em pesquisas com candidatura independente


Cineasta de 35 anos, que tem biografia marcada pela ditadura, prega para a classe média, extrato disputado entre governo e oposição

DA REPORTAGEM LOCAL

Num Chile onde pesquisas mostram o desinteresse em geral, e dos jovens em particular, pela política -1 em cada 5 chilenos com menos de 30 anos está registrado para votar- um candidato desafiante e jovem tem catalisado atenções.
É Marco Enríquez-Ominami, 35, deputado eleito para seu primeiro mandato pelo Partido Socialista (PS), de Michelle Bachelet. Ele deixou o partido para se lançar candidato independente e aparece na pesquisa nacional mais recente com surpreendentes 13% dos votos.
Carismático, cabelos sobre os ombros, é filósofo, cineasta, casado com uma jornalista de TV e usa todas as ferramentas de internet que Barack Obama transformou na ordem do dia da política dos "outsiders".
Nesta semana, enquanto estava em caravana pelo Chile, ele repetiu à Folha, por e-mail, o discurso que preocupa a coalizão governista.
"A Concertação é hoje uma instituição conservadora. Acumulou poder e privilégios que deve defender", disse. "Isso faz com que a segunda onda de reformas democratizadoras seja incompatível com ela."

O deputado não ataca a popular presidente, mas o candidato governista Eduardo Frei. Diz que o ex-presidente se junta aos progressistas "por razões instrumentais" e não quer uma reforma tributária.

A mudança é um eixo de seu programa, que prevê mais impostos para empresas e fortunas e menos para pobres e classe média, a quem ele prega igualdade de condições para competir na pouco móvel sociedade chilena.
Um discurso eficaz para a classe média, especialmente em seus extratos mais baixos, é um desafio para a Concertação, já que esse grupo não se sente diretamente beneficiado pelas políticas sociais do governo e é intensamente disputado pela campanha oposicionista.

O desafiante se vende como a versão 2010 de Bachelet, que, como primeira mulher presidente, representava frescor na política chilena. No passado, anunciou que faria um documentário sobre Hugo Chávez, mas tem criticado os ataques do venezuelano a ONGs de direitos humanos. À Folha ele frisou que seus projetos de mudança precisarão de tempo para gerar "consensos".
O deputado causou controvérsia ao defender uma negociação de uma saída do mar para a Bolívia -mas sem soberania boliviana sobre o território.

Ditadura
Como muitos políticos chilenos, sua vida foi marcada pela ditadura. O pai guerrilheiro e fundador do MIR (Movimento da Esquerda Revolucionária), Miguel Enríquez Espinosa, rejeitou exilar-se e foi morto pelo regime Pinochet em 1974. No exílio, sua mãe se uniu a outro mirista, o hoje senador Carlos Ominami, que o adotou.
Para a Concertação, o pior pesadelo é ver Enríquez-Ominami superando Frei nas pesquisas, quadro temporariamente afastado por recente levantamento nacional. A meta é não atacá-lo para não alijar seus eleitores no segundo turno. O mesmo cálculo fazem os direitistas. Mas o senador Ominami acha que, sim, o filho pode mais: "No início da eleição americana, Obama não era favorito". (FLÁVIA MARREIRO)

Leia mais no jornal Folha de S. Paulo

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DESMATAMENTO - Madeireiros devastam mais de 90 km² de reserva indígena em Rondônia

PORTO VELHO - Cerca de 30 pessoas foram presas, entre madeireiros, garimpeiros e grileiros de terra, numa operação realizada durante 15 dias por funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai), policiais ambientais e índios de várias etnias. Eles são acusados de desmatar a maior área preservada de Rondônia: a terra indígena de Uru-eu-wau-wau, que tem mais de um 1,8 milhão de hectares - o equivalente a 10% do estado. Nos últimos anos, cerca de 90 quilômetros quadrados foram desmatados. A área corresponde a menos de 1% do total, mas é de grande importância pela biodiversidade e por concentrar os principais rios que abastecem a região.

Os madeireiros fazem o chamado 'trabalho de formiguinha'. Eles não usam grandes máquinas, e agem discretamente dentro da floresta. Trabalham com motosserras pequenas e um caminhão para transportar a madeira extraída ilegalmente. No meio da mata, fiscais encontram até uma serraria improvisada cheia de toras cortadas em forma de pranchas. Em outro caminhão encontrado, a madeira já estava pronta, cortada em vigas. A ONG WWF-Brasil fez um sobrevoo pela região. De cima, é possível ver as clareiras abertas na mata pelo desmatamento.

O território da maior reserva indígena de Rondônia ainda é motivo de discussão judicial desde a década de 1980. Num trecho, um dos primeiros a ser declarado como reserva indígena, vivem cerca de 60 famílias. Elas têm o título de propriedade cedido pelo Incra, mas o documento é contestado pela Funai. Enquanto a questão não é resolvida, nenhuma árvore pode ser derrubada. Mas um passeio pela região mostra que isso não está sendo cumprido. Na estrada, há restos de uma árvore cortada. No final da trilha, os agentes encontraram outra árvore derrubada. Os madeireiros abandonaram o tronco, que estava sendo dividido.

Poucos metros à frente, eles encontraram a serraria clandestina. Nela, toras de madeira abandonadas. Logo depois da chegada dos policiais, um rapaz tenta passar pela área: "Eu só vim dar um recado para esse meu cunhado que mora na fazenda", diz ele. Mas logo os policiais desconfiam da história e encontram pó de madeira em seus braços. O rapaz confessou que era ele quem serrava uma castanheira.

- Uma série de fatores contribui para a ação dos madeireiros. Temos um quadro mínimo de pessoal e eles trabalham na maioria das vezes à noite, no meio do mato, transformando a madeira, dificultando as nossas ações - diz Jorge Leal, agente da Funai.

Para os ambientalistas, o crime esconde uma rede de destruição, que tem no topo, alguém que se protege pagando pouco e contratando várias pessoas.
Leia mais no G1 da Globo.

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POLÍTICA - Sarney perde apoio entre aliados, que cobram solução rápida para crise

BRASÍLIA - Fragilizado e sem a certeza de ainda ter maioria consolidada no Senado, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), está sendo pressionado a decidir seu destino político em agosto, quando acaba o recesso do Congresso. Aliados da base governista no Senado apostam que Sarney não resistirá à pressão cada vez mais forte das ruas após a divulgação de gravações da Polícia Federal, e tentarão articular uma solução negociada com o próprio Sarney. Hoje, o presidente do Senado não tem mais a certeza de que dispõe dos 41 votos necessários para barrar, no plenário da Casa, qualquer iniciativa de retirá-lo do cargo. É o que mostra reportagem de Isabel Braga e Cristiane Jungblut na edição desta segunda em O GLOBO. Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discute a crise do Senado em reunião com ministros da coordenação política.

A reunião antecipada do Conselho de Ética, antes do fim do recesso, está praticamente descartada. Mas, segundo Casagrande, ex-membro do Conselho, haverá uma batalha quando os conselheiros voltarem a se reunir. Isso porque o grupo de Sarney defende que, se o presidente do colegiado, Paulo Duque (PMDB-RJ), decidir engavetar as representações contra o presidente da Casa, o único recurso possível é levar o tema ao plenário do Conselho. Mas o entendimento é que o regimento prevê recurso ao plenário do Senado. Nesse caso, Sarney precisa ter 41 votos (entre os 80 colegas) para impedir tanto a abertura de processo, em caso de recurso, como de cassação. E sua base de apoio, sem o DEM e provavelmente sem o PT, está em torno de 40 votos.

Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, Lula não deve fazer novas defesas públicas de Sarney, mas ainda quer a manutenção do aliado no comando do Senado, por temer que a oposição assuma o cargo em caso de licença. Nem mesmo os aliados acreditam que Lula volte a enquadrar o PT, cobrando um novo recuo da bancada no Senado, depois da nota do líder, senador Aloizio Mercadante (SP), pedindo a afastamento de Sarney até o esclarecimento das denúncias. Mas Lula, afirmam interlocutores, interpretou a nota não como uma mudança de postura da bancada, e sim como uma manifestação de Mercadante como líder.
Leia mais no G1 da GLOBO

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domingo, 26 de julho de 2009

AMAZÔNIA - Pesquisadores afirmam que as queimadas alteram ciclos biogeoquímicos e clima


As queimadas na floresta amazônica, provocadas pela criação de áreas de pastagem, exploração da madeira e agricultura familiar, estão causando alterações nos ciclos biogeoquímicos (os percursos realizados no meio ambiente por um elemento químico) e afetando ainda mais o clima da região. A revelação foi feita pelos pesquisadores Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo (USP), e Flávio Luizão, do Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA), em uma mesa-redonda realizada, realizada no dia 15/07, durante a 61ª Reunião Anual da SBPC, realizada em Manaus (AM).

De acordo com os pesquisadores, um dos exemplos mais evidentes de alterações de ciclos biogeoquímicos na Amazônia provocados pelas queimadas é o do nitrogênio – um nutriente essencial para as plantas, que está presente no solo, no ar e na água. No estado gasoso, este elemento químico representa 78% da atmosfera, mas, para que seja aproveitado pelas plantas é necessário que os micróbios presentes nos caules das plantas e no solo capturem e quebrem o nitrogênio para disponibilizá-lo na forma de outros elementos. A partir daí, parte desse composto é fixado no solo sob as formas de nitrito e nitrato, por exemplo. E através das chuvas, chega aos meios aquáticos na forma de amônia.

Segundo os pesquisadores, o que está ocorrendo na Amazônia é que ao queimar a floresta parte dos compostos nitrogenados presentes nas árvores, como a amônia, por exemplo, são vaporizados e vão para a atmosfera onde se combinam com outros elementos e acabam formando chuva ácida. Isso também gera um aumento da quantidade de nitrogênio armazenado na biosfera, contribuindo para mudanças no ciclo hidrológico – de chuvas – e nas condições climáticas da região.

“A gente observa um impacto importante do homem na emissão de nitrogênio aqui na região amazônica através de queimadas”, afirma o pesquisador da USP Paulo Artaxo. Mas ele ressalva que o problema não diz respeito apenas à região. “Embora boa parte dessas ações ocorram na Amazônia, na verdade há uma contribuição global muito importante de queimadas, principalmente da África e da Oceania, que alteram o ciclo do nitrogênio. Mas é importante termos em mente que apenas o desmatamento no Brasil corresponde a 41% do desmatamento global”, compara Artaxo.
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