domingo, 8 de março de 2009

Dia Internacional da Mulher: As mulheres que fazem história

Uma das últimas composições de de Violeta Parra (1966)

Violência contra a mulher existe em todos os países, afirmam especialistas

O problema é tão crônico que mesmo em países desenvolvidos da violência contra a mulher é ainda latente. "Não existe país onde não haja algum tipo de violência contra a mulher", afirma a professora da USP e ex-senadora Eva Blay.

Com o propósito de erradicar este tipo de violação, a ONU definiu como tema deste 8 de março, "Mulheres e homens unidos para acabar com a violência contra mulheres e meninas". Para a pesquisa Wânia Pasinato, do Núcleo de Estudos da Violência da USP, admitir que o problema é de responsabilidade dos dois sexos já é um avanço.

"Não é um problema das mulheres. Os homens devem estar envolvidos não só na luta, mas sensibilizados para se reconhecer como parte dessa relação", explica.

Diferentemente de outros tipos de crime, o maior perigo para as mulheres está dentro de casa. Muitas vezes, ao seu lado, na cama. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), 70% das vítimas de assassinato do sexo feminino foram mortas pelos seus maridos ou parceiros. "O problema é que o homem ainda pensa que a mulher é um objeto, é propriedade privada. É necessário que o parceiro reconheça essa possessividade para se livrar dela", diz Eva. Wânia Pasinato segue a mesma linha de pensamento.
Segundo a professora, já há grupos de homens que se reúnem, em algumas ONGs para "trabalhar a questão da mascunilidade" no Brasil. No país, de acordo com a OMS, uma mulher é agredida a cada 15 segundos, um dos índices mais altos do mundo.
Leia a reportagem completa: http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2009/03/08/ult1859u746.jhtm

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

MUITOS PLANOS E NA PRÁTICA POUCA PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES, AINDA CONTINUAM SENDO O FOCO DA VIOLÊNCIA, POLÍTICA E FAMILIAR.

O 2º Plano Nacional de Políticas para as Mulheres lançado pelo governo em março do ano passado tinha entre suas metas o aumento no número de vereadoras eleitas nas eleições 2008.

Nas urnas, o resultado ficou longe do esperado, com as mulheres ocupando apenas 12,5% dos cargos em disputa, percentual praticamente idêntico ao do pleito de 2004, quando as mulheres se elegeram para 12,64% dos cargos de vereador no país.

O plano tem metas também para as eleições de 2010, de aumento em 20% no número de mulheres no Parlamento Nacional e nas Assembleias Legislativas Estaduais. A falta de ações efetivas em busca de um equilíbrio na representação feminina nos espaços de poder e a persistência de uma cultura que desprende a imagem da mulher desses espaços devem impedir, mais uma vez, que as metas sejam atingidas."Nós somos mais de 50% da população brasileira e a média geral de mulheres nos espaços de poder e decisão deve estar em torno de 10%. Em todos os Tribunais Superiores, a presença feminina é de 13%. A ausência das mulheres é um problema para a democracia brasileira, para a sociedade como um todo", afirma a subsecretária de articulação institucional da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Sônia Malheiros.

"A democracia fica mais frágil, não se consolida, se você não tem metade da população devidamente representada nos espaços em que se decidem as políticas", completa Sônia. Na Câmara dos Deputados, as mulheres ocupam 45 cadeiras, ou 8,7% de um total de 513, o que é classificado como "constrangedor" pela bancada feminina. No Senado Federal, são 11 mulheres (13,5%) para 81 vagas.

No Poder Judiciário, há casos como o do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que não conta com nenhuma representante feminina em seu quatro de ministros efetivos. No Conselho Nacional de Justiça há apenas uma mulher entre 14 homens. Veja a distribuição dos cargos políticos no país no quadro abaixo:


A sub-representação feminina fez com que a Secretaria de Políticas para as Mulheres voltasse a destacar o tema mulheres no poder neste 8 de Março. Um seminário para discutir o tema deverá contar com a participação do presidente Lula na cerimônia de abertura e com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), provável candidata do PT para as eleições presidenciais do ano que vem.

Para além da disputa política, o espaço que a ministra tem conseguido por conta da sua condição de 'presidenciável' é vista como positiva pelo cientista político da UnB (Universidade de Brasília) Leonardo Barreto. "Este é o fato mais importante para as mulheres na história da nossa República. Nós tivemos a Rita Camata como vice de José Serra (na campanha de 2002) e tivemos a Heloisa Helena como candidata a presidente (em 2006). Só que ter uma mulher com chances reais de ser eleita é mais significativo", analisa.

Também os casos de Argentina e Chile como alguns dos exemplos positivos por terem mulheres no comando do país. "Temos a Michelle Bachelet no Chile, a Cristina (Kirchner) na Argentina, a Angela Merkel (na Alemanha), a Hillary (Clinton), que fez uma disputa muito interessante nos Estados Unidos com o (Barack) Obama, entre uma mulher e um negro.

sábado, 7 de março de 2009

BRASIL, PARÁ - ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DA CPI DA PEDOFILIA

Clique aqui e assista entrevista com o presidente da CPI da Pedofilia Pará.

http://www.diariodopara.com.br/videos.php

BRASIL, PARÁ - CPI DEPOIMENTOS DOS PEDÓFILOS E VITIMAS ENVOLVIDAS NOS CASOS DE PEDOFILIA - TESTIMONIALS of pedophiles and victims involved

Ouça na Rádio Tabajara 106.1 Mhzt depoimentos do Deputado Seffer e do motorista Carepa e extratos do depoimento da vítima do crime de pedofilia.

O Deputado Seffer, para quem não conhece o individuo, é filho de quem fora funcionário da SUDAM, chamado de 20%, você sabe o que isso significa.

Ele destaca, como parte da sua honesta biografia, que nunca atrasou um pagamento de de dívidas.

Sobre a metodologia do depoimento o Deputado Seffer queria que seu depoimento fosse realizado em segredo. Pode uma coisa dessas?


Ouça agora das 14:00 as 16:00h.

http://www.radiotabajara.com.br/

Também FOI ouvido pela CPI João Carlos Vasconcelos Carepa, irmão da governadora Ana Júlia, igualmente acusado de abuso sexual contra uma menina, mas os advogados de defesa do suposto acusado entraram com um habeas corpus na tarde desta quinta-feira (5) para impedir o depoimento.

Sabe quem é o advogado que defende o Vasconcelos Carepa?. Pois é, poucos jornais informam disso, o mesmo advogado que defende os assassinos da missionária, Dorothy Stang, também defensor de madeireiros, traficantes e do crime organizado no Estado: o "Dr" como é chamado dentre os criminosos, Américo Leal.

Foi destacado nos comentários sobre a participação do irmão da Governadora, a atitude absolutamente isenta. ANA JULIA deu instruções para que o caso fosse amplamente investigado, sem importar que fosse o irmão dela um dos criminosos acusados de pedofilia.

Ele ficou calado, mudo. Recomendado pelo advogado de bandidos e de criminais, Américo Leal, não falou nada e sem nenhuma vergonha nada falou.

Ele não falou nem na sua defesa!!!!!

Quando perguntado se ele consentiria em que suas filhas fossem também estupradas e sofressem crime de pedofilia o Carepa preferiu também calar.

E você também ficaria calado?

A SEMANA POLÍTICA DE FERNANDO RODRIGUES - da Folha


Poder e política na semana
Destaque.
O senador Aloizio Mercadante (SP), líder do PT no Senado, classificou a eleição de Fernando Collor (PTB-AL) para a presidência da Comissão de Infraestrutura como resultado de uma "aliança espúria".
Pois é meu caro Senador, foram essas alianças espúrias as que trouxeram de volta ao Fernando collor para ocupar um lugar de destaque na política brasileira.
Quem pariu Matheus que o embale!!!

O ano vai começar para valer agora em Brasília (pelo menos, até a Páscoa...). Neste mês de março o governo deve enviar ao Congresso, depois de adiar várias vezes, a lei de acesso a informações públicas. A data ainda não está acertada.
Nesta semana, o deputado do castelo, Edmar Moreira (ex-DEM-MG), vai finalmente ser notificado (3a feira) sobre possível quebra de decoro e o tema das notas ficais dos congressistas vai voltar ao noticiário. Os deputados e os senadores achavam que iam se livrar dessa, que no Carnaval tudo seria esquecido. Nada disso. O assunto volta com força neste mês de março.
Nos bastidores verde-oliva, generais andam reclamando da Estratégia Nacional de Defesa. Pode sair algum coelho desse matagal.
A seguir, o que pode chamar a atenção na semana que começa: segunda (02.mar)
Lula em São Paulo – recebe o primeiro-ministro da Holanda, Jan Peter Balkenende, na FIESP. Depois, inaugura sistema de tratamento de esgoto em Campinas.

Embraer – o Ministério Público realiza audiência pública de mediação entre a Embraer e representantes dos empregados. Na semana retrasada, a empresa demitiu mais de 4 mil.

Alto Comando do Exército – reúne-se nesta semana. Alguns generais estrelados andam resmungando contra Política Nacional de Defesa.

TST – essa jabuticaba judicial dá posse ao seu novo presidente, ministro Milton de Moura França. Ocasião é boa para ver a corte brasiliense reunida, pois os políticos comparecem em peso para o beija-mão.

PEC dos Vereadores – deputados e senadores recebem vereadores para negociar a promulgação da PEC que aumenta o número de vagas nas Câmaras municipais. O encontro acontece às 8h.

terça (03.mar)
Coordenação política – Lula reúne a tropa, como de costume. Pauta: Dilma, 2010, Dilma, 2010. Ah, e também a crise econômica.

Deputado do castelo – será notificado das acusações feitas pelo PSOL. Edmar Moreira está sumido há um mês. Se der as caras e for notificado, terá 5 dias para se defender. Ou seja, o caso fica para a semana que vem.

TSE julga Jackson Lago – o Tribunal retoma o julgamento do governador do Maranhão e do seu vice, Luiz Carlos Porto.

Reforma Tributária – evento na CNI. Abertura terá o ministro da fazenda, Guido Mantega, o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, o presidente do Senado, José Sarney, e o presidente da Câmara, Michel Temer.

Plenário da Câmara – vota a MP 449/08. Tradução: perdão de dívidas com a União em valores iguais ou inferiores a R$ 10 mil.

quarta (04.mar)
A nova Abin - Lula reúne ministros para discutir como vai ser o serviço de arapongagem oficial.

Carnificina na Câmara – deputados escolhem presidentes e vices das comissões de trabalho. No Senado, a disputa vai se estender por mais algum tempo.

Reforma tributátia – reunião dos líderes na Câmara com o relator da proposta, o deputado Sandro Mabel (PP-GO). Palpite do blog: não é nada, não é nada... não é nada mesmo.

Ciro Gomes e a terceira via - deputado federal pelo PSB-CE se reúne com políticos de seu partido, na Câmara, para traçar estratégia eleitoral para 2010. Ciro será candidato a presidente? Palpite do blog: está cada vez mais difícil. Aliás, pela ausência de Ciro nos últimos... semestres, será que ele ainda deseja continuar na política?
quinta (05.mar)
Raupp no STF – o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) vai ao banco dos réus no Supremo. Ele responde por gestão fraudulenta de instituição financeira e crime contra a lei de licitações.

Seminário com ministros - o presidente Lula abre o Seminário Internacional sobre Desenvolvimento com debates e palestras de ministros, economistas e presidentes de empresas.

Embraer – O Tribunal Regional do Trabalho de Campinas (SP) realiza audiência de conciliação entre o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP) e a Embraer.

O colunista do UOL fala sobre as dificuldades do governo Lula com sua base aliada no Congresso, evidenciada com a eleição de Fernando Collor para a Comissão de Serviços e Infraestrutura do Senado, a falta de transparência nos gastos dos parlamentares, a paralisia do Legislativo, a estratégia do governo Lula para tentar enfrentar a crise econômica, o cenário para a disputa presidencial em 2010 e mais, a censura importa pelo governo Lula às atas com informações históricas do extinto Conselho de Segurança Nacional; mais em UOL Notícias:


BRASIL, PARÁ - PEDOFILIA, MAIS UM DEPOIMENTO DA VERGONHA - a further testimony of shame

Este Blog reproduz pela importância do tema, na integridade, um comentário Anônimo sobre a Pedofilia.

COMENTÁRIO sobre a postagem "PEDOFILIA – A jazida pedofílica do Estado do Pará ...":

Achei tremendo o seu comentário, só que vc não conhece a outra realidade bem pior. A cidade de Portel no Pará tem 47 mil habitantes e os casos de pedofilia na cidade aumentou de uma forma assustadora e impressionante.

Veja só:

Professores ensinam o ABC do sexo para criança e adolescente dentro de sala de aula e nada e feito, Pai abusa de seus filhos e nada efeito, Vereadores abusam de criança e adolescente e nada e feito, conselho tutelar e conivente com a situação e não faz nada por medo até mesmo omissão.

As crianças e adolescente de Portel no Pará pedem SOCORRO, SOCORRO, SOCORRO!!!!!!!!!!!!!

SE TEM AINDA GENTE DE BEM NESSE PAÍS, FAÇAM ALGUMA COISA RELACIONADA A ESSA SITUAÇÃO TRISTE NO NOSSO MUNICIPIO.PELO AMOR DE DEUS!

sexta-feira, 6 de março de 2009

BRASIL, AMAZÔNIA - O açaí, fruto da globalização


É preciso chegar às 3 da manhã. A noite está escura, a temperatura é agradável e o porto de Belém fervilha. A cidade ainda dorme, mas tudo que essa parte da Amazônia brasileira recebe de riquezas desembarca aqui, no cais, em uma agitação confusa e colorida. Há dezenas de variedades de frutas exóticas, legumes com formatos estranhos, peixes de água doce de um tamanho desconcertante. E, acima de tudo, há o açaí.

O açaí é o fruto de uma variedade de palmeira que prolifera na bacia amazônica. Ele é colhido em cachos bem no alto da árvore. Vermelho arroxeado puxando para o violeta, ele lembra o mirtilo ou o cassis pela sua aparência e seu tamanho, e o chocolate pelo seu gosto. Mas o mais surpreendente é que esse fruto, recentemente glorificado por suas virtudes medicinais e nutritivas - algumas bem reais, outras, imaginárias - , se lançou à conquista dos países ricos. Servido sob forma de mingau por toda a Belém, o açaí se transformou ao se emancipar da Floresta Amazônica. Ele se tornou bebida, sorvete, biscoito, cápsula, bala e até mesmo bebida alcoólica. As grandes marcas de refrigerantes e as de cosméticos também se interessaram por ele.

Ele só era vendido em Belém. Hoje em dia pode ser encontrado na Califórnia, no Japão, na Austrália, amanhã na Europa... na Internet, os sites que propõem o novo elixir se multiplicam. "O açaí é o fruto da globalização", resume a governadora do Estado do Pará, Ana Júlia Carepa. "Amanhã, você poderá encontrá-lo nas prateleiras do supermercado, ao lado de garrafas de suco de abacaxi ou de maçã", afirma o secretário estadual da Agricultura, Cássio Pereira. Isso seria um pouco precipitado. Por enquanto, o mercado é local, acima de tudo.

Todas as noites no porto de Belém, são arrancados dos porões dos barcos milhares de cestos, todos idênticos, cheios até a borda de açaí, colhidos na floresta; eles se amontoam na plataforma esperando por compradores, que estão lá. À medida que chegam, eles mergulham suas mãos nos cestos, apalpam os frutos, provam as bagas, oferecem um preço e negociam firme antes de fechar a compra.Às 9 horas, maços de notas de reais mudaram de mãos, e não há mais nenhum grão de palmeira para vender. Em Belém, o açaí é o alimento básico oferecido por centenas de barracas, sinalizadas por um minúsculo letreiro vermelho. A receita é simples e econômica. Descascado e misturado com água em máquinas simples, ele vira uma polpa que é misturada com mandioca ou peixe frito. "O açaí é um prato popular que mata a fome", diz Reginaldo, dono de um minúsculo restaurante instalado ao ar livre no porto. "É bom para a saúde. Aqueles que colhem os frutos na floresta, longe de tudo, nunca ficam doentes". Ainda que cause sonolência, acredita-se que o fruto da "palmeira pinot" seja um remédio contra a anemia, melhore o desempenho sexual e esportivo, combata certos tipos de câncer e favoreça a luta contra o envelhecimento das células...Os médicos recomendam dá-lo às crianças a partir dos seis meses. "Na verdade, quando os bebês têm dois meses os pais já o colocam na mamadeira", garante o comerciante Mario Maves, que abriu recentemente no centro da cidade a primeira butique de luxo onde se realiza uma série de preparações.

Os benefícios do açaí são verdadeiros, mas a pequena baga não é a panaceia descrita por alguns. Ana Vânia de Carvalho sabe bem disso. Cientista de formação, a jovem dirige um departamento de pesquisa na Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). "Os estudos científicos sobre o açaí são recentes, e os resultados ainda são fragmentados. As pesquisas foram conduzidas em laboratório, feitas com animais, mas ainda não com humanos", ela explica. "Os primeiros resultados mostram que o açaí faz parte dos frutos que possuem mais antioxidantes, que combatem o envelhecimento precoce. O açaí também é rico em fibras, e é um alimento muito energético, recomendado para esportistas. As outras vantagens que lhe são atribuídas não se baseiam em dados científicos sérios. O açaí está na moda. Em grande parte, é um produto de marketing".

No entanto, seu sucesso é um caso típico. Há três anos, o açaí era um produto cuja fama não ultrapassava o nordeste do Brasil. Em seguida, ele se tornou a bebida fetiche dos esportistas do Rio de Janeiro, e conquistou, sob forma de sorbet, as praias de Copacabana e Ipanema. Desde então a moda chegou na Califórnia e a Flórida. Puro ou misturado a outras frutas exóticas, o açaí é mais freqüentemente vendido em garrafas - pelo mesmo preço que um vinho Bordeaux de uma grande safra! - ou em saquinhos. Aquele que é importado pela empresa Belizza e comercializado na Califórnia resume bem as vantagens atribuídas ao açaí. A embalagem de plástico evoca uma bebida "cheia de antioxidantes, lotada de vitaminas e que fornece às pessoas ativas energia durante horas, e não minutos".

MÉXICOS - DROGAS - O CONSUMIDOR AMERICANO É RESPONSÁVEL PELO NARCOTRÁFICO DIZ PRESIDENTE CALDERÓN


Antes da visita oficial de Nicolas Sarkozy ao México, na segunda-feira (9), o presidente mexicano concedeu uma entrevista ao Le Monde.

Le Monde: A respeito da luta contra o tráfico de drogas, o sr. disse: "São eles ou nós!" Um ministro levantou a hipótese de que o próximo presidente mexicano poderia ser um traficante. O Estado perdeu o controle de uma parte do território?
Felipe Calderón: É claro que não. Nosso esforço visa exatamente preservar a autoridade do Estado, ou seja, o monopólio do uso da força e também o da lei, frente a um fenômeno que, de fato, havia começado a se estender para diversas regiões. Mas não há um único ponto do território nacional que escape ao controle total do Estado. E nós o preservamos porque agimos em tempo, e com muita firmeza.
O crime organizado exerce pressões sobre as autoridades políticas, por cooptação, corrupção ou intimidação. Ele teve uma certa influência em nível local e municipal. Intervir agora permite evitar que a ação criminal afete um escalão mais alto.
Le Monde: Quem é o responsável por isso?

FC: Melhor do que apontar responsáveis é assumir suas responsabilidades. Falemos de causas. A primeira é o consumidor americano. Se os Estados Unidos não fossem o maior mercado consumidor de drogas do mundo, não teríamos esse problema.

Existe também o comércio de armas. Em dois anos, apreendemos 33 mil delas, das quais 18 mil eram de grosso calibre, lança-mísseis, milhares de granadas, explosivos capazes de perfurar blindagens. Bem, a esmagadora maioria havia sido comprada nos Estados Unidos, incluindo material que é propriedade exclusiva do exército americano. Em 2004, [a administração Bush] retirou a interdição de venda que recaía sobre as armas muito perigosas.
Há outro fator: a forma como os cartéis operam mudou. Antes, eles só faziam o transporte da droga para os Estados Unidos. Hoje, e é uma mudança significativa, eles procuram desenvolver um mercado interno, então precisam controlar o território, a vida de comunidades inteiras.

Le Monde: O crime organizado estendeu suas atividades para além das drogas?

FC: Sim, ele também está associado às extorsões, aos sequestros, às ameaças.Todos os níveis de poder devem agir para conter os efeitos nocivos e destruidores do crime organizado. Não é uma obsessão pessoal do presidente da República. Nas regiões onde intervimos, 95% das pessoas aprovam nossa ação.
Le Monde: Algumas pessoas gostariam de chegar a uma negociação com os cartéis para reduzir a violência, como sob o Partido Revolucionário Institucional (PRI), que ficou no poder até o fim de 2000?
FC: É uma ideia incrivelmente ingênua, para não dizer estúpida. Na velha cultura política, se pensava assim. Mas fazer um pacto com o crime não resolve nada. Pelo contrário, isso permite que ele se espalhe como um câncer, uma enorme infecção, pois ele se beneficiaria da cumplicidade de muitas autoridades. Isso acaba lhe abrindo a porta da casa.

Le Monde: E a descriminalização do uso de certas drogas, como propõe o ex-presidente mexicano Ernesto Zedillo?

FC: Algumas pessoas acreditam que isso reduziria os lucros do mercado ilegal. Eu sou da teoria de que legalizar é se resignar a perder muitas gerações de mexicanos. A droga é a escravidão do século 21. Além disso, se os Estados Unidos não modificam sua própria legislação, isso seria absurdo. Nós faríamos de nosso país o paraíso da droga e do crime.
Le Monde: A crise econômica atinge duramente o México através dos Estados Unidos, seu principal parceiro. O que o sr. espera do presidente Barack Obama?

FC: Espero que ele vá rapidamente ao cerne do problema: a crise bancária e financeira. É preciso restabelecer o fluxo do crédito, que é o sangue da economia. Minha preocupação é de que o governo americano demore demais para se recuperar do enfarte. Mas o México possui vários trunfos. As finanças do Estado estão sadias. O sistema de previdência social foi reformado. Os bancos estão sólidos. A taxa de câmbio favorece o turismo e compensa a queda das transferências em divisas dos imigrantes. A crise de 1995 nos afetou bem mais gravemente.
Le Monde: Obama havia criticado o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), que une o México, os Estados Unidos e o Canadá. O sr. aceitaria uma reforma parcial desse tratado?

FC: Um neoprotecionismo seria um retrocesso para a zona do Nafta. Fui claro com o presidente americano. Ele reconheceu que nossos países haviam se beneficiado com o crescimento gerado pela abertura do comércio: somos o segundo maior comprador de produtos americanos. Se os Estados Unidos tomassem medidas protecionistas, eles perderiam ainda mais em competitividade. Esse foi o grande erro do New Deal de Franklin Roosevelt.

CUBA - CRISE DERRUBA MEMBROS DO NÚCLEO DURO DA REVOLUÇÃO

Depois da crise que atacou a alma de revolução cubana, onde caíram companheiros de toda a vida de Fidel, hoje novas figuras foram também para o paredão da política cubana.

Dois dos políticos mais influentes, Carlos Lage e Felipe Pérez Roque renunciam a todos os seus cargos no estado"No socialismo nunca se sabe que passado o espera." A frase é um velho ditado cubano e hoje é repetida por um analista que se vangloria de ter visto os 50 capítulos da revolução. Nem mais nem menos, isto é, a novela completa.

Esse sociólogo se refere aos dois últimos políticos defenestrados pelo presidente de Cuba, Raul Castro: o ministro das Relações Exteriores, Felipe Pérez Roque, e o vice-presidente Carlos Lage.Em Cuba há muitas formas de se anunciar uma demissão. Embora os prejudicados tenham passado 20 anos servindo fielmente à causa da revolução, o modo de fazê-los desaparecer da cena política pode ser cruel e até humilhante - "passará a ocupar as tarefas que a revolução considere necessárias" -, carregada de insultos e adjetivos - "o cidadão fraudou os sagrados deveres da pátria" -, ou com certo ar de misericórdia - "o companheiro foi liberado de suas funções".Mas este não é o caso. As demissões de Lage e Pérez Roque são acompanhadas de várias cartas autoinculpatórias, publicadas no diário oficial, "Granma", no pior estilo soviético.

Lage se dirige a Raúl Castro como presidente do país e segundo-secretário do Partido Comunista de Cuba e informa sua decisão de renunciar a todos os cargos no governo e também aos que desempenhava na estrutura partidária. "Reconheço os erros cometidos e assumo a responsabilidade." Diz que considera "justa e profunda" a análise colegiada que o levou a abandonar seus cargos, uma análise realizada a portas fechadas no Birô Político, da qual nada se disse na imprensa.

Pérez Roque, por sua vez, renuncia a sua condição de deputado, membro do Conselho de Estado e integrante do Comitê Central do Partido Comunista. "Reconheço plenamente que cometi erros e assumo minha total responsabilidade por eles", afirma, referindo-se a erros que ninguém sabe quais são, nem qual é sua importância. Também não entra em detalhes sobre a reunião do partido, que continua sendo um mistério para os cubanos. "Reitero minha fidelidade a Fidel, ao senhor e ao nosso partido", conclui o ex-chanceler.No artigo de Fidel Castro publicado na quarta-feira, o ex-presidente afirma que "o mel do poder pelo qual não conheceram sacrifício algum despertou [nesses dirigentes] ambições que os conduziram a um papel indigno". "O inimigo se encheu de ilusões com eles", escreveu Castro. Raul agora está forjando seu próprio governo e com seus próprios homens, até agora desconhecidos. Sim, com um estilo de ordeno e comando e de palavras e ações diretas.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves