Os países pobres intensificaram suas exigências para que o mundo industrializado faça mais a fim de evitar o superaquecimento da Terra,em meio a advertências de que as negociações está avançando muito devagar para atingir a meta de fechamento de um novo acordo em dezembro.
Nesta semana, delegados de 180 países digladiaram-se em torno de uma proposta de acordo com cerca de 2.500 parágrafos, frases e palavras em disputa. Eles lutaram para reduzir 200 páginas de texto confuso a um documento manuseável - mas deixaram a cidade alemã de Bonn ainda com muito trabalho pela frente.
Líderes governamentais deverão discutir os elementos essenciais do acordo durante uma reunião em Nova York, no mês que vem, seguida por um encontro das 20 maiores economias do mundo em Pittsburgh.
Com o tempo quase acabando, negociadores e lobistas expressam o temor de que o acordo não seja celebrado em dezembro, o prazo final para a adoção de um tratado que substitua o Protocolo de Kyoto de 1997.
"Se continuarmos neste ritmo, não vamos conseguir", disse o responsável pela questão climática na ONU, Yvo de Boer. "Seria incompreensível se esta oportunidade se perdesse", disse ele, acrescentando que apenas 15 dias de negociação real restam antes da reunião de dezembro em Copenhague.
"Os delegados passaram muito tempo debatendo questões de procedimento e tecnicalidades. Esta não é forma de superar a desconfiança entre países ricos e pobres", disse Kim Cerstensen, chefe da Iniciativa Global de Clima do WWF.
Os países mais pobres e vulneráveis do mundo, incluindo minúsculas nações insulares que mal se levantam acima do nível do mar, uniram-se para aumentar a pressão sobre os industrializados.
"Efeitos adversos da mudança climática já se estão fazendo sentir", disse a delegada de Granada, Dessima Williams, que liderou a coalizão de 80 nações. Ela cita a elevação do nível do mar e a perda de recursos hídricos, o declínio da biodiversidade, enchentes e secas.
"Alguns países provavelmente ficarão totalmente inabitáveis" a menos que as emissões de carbono sejam rapidamente contidas, disse ela.
O bloco dos Estados pobres disse que a mudança climática está superando as melhores estimativas de poucos anos atrás, quando cientistas advertiram que a elevação máxima das temperaturas médias mundiais que poderia ser assimilada sem efeitos catastróficos seria de 2º C acima das taxas pré-industriais.
Barreiras comerciais - Também no encontro de Bonn, a Índia pediu que o novo pacto mundial sobre a mudança climática proíba a imposição de barreiras comerciais a países que se recusem a acatar limites em suas emissões de gás carbônico.
A cláusula tem como alvo principal o esforço do Congresso dos Estados Unidos para aprovar a imposição de penalidades a países que não se comprometam com metas específicas de contenção de emissões.
O principal delegado indiano, Shyam Saran, disse que medidas assim parecem "protecionismo sob um rótulo verde", e complicam as negociações. (Fonte: Estadão Online)
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