terça-feira, 17 de março de 2009

PARECE, MAS NÃO TUDO É RUIM PELO PARÁ

Para quem esteve na origem da criação e implantação da Incubadora da UFPA (PIEBT) é uma enorme satisfação receber notícias como esta. Quando começamos com a implantação da incubadora, poucos acreditavam no nosso projeto.

Tinha alguns que até torciam contra, achavam que era uma empresa de fundo de quintal. Pensar na possibilidade de aproveitar comercialmente a biodiversidade não era motivo de preocupação pelos órgaõs do governo do estado. Mas, ninguém é profeta na sua terra....E foi primeiro fora do Pará onde recebemos os primeiros incentivos, da FINEP, das próprias instituições de C&T, de fora do Estado. Assim, a Incubadora foi crescendo e sendo conhecida nacional e internacionalmente. Por lá passaram as empresas: Chamma da Amazônia, Ervativa, Gota de Mel, Brasmazon, Chocolates da amazônia. Todas elas ganharam prêmios de Inovação Tecnológica da FINEP. Ainda há outras que continuam incubadas e esta Amazon Dreams que está também atuando no mercado internacional.

Parabens para a Incubadora e para os que ainda continuam acreditando na biodiversidade como insumo da sustentabilidade da Amazônia.

O Pará pode ser o primeiro Estado brasileiro a exportar antioxidantes naturais purificados para o mundo. A empresa Amazon Dreams, incubada na Universidade Federal do Pará (UFPA), desenvolveu uma tecnologia inovadora, que permite extrair isoladamente os agentes antioxidantes presentes em plantas naturais da Amazônia para ser utilizados em produtos da indústria cosmética e alimentícia. No próximo dia 18, a empresa vai assinar um contrato de financiamento com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para comercializar o produto em larga escala.

A Amazon Dreams é uma das 50 empresas do país - e a primeira empresa da região Norte - a ser contemplada pelo Fundo Criatec de Capital Semente - uma iniciativa inovadora do BNDES e do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) para investimentos de Capital de Risco no Brasil. O fundo conta com R$ 100 milhões para todo o país, com possibilidade de investir entre R$ 1,5 milhão e R$ 5 milhões num único projeto, na tentativa de levar a empresa ao Mercado de Capitais (Bolsa de Valores).

“A empresa submeteu o processo para aprovação, passou por um criterioso processo de seleção e agora recebemos a resposta positiva do BNDES de financiar o produto. A formalização do contrato será no dia 18. Para nós, é muito importante, porque a empresa é formada por ex-alunos da UFPA, que desenvolveram a tecnologia na incubadora, mas não tem capital na mão para entrar na indústria desta forma. Com o investimento do Criatec, vamos encurtar prazos para lançar o produto no mercado”, afirmou o professor da UFPA, Hervé Rogez, que participa da coordenação do projeto.

Diferencial - O grande diferencial do produto criado no Pará, a partir de plantas naturais abundantes da região - como o açaí, o muruci e o ingá -, é o processo de purificação a que os agentes antioxidantes são submetidos. “Hoje, os produtos antioxidantes naturais que são vendidos vêm com muitos extratos. Graças à tecnologia desenvolvida aqui, isolamos o princípio ativo, conseguindo assim um grau de pureza dos antioxidantes de 75%, o que ainda não foi conseguido em nenhum outro lugar do Brasil. A utilização de antioxidantes naturais tem grande mercado, principalmente na Europa, mas poucas empresas fazem isso”, explicou.

O princípio ativo antioxidante de plantas é muito disputado no mercado cosmético e alimentício, principalmente por conter elementos essenciais para retardar o envelhecimento da pele e na prevenção de doenças cardiológicas, inflamatórias e cancerígenas.

A pesquisa começou a ser desenvolvida na UFPA em 2002 e deve começar a produzir os primeiros produtos já a partir de abril. Os antioxidantes naturais das plantas serão comercializados na forma de pó em tonéis de 20 litros exclusivamente para a indústria. “A capacidade produtiva é de 200 kg por mês. E já temos encomendas até o final do ano, inclusive, em maio, teremos uma reunião na Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (Sedect) com empresários de outros Estados interessados neste tipo de produto”, afirmou Rogez.

O fundo Criatec, instituído no ano passado, tem cinco núcleos em todo o Brasil, um deles no Pará, escolhido pelos investimentos do Governo do Estado, por meio da Sedect, em ciência, tecnologia e inovação: a meta é investir R$ 440 milhões no quadriênio 2007-2010.
Texto: Irna Cavalcante - Sedect

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