Estudos científicos têm buscado conhecer melhor as formas de uso e
extração sustentável dos recursos naturais e abundantes da floresta
amazônica, tendo como foco a manutenção da floresta em pé, o
desenvolvimento econômico e a valorização do conhecimento sociocultural.
Neste sentindo, um grupo de pesquisadores ligado ao Centro de
Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
coordenado pelo pesquisador PhD Britaldo Soares Filho, vem realizando
estudos para avaliar a rentabilidade de diversas cadeias produtivas na
Amazônia, como forma de subsidiar políticas públicas e ampliar o
conhecimento científico da região. Um desses estudos, recentemente
publicado na revista Environmental Conservation, enfoca o potencial de
concessões de castanha-do-Brasil, em Madre de Dios, no Peru.
Intitulado por “Economic benefits of forest conservation: assessing
the potential rents from Brazil nut concessions in Madre de Dios, Peru,
to channel REDD+ investments” (Benefícios econômicos da conservação
florestal: avaliação da renda potencial de concessões de castanha do
Brasil em Madre de Dios, Peru, para fins de canalizar investimentos de
REDD+), o artigo publicado aborda o modelo de produção da
castanha-do-Brasil, fonte de renda de diversas comunidades da Amazônia,
avaliando a produtividade e lucros potenciais das concessões de castanha
em Madre de Dios, sob três cenários de processamento e gestão (castanha
com casca, descascada e descascada e certificada).
De acordo com o artigo, a castanha-do-Brasil possui mercado
internacional consolidado, provendo uma relevante renda às populações
rurais e não rurais que a coletam. No Departamento de Madre de Dios, em
torno 67% da renda familiar vem de concessões castanheiras que ocupam 12
% da sua área total, com mais de 800 concessões.
A comercialização deste fruto sem qualquer beneficiamento ou
certificação reduz o potencial de sua rentabilidade, em torno de 0,40
dólares por kg. Com o processo de certificação ou beneficiamento simples
com a retirada da casca da amêndoa, a rentabilidade por quilograma de
produto passa para 2,60 dólares.
O artigo elaborado por pesquisadores da UFMG/CSR (Felipe Nunes,
Britaldo Soares Filho, Renzo Giudice, Hermann Rodrigues e Rafaella
Silvestrini), University of California (Maria Bowman) e Instituto de
Pesquisa Ambiental da Amazônia (Elsa Mendoza), é similar ao estudo
realizado, pelos mesmos, no Estado do Acre, Brasil, especificamente nas
reservas Chico Mendez e Cazumbá Iracema, no região Leste do Estado, qual
foi publicado no IX Encontro da Sociedade Brasileira de Economia
Ecológica, com analise do potencial da castanha no Estado do Acre,
Brasil.
Segundo o coordenador da pesquisa, Britaldo Soares, o trabalho
representa um exemplo prático para implementação de REDD +. “Foram
avaliadas as rendas potenciais de concessões de castanheiras em
diferentes cenários de manejo e estimados os investimentos necessários
para melhoria da cadeia produtiva da castanha de com casca, para sem
casca e certificada. O estudo também indica que esses recursos poderiam
ser canalizados através de programa REDD+, haja vista o papel central
dessas concessões na redução do desmatamento em Madre de Dios”, destaca o
coordenador.
Referência completa do artigo: FELIPE NUNES, BRITALDO SOARES-FILHO, RENZO GIUDICE, HERMANN RODRIGUES, MARIA BOWMAN, RAFAELLA SILVESTRINI and ELSA MENDOZA. Economic benefits of forest conservation: assessing the potential rents from Brazil nut concessions in Madre de Dios, Peru, to channel REDD+ investments. Environmental Conservation, Available on CJO 2012 doi:10.1017/S0376892911000671.
Por: Julie Messias
Fonte: IPAM
Nenhum comentário:
Postar um comentário