A falta de coordenação política entre o Palácio do Planalto e o
Congresso foi um dos principais motivos da recusa do nome de Bernardo
Figueiredo para a direção-geral da ANTT. Há insatisfação em todos os
partidos, especialmente no PMDB, que além de perder espaço no ministério
perdeu a interlocução privilegiada que teve com o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, especial na segunda metade do segundo mandato.
Apesar dos sorrisos, cafezinho quente e amabilidades, a ministra
Ideli Salvatti (Relações Institucionais) não corresponde às expectativas
dos líderes partidários, principalmente do PMDB, que tem a maior
bancada no Senado. Na Câmara, ela não conhece os deputados e suas
necessidades. É provável que os líderes governistas tenham evitado uma
nova derrota do governo na votação do Código Florestal, adiada de ontem
para a próxima semana - por recomendação dos líderes; Ideli queria votar
"na marra", mesmo sem que a negociação com os ruralistas tenha ainda
chegado a bom termo - os demais líderes acreditam que ainda é possível
isolar os mais radicais dos ruralistas.
Há muito barulho na Câmara, mas quem fere é o Senado. A sorte de
Figueiredo parecia selada na noite de segunda-feira, 5, num jantar que
reuniu na casa da senadora Roseana Sarney, em Brasília, os principais
caciques do PMDB no Senado. Além da anfitriã, estavam seu pai, José
Sarney, os ministros Edison Lobão (Minas e Energia) e Wellington Moreira
Franco (SAE), o líder da bancada, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), e o
presidente em exercício do partido, Valdir Raupp (PMDB-RO).
O assunto foi a relação do PMDB com o governo, que todos os presentes
julgaram que piorou - e muito - depois da troca de guarda no Palácio do
Planalto, no início de 2011. Além de o PMDB ter ficado menor no governo
Dilma em relação aos ministérios de que dispunha no governo Lula, mudou
também a qualidade da relação que Sarney e Renan mantêm com a
Presidência da República: formal, com Dilma, de ir ao Palácio, após um
aviso telefônico, à época de Lula.
À diferença dos deputados, senadores como Renan Calheiros logo
compreenderam que era inútil, contraproducente enfrentar Dilma Rousseff e
preferiram trabalhar em silêncio, como é de hábito da bancada. Ao invés
do barulho dos deputados, a tática preferida dos senadores é recusar
nomes indicados pelo presidente, quando a bancada está insatisfeita - o
indicado perde o emprego, o presidente é ferido em sua autoridade e o
país, a rigor, não perde nada.
No jantar, ficou claro que os senadores em breve mandariam um recado
de sua insatisfação. Para os presentes, não ficou claro que seria a
recusa de Bernardo Figueiredo para dirigir a ANTT, mas a expectativa era
que fosse algo nos termos do que já havia acontecido quando Lula
indicou o nome do ex-deputado Luiz Salomão para a ANP.
Valor Econômico -
Por Raymundo Costa | De Brasília
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