segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Direitos Humanos - A Dívida do Lula


Obra, dedicada às famílias das vítimas da ditadura, será lançada amanhã no Rio 

DE BRASÍLIA 

Um documento da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência diz que, sem uma resposta oficial do Estado brasileiro sobre desaparecidos políticos na ditadura de 1964 a 1985, não pode ser considerada "plenamente concluída a longa transição para uma democracia".

A Folha obteve o livro "Habeas Corpus - que se Apresente o Corpo, a Busca dos Desaparecidos Políticos no Brasil", que será lançado pelo ministro de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, amanhã, na Assembleia Legislativa do Rio.

Na "Apresentação e Dedicatória", Vannuchi afirma que a falta de resposta oficial sobre os desaparecidos políticos "é uma dívida inegável do Estado Brasileiro, ainda não resgatada".
Vannuchi assume publicamente "discordâncias" entre ele e o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Dedica a obra a famílias dos desaparecidos.

O ministro dos Direitos Humanos afirma que o presidente Lula teve de arbitrar as diferenças entre Defesa e Direitos Humanos a respeito da proposta de criação de Comissão Nacional da Verdade, projeto de lei do Executivo que tramita no Congresso.

O número de desaparecidos políticos na ditadura brasileira é incerto. O livro estima entre 150 e 180 pessoas.
Adota como critério de desaparecido a interpretação da ONU (Organização das Nações Unidas).
"Desaparecido é aquela vítima para a qual permanece a ocultação do destino ou paradeiro, ou seja, quando não se divulgou ou identificou os restos mortais, ou não se encontrou a pessoa viva".

O livro cita opinião do ex-deputado federal Aldo Arantes, representante do PC do B que acompanha as missões do GTT (Grupo de Trabalho Tocantins), que cobra "que os militares que participaram da ação repressiva venham a se manifestar dando indicações mais precisas para a localização dos restos mortais dos guerrilheiros".

O GTT é um grupo que procura restos mortais de cerca de 60 desaparecidos na Guerrilha do Araguaia, movimento do PC do B dizimado pela ditadura de 1972 a 1974.

O livro narra operações de "limpeza" dos militares no Araguaia nos anos 80 e 90.
No lançamento, será inaugurada exposição sobre o deputado Rubens Paiva, um dos mais importantes desaparecidos. O documento conta que a ditadura tentou construir várias versões para o assassinato de Paiva.


A dívida é grande e o governo hoje não deu resposta às demandas dos familiares de desaparecidos e torturados durante a ditadura.

Mais uma herança para o Governo Dilma. 

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