As tensões comerciais entre Brasil e China deverão aumentar após o país asiático ter se tornado, no ano passado, o maior investidor direto estrangeiro na maior economia da América Latina.
Uma análise dos dados do Banco Central do Brasil mostra que a China foi responsável por aproximadamente US$ 17 bilhões dos US$ 48,46 bilhões de afluxo total de investimento direto estrangeiro (IDE) em 2010, em comparação a menos de US$ 300 milhões em 2009, segundo a Sobeet, um centro de estudos brasileiro de empresas transnacionais.
"É a primeira vez que temos tanto investimento da China", disse Luis Afonso Lima, presidente da Sobeet, ao "Financial Times". As exportações de commodities, como minério de ferro e o "complexo de soja" (grão, farelo e óleo), para a China ajudaram a manter a economia brasileira à tona durante a crise financeira.
Mas tensões surgiram após a China também ter despontado no ano passado como uma das maiores fontes de entrada de produtos baratos no Brasil, ajudada pela valorização do real, que está minando a competitividade da indústria doméstica.
Isso levou Guido Mantega, o ministro da Fazenda, a pedir neste ano pela valorização do yuan.
O jornal brasileiro "Folha de São Paulo" noticiou na semana passada que o governo estava considerando restrições ao IDE em mineração, incluindo a imposição de cotas mínimas de oferta doméstica e filtragem de transações com base no "perfil do investidor".
Lima disse que grande parte do IDE da China no Brasil, canalizado por meio de paraísos fiscais como Luxemburgo, está ligado a commodities.
A maior transação envolveu a compra pela gigante petrolífera chinesa Sinopec de uma participação acionária de 40% na Repsol Brasil, por US$ 7,1 bilhões.
Grande parte do investimento chinês leva a pouca transferência de tecnologia para a indústria brasileira, disse Lima.
Tradução: George El Khouri Andolfato
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