quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Mensalão pode influenciar resultado das urnas

O julgamento do mensalão, em especial do núcleo político do PT, pode influenciar no resultado das eleições municipais, entretanto, esse impacto não deve ser decisivo, segundo acredita o cientista político Aldo Fornazieri, diretor acadêmico da FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo).

De acordo com o especialista, apenas uma pesquisa bastante focada poderia medir esse impacto. Porém, o episódio envolvendo grandes nomes ligados ao PT vem sendo usado desde o início da campanha. "Independente das condenações, acho que o julgamento já influenciou nas campanhas eleitorais deste ano. Os candidatos de partidos adversários aos que estão em julgamento lançaram mão dessa questão na disputa e isso parece que vem refletindo nos resultados", afirma Fornazieri.

Para tentarem se distanciar dos resultados do mensalão, candidatos ligados ao PT, em especial Fernando Haddad – que disputa a prefeitura da capital paulista – usam o argumento de que outros casos semelhantes também deveriam ser julgados.

"Ele tem insistido na tese de que a Justiça tem que ser equânime. Se um partido está sendo julgado, outros também deveriam ser, como os mensalões do PSDB - o chamado mensalão mineiro - e o do DEM. É dessa forma que eles se defendem. Se isso é eficaz ou não, é preciso que seja aferido em pesquisa", comenta o cientista político.

Momento inadequado

O julgamento do mensalão, iniciado em agosto, não acontece em um momento apropriado, segundo acredita Fornazieri. Para ele, apesar da importância de julgar, "a impressão que passa é que o STF [Supremo Tribunal Federal] teve uma conduta política nesse caso. O episódio aconteceu há sete anos e foi julgado às vésperas das eleições", diz. "Se a questão foi intencional ou não, nunca vamos saber. Mas o Supremo deveria saber que em um momento eleitoral as repercussões políticas seriam inevitáveis", afirmou ainda o especialista.
(Band)

Esqueceram de mim



Lula afirma que está preocupado com eleição e não com mensalão

 
Lula ao lado do prefeito Emídio (dir.) e de Lapas, que substituiu João Paulo como candidato

Em Osasco, ex-presidente evita citar João Paulo, condenado no STF

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou ontem de comício em Osasco (SP), mas não mencionou o deputado federal João Paulo Cunha (PT), que desistiu da eleição ao ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão.

Lula elogiou o novo candidato do PT, Jorge Lapas, e criticou o principal adversário do petista, o tucano Celso Giglio -que teve sua candidatura barrada pela Lei da Ficha Limpa, mas recorreu ao TSE.

Dirigindo-se a Lapas, Lula declarou: "Você está concorrendo essas eleições com figuras de ontem com ideias de anteontem". Segundo ele, a administração de Giglio (2001-2004) foi um "tempo nefasto".

Os demais petistas que discursaram também não citaram João Paulo Cunha.

Lula aproveitou também para defender o seu governo e criticar o FMI (Fundo Monetário Internacional): "O Brasil era humilhado. O Brasil não poderia decidir nada sem consultar meia dúzia de gringo que mandava no FMI".

Antes, em um ato de campanha de Fernando Haddad em Santo Amaro (zona sul), Lula tinha declarado que não estava preocupado com o julgamento do mensalão, mas sim com a eleição.

Em seu discurso, disse que não iria "falar mal de candidatos", mas que eles não têm "50% da capacidade" de Haddad para governar São Paulo.

Questionado sobre preocupação com o julgamento do mensalão, respondeu: "Estou preocupado com as eleições". O STF (Supremo Tribunal Federal) começa a julgar hoje o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente nacional do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares.







(LUIZA BANDEIRA E DANIEL RONCAGLIA)


DE SÃO PAULO

Adversário de Lula...., na TV

Eliane Cantanhêde, jornalista
BRASÍLIA - A semana que antecede as eleições é de Joaquim Barbosa, o menino negro do interior, filho de pedreiro, que se formou em direito, fez mestrado e doutorado nas melhores universidades, estudou línguas e está bagunçando o coreto do Supremo Tribunal Federal justamente no chamado "julgamento do século". Ao nomeá-lo, Lula escreveu certo por linhas tortas. Dizem que está arrependidíssimo.

Joaquim é ministro de amor e ódio, de ame-o ou deixe-o. Adorado pela opinião pública --sobretudo em Brasília, onde continua sendo o "Joca" dos tempos de UnB--, é odiado por petistas de cúpula e de base, mexendo com a solenidade fria do STF e com as emoções quentes dos colegas. Especialmente dos mercuriais.

Respaldado pela toga, justificado pelas dores de coluna, perdoado pelas origens e exposto pelas transmissões ao vivo, ele bateu boca e trocou adjetivos nada polidos com Gilmar Mendes (em outros julgamentos), com o revisor Lewandowski (virou uma guerra) e com o polemista Marco Aurélio (que ultrapassou limites, ao ver perigo na ascensão de Joaquim à presidência, em novembro).

Algodão entre cristais, o presidente Ayres Britto faz o que pode, como vetar no site do tribunal uma nota do relator desancando Marco Aurélio em termos pouco usuais entre Excelências, ainda mais em público.

Veja que a escolha de "adversários" por Joaquim não é ideológica nem partidária --é improvável que, na cabine indevassável, Gilmar e Lewandowski depositem o mesmo voto. Talvez seja mais por excesso de convicções e seu desdobramento quase natural: o voluntarismo.

Pois será justamente Joaquim quem estará dissecando as entranhas do governo Lula e do PT nesta semana. Enquanto Lula e Dilma estiverem nos palanques e no horário nobre falando maravilhas de Haddad, Joaquim gastará tardes inteiras para contar os podres de José Dirceu e do partido do candidato. Guerra de audiências como nunca se viu.
  
Eliane Cantanhêde, jornalista, é colunista da Página 2 da versão impressa da Folha, onde escreve às terças, quintas, sextas e domingos. É também comentarista do telejornal "Globonews em Pauta" e da Rádio Metrópole da Bahia.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Pará. Justiça Eleitoral apreende R$ 4 milhões em avião de candidato do PT.

 

Apreensão de dinheiro em avião de petista no Pará lembra caso dos 'aloprados'



Um total de R$ 4 milhões que seriam usados em campanha eleitoral foi apreendido pela Justiça Eleitoral e Polícia Federal na tarde desta terça-feira (2). O dinheiro estava dentro de um avião e seria usado pelo candidato do PT à prefeitura Parauapebas, José Das Dores Couto, também conhecido por Coutinho.
Após receber a denúncia, o juiz eleitoral Líbio Araújo Moura se dirigiu  até o aeroporto de Parauapebas, no sudeste paraense, distante cerca de 800 km de Belém, e flagrou o dinheiro no interior de uma aeronave que havia acabado de pousar na pista. Imediatamente decretou a apreensão da quantia.
Inclusive, essa denúncia teria sido comunicada ao magistrado havia alguns dias através do Disque-Denúncia Eleitoral, sendo esta a principal reclamação dos eleitores durante o período.
Devido a repercussão e forte presença da imprensa em Parauapebas, a Polícia Federal decidiu levar a aeronave e o dinheiro para o município de Marabá, onde caso será registrado.(Com informações do DOL)

Lula deveria pedir desculpa aos tucanos.

Lula diz que seu bico não é predador 'como o dos tucanos'

Tucanos não são predadores, se alimentam de frutos silvestres. 

O tucano  é uma ave da Família Ramphastos. É muito conhecido por seu enorme bico (chega aos 20 cm). É uma ave muito bonita que causa admiração aos olhos de quem o ve, eles representam Amazônia e o Brasil.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou na noite desta segunda-feira, 1, no comício do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, a coragem da presidente da República, Dilma Rousseff, em participar do evento na zona leste e olhar para cada mulher e para cada homem e dizer que veio "meter o bico" na eleição da capital. Ao falar da citação da presidente, Lula complementou: "O meu bico não é grande como o dos tucanos, é muito melhor, porque não é de predador, de comer passarinho, é de quem quer conversar com o povo. Fiz mais do que a elite brasileira fez em 500 anos, só peço uma chance pro Haddad."

Brasília esvaziada, Ministros e Presidenta desembarcam em SP

Governo Federal desembarcou em São Paulo, para agitar campanha do Haddad.

Em comício de Haddad, Dilma responde Serra e diz que "está metendo o bico na eleição" de São Paulo

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Impacto do mensalão em São Paulo

Mensalão tirou 10% dos votos dos paulistanos que iriam para Haddad

Como o Datafolha descobriu que 81% dos paulistanos não mudaram seus votos para prefeito de São Paulo por causa do mensalão, muitos petistas se sentiram aliviados. Mas a notícia não foi tão boa assim para o PT quando são analisados os 19% que se incomodaram com o caso agora sendo julgado no Supremo Tribunal Federal.

Segundo a pesquisa, 10% dos eleitores paulistanos deixaram de votar em Haddad por causa do mensalão.

Outros 4% abandonaram José Serra (PSDB) pelo mesmo motivo e 2% desertaram Celso Russomanno (PRB).

Gabriel Chalita (PMDB) e Paulinho da Força (PDT) perderam 1% cada um. E 1% não souberam responder.

Há uma hipótese clássica para não petistas perderem votos na esteira do mensalão: quando ocorre um escândalo em Brasília, políticos famosos também registram danos em suas imagens ""uma decorrência do estereótipo reducionista segundo o qual "eles são todos iguais".

Já no caso de Fernando Haddad, há uma ligação direta. Ele é do PT. Se o mensalão não existisse, o candidato petista teria potencialmente mais dez pontos percentuais de intenção de voto. Iria de 18% a 28%, patamar tradicional do partido na cidade.

Nesta semana, devem começar a ser julgados políticos importantes do PT, como José Dirceu e José Genoino. Os telejornais vão noticiar todos os dias, até a eleição.

Se algum candidato vier a perder voto de maneira mais robusta em decorrência deste escândalo, o Datafolha indica que esse político será Fernando Haddad.

FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIAUOL

Utopia congelada?

Utopia congelada 


Tarso Genro

TENDÊNCIAS/DEBATES (Folha)

Em 1994, pedi aqui a moratória da utopia socialista. A esquerda ganharia pelas regras do jogo. Criticaram. Hoje, o "votar não adianta" assombra é a Europa

Há anos (em janeiro de 1994), escrevi um artigo nesta seção da Folha, cujo título era "Uma moratória para a utopia".

Na época, fui criticado pela autodenominada "esquerda" do meu partido -que mais tarde tomou seus próprios caminhos- e também pela esquerda acadêmica, que agora se especializou no antilulismo e no antipetismo e que faz coro com a direita mais retrógrada, "contra os políticos" e "contra a corrupção", estabelecendo uma identidade mecânica e autoritária entre ambos.

A moratória com a utopia socialista pressupunha -e ainda pressupõe- uma convergência à esquerda a partir dos valores básicos da democracia e da república, daí tendo como fulcro o Estado de Direito: a observância das "regras do jogo" (Bobbio).

Isso pressupunha a inversão de prioridades, a partir dos governos de esquerda, pautando -em oposição à mera estabilidade- a estabilidade com distribuição de renda e inclusão social e educacional amplas.

Tratava-se de colocar os "de baixo" na mesa da democracia, como dizia Florestan Fernandes. E isso foi feito.

Felizmente (e não foi obviamente por artigos como aquele) o Brasil trilhou este caminho. E por mais que se possa criticar o cerco midiático ao STF no processo do "mensalão", por mais que se possa discordar da avaliação das provas, da inovação de teses para proporcionar condenações, da "politização" excessiva do processo, ninguém pode dizer que os ministros da nossa corte suprema estão julgando contra as suas convicções ou insuflados por pressões insuportáveis.

Nada do que está acontecendo é estranho a qualquer Estado de Direito, por mais democrático e maduro que ele seja.

O Estado de Direito democrático é assim mesmo. A sua superioridade em relação às ditaduras é que as suas limitações e insuficiências são abertas e podem ser contestadas, tanto no plano da política como do direito, de forma pública e sem temor, por qualquer cidadão.

Faço estas observações porque eminentes intelectuais e jornalistas europeus, em distintas manifestações, hoje questionam a situação da democracia na Europa.

Boaventura Sousa Santos (na revista "Visão", de Lisboa) escreve "Portugal é um negócio ou é uma democracia?". Joaquin Estefania ("El País", de Madrid), defende que "começa a ser um mistério que alguém se moleste de votar e estimular a alternância partidária (...) se não existe capacidade de intervenção efetiva por parte de uma autoridade política eleita".

Antonio Baylos Grau, da Universidade Complutense de Madrid, diz que a Espanha está "numa democracia limitada", com a "soberania limitada (doutrina Brejnev) através da arquitetura financeira mundial, concentrada em poucas mãos".

Assim, sugiro que a democracia no Brasil, neste período histórico, está mais avançada do que no continente europeu, porque a adoção da dogmática de "não há alternativa" (ao caminho pautado pelas agências de risco e pelo poder privado do capital financeiro) não tem vigência nem efetividade em nosso país.

As medidas que a presidenta Dilma tem tomado na gestão econômica, dando sequência às políticas do presidente Lula, de inserção soberana, cooperativa e interdependente do país, na economia e no mercado mundial, mostram que a democracia, sim, pode ter consequência na economia e no desenvolvimento social de qualquer estado.

Na Europa, não somente foi feita uma moratória com a utopia socialista, cujo impulso foi responsável pelas grandes conquistas de proteção social e de coesão nacional no século passado, mas também foi congelada a utopia democrática. Os governos eleitos, sejam socialdemocratas ou conservadores, na primeira fala que fazem, quando chegam ao poder, é que "não há alternativa".

Logo, não adianta votar e escolher.

Nós, da esquerda e do PT, e todos os democratas de todos os partidos celebremos esta diferença: ainda não conseguiram congelar, aqui, a utopia democrática.

TARSO GENRO, 65, é governador do Rio Grande do Sul. Foi ministro da Justiça, da Educação (ambos no governo Lula) e prefeito de Porto Alegre pelo PT (1993-1996 e 2001-2002)