Apesar de que Carlos Matus(*), um dos mais importantes especialistas em plenejamento governamental da América Latina, tenha deixado de existir no fim da década de 1990, ainda seu pensamento continua vivo.
Do seu pensamento sobre a falta de uma política ampla de governabilidade, a falta de melhores práticas e em geral, a escassa competência para governar que xiste em muitos países da América Latina, resulta interessante extrair algumas idéias que podem abrir um caminho para governos que procuram dar dar resposta às demandas da população e não conseguem alcançar os objetivos de um bom governo.
A lembrança da obra de Carlos Matus veio a tona a partir de experiência recente do fracasso da gestão do Governo do Distrito Federal, que terminou com o governador na cadeia. Entretanto pode ser um alerta para muitos governos estaduais e municipais.
Veja aqui algumas idéias do Carlos Matus.
É interessante destacar que, em geral, os dirigentes políticos têm uma especial cegueira para compreender como é importante enfrentar o problema da baixa capacidade de governo e atribuem suas deficiências a outros, à oposição implacável, aos meios de comunicação, a alguma conspiração imaginária, ao segundo ou terceiro escalão do seu governo ou às condicionantes externas. Dessa forma qualquer autocrítica se torna impossível. Essa espécie de cegueira se manifesta na prática em:
1. O descrédito da política. A política está fora de foco e não atinge os problemas da gente, a política gera seus próprios problemas e os políticos se dedicam a resolver os problemas da política não os problemas das pessoas.
2. Os dirigentes políticos acreditam que a política e o governo são atividades que dependem de dotes naturais, que exigem inteligência, arte, sentido comum, improvisação, experiência e uma graduação, se possível. Pensam que um bom médico pode ser um bom ministro de saúde, um bom economista pode ser bom ministro da fazenda. Isso é uma meia verdade. Existem ciências e técnicas de governo que têm sido desenvolvidas ao longo dos anos e que em geral muitos políticos desconhecem ou não estão interessados em apreender.
Essa idéia se explica melhor na realidade de alguns governos estaduais. Aqui se da uma segunda disfunção:
Não sabem que não sabem, e ao quadrado: não sabem que não sabem e não podem apreender. Daí que estão meios anestesiados e não atendem aos problemas da população.
Se os governos colocassem os recursos onde colocam os discursos, a realidade seria diferente.
3. sistema de baixa responsabilidade. Ninguém cobra constas pelo desempenho a ninguém, portanto, da no mesmo fazer-lo bem do que mal. Isso facilita a estagnação, a mediocridade, a falta de ética e a corrupção. A corrupção não seria um problema absoluto e sim um subproduto da mediocridade do sistema político.
4. Os partidos políticos são clubes eleitorais, não contam com centros de formação política e não estudam ou não pensam o futuro dos países.
5. Sistemas altamente centralizados e ainda não se conseguiu uma verdadeira descentralização e democratização da vida política na maioria dos países da América Latina.
(*)Carlos Matus
4 comentários:
Poderia ser mais direto para se referir ao governo do PT-DS.
Acho que o Matus refere-se mais ao governo petista do que ao do Arruda.
Recomende o livro a nossa governadora.
Tomara os dirigentes políticos leiam esta postagem, tomara.
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