sábado, 14 de março de 2009

BRASIL, RECIFE - CRUZADA CONSERVADORA DO ARCEBISPO "DOM DEDÉ"

É uma garotinha do Brasil. Para protegê-la, a justiça proíbe que se divulgue sua identidade. Vamos chamá-la de V. "V" de vítima. "V" de violentada. Ela tem 9 anos, mas mal parece ter essa idade: 33 kg para 1,36 m.
É o que mostra a única foto que se tem dela, com o rosto censurado, pequena e franzina, segurando a mão de sua mãe. É uma criança do Nordeste. Ela vive em Alagoinha, perto de Recife, a capital do Estado do Pernambuco.
No final de fevereiro, V. começou a se queixar de dores no ventre, de tonturas e de enjoos. Sua mãe a levou a um médico. Seu diagnóstico foi assustador: a menina estava grávida de 15 semanas, esperando gêmeos. Um fato raríssimo.
O padrasto de V, de 23 anos, trabalhador agrícola, confessou seu crime à polícia. Ele abusava havia três anos da menina e de sua irmã mais velha, de 14 anos com deficiência. Ele pode ser condenado a 15 anos de prisão. V. contou seu drama.
O homem se aproveitava da ausência de sua companheira para estuprar a garota. Ele a ameaçava: "Se você contar, mato sua mãe". De vez em quando ele lhe dava uma moeda de um real.No Brasil, a interrupção voluntária de gravidez (IVG) continua sendo proibida, exceto em caso de estupro ou de risco para a vida da mãe. Essa dupla exceção se aplica a V. No hospital público de Recife, o dr. Sérgio Cabral recomendou que fosse feito um aborto imediato. A interrupção foi bem-sucedida."A criança estava anêmica, certamente desnutrida", explica o médico. "Seus órgãos mal estavam formados. Era preciso agir rapidamente. Esperar demais a faria correr um risco de morte".
Esperar? É justamente o que queria o pai biológico de V., separado de sua mulher havia três anos. Ao saber da situação de sua filha alguns dias antes do aborto, ele procurou a justiça. Avisado sobre o caso, entrou em cena um personagem importante: Dom José Cardoso Sobrinho, conhecido como "Dom Dedé", arcebispo de Olinda e de Recife. O monsenhor foi pessoalmente ao tribunal para se certificar, junto de seu presidente, que a intervenção não seria autorizada. Armado do direito canônico e brandindo o mandamento da Igreja ("Não matarás"), ele dispara: "O Brasil tem leis sobre o divórcio ou o aborto que vão contra a lei de Deus. Esta é superior à lei dos homens".
Uma vez interrompida a gravidez, o prelado excomungou a mãe de V. e toda a equipe médica. As vítimas desse castigo coletivo não poderão mais receber os sacramentos da Igreja. Só a menina e seu estuprador escapam da fúria de Dom Dedé. Ela, por ser menor de idade; ele, porque a jurisprudência católica não previu nada para puni-lo. "Ele cometeu um pecado muito grave", admite o arcebispo. "Mas, aos olhos de Deus, o aborto é um crime ainda mais grave".
Leia mais: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lemonde/2009/03/12/ult580u3606.jhtm

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse Dedé é um psicopata dos mais hediondos que possa existir na face da terra. Em momento algum nesse episodio teve compaixão da menina violentada e humilhada na sua intimidade de menina-bebê ainda em formação. Para sair do ostracismo em que se encontrava lá em Pernambuco, tratou de aparecer na mídia dizendo que a equipe médica e a mãe da menina seriam excomungados pela lei de "DEUS, aquele que nunca existiu, apenas é explorados por esse caras de paus para faturar em cima dos fieis alienados.