O mercado dos medicamentos que utilizam como insumos produtos da biodiversidade, na virada do milênio, representava US$ 600 bilhões e era liderado pelos Estados Unidos, com 30% do mercado, além de Reino Unido, França e Alemanha, que juntos representam 18%; Japão, Austrália e Taiwan com 16% e, México e Canadá com 6%.
Em 2010, estima-se que esse mercado poderá atingir cerca de US$ 1,5 trilhão e que o mercado mundial de medicamentos movimente anualmente US$ 320 bilhões. Também se estima que 30% dos remédios comercializados são direta e indiretamente de origem vegetal e 10% de origem animal, mineral e de microorganismos. Em todos os medicamentos comercializados, inclusive os fitoterápicos que são consumidos por cerca de quatro bilhões de pessoas no mundo, são utilizadas aproximadamente 25.000 espécies de plantas.
O mercado mundial de produtos farmacêuticos apresenta um movimento anual de US$ 250 bilhões e o de cosméticos, US$ 120 bilhões, totalizando US$ 370 bilhões. Estima-se que o consumo de matérias-primas representa 10% desse valor. O mercado de agroquímicos, de US$ 25 bilhões, praticamente não se distingue dos produtos finais, o que elevaria o total de matérias-primas para aproximadamente US$ 62 bilhões. O mercado mundial de fitofarmacêuticos alcança US$ 16 bilhões/ano (6,4 % do mercado total).
Considerando-se, ainda, a expansão mundial que os mercados de produtos derivados de plantas (fitoterápicos, suplementos alimentares, cosméticos, repelentes de insetos, corantes, etc.) vêm conquistando, e que 25% dos fármacos empregados atualmente nos países industrializados advêm, direta ou indiretamente, de produtos naturais, se conclui que os países detentores de grande biodiversidade têm a oportunidade de entrar em mercados bilionários, como o mercado farmacêutico, que movimenta US$ 320 bilhões por ano, e o mercado de suplementos alimentares, que movimenta cerca de US$ 31 bilhões.
Entre 1990 e 1997, o uso de remédios à base de ervas cresceu 380% nos Estados Unidos, enquanto estudos realizados com a população alemã mostram que 70% das pessoas declaram recorrer à “medicina natural“ como primeira escolha no tratamento de doenças menos graves ou pequenas disfunções.
No Brasil, 20% da população é responsável por 63% do consumo dos medicamentos disponíveis, o restante encontra nos produtos de origem natural, especialmente nas plantas medicinais, a única fonte de recursos terapêuticos. Essa alternativa é utilizada tanto dentro de um contexto cultural, na medicina popular, quanto na forma de fitoterápicos.
Isso se deve à escassa inovação tecnológica em pesquisa e exploração de produtos naturais, que é uma das características marcantes de países em desenvolvimento. No Brasil, as inovações têm sido de baixa ou média intensidade, sendo que os fitoterápicos mais vendidos no mercado brasileiro são produzidos a partir de espécies estrangeiras. Por outro lado, grandes empresas sediadas em países industrializados, como Alemanha, França, Estados Unidos e Japão, vêm aplicando competências científicas e tecnológicas no desenvolvimento de produtos derivados de plantas medicinais oriundas dos países em desenvolvimento que são utilizadas de forma tradicional, e se consolidando como líderes nesse crescente e promissor mercado. Cabe destacar que, na maioria das vezes, não há uma partilha de benefícios com o país de origem da matéria-prima ou com as comunidades tradicionais que lhes indicaram as aplicações das plantas convertidas em um produto final.
O mercado brasileiro de medicamentos e cosméticos está avaliado em US$ 25 bilhões, com 25% dos produtos fabricados a partir de princípios ativos naturais. O mercado brasileiro ultrapassará a faixa de 50 bilhões de dólares com a participação mais intensiva dos produtos fabricados à base de princípios ativos naturais.
O mercado produtor e/ou distribuidor de plantas medicinais e afins na Amazônia está basicamente circunscrito a lojas de produtos naturais, ambulantes, feirantes, fabricantes de remédios caseiros, empresas familiares de empacotamento de plantas in natura e alguns laboratórios e/ou farmácias de manipulação de atuação localizada. Estima-se que 70% das plantas medicinais comercializadas na região são adquiridas de pequenos agricultores ou extratores. Os 30% restantes são comprados em laboratórios e lojas de produtos naturais. No mercado, o número de espécies aumenta anualmente, segundo informações de fregueses e viajantes.
Assim, percebe-se que os países detentores da biodiversidade, via de regra, não estão aptos para enfrentar os desafios de desenvolver esse ramo, tanto em magnitude dos capitais quanto em pesquisa tecnológica. No Brasil, é notória a fragilidade e o atual nível de capitalização das empresas para serem parceiras desse processo, especialmente as empresas amazônicas. Nesse sentido, o Brasil ainda precisa construir uma engenharia “político-financeira” para possibilitar a inserção da Amazônia nesse meganegócio.
G. ENRÍQUEZ, 2008.
Amazônia, meio ambiente, ecologia, biodiversidade, desenvolvimento sustentável, ciência e tecnologia, incubadoras e parques tecnológicos, política nacional e internacional - Amazonia, the environment, ecology, biodiversity, sustainable development, science and technology, incubators and technology parks, national and international policy
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Um comentário:
Amigo, precisamos defender e explorar melhor os recursos amazônicos.
abraços - Mangarosa
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