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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

São Paulo. O veneno vai no começo do mandato

89% são contra alta do IPTU em São Paulo, diz Datafolha. 

64% desaprovam o reajuste do imposto ainda que seja usado como forma de manter a tarifa de ônibus congelada


Aumento foi aprovado na última semana na Câmara Municipal; pesquisa ouviu 690 pessoas na sexta-feira

FOLHA DE SÃO PAULO

Nove em cada dez moradores da cidade de São Paulo são contrários ao aumento do IPTU aprovado na quinta-feira na Câmara Municipal a partir de proposta do prefeito Fernando Haddad (PT).

É o que mostra pesquisa Datafolha feita na sexta-feira com 690 pessoas.

A pergunta aplicada no questionário foi: "Você é a favor ou contra o aumento do IPTU entre 18% e 24% na cidade de São Paulo?".

A votação na Câmara Municipal fixou o aumento do imposto para residências em até 20% e em até 35% para os demais tipos de imóveis.

A margem de erro máxima da pesquisa é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos, para o total da amostra.

Metade dos entrevistados (52%) declararam pagar IPTU, contra 40% que disseram viver em imóveis isentos da cobrança. Não souberam responder se pagam ou não 8%.

Apenas 5% dos entrevistados mostraram-se favoráveis ao aumento, considerado maior do que o necessário por 83% dos entrevistados.

ÔNIBUS CONGELADOS

Os 5% que aprovaram o aumento do imposto, entretanto, cresceram até a marca dos 32% quando a pergunta foi se o entrevistado seria favorável ao aumento do IPTU como forma de congelar em R$ 3 a tarifa de ônibus em 2014.

A maioria (64%), no entanto, se manteve contrária ao aumento mesmo diante de tal argumento.

No que é possível interpretar como um reflexo das mobilizações de junho, que tiveram o congelamento da tarifa entre suas reivindicações, os jovens com idades entre 16 e 24 anos foram, proporcionalmente, os mais favoráveis ao uso do aumento do IPTU para financiar o transporte público em São Paulo.

Nada menos do que 44% dos jovens entrevistados defenderam esse uso (12 pontos percentuais acima da média da pergunta).

Entre os paulistanos com 60 anos ou mais, o índice despencou para a marca dos 25%.

NOVOS AUMENTOS

O Datafolha quis saber também a opinião dos paulistanos sobre os novos aumentos do IPTU, previstos para acontecer em 2015 e 2016, incidindo especificamente sobre imóveis mais valorizados.

A maioria (57%) foi contrária aos reajustes propostos.

E se os bairros mais ricos de São Paulo tivessem reajuste do IPTU maior do que os bairros mais pobres, como prevê o texto aprovado na Câmara Municipal?

A maioria (62%) manifestou-se em conformidade com a medida, contra 35% de paulistanos que se opõem à ideia.

domingo, 3 de abril de 2011

"admirável mundo novo"

Crise faz economistas rever seu manual

Mercado livre, ausência do Estado e obsessão com inflação perdem força no receituário de política econômica

Olivier Blanchard, do FMI, propõe debate em busca de ideias para "admirável mundo novo" criado pela crise


ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

O velho manual que orientou a condução da política econômica nas últimas décadas está sendo revisto.

Esqueçam os conceitos de mercados financeiros livres de interferência do Estado; da preocupação exclusiva dos Bancos Centrais com a inflação, e de reprovação ao uso de controles de capitais.

A crise financeira de 2008 provoca o surgimento de um novo pensamento econômico, batizado por Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI, de "admirável mundo novo" (título do livro clássico de Aldous Huxley).

O debate também provoca polêmica no Brasil, onde o governo tem sido criticado por supostamente adotar postura mais flexível no controle da inflação e dos gastos públicos a fim de evitar desaceleração econômica brusca.

Em seminário organizado pelo FMI no início de março, houve consenso entre notáveis da economia sobre visões erradas do passado.

Há décadas o pensamento econômico predominante (também chamado de ortodoxo) defendia, por exemplo, o mínimo de interferência do Estado no funcionamento dos mercados.
A crise global de 2008 provou que se tratava de um erro. A bolha de preços no setor imobiliário em vários países desenvolvidos -fruto de especulação e endividamento excessivos- estourou arrastando o mundo para a maior recessão desde o pós-guerra.

"Há consenso agora de que bolhas precisam ser combatidas", disse à Folha o economista americano John Williamson, um dos palestrantes no evento do FMI.
Isso implica papel mais ativo do Estado nas áreas de fiscalização e regulação.

NOVAS METAS
Outro ponto que representa grande mudança em relação ao "velho consenso" se refere à política monetária.

Até então, prevalecia no pensamento econômico ortodoxo a ideia de que a política monetária deveria ter um instrumento (taxa de juros) para perseguir um objetivo (a estabilidade dos preços).

Agora, preservação do crescimento e estabilidade do sistema financeiro foram adicionados à lista de metas.
Já as regras para que bancos não tomem riscos excessivos -chamadas medidas macroprudenciais, no jargão econômico- entraram para o rol de instrumentos importantes de política monetária.

O problema, segundo Williamson, é que há discordância e dúvidas sobre como esses novos instrumentos e mecanismos para regular a atuação dos mercados devem ser implementados.
Essas incertezas também transparecem em documento escrito por Blanchard resumindo as principais conclusões da conferência:

"Nós podemos ter muitos instrumentos de políticas, mas não temos certeza sobre como usá-los".
É nessa zona cinzenta da discussão que entra a situação atual do Brasil.

O Banco Central adotou medidas prudenciais para frear a expansão do crédito e sugere que os efeitos colaterais dessa política ajudarão a reduzir pressões inflacionárias. O mercado é cético e defende forte aperto monetário via mais aumentos de juros.

Em artigo publicado na Folha na semana passada, o economista Antonio Delfim Netto disse que as conclusões do encontro do FMI indicam que o BC está em sintonia com o pensamento econômico emergente.

O economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, ressalta, no entanto, que "lá fora não se pensam em medidas prudenciais como instrumento para controle de inflação", mas para evitar, por exemplo, o endividamento excessivo.

A visão é compartilhada por Eduardo Giannetti da Fonseca, do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), que afirma que o principal instrumento para conter pressões inflacionárias continua sendo a taxa de juros:

"O uso de medidas prudenciais como alternativa no combate à inflação é território incerto, o que traz riscos".

sexta-feira, 25 de março de 2011

Brasil vota contra o Irã na ONU e ganha aplauso da oposição persa

País assumiu posição anti-Teerã em um órgão das Nações Unidas pela primeira vez em 8 anos

Diplomacia brasileira nega contraposição ao governo iraniano, mas é assim que os opositores dele, realizados, o veem


CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA

Pela primeira vez em oito anos, o Brasil votou ontem contra o Irã em um organismo da ONU, o Conselho de Direitos Humanos.
O conselho aprovou por 22 votos a favor, 7 contra e 14 abstenções a designação de um relator especial para investigar denúncias de violações de direitos humanos no país. A
Folha antecipou o voto no último dia 3 de março.
Trata-se de uma sinalização de mudança no governo Dilma Rousseff em relação ao de Lula, que vinha evitando críticas ao Irã.
Ontem, em entrevista à
Folha, o chanceler de Lula, Celso Amorim, disse que não apoiaria a resolução se estivesse no governo.
A única vez em que Lula ficou contra o Irã foi em 2003, quando a 3ª Comissão da Assembleia Geral (bem menos importante), apontou violações aos direitos humanos com base em relatórios de enviados ao país. Desde então, foram sete abstenções.
Já no conselho e na sua antecessora, a Comissão de Direitos Humanos, o Brasil votou a favor de relatores durante os anos 90, mas vinha se abstendo desde 2001, "com base no compromisso assumido pelo governo iraniano de aperfeiçoar sua cooperação com o sistema", segundo a embaixadora Maria Nazareth Farani Azevêdo.
De fato, de 2001 a 2005, houve seis visitas de relatores ao Irã, mas a cooperação foi interrompida a partir da chegada ao poder do presidente Mahmoud Ahmadinejad, o que levou agora ao voto a favor. À
Folha, a embaixadora foi mais direta: "O voto não é contra o Irã, mas a favor do sistema de direitos humanos da ONU".
IRANIANOS
Agora, não há sanções, mas investigação. Foi nessa linha a conversa que Maria Nazareth teve com o embaixador iraniano, Sayed Sajjadi, antes da votação.
Explicou que o Brasil é tão aberto que, nos quatro anos e meio de vida do conselho, recebeu ao menos 16 relatores.
Não deve ter convencido Sajjadi, que em seu pronunciamento negou, como era previsível, que o Irã desrespeite os direitos humanos e não coopere com os organismos internacionais.
"O enfoque do Irã na promoção e proteção dos direitos humanos é baseado na sua religião e na sua cultura", disse o embaixador.
Já a embaixadora dos EUA, Eileen Chamberlain Donahoe, cumprimentou a brasileira pelo voto, mas ouviu um pedido: "Me ajude, Eileen. Precisamos aplicar o mesmo em outras situações de não cooperação".
Maria Nazareth não citou países nessa condição, mas a página da alta comissária para os direitos humanos deixa claro que Israel, aliado dos EUA, é um deles.
Por mais que a diplomacia brasileira diga que não é um voto anti-Irã, é assim que ele é percebido ao menos pela oposição iraniana.
"É uma forte mensagem de apoio ao povo iraniano", reagiu Shirin Ebadi, Nobel da Paz em 2003.
A Campanha Internacional por Direitos Humanos no Irã disse que foi de "particular importância" o Brasil ter votado contra o país.

domingo, 20 de março de 2011

Dilma é aprovada por 47% dos brasileiros, diz Datafolha



Ou seja, Dilma com seus 47% hoje se iguala tecnicamente com os 48% de Lula em 2007, já que a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Lula teve 43% de aprovação no terceiro mês de seu primeiro mandato, em março de 2003. Depois, bateu um recorde de aprovação presidencial em início de governo, em março de 2007, atingindo a marca de 48%.
Segundo o Datafolha, Dilma supera em popularidade todos os antecessores de Lula, quando se considera esta fase inicial do mandato.

O instituto faz pesquisas nacionais desde 1990. Em junho daquele ano (a posse então era em março), Fernando Collor tinha 36% de aprovação. Itamar Franco, que assumiu depois do processo de impeachment de Collor, marcou 34% depois de três meses no cargo. Fernando Henrique Cardoso, eleito em 1994 e reeleito em 1998, teve aprovação no início de seus governos de 39% e 21%, respectivamente.

Na pesquisa divulgada hoje, o Datafolha registra 7% que consideram a gestão de Dilma "ruim" ou "péssima".

Outros 34% a classificam como "regular". Há também 12% que não souberam opinar.

O instituto entrevistou 3.767 pessoas em 179 municípios nos dias 15 e 16 deste mês.