domingo, 28 de abril de 2013

Direito: Grande vergonha, brasileiros buscam doutorado rápido na Argentina

Cursos intensivos são realizados durante período de férias, com duração de duas semanas


O número de advogados brasileiros que tem procurado cursos rápidos de pós-graduação na Argentina tem aumentado consideravelmente. Segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (Capes), há três vezes mais estudantes brasileiros fazendo doutorado em direito no país vizinho do que em território nacional. O formato desses cursos estrangeiros, contudo, tem gerado polêmica.

Os profissionais reclamam que no Brasil os cursos de doutoramento geralmente impossibilitam o aluno de trabalhar, dada a exigência de dedicação e à extensa carga horária. Essa necessidade de se manter ativo acabou criando um nicho de mercado na Argentina, e os estudantes acabam chegando às ofertas de vagas através da contratação de empresas que os direcionam em função de convênios firmados com instituições estrangeiras. Há, inclusive, cursos exclusivos para brasileiros.

Weser Francisco Ferreira Neto, aluno do programa de doutorado em direito penal da Universidad de Buenos Aires (UBA). Ele foi encaminhado por uma empresa que se encarregou de prover toda a documentação necessária para a obtenção da vaga na instituição, além de cuidar de questões como passagens e acomodação durante o período de aulas. Segundo o advogado, ele aceitou a proposta especialmente por causa da reputação e da flexibilidade do curso. "Optei pela UBA em razão do conceito que tem e por ser durante as férias. Assim, posso me dedicar aos estudos sem abandonar o trabalho, uma vez que sou funcionário público do Estado e teria dificuldade de estudar durante a semana em horário normal", conta.

O modelo de ensino nesses programas está estruturado de forma que os alunos possam cursar intensivamente durante o período de férias no Brasil. As aulas duram duas semanas, com oito horas diárias de duração. São geralmente quatro módulos, um por semestre, cursados na maioria dos casos em janeiro e julho, dependendo da instituição de destino
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Validação do diploma

Com relação ao reconhecimento do título de doutor no Brasil, Weser diz estar consciente das normas, e está pronto para uma batalha jurídica. "Tão logo tenha o diploma, ingressarei na Justiça para o reconhecimento. Os gestores de ensino no Brasil somente reconhecem os cursos realizados no País". Segundo a Capes, quando o aluno retorna ao Brasil com um título de mestre ou doutor obtido fora, ele precisa recorrer a uma instituição brasileira com um programa de estudos semelhante para solicitar o reconhecimento do diploma através da mesma, sem exceção.



Alguns alunos, contudo, não tiveram a mesma sorte de Weser ao escolher a instituição estrangeira para estudar. O advogado José Aluísio Sampaio, hoje acadêmico da Universidad Nacional de Lomas de Zamora, por exemplo, passou por maus momentos em uma instituição privada argentina, a Universidad del Museo Social Argentino (UMSA), antes de transferir-se à pública, onde realiza seu curso atualmente. "Os professores não eram tão preparados, a qualidade do ensino e a desorganização do curso fez com que eu e mais alguns colegas nos transferíssemos para outra instituição. Além da drástica diferença na qualidade do ensino entre a primeira e a segunda universidade, estávamos preocupados com a questão do reconhecimento do título, pois a UMSA não tem nenhuma convênio firmado com a Capes, já a Lomas de Zamora tem", desabafa.

A maioria das empresas brasileiras que oferecem o convênio faz questão de deixar claro que possui a aprovação da Comissão Nacional de Análise e Aprovação Universitária (Coneau) do governo argentino. No site da Coneau, aliás, é possível conferir uma lista de cursos que possuem o aval da instituição. Para solicitar informações detalhadas é preciso fazer uma solicitação formão ao órgão.

Há várias empresas brasileiras conveniadas com universidades argentinas que oferecem os doutorados. Na relação de documentos exigidos para inscrição geralmente não existe exigência de um título de mestrado, usualmente um pré-requisito para se entrar em programas de doutorado no Brasil.

(Luciana Rosa, Portal Terra)
JC e-mail 4710, de 21 de Abril de 2013.

3 comentários:

ivozanoni.blogspot.com disse...

Ledo engano, amigo, as cargas horarias são as mesmas ou ainda maiores. Pesquise. Não se pode macular a honra de quem estuda com muito custo e sacrifícios na Argentina. Os cursos oferecem a oportunidade de 15 dias por semestre, no mínimo 4 semestres, com aulas presenciais em período integral. Pura ciumeira. A falta de oportunidade de estudar no Brasil, favorecendo a uns poucos, não desmerece as oportunidades no exterior.

ivozanoni.blogspot.com disse...

Ledo engano, amigo, as cargas horarias são as mesmas ou ainda maiores. Pesquise. Não se pode macular a honra de quem estuda com muito custo e sacrifícios na Argentina. Os cursos oferecem a oportunidade de 15 dias por semestre, no mínimo 4 semestres, com aulas presenciais em período integral. Pura ciumeira. A falta de oportunidade de estudar no Brasil, favorecendo a uns poucos, não desmerece as oportunidades no exterior.

Anônimo disse...

O texto é ofensivo. Com afirmações há prejuízo para muitas pessoas. O programa da UBA, por exemplo, volta-se para a América Latina. Há muitas estudantes, pesquisadores e professores da Bolívia, Chile, Equador que vivem os cursos intensivos, como caminho para o doutorado. O problema não está na oferta do curso e sim na intenção de algumas pessoas que encontram na Argentina, na Universidade de Buenos Aires, as portas abertas. Para estudar medicina, p. ex., basta cumprir o ciclo básico, há acesso ilimitado e gratuito, na UBA. Entretanto, não é a vontade de estudar medicina e o custo do curso que determina a certificação de médico. Não é suficiente a vontade de se transformar em doutor e o acesso amplo na UBA. Ninguém é doutor, ou sequer doutorando, por entrar no que é denominado cursos intensivos válidos. O programa é válido e beneficia muita gente, principalmente países africanos ou latino-americanos (não tanto o Brasil).