quinta-feira, 23 de junho de 2011

FOGO AMIGO - PT vs PT


Cristiano Romero
22/06/2011
Na histórica entrevista que deu ao Valor, o governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), deixou claro que a conflagração do PT paulista representa uma ameça à estabilidade do governo Dilma. A disputa fratricida e interminável do partido por cargos enfraquece a presidente e obscurece os destinos de sua gestão. O clima de rebelião permanente tem reflexos na economia.

A denúncia não é da oposição, mas de um petista histórico. "(...) Sobre a palavra da presidente não pode haver intrigas, operações de sabotagem, bairrismos e partidarismos", disse Déda, com conhecimento de causa. "O PT não poder perder de vista que é o partido da presidente. E que tem a primeira das responsabilidades na garantia da estabilidade."

Inconformado com a perda de espaço no governo, o PT paulista age como se não respeitasse Dilma, como respeitava Lula. Na prática, encara a eleição dela como uma dádiva de Lula e, no limite, do próprio partido. É verdade que, em grande medida, Dilma chegou à presidência porque foi ungida pelo ex-presidente, do alto de sua elevadíssima aprovação popular.
Disputa ameaça estabilidade do governo
Mas isso não importa mais. Para o bem ou para o mal, a presidente do Brasil hoje chama-se Dilma Rousseff, e presidentes, no regime político adotado pelo país, podem muito, embora não possam tudo. Os petistas vão para cima da presidente sem pudor, exigindo cargos, nacos de poder e refúgio para candidatos derrotados nas eleições e integrantes da máquina partidária que perderam emprego durante a transição de governo. Quando não cobram o quinhão publicamente, o fazem de forma velada, com ameaça de denúncias, dossiês e que tais.

O PT da disputa interna de teses, como bem lembrou Marcelo Déda, ficou para trás, o que torna o partido muito parecido com o PMDB, há muito uma sigla dedicada exclusivamente ao toma-lá-dá-cá da política nacional.

Petista sem grande convicção - ela se filiou à legenda em 2000 -, Dilma tem uma fragilidade: ela não controla o PT. Como não se sente uma petista orgânica, mantém-se à distância. E, vendo o partido disputar à tapa os espaços de seu governo, procura mantê-lo igualmente à distância.

Lula, depois de perder duas eleições presidenciais, operou para que o PT mudasse o discurso e passasse a aceitar alianças à direita. Num dado momento, a legenda foi controlada com mão de ferro pelo ex-ministro José Dirceu, sempre a serviço de Lula. Mas se o desafio de Lula era controlar os grupos petistas mais à esquerda, o de Dilma é aplacar o fisiologismo.

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