BRASÍLIA - A grande (e ótima) novidade anunciada durante as
minhas férias foi que o Brasil passou o Reino Unido e é agora a sexta
economia do mundo. Uau! Somos uma potência! Mas que potência é essa?
A infraestrutura é sofrível. Os "apaguinhos" são quase rotina, os portos
estão cheios de gargalos, as estradas são péssimas, ferrovias
praticamente inexistem.
Chegar de uma viagem internacional é um inferno no Galeão e em
Guarulhos, as grandes portas de entrada, e até mesmo em aeroportos
menores, como o de Natal, onde há três (isso mesmo: três) esteiras de
bagagem até que a ampliação seja concluída.
Quanto à educação: Será que o país tem boas escolas para a maioria e
profissionais de ponta para enfrentar os desafios do crescimento e da
competitividade em todos os setores? Há dúvidas.
E o país consegue ser a sexta economia mundial com um IDH ainda
vexaminoso. Quando você passeia pelo interior do Nordeste, onde as
coisas vêm melhorando, é verdade, assusta-se com os ainda extensos
bolsões de miséria atolados em dois ou três séculos atrás.
Povoados sem asfalto, um atrás do outro, com crianças barrigudinhas e
descalças correndo na poeira, entre mulheres de ar sofrido e pele
encarquilhada e homens trôpegos pela cachaça e pelo cansaço de uma vida
inteira de trabalho duro, debaixo de sol a pino e em regime de
semiescravidão.
Não consta que haja gente e cenários assim no Reino Unido e na França, o
próximo país a ser, bem antes do que se previa, ultrapassado pela
economia emergente do Brasil.
O que está em pauta não é (só) o ritmo da economia e o complexo
equilíbrio entre crescimento mais baixo e inflação debochada, mas
principalmente a qualidade do desenvolvimento. Há que se discutir por
que, para que e para quem o Brasil assume ares de potência.
Eliane Cantanhêde
Ótimo 2012!
Um comentário:
Li no jornal e também gostei.
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