segunda-feira, 31 de outubro de 2011

ANÁLISE A DOENÇA DO EX-PRESIDENTE

Descoberta de tumor deve influenciar montagem de palanques para 2012
Tendência é que Lula reduza agenda pública, mas continue atuando na costura nos bastidores



DOENÇA APROXIMARÁ AINDA MAIS LULA E DILMA, QUE JÁ ENFRENTOU TUMOR

VERA MAGALHÃES
DE SÃO PAULO

Ainda é cedo para estimar de que forma o recém-descoberto tumor na laringe afastará Lula das múltiplas atividades com as quais se comprometeu desde que deixou a Presidência.

Num primeiro momento, porém, a tendência é que o ex-presidente deixe a linha de frente da articulação política para se recolher e se dedicar ao tratamento médico.
O ex-presidente comanda a montagem da estratégia eleitoral do PT para as eleições municipais de 2012 em várias praças importantes, notadamente em São Paulo.

Concebeu, tirou do papel e teve êxito em tornar viável a pré-candidatura do ministro Fernando Haddad (Educacação), um neófito na política que, a princípio, provocava ceticismo e desconfiança nas hostes petistas.

Em poucos meses, graças a doses generosas de vitamina L, de Lula, não só se tornou viável como passou à condição de favorito na disputa interna petista.
Ontem, ainda perplexos com a notícia sobre a saúde de seu líder maior, os petistas começavam a questionar se Haddad já tem força suficiente para levar o projeto político até as prévias, marcadas para o fim de novembro, sem contar com essa presença constante de Lula.

Sim, porque ninguém imagina, diante das primeiras informações divulgadas sobre o tumor -que dão conta de boas chances de cura total e um tratamento ambulatorial, segundo os médicos-, que o ex-presidente vá se recolher completamente.
Atingido naquilo que os próprios médicos e seus amigos chamavam ontem de sua ferramenta principal de fazer política -a voz-, Lula pode até reduzir sua exposição pública, mas continuará ativo nos bastidores, na costura.
No caso de Haddad, ainda estava no roteiro traçado pelo próprio Lula uma rodada de aparições conjuntas até as prévias de novembro.

O ministro foi um dos poucos convidados para a festa de 66 anos do ex-presidente na última quinta-feira, num sinal da proximidade que estabeleceram.
A depender das condições impostas pela equipe médica para o tratamento, talvez essa agenda pública tenha de ser reduzida.

UNANIMIDADE
Por outro lado, alguns analisavam que, com a saúde fragilizada, Lula, que já era quase à prova de questionamentos no PT, agora se tornará uma unanimidade.

Isso poderia levar a que os petistas que insistem na tese das prévias, a despeito da discordância do ex-presidente, recuassem e aceitassem o seu desígnio.

Além de afetar a montagem dos palanques municipais, a necessidade de se dedicar à sua saúde deve frear também a intensa agenda de viagens internacionais para palestras e homenagens que Lula vinha cumprindo.
Por fim, a doença recém-descoberta terá o condão de aproximar ainda mais Lula e a presidente Dilma Rousseff -que já na primeira manifestação a respeito, na nota emitida ontem, lembrou o fato de já ter enfrentado um tumor e ter obtido sucesso na cura plena da da doença.

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