Philippe Mesmer
Em Tóquio
Os empregados de meio-período são os primeiros a serem atingidos pelas reduções de funcionários nas empresas japonesas. Aqueles de origem estrangeira, principalmente os brasileiros, são afetados de forma particular.
Contratados para fazerem tarefas muitas vezes ingratas, chamadas de "3K" no Japão - kitsui (duras), kitanai (sujas) e kiken (perigosas) -, eles formam uma mão-de-obra complementar para as indústrias que os recrutam por intermédio de agências especializadas e os abandonam na primeira dificuldade que surge.
Sua chegada na ilha data de 1989. Na época, o Japão vivia um período de forte crescimento. O envelhecimento da população e os primeiros déficits de mão-de-obra estimularam o governo a conceder, fato inédito no arquipélago, vistos de trabalho a pessoas não qualificadas. Essa legislação é reservada aos descendentes de japoneses que imigraram para a América do Sul a partir de 1908. Chamados de nikkeijin, muitos deles agarraram essa oportunidade. Em 1990 eles eram em 4 mil, e hoje, 316 mil. Depois dos anos 1990, que foram marcados por tensões com tons de xenofobia, eles foram beneficiados pelo crescimento entre 2002 e 2008. Alguns deles trouxeram sua família.
Com a crise, as perdas de emprego se multiplicam. Esses trabalhadores não possuem seguro-desemprego e perdem a moradia, fornecida em sua chegada pela agência que os recrutou. Encontrar um novo emprego é difícil para eles, pois 90% deles falam mal o japonês.
No dia 18 de janeiro, 350 nikkeijn fizeram um protesto em Tóquio. Ruy Ramos, brasileiro ex-membro da equipe japonesa de futebol e estrela no arquipélago, lhes trouxe seu apoio. "Os residentes brasileiros levam sua contribuição à sociedade japonesa", ele afirmou. "Nós queremos que o governo tome medidas para proteger seus empregos, suas moradias e seu direito à educação".
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