Cientistas franceses conseguiram recuperar a juventude de células de
doadores centenários, ao reprogramá-las ao estágio de células-tronco,
demonstrando assim que o processo de envelhecimento é reversível.
Trabalhos sobre a possibilidade de apagar as marcas do envelhecimento
celular, publicados na edição desta terça-feira do periódico científico
“Genes & Development”, marcam uma nova etapa na direção da medicina
regenerativa com vistas a corrigir uma patologia, ressaltou Jean-Marc
Lemaitre, do Instituto de Genômica Funcional (Inserm/CNRS/Université de
Montpellier), encarregado destas pesquisas.
Segundo um cientista do Inserm, outro resultado importante destes
trabalhos é compreender melhor o envelhecimento e corrigir seus aspectos
patológicos.
As células idosas foram reprogramadas ‘in vitro’ em células-tronco
pluripotentes iPSC (sigla em inglês para células-tronco pluripotentes
induzidas) e, com isso, recuperaram a juventude e as características das
células-tronco embrionárias (hESC).
Estas células podem se diferenciar dando origem a células de todos os
tipos (neurônios, células cardíacas, da pele, do fígado…) após a
terapia da “juventude” aplicada pelos cientistas.
Desde 2007 os cientistas demonstraram ser capazes de reprogramar as
células adultas humanas em células-tronco pluripotentes (iPSC), cujas
propriedades são semelhantes às das células-tronco embrionárias. Esta
reprogramação a partir de células adultas evita as críticas ao uso de
células-tronco extraídas de embriões.
Nova etapa – Até agora, a reprogramação de células
adultas tinha um limite, a senescência, última etapa do envelhecimento
celular. A equipe de Jean-Marc Lemaitre acaba de superar este limite.. A
equipe de Jean-Marc Lemaitre acaba de superar este limite.
Os cientistas primeiro multiplicaram células da pele (fibroblastos)
de um doador de 74 anos para alcançar a senescência, caracterizada pela
suspensão da proliferação celular.
Em seguida, eles fizeram a reprogramação ‘
in vitro‘ destas
células. Como isto não foi possível com base em quatro fatores genéticos
clássicos de transcrição (OCT4, SOX2, C MYC e KLF4), eles adicionaram
outros dois (NANOG e LIN28).
Graças a este novo ‘coquetel’ de seis ingredientes genéticos, as
células senescentes reprogramadas recuperaram as características das
células-tronco pluripotentes de tipo embrionário, sem conservar
vestígios de seu envelhecimento anterior.
“Os marcadores de idade das células foram apagados e as
células-tronco iPSC que nós obtivemos podem produzir células funcionais,
de todos os tipos, com capacidade de proliferação e longevidade
aumentadas”, explicou Jean-Marc Lemaitre.
Os cientistas em seguida testaram com sucesso seu coquetel em células mais envelhecidas, de 92, 94, 96 até 101 anos.
“A idade das células não é definitivamente uma barreira para a reprogramação”, concluíram.
Estes trabalhos abrem o caminho para o uso de células reprogramadas
iPS como fonte ideal de células adultas toleradas pelo sistema
imunológico para reparar órgãos ou tecidos em pacientes idosos,
acrescentou o cientista.
(Fonte: Portal iG)