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domingo, 3 de junho de 2012

Tesoureiro de Dilma nega pedido de ajuda ao ex-diretor do Dnit


SÃO PAULO - O tesoureiro de campanha da presidente Dilma Rousseff, deputado federal José de Filippi (PT-SP), afirmou neste sábado que não precisava do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, para ter contato com as empresas que doaram para o PT em 2010.

Pagot acusou, em entrevista a revista “Isto É”, lideranças do PT e do PSDB de buscarem recursos para a campanha eleitoral no seu departamento, um dos que mais recebe verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Segundo o ex-diretor, Filippi teria pedido sua ajuda para arrecadar com as empreiteiras que prestavam serviços ao Dnit – do qual foi demitido em 2011 por Dilma, no escândalo de corrupção no Ministério dos Transportes.

“O Pagot está magoado, mas não entendi as declarações dele. Já tive contato com os presidentes dessas empresas em 2006 [quando foi tesoureiro de campanha do ex-presidente Lula], então não precisava dele para fazer os contatos”, disse o deputado ao Valor. “Quem realmente conversou com algumas dessas empresas foi o [secretário de finanças do PT, João] Vaccari", completou.

Filippi afirmou que se encontrou três vezes com Pagot. A primeira, no comitê de campanha de Dilma, no começo do período eleitoral, quando ele foi apresentado por lideranças do PR e ofereceu três aviões do senador Blairo Maggi (PR-MT) para usar na eleição.

“Trocamos uns dez telefonemas sobre isso, mas não deu certo porque um avião estava no conserto, outro fez uma viagem à Europa. Depois de umas três semanas, acabamos procurando outro avião para a campanha”, afirmou.

A segunda vez, de acordo Filippi, foi em novembro, depois da eleição. O encontro ocorreu no comitê de campanha, quando o tesoureiro buscava recursos para saldar a dívida deixada, de quase R$ 28 milhões. “As empresas que o Pagot cita já doavam antes desse encontro em novembro”, disse.

A terceira reunião foi uma visita oficial como deputado ao Dnit em março de 2011, ainda segundo o petista. “O Pagot me apresentou os funcionários, me explicou como funcionava, falou dos problemas de orçamento”, relatou o deputado, que disse ter uma boa relação com o ex-diretor.

Pagot disse à revista que encontrou 15 empresas, na prestação de contas do PT, que doaram a pedido seu: as construtoras Carioca Engenharia, Concremat, Construcap, Barbosa Mello, Ferreira Guedes, Triunfo, CR Almeida, Egesa, Fidens, Trier, Via Engenharia, Central do Brasil, Lorentz, Sath Construções e STE Engenharia.

Segundo Filippi, dessas 15, duas não doaram: Lorentz e Sath Construções. O petista também diz acreditar que outras duas, a STE e a Central do Brasil, doaram de forma impessoal. “Enviamos cartas para as 10 mil maiores empresas do país pedindo contribuição para a campanha. Pelos valores doados pelas duas, acredito que o dinheiro tenha vindo daí”, afirmou.

O tesoureiro diz que, se Pagot contribuiu com a campanha, foi na doação do então candidato e hoje senador eleito Blairo Maggi, que o indicou para o cargo no Dnit. “Eu não tenho contato com o senador Maggi. O Pagot ajudou a concretizar a doação de R$ 1 milhão feita pelo senador”, afirmou.

Filippi também refuta outra declaração de Pagot, de que o ex-diretor teria enviado cópias dos boletos das doações. “A doação é feita diretamente na conta da campanha, fica o registro online. Não tem boleto”, afirmou.

(Raphael Di Cunto | Valor)

domingo, 3 de abril de 2011

Rodovia do PAC vira foco de denúncias no Nordeste



PF e TCU apontam fraudes na duplicação da BR-101, orçada em R$ 2,5 bi

Em 2010, a Operação Via Ápia indiciou os envolvidos por supostos crimes de formação de quadrilha e corrupção

FLÁVIO FERREIRA ENVIADO ESPECIAL AO NORDESTE
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

Uma das principais obras do PAC no Nordeste, a duplicação da rodovia BR-101 virou foco de irregularidades e desvios de verba, apontam investigações da PF (Polícia Federal) e do TCU (Tribunal de Contas da União).

Dos cinco trechos entregues pelo governo federal a empreiteiras, três apresentam indícios de fraude, pagamento de propina e má execução de serviços que podem comprometer a durabilidade e a segurança da rodovia.

A obra se arrasta desde 2005 e deve custar R$ 2,5 bilhões aos cofres públicos. O trajeto tem 398 km e corta três Estados: RN, PB e PE.

Procuradas, as construtoras negaram irregularidades ou não quiseram se pronunciar. A direção do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) disse colaborar com as apurações.

No lote 2, que liga Arez (RN) à divisa entre Rio Grande do Norte e Paraíba, a ação da PF já levou à prisão preventiva de dois dirigentes do Dnit, um fiscal e três funcionários das empreiteiras.
Deflagrada em dezembro de 2010, a Operação Via Ápia indiciou os envolvidos por supostos crimes de formação de quadrilha, peculato e corrupção ativa e passiva.

Escutas feitas com autorização judicial flagraram o chefe de fiscalização do Dnit e o gerente do consórcio liderado pela Constran negociando "pacotes" e "encomendas" -propina, diz a PF.
Para o juiz federal Mário Azevedo Jambo, do Rio Grande do Norte, houve "nefasta promiscuidade entre servidores públicos que deveriam fiscalizar obras rodoviárias e representantes de empreiteiras". O Ministério Público Federal estima os prejuízos até aqui em R$ 4 milhões.
Em Pernambuco, a PF descobriu que o consórcio que venceu o trecho 7 (Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, Odebrecht e Barbosa Mello) deixou de instalar barras de aço subterrâneas necessária para dar estabilidade à pista.

A Folha percorreu o trecho na quinta-feira e encontrou rachaduras em placas de concreto recém-concluídas.

No lote 8, também em PE, laudo da Operação Castelo de Areia aponta sobrepreço de R$ 45 milhões. O trecho é tocado por OAS, Camargo Corrêa e Mendes Junior.

O relatório final da PF também cita indícios de pagamento de R$ 560 mil em propina a dirigentes do Dnit. A investigação está parada há 14 meses por decisão do ministro Cesar Asfor Rocha, do Superior Tribunal de Justiça.

Dos oito trechos em que a rodovia foi dividida, três foram construídos pelo setor de engenharia do Exército.