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A discussão sobre o Código Florestal na noite de quarta-feira provocou um entrevero entre a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva e o relator do texto, Aldo Rebelo (PCdoB-SP).
Aldo se sentiu insultado com a mensagem que Marina havia postado no Twitter: "Estou no plenário da Câmara. Aldo Rebelo apresentou um novo texto, com novas pegadinhas, minutos antes da votação. Como pode ser votado?!".
Ele, então, aproveitou a acusação feita na tribuna pelo líder do PT, Paulo Teixeira (SP), de que fraudara o texto que havia acordado, para responder à ex-ministra, que acompanhava no plenário: "A fala infeliz do deputado Paulo Teixeira deu razão para a ex-senadora Marina Silva, que postou em seu Twitter que eu fraudei o texto. Quem fraudou, quem contrabandeou madeira, foi o marido da senadora", disse Aldo, complementando que à época era líder do governo e atuou para impedir que o marido de Marina fosse depor na Câmara.
Ontem, a ex-senadora e seus correligionários do PV convocaram uma entrevista coletiva na Câmara dos Deputados para apresentar sua tréplica, ao lado dos deputados Alfredo Sirkis (PV) e Sarney Filho (MA). "Não tenho nenhum receio quanto a essas acusações. As pessoas que me conhecem sabem que elas são falsas e levianas e começaram quando eu era ministra e levamos 725 pessoas à cadeia por desmatamento irregular, apreendemos mais de 1 milhão de metros cúbicos de madeira, aplicamos R$ 4 bilhões de multas e, junto com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, retiramos 37 mil propriedades das mãos de grileiros", disse Marina. Ela também insinuou que seu marido poderá interpelá-lo na Justiça.
Segundo Marina, as acusações contra seu marido ocorreram ao mesmo tempo em que era ministra e atuava contra os desmatadores. "Naquele momento, veio uma fúria contra a minha equipe e contra mim e dossiês apócrifos, denúncias vazias, calúnias ficavam o tempo todo sendo entregues à imprensa e a parlamentares".
Um desses parlamentares foi o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), que em 2004 encaminhou um requerimento ao então líder do governo da Câmara, Aldo Rebelo, para que o marido de Marina esclarecesse na Câmara seu possível envolvimento em fraudes no Ibama. Aldo articulou para que o pedido não fosse adiante.
Marina ontem o criticou também por isso. "Até ontem eu imaginava que seu encaminhamento contrário fosse por seu convencimento de justeza de causa. Intimidações só funcionam para quem não sabe olhar para o foco principal desse debate: querem impor um retrocesso na legislação ambiental do país."
Em seguida, o PV divulgou uma nota de desagravo em que relata a acusação contra o marido de Marina. Segundo o texto, ele, como secretário-executivo do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), foi acusado de participar de um convênio firmado entre o Ministério do Meio Ambiente e uma entidade civil, a Fase, ao qual o GTA é ligado. Esse convênio teria permitido a comercialização de uma grande quantidade de mogno apreendido na gestão anterior do ministério, cujos recursos, segundo o PV, foram destinados a um fundo que apoia projetos socioamebientais na Amazônia. O partido afirma que quando o convênio foi firmado ele já havia deixado o GTA. Aldo não foi localizado para comentar as declarações de Marina. (CJ)
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