sábado, 26 de setembro de 2009

Crise diplomática em Honduras - Governo brasileiro esperava linguagem mais dura da ONU

O governo brasileiro ficou frustrado com a linguagem usada na declaração da presidente do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), Susan Rice, sobre a situação em Honduras, informa matéria de Sérgio Dávila publicada na Folha deste sábado (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).

O Itamaraty esperava que a principal instância da ONU, presidida atualmente por Rice, embaixadora dos EUA, se pronunciasse de forma mais dura contra o conflito, chamando atenção de todo o mundo sobre ele.

Rice, no entanto, defendeu em seu pronunciamento que Washington acredita que seria a OEA (Organização dos Estados Americanos), e não o Conselho de Segurança, a instituição mais capacitada a lidar com uma crise regional como esta.

O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, concorda com o ponto de vista e afirma não ver razão para o envolvimento da instância maior da ONU, já que não se trata de um conflito armado.

Leia a reportagem completa na folha Online Aqui

3 comentários:

Jurema Cappelletti disse...

Muito desegante o 'bate-boca' entre Celso Amorim e Susan Rice sobre o assunto. O Brasil precisa, com urgência, de gente mais capacitada para cargos tão importantes.

Aliás, o comportamento dele está bem de acordo com o do governador que fala em estuprar Minc, o presidente da República que diz SIFU em seu discurso e outros do mesmi gênero.

Este é o atual Brasil rampeiro.

Anônimo disse...

Chiste, diz:

EUA dizem que retorno de Zelaya foi 'irresponsável'

Diplomata responsabiliza quem facilitou o retorno de Zelaya. Conselho Permanente da OEA reuniu-se para discutir a crise política.

Do G1:

A volta clandestina do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, ao país foi "irresponsável" e não serve aos interesses do povo, disse nesta segunda-feira (28) o representante norte-americano na OEA (Organização dos Estados Americanos), Lewis Anselem.

Anselem fez as declarações durante reunião extraordinária do Conselho Permanente da organização.

"Os que facilitaram a volta de Zelaya têm uma especial responsabilidade para prevenir a violência e garantir o bem-estar do povo hondurenho", disse, sem detalhar.

Na semana passada, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, havia dito esperar que a volta de Zelaya pudesse ser uma "ocasião" para o reinício das negociações.
(Blog do Ricardo Noblat)

Anônimo disse...

Chiste, repassando:
Deu na Folha de S. Paulo
Um passo atrás (Editorial)

Brasil se intromete mais do que deve em Honduras e toma atitude estranha de negar-se ao diálogo com governo de fato

O envolvimento do Brasil na crise hondurenha foi além do razoável, e provavelmente o Itamaraty já perdeu a capacidade de mediar o impasse. É preciso dar um passo atrás e recuperar a equidistância em relação seja à intransigência de um governo ilegítimo, seja a uma plataforma, dita bolivariana, descompromissada com a democracia.

O Brasil perdeu o mando sobre sua embaixada em Tegucigalpa. A casa está ocupada por cerca de 60 militantes, que acompanham o presidente deposto, Manuel Zelaya. Devido à omissão do governo brasileiro, Zelaya e seu séquito transformaram uma representação diplomática estrangeira numa tribuna e num escritório político privilegiados.

O salvo-conduto para o proselitismo chegou ao ápice no sábado. De dentro da embaixada brasileira, Zelaya conclamou a população do país à revolta. Se o Brasil considera o presidente deposto seu "hóspede", deve impor-lhe a regra fundamental da hospitalidade diplomática: calar-se sobre temas políticos internos. Do contrário, caracteriza-se intromissão de um país estrangeiro em assuntos domésticos hondurenhos.

A propósito, terá o Itamaraty controle sobre todos os cidadãos alojados em sua representação? Sabe, de cada um, a nacionalidade e o motivo de estar ali? O abrigo deveria restringir-se a Zelaya e seus familiares próximos; todos os demais precisam ser retirados da embaixada. Não cabe ao Brasil hospedar a guarda pretoriana do presidente deposto.

Outra posição cada vez mais estranha do Brasil é a recusa absoluta de negociar com o governo interino de Roberto Micheletti. Tal intransigência contraria a tradição diplomática do Itamaraty, não contribui para a dissolução do impasse e cai como uma luva para o objetivo do chavismo -interessado em prolongar a desestabilização política em Honduras.

O presidente Lula negocia com a ditadura cubana e a favor dela interveio na Assembleia Geral da ONU. Em Nova York, afagou o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que acabava de reiterar a negação do Holocausto e ser flagrado em nova trapaça nuclear.

Logo depois, na Venezuela, Lula se reuniu com golpistas africanos e ditadores homicidas do continente, como Robert Mugabe (Zimbábue) e Muammar Gaddafi (Líbia) -o líder sanguinário do Sudão não pôde comparecer porque poderia ser preso numa conexão aérea.

O regime chefiado por Roberto Micheletti em Honduras ocupa categoria bem mais tênue de ilegitimidade democrática. Violou a Constituição ao expulsar do país um presidente eleito, quando a ordem da Corte Suprema era de prender Zelaya, por afronta a essa mesma Carta.

O governo interino, contudo, respeitou a linha sucessória constitucional, assegurou o poder em mãos civis e manteve o calendário das eleições presidenciais, marcadas para 29 de novembro.

O Brasil precisa recobrar a lucidez diplomática -e, com ela, a sua capacidade de mediação. Ajudar a dissolver o impasse é a melhor contribuição que o Itamaraty tem a oferecer no caso de Honduras
(Blog do Ricardo Noblat)