terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

DINHEIRO PARA IDIOTAS - money for idiots - l'argent pour des idiots - Geld für Idioten


Nosso sistema moral e econômico é baseado na responsabilidade individual. É baseado na ideia de que as pessoas têm de arcar com as consequências de suas decisões. Isso as torna mais cuidadosas ao tomar decisões. E isso significa que a sociedade tende à justiça - na medida do possível, as pessoas recebem aquilo que merecem.
Nos últimos meses, discutimos muito tudo isso. Os governos de Bush e Obama estão recompensando a leviandade e a irresponsabilidade. A ajuda financeira presenteia os banqueiros que assumiram riscos insanos. A ajuda à indústria automobilística subsidia companhias e sindicatos que há algumas décadas tomaram decisões que levaram o setor ao chão.
O pacote de estímulo oferece dezenas de bilhões de dólares para Estados que esbanjaram dinheiro durante os anos de prosperidade. O plano imobiliário de Obama obrigará as pessoas que compraram casas modestas a pagarem pelos empréstimos de outras que compraram casas que não podiam pagar. Quase certamente obrigará as pessoas que foram honestas em seus formulários de empréstimo a pagar pelas que foram desonestas.
Essas injustiças estão alimentando a revolta em todo o país, vigorosamente expressa por Rick Santelli na CNBC na manhã de quinta-feira (dia 19). "O governo está promovendo o mau comportamento",Santelli gritava enquanto operadores de mercado de Chicago o aplaudiam. "O presidente... deveria criar um site? para as pessoas votarem... para saber se elas querem pagar os empréstimos dos falidos".
Bem, em alguns casos, talvez até queiramos. Isto é porque, essencialmente, o negócio do governo não é o Juízo Final, certificando-se de que todos cumpram penitência por seus pecados. Em épocas como esta, o negócio do governo é principalmente estabilizar o sistema econômico como um todo.
Deixe-me explicar de outra forma: os psicólogos têm um ditado que fala que quando um casal chega para fazer terapia, há três pacientes na sala - o marido, a mulher e o próprio casamento. O casamento é a história viva de todas as coisas que aconteceram entre marido e mulher. Uma vez que os padrões são determinados, o próprio casamento começa a dar forma ao comportamento dos indivíduos. Apesar de existir espaço entre eles, o casamento tem uma influência própria.

Da mesma forma, uma economia tem uma cultura econômica. A partir de bilhões de decisões individuais, surge uma paisagem econômica comum, que molda e influencia as decisões de todos.Nesse momento, a paisagem econômica parece aquele filme sobre a ponte de Tacoma Narrows que você deve ter assistido na aula de ciências. Ela começou a balançar um pouco com o vento e as oscilações foram aumentando até que a coisa toda parecia estar viva e o piso ficou parecendo a superfície de um líquido.

Leia mais no: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2009/02/23/ult574u9172.jhtm
David Brooks
Colunista do The New York Times

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Do jet ski ao colapso financeiro - The jet ski to the financial collapse - 喷气滑雪的金融崩溃

A economia de mercado tornou-se um verdadeiro modelo que a maioria siguiu e poucos conseguiram mostrar um caminho diferente. Os culpados não são só os perversos neoliberais que a promoveram, como também os igênuos que pactuaram com esse modelo.
Baseada no consumo supérfluo o crédito foi a alma da economia capitalista. Tudo era sustentado no crédito. Carros para pagar a 60 meses (5 anos), jet ski, lanchas, barcos, roupas de griffes, geladeiras inteligentes, sistemas integrados de TV digital, TV com tela plana, de plasma, de LCD, de 20 polegadas, de 30, de 40 de 80 e porque não? grandes telas de TV que muitas vezes nem cabem nos espaços dos orgulhosos compradores, assalariados que só veram a felicidade do consumo graças ao crédito. Em fim, só o ceu tem sido o limite dos consumidores do desejo.
Tudo financiado com créditos fartos ao serviço do consumismo, juros escorchantes e por todos conhecidos como um assalto ao salário dos consumidores. Por enquanto na esfera da produção, as empresas cresciam produzindo o superfluo e alimentando o desejo sim limites dos novos ricos e o Estado sucateado e empobrecido nada fez para, pelo menos, produzir o essencial e que serve para viver mesmo. Escolas, educação, saúde, cultura, lazer (decente) etc. Tudo fopi entregue às mãos privadas.
Aí estão os resultados, uma crise econômica de grandes proporções e que afetará diretamente aos países que vivem da exportação de commodities, voltamos ao século retrasado. O nosso algodão, café de hoje é a soja, o minério de ferro, o milho etc. todos eles em despencada.
Não só a economia deve mudar, os que devem mudar também são os políticos, principalmente os que estão no limite da sua capacidade de compreender as alternativas ousadas que deverão ser seguidas para encontrar o caminho, não do crescimento econômico e sim da sustentabilidade da vida.
O cardápio com o qual o Brasil conta deve ser melhorado, novas forças devem ser somadas, mais inteligência jovem deve entrar no processo. Lamento mas é assim mesmo. Se requer maior capacidade de resposta, que só aquele que tem energias suficientes para empurrar a roda está em plenas condições de contribuir.
O governo deve pensar menos no seu partido, menos em ver se o técnico que precisa para tal ou qual atividade pagou suas contribuições, se é daquela ou da outra tendência. Bastaria saber que existe identidade com o pensamento macro do governo e sobre tudo que tem competência. Assim teria melhores condições de dar uma resposta à crise que reque uma atuação urgente do governo. O governo deve correr e preparar esse resposta para impedir que a salvação venha também para as classes mais desfavorecidas que os mais favorecidos já tem seu anjo da guarda.

Amazônia - Lucros de uma empresa de cosméticos a partir do uso da biodiversidade - Profits of the cosmetics company from the use of biodiversity

A Linha EKOS da floresta, para a produção de cosméticos a base de produtos naturais, foi o ponto de partida da empresa NATURA na sua nova fase de uso da biodiversidade da Amazônia.
Os lucros são extraordinários e mostram que o valor da biodiversidade não está na derrubada da floresta e sim na sua conservação e exploração sustentável.
O grande problema, que deveria ser uma das principais preocupações das políticas públicas do governo, é conseguir uma distribuição equitativa dos lucros da exploração comercial da biodiversidade. Isso significa que toda a cadeia produtiva seja beneficiada, não apenas as empresas e também os principais detentores dos recursos, as comunidades da floresta.

FATURAMENTO DA EMPRESA NATURA (1996-2006)

BRASIL - Empresa NATURA acusada de biopirataria (2) NATURA company accused of biopiracy - 自然公司被控生物剽窃 - NATURA société accusé de biopiraterie


Murmuru: antepassado transformado em árvore
Inicialmente, a empresa Tawaya funcionava no Vale do Juruá, mas logo foi transferida para Cruzeiro do Sul, distante da área indígena, impedindo a comunidade de participar da fabricação. Tawaya é o nome que os ashaninka atribuem para o Rio Amôena, que foi percorrido durante as pesquisas feitas por Fábio Dias.
Uma vez iniciados os preparativos para a produção, o empresário passou a tratar os ashaninka como meros fornecedores de matéria-prima, deixando de cumprir com tudo que prometera durante os anos de convívio e de utilização do conhecimento tradicional da comunidade indígena.
O MPF sustenta que o empresário não tinha a necessária autorização para patentear o produto. A Medida Provisória nº 2.186/2001, que diz respeito à proteção ao conhecimento tradicional das comunidades indígenas e locais, associado ao patrimônio genético, anota o reconhecimento pelo estado do direito dessas comunidades para decidir sobre o uso de seus conhecimentos tradicionais, reconhecidos como patrimônio cultural brasileiro.
Na ação civil pública, o procurador da República Lucas Perroni Kalil assinala que o conhecimento tradicional refere-se a todo conhecimento, inovações e prática das comunidades indígenas e locais, concebidas a partir da experiência empírica adquirida através dos séculos, e adaptado à cultura e aos entornos locais.
- O conhecimento tradicional se transmite por via oral, de geração em geração e tende a ser de propriedade coletiva. Adquire a forma de histórias, canções, folclore, refrões, valores culturais, rituais, leis comunitárias, idioma local e práticas agrícolas, inclusive de espécies vegetais e raças animais. O murmuru tem origem lendária para os ashaninka. Não se trata de uma simples árvore, mas sim de um antepassado que foi transformado em árvore - acrescenta Kalil.

BRASIL, AMAZÔNIA-EMPRESA NATURA ACUSADA DE BIOPIRATARIA (1) - NATURA company accused of biopiracy - NATURA société accusé de biopiraterie - 自然公司被控生物剽窃


Acusada de cometer biopirataria ao usar o ativo de murmuru (Astrocaryum ulei Burret), a indústria de cosméticos Natura enfrenta hoje uma audiência de conciliação na Justiça Federal, em Rio Branco (AC), decorrente de ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF) em defesa dos índios ashaninka da aldeia Apiwtxa do Rio Amônea, na fronteira Brasil-Peru.

A ação do MPF, contra a exploração indevida de conhecimento tradicional ashaninka, começou em agosto de 2007. Ela também envolve o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), a Chemyunion Química LTDA, e o empresário Fábio Dias Fernandes, proprietário da empresa Tawaya, de Cruzeiro do Sul (AC), fabricante de sabonete de murmuru.

O MPF no Acre chegou a recomendar ao Inpi a suspensão do pedido de patente relativo à formulação do sabonete de murmuru, obtido a partir do conhecimento tradicional dos ashaninka. A patente de nº PI0301420-7 foi homologada pelo proprietário da empresa Tawaya.

De acordo com o MPF, a elaboração da manteiga de murmuru se deu mediante o acesso a conhecimentos tradicionais da comunidade, quando o empresário realizava projeto de pesquisa e levantamento de produtos florestais em parceria com a organização não-governamental Núcleo Cultura Indígena, sediada em São Paulo.

Ao final da pesquisa, Dias decidiu implantar a empresa de beneficiamento para produzir a manteiga de murmuru em escala industrial. Os índios forneceriam as sementes e teriam direito a 25% dos rendimentos obtidos pela empresa. Com isso, os ashaninka preocuparam-se em formar e capacitar a comunidade para exploração da semente de murmuru de forma sustentável, sem que o conhecimento da fabricação do produto fosse externalizado.
PORTAL DO MEIO AMBIENTE.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

BRAZIL, AMAZÔNIA - EX-MINISTRA DO MEIO AMBIENTE MARINA SILVA PARTIU PARA A BRIGA - Die ehemalige Umweltministerin Marina Silva, die für den Kampf

Ex-ministra do Meio Ambiente (de 2003 a maio de 2008), a senadora Marina Silva (PT-AC) quer reduzir no Congresso o tamanho das áreas que o governo Lula pretende legalizar na Amazônia.

Segundo a senadora, a MP (medida provisória), assinada pelo presidente no encontro nacional com prefeitos na semana passada, permite legalizar ocupações na Amazônia feitas por grileiros associados à violência e ao desmatamento.

Lula incluiu a MP no chamado "pacote de bondades" a prefeitos. A meta do governo é atingir 436 municípios da Amazônia. A MP prevê regularização de 296,8 mil áreas, cada uma com até 1.500 hectares (nove vezes o tamanho do parque Ibirapuera em São Paulo).

Na terça-feira, a senadora apresentou emenda à MP para reduzir o limite de 1.500 para 400 hectares. Na prática, a emenda de Marina exclui a regularização de 13.218 áreas. O Ministério do Desenvolvimento Agrário informa ainda não saber o tamanho somado dessas propriedades.

Ainda na MP, Lula dispensou a necessidade de que seja feita uma vistoria prévia para a regularização de até 400 hectares. O governo alega que é inviável mandar um funcionário a cada área para fazer vistorias, bastaria o georreferenciamento, ou seja, a elaboração de um mapa preciso por uma empresa contratada. Marina quer, no entanto, vistoria como exigência para a legalização de propriedades entre 101 e 400 hectares.

A intenção da ex-ministra é verificar se os posseiros já exploravam as áreas antes de dezembro de 2004, como prevê a MP, e de forma pacífica. "Sem esses requisitos, corremos o risco de legalizar grilagens e não regularizar ocupações", diz a assessoria da senadora.

Em outro ponto da MP, o governo define que não haverá licitação para vender a posseiros áreas da União de 101 a 1.500 hectares. A senadora quer a dispensa de licitação só para áreas de 101 a 400 hectares.

"É um grande problema estabelecer o preço da terra na Amazônia, onde o mercado [imobiliário] é em grande medida ilegal com contratos de gaveta e escrituras falsificadas", diz a assessoria de Marina. A licitação, segundo a senadora, resolveria o problema.

Procurado, o ministério não se manifestou sobre as propostas. O governo diz que a MP visa concluir em 120 dias processos que demoram até cinco anos e travam a regularização fundiária. A meta é legalizar 67,4 milhões de hectares, ou quase três vezes a cidade de São Paulo.

Além de Marina, a Comissão Pastoral da Terra na Amazônia também critica a MP. Para o coordenador João Batista, de Marabá (PA), a regularização fundiária de áreas com até 1.500 hectares favorece grandes grileiros de terras. (Fonte: Hudson Corrêa/ Estadão Online)

Brazil, Amazonia - Conflitos armados ameaçam pontos ricos em biodiversidade - Konflik bersenjata mengancam poin kaya keanekaragaman hayati

Armed conflicts threaten points rich in biodiversity.

Em um resultado surpreendente, um novo estudo publicado pela revista cientifica Conservation Biology descobriu que mais de 80% dos maiores conflitos armados do mundo, de 1950 a 2000, ocorreram em regiões identificadas como as mais biologicamente diversas e ameaçadas do planeta.

Intitulado Warfare in Biodiversity Hotspots, o estudo realizado por cientistas especializados em conservação ambiental comparou grandes zonas de conflito com 34 pontos ecológicos importantes identificados pela Conservação Internacional (CI). Esses pontos são considerados prioridades de conservação porque contêm as populações inteiras de mais de metade de todas as espécies de plantas e de pelo menos 42% dos vertebrados, e estão altamente ameaçados.

"Essas conclusões - de que os locais mais ricos em vida da Terra são também as regiões de maiores conflitos humanos - nos diz que essas áreas são essenciais tanto para a conservação da biodiversidade quanto para o bem estar dos homens", disse Russell A. Mittermeier, presidente da CI e autor do estudo. "Milhões das pessoas mais pobres do mundo vivem nesses pontos e dependem de ecossistemas saudáveis para sua sobrevivência, então há uma obrigação moral - assim como uma responsabilidade política e social - de proteger esses locais e todos os recursos e serviços que eles fornecem."

O estudo determinou que mais de 90% dos grandes conflitos armados - definidos como aqueles que resultaram em mais de mil mortes - ocorreram em países que tinham um dos 34 pontos importantes de biodiversidade, enquanto 81% se deram em pontos específicos. Um total de 23% pontos passaram por guerras durante os 50 anos estudados.

Entre os exemplos desses conflitos está a Guerra do Vietnã, durante a qual o uso do chamado Agente Laranja destruiu florestas. Também tiveram problemas a República democrática do Congo, o Camboja e a Libéria, que tiveram suas camadas de florestas devastadas.

Além disso, refugiados de guerra precisam caçar, fazer fogueiras e construir acampamentos para sobreviver, aumentando a pressão por recursos. Mais armas significam mais caça, o que pode dizimar as populações selvagens - como os 95% dos hipopótamos mortos no Congo.

"As consequências vão muito além da guerra em si", disse o autor Thor Hanson, da Universidade de Idaho. "As preparações de guerra e os derivados pós-guerra também têm implicações importantes para os pontos ricos em biodiversidade e para as pessoas que lá vivem."

No total, esses pontos abrigam 1,2 bilhão das pessoas mais pobres do mundo, que se apoiam em recursos naturais para sobreviver. (Fonte: Estadão Online)