quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A PASTEURIZAÇÃO DA ESQUERDA - FREI BETTO

De uma entrevista com Frei Betto.

"No Brasil, o governo Lula optou por uma governabilidade baseada na política de conciliação com os setores dominantes e compensação aos dominados, dentro do receituário econômico neoliberal. Ao assumir a presidência, Lula poderia ter assegurado sua sustentabilidade política em duas pernas: o Congresso Nacional e os movimentos sociais. Escolheu o primeiro parceiro e descartou o segundo, que lhe era co-natural. Assim, tornou-se refém de forças políticas tradicionais, oligárquicas, que ora integram o grande arco de alianças (14 partidos) de apoio ao governo".

Descolamento das bases populares

Ao chegar ao governo, o PT preencheu considerável parcela de funções administrativas graças à nomeação de líderes de movimentos sociais. Afastados de suas bases, essas lideranças se encontram, hoje, perfeitamente adaptadas às benesses do poder, sem o menor interesse em retomar o “trabalho de base”. Instados a se manifestar, são a voz do governo junto às bases, e não o contrário.

Por sua vez, o governo adotou uma política de relação direta com a parcela mais pobre da população, sem a mediação dos movimentos sociais, como é o caso do programa Bolsa Família, que ocupou o espaço do Fome Zero. Este se apoiava em Comitês Gestores integrados por lideranças da sociedade civil, que controlavam e fiscalizavam a iniciativa. Agora, o mesmo papel é exercido pelas prefeituras. E o propósito emancipatório, de manter as famílias castigadas pela miséria no programa por, no máximo, dois anos, foi abandonado em favor de uma dependência que traz ao governo bônus eleitoral.

Tal medida enfraquece os movimentos e, ao mesmo tempo, joga o governo no risco de ceder ao neocaudilhismo: o núcleo governante, voltado unicamente ao seu projeto de perpetuação no poder, mantém, via políticas sociais, relação direta com a população beneficiária, sem contar sequer com a mediação de partidos políticos originados na esquerda. No Brasil, o fenômeno do lulismo (76% de aprovação) se descolou do petismo. O PT, por sua vez, aceitou restringir-se ao jogo do poder. São cada vez mais raros, pelo país, os núcleos de base do PT. Agora, o processo de filiação de novos militantes já não obedece a critérios ideológicos, e nem há cursos de capacitação política.

Um projeto de poder

O que significam tais mudanças? Elas apontam para a perda do horizonte socialista, que norteava o PT, o PCdoB e muitos militantes do PDT. Trata-se de sobreviver politicamente, combinando a economia neoliberal com uma política social-democrata de caráter compensatório, não emancipatório. Assim, questões candentes da pauta histórica da esquerda, como a reforma agrária, são relegadas a futuro incerto. Escolhe-se abster-se de um modelo alternativo de desenvolvimento sustentável e libertador. O projeto Brasil é descartado em benefício de um projeto de poder, para cujo êxito não faltam escândalos de corrupção (mensalão) e alianças contraídas com partidos e forças sociais e econômicas que o PT, o PCdoB e o PDT, ao serem fundados, se propunham enfrentar e derrotar.

Esperava-se que o efeito Lula viesse a demonstrar que, através do fortalecimento progressivo dos movimentos populares, seria possível conquistar parcelas de poder. E novos paradigmas seriam introduzidos na esfera de governo. Se isso significasse a superação paulatina das políticas neoliberais, e a melhoria da qualidade de vida da população, representaria um avanço. Caso contrário, não haveria como não dar razão ao profetismo político de Robert Michels que, em 1911, em seu clássico Os partidos políticos, defende a tese, até agora confirmada pela história, de que todo partido de esquerda que insiste em disputar espaço na institucionalidade burguesa termina por ser cooptado por ela, em vez de transformá-la.

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ERA OBAMA - "É uma mudança, mas não suficiente. É necessária uma revolução ecológica". Entrevista com Jeremy Rifkin

“É um primeiro passo, um passo na direção certa. Mas atenção aos entusiasmos muito fáceis: para vencer o desafio que temos pela frente, para frear as mudanças climáticas tornando-as compatíveis com a sobrevivência da nossa sociedade, é necessário fazer mais”. Jeremy Rifkin, o presidente da Foundation on Economic Trends, acolhe com prudente satisfação o anúncio da nova política energética de Obama.

A mudança de rota é clara. Depois de oito anos da presidência Bush, vira-se a página.
Não tenho dúvidas dos desastres ambientais determinados pela presidência Bush. Agora, efetivamente, essa página foi virada. Mas é necessário ir adiante, é necessário virar outras páginas para chegar a concluir o processo de transformação epocal do qual estamos vendo só o início.

É o que o senhor chama de terceira revolução industrial, um processo lento. Não se corre o risco de perder o fio condutor?
Não é que a eletricidade substituiu o vapor de um dia para o outro: são mudanças de época que ocorrem de maneira irregular, com acelerações rápidas em uma área e retraimentos em outra.
Quais deveriam ser os próximos passos da Casa Branca para sustentar esse processo de mudança?

Além das centrais elétricas, é preciso apontar em direção a outros dois pilares da terceira revolução industrial. Antes de tudo, intervir sobre os edifícios não só para limitar os desperdícios, mas para se completar um salto tecnológico mais difícil. Casas e escritórios devem produzir energia, não consumi-la. A tecnologia para chegar a esse resultado já está ao alcance da nossa mão: isolamento térmico, painéis solares que envolvam o edifício, geotermia, energia do lixo e também as minieólicas farão, sim, com que as casas se transformem em microcentrais elétrica.

O terceiro pilar?
É a consequência lógica do anterior. O sistema que descrevi tem uma geometria profundamente diferente da atual árvore de distribuição da energia elétrica, que segue o velho modelo baseado em alguns grandes ramos e os ramos menores para baixo. Nascerá a internet da energia: uma rede elétrica interativa e descentralizada, capaz de ler a oferta e as necessidades que surgem em cada ponto, criando, em cada momento, a melhor sinergia possível. É um modelo mais confiável, porque reduz os riscos de blecaute; mais seguro porque a energia é produzida no lugar; mais democrático, porque substitui o poder de poucos com a contribuição de milhões de pessoas.
Para se chegar a esse salto, é necessário tornar mais convenientes as fontes renováveis: é a isso que Obama aponta.

E, de fato, o anúncio da Casa Branca é uma ótima notícia. Mas, repito, é só a premissa para uma mudança que deverá ser muito mais radical: sem a visão de conjunto, sem a capacidade de pensar a longo prazo, o relançamento das fontes renováveis corre o risco de ficar privado de bases sólidas.

No próximo sábado, o senhor estará em Bolonha para encerrar o festival de urbanística, apresentando o manifesto para a arquitetura do próximo milênio. Será todo centrado na questão energética?

Certamente. Hoje, os edifícios consumem entre 30% e 40% do total da energia utilizada e produzem um equivalente percentual de gás carbônico. Imaginar uma transformação como essa que eu descrevi quer dizer abraçar um conceito de arquitetura novo e revolucionário. Se acrescentarmos a esses elementos o uso do hidrogênio como recipiente flexível para a energia produzida pelas fontes renováveis, obteremos o quadro de uma sociedade pós-monóxido de carbono, na qual será muito mais agradável viver. E é também o único modelo capaz de reiniciar o sistema econômico que emperrou

A reportagem é de Antonio Cianciullo, publicada no jornal La Repubblica, 27-01-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

BRASIL - ELEIÇÕES DO SENADO O PAPEL DE T. VIANA

Deu no Painel da Folha

Interminável. Tião Viana (PT-AC) se irritou por ter sido comparado por Romero Jucá (PMDB-RR) ao ex-candidato republicano John McCain. "McCain é herói de guerra. Nervoso ficaria de ser chamado de Romero, o avicultor", disparou. Jucá foi acusado de ter pego financiamento para um abatedouro de frangos inexistente. Ele nega.

EUROPA, BÉLGICA - Eutanásia cresce 42% em 2008

Do UOL - últimas notícias
Bruxelas, 4 fev (EFE).- A Bélgica registrou 705 casos da eutanásia durante o ano passado, 42% a mais do que em 2007, segundo dados de uma comissão federal de controle, publicados hoje pelo jornal "L'Advir".

A marca confirma uma progressão constante da eutanásia desde os 235 casos registrados em 2003, embora, segundo Jacqueline Herremans, presidente da Associação pelo Direito a Morrer Dignamente (ADMD) e membro da Comissão Federal de Controle e Avaliação da Eutanásia, se trate de "uma evolução lenta, não de uma revolução".

A lei belga sobre a eutanásia, que entrou em vigor em 2002, permite esta prática sob condição que o paciente seja maior de idade, capaz e consciente no momento de apresentar seu pedido, e que esteja sob "sofrimento físico ou psíquico constante e insuportável, que não possa ser acalmado, causado por um acidente ou doença incurável".

Entre os casos da eutanásia declarados, cerca de 80% foram pedidos por doentes de câncer para os quais os médicos haviam previsto apenas semanas ou um mês de vida.Os dados divulgados por esta Comissão revelam uma forte diferença geográfica, já que, dos 705 casos praticados oficialmente em 2008, apenas 126 aconteceram nas regiões de Valônia e Bruxelas, enquanto os demais ocorreram em Flandres.

Uma das razões que explica esta diferença entre as distintas regiões se deve, segundo Herremans, a que não é possível obter listas de médicos ou clínicas onde se aceite praticar a eutanásia no lado francófono da Bélgica, já que "os médicos têm um enfoque mais antigo", segundo ela.

Entre os casos declarados da eutanásia praticados em 2008 na Bélgica está o do escritor Hugo Claus, doente de Alzheimer que morreu em março em um hospital de Antuérpia.A morte assistida do autor belga, várias vezes nomeados como candidato ao prêmio Nobel, levantou polêmica no país devido às críticas da Igreja belga.

EFEITO DA CRISE NO BRASIL E NOS PAÍSES DESENVOLVIDOS

Não é a mesma coisa os efeitos da crise econômica nos países desenvolvidos (PD) do que no Brasil. Veja só algumas diferencias:

Emprego. O desempregado nos PD conta com seguro durante o período que está desempregado, no Brasil é rua e só.

Saúde. Nos PD a saúde é financiada e são poucas as pessoas que ficam fora do sistema de saúde, mesmo estejam desempregados. No Brasil, nem empregado conta com sistema de saúde que preste, imagine o desempregado.

Nos países desenvolvidos existe um conjunto de outros subsídios para quem fica desempregado, incentivos para criar empreendimentos, procurar empregos e os chamados vales, para compras em supermercados. Aqui no Brasil é rua e só.

Quem está protegido dessa crise (graças a Deus que é assim) são as famílias que fazem parte do Programa do Governo Federal Bolsa Família. Mas, pense só por um instante se esses beneficiados deixassem de receber esse recurso?. Pense, que aconteceria?

Então aqueles que falam com tanto orgulho por estarmos protegidos dos efeitos da crise. Cuidado que o impacto da crise será ainda maior. A crise econômica mesmo tenha sido gerada fora do Brasil, como uma crise financeira, inicialmente, não muda em nada os efeitos e as medidas a serem tomadas. Se requerem ações de curto, meio e longo prazo. Se requer um planejamento estratégico para período de risco econômico global. Nesse âmbito o governo já deve estar agindo.

Entretanto, esse plano já deveria estar sendo debatido nas instituições de governo, nas universidades e, principalmente, no âmbito dos mandos meios executivos do Governo, nos três níveis: federal, estadual e municipal.


BRASIL, MINERAÇÃO - CAIU LUCRO DA MAIOR EMPRESA MINERADORA DO MUNDO

Lucro da mineradora BHP Billiton despenca 56,5%

Sydney (Austrália), 4 fev (EFE).- A australiano-britânica BHP Billiton, maior empresa de mineração do mundo, registrou um lucro líquido de US$ 2,617 bilhões no segundo semestre de 2008, número 56,5% menor frente ao mesmo período do ano anterior.

A maior queda nos ganhos foi registrada na divisão de metais, com uma diminuição do lucro de 103,3%, equivalente a US$ 111 milhões."Nós, da mesma forma que a maioria das pessoas, não soubemos ver a velocidade e a natureza dramática da crise econômica", disse o diretor-executivo da BHP Billiton, Marius Kloppers.

Segundo a empresa, a queda no lucro se deve ao fechamento de minas, à perda de valor dos ativos e aos custos associados à tentativa de adquirir a mineradora Rio Tinto, uma iniciativa que foi abandonada no final de 2008.

Durante o anúncio de resultados, a BHP disse que não retomará o programa de recompra de ações da companhia no valor de US$ 13 bilhões, que suspendeu em dezembro de 2007 quando fez uma oferta informal para comprar sua principal concorrente, a Rio Tinto.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

ELEIÇÕES NA CÂMARA E NO SENADO FEDERAL - QUEM GANHOU E QUEM PERDEU?

Nas eleições para a renovação das mesas directoras do Senado e da Câmara houve vencedores, vencidos e os que ficaram sem pão nem pedaço. Entre mortos e feridos, entre traições declaradas ou veladas, todos ganharam, só o Brasil que continua sustentando uma verdadeira entelequia, obscura (no sentido aristotélico) que algúm dia foi que hoje não agrega mais valor ao Brasil, a não ser que se produza uma verdadeira renovação dos seus quadros que se perpetuaram no poder para fazer uso dele sem cumprir sua missão fundamental para o qual foi criado.

Quem, sem dúvida saiu como o grande vencedor, foi o PMDB que recebeu todo o apoio da maioria dos partidos da base aliada. Podem até dizer que eu não sei contabilizar votos, mas, essas eleições foram só para gringo ver. A verdadeiro composição se vêm formando desde faz muito tempo. Quando se confirmou que tudo estava sob controle só aí foram para a votação e mandaram ao Tião Viana a fazer a parte do processo para fingir democracia. Já era obvio que o elito seria Sarney, Viana fez o papel do Mc Cain.

Quem pariu a Mateus que o embale.

Informações, detalhes e análises excelentes, podem ser encontrados em dois blogs que acompanho e acho eles muito sérios e atualizados: Pelos corredores do Planalto faça um clic aqui http://blogdovalmutran.blogspot.com/ e no blog do Espaço aberto http://blogdoespacoaberto.blogspot.com/

A CRISE NA VISÃO DO ERIC HOBSBAWN


Do blog helioaraujosilva1952.spaces.live.com/

Filosofia e Questões Teóricas
Escrito por BBC

Hobsbawn: Estado terá papel maior na economia daqui por diante “A esquerda está virtualmente ausente. Assim, parece-me que o principal beneficiário deste descontentamento atual, com possível exceção nos Estados Unidos, será a direita”, disse o historiador Eric Hobsbawn, ao comparar o momento ao dramático colapso da União Soviética.

"Agora sabemos que estamos no fim de uma era e não se sabe o que virá pela frente”, afirmou ele.Hobsbawn diz não acreditar que a linguagem marxista, que lhe serviu de norte ao longo de toda sua carreira, será proeminente politicamente, mas intelectualmente “a análise marxista sobre a forma com a qual o capitalismo opera será verdadeiramente importante”.

Abaixo, os principais trechos da entrevista.Muitos consideram o que está acontecendo como volta ao estatismo e até do socialismo.

O senhor concorda? Bem, certamente estamos vivendo a crise mais grave do capitalismo desde a década de 30. Lembro-me de título recente do Financial Times que dizia: "O capitalismo em convulsão". Há muito tempo não lia título como esse no Financial Times.

Agora, acredito que esta crise está sendo mais dramática por causa dos mais de 30 anos de certa ideologia “teológica” do livre mercado, que todos os governos do Ocidente seguiram. porque, como Marx, Engels e Schumpter previram, a globalização - que está implícita no capitalismo -, não apenas destrói a herança da tradição como é incrivelmente instável: opera por meio de uma série de crises.

E o que está acontecendo agora está sendo reconhecido como o fim de era específica. Todos concordam que, de uma forma ou de outra, o Estado terá papel maior na economia daqui por diante.Qualquer que seja o papel que os governos venham a assumir, será empreendimento público de ação e iniciativa, que será algo que orientará, organizará e dirigirá também a economia privada. Será muito mais economia mista do que tem sido até agora.E em relação ao Estado como redistribuidor? O que tem sido feito até agora parece mais pragmático do que ideológico...Acho que continuará sendo pragmático. O que tem acontecido nos últimos 30 anos é que o capitalismo global vem operando de uma forma incrivelmente instável, exceto, por várias razões, nos países ocidentais desenvolvidos.

No Brasil, nos anos 80, no México, nos 90, no sudeste asiático e Rússia, nos anos 90, e na Argentina, em 2000: todos sabiam que estas coisas poderiam levar a catástrofes a curto prazo. E para nós isto implicava quedas tremendas do FTSE (índice da bolsa de Londres), mas seis meses depois, recomeçávamos de novo.Agora, temos os mesmos incentivos que tínhamos nos anos 30: se não fizermos nada, o perigo político e social será profundo e ainda mais depois de tudo, da forma com a qual o capitalismo se reformou durante e depois da guerra sob o princípio de “nunca mais” aos riscos dos anos 30.

O senhor viu esses riscos se tornarem realidade: estava na Alemanha quando Adolf Hitler chegou ao poder. O senhor acredita que algo parecido poderia acontecer como conseqüência dos problemas atuais?Nos anos 30, o claro efeito político da Grande Depressão a curto prazo foi o fortalecimento da direita. A esquerda não foi forte até a chegada da guerra. Então, eu acredito que este é o principal perigo.

Depois da guerra, a esquerda esteve presente em várias partes da Europa, inclusive na Inglaterra, com o Partido Trabalhista, mas hoje isso já não acontece.A esquerda está virtualmente ausente, assim, me parece que o principal beneficiário deste descontentamento atual, com uma possível exceção – pelo menos eu espero – nos Estados Unidos, será a direita.

O que vemos agora não é o equivalente à queda da União Soviética para a direita? Os desafios intelectuais que isto implica para o capitalismo e o livre mercado são tão profundos como os desafios enfrentados pela esquerda em 1989?Sim, concordo. Acredito que esta crise é equivalente ao dramático colapso da União Soviética. Agora sabemos que acabou uma era. Não sabemos o que virá pela frente.

A globalização, que está implícita no capitalismo, não apenas destrói uma herança da tradição como também é incrivelmente instável: opera por meio de uma série de crises.Temos um problema intelectual: estávamos acostumados a pensar até então que havia apenas duas alternativas: ou o livre mercado ou o socialismo. Mas, na realidade, há muito poucos exemplos de um caso completo de laboratório de cada uma dessas ideologias.Então eu acho que teremos de deixar de pensar em uma ou em outra e devemos pensar na natureza da mescla. E principalmente até que ponto esta mistura será motivada pela consciência do modelo socialista e das conseqüências sociais do que está acontecendo.

O senhor acredita que regressaremos à linguagem do marxismo?Desde a crise dos anos 90, são os homens de negócio que começaram a falar assim: “Bem, Marx predisse esta globalização e podemos pensar que este capitalismo está fundamentado em uma série de crises”.Não acredito que a linguagem marxista será proeminente politicamente, mas intelectualmente a natureza da análise marxista sobre a forma com a qual o capitalismo opera será verdadeiramente importante.

O senhor se sente um pouco recuperado depois de anos em que a opinião intelectual ia de encontro ao que o senhor pensava?Bem, obviamente há um pouco a sensação de schadenfreude (regozijo pela desgraça alheia). Sempre dissemos que o capitalismo iria se chocar com suas próprias dificuldades, mas não me sinto recuperado.

O que é certo é que as pessoas descobrirão que de fato o que estava sendo feito não produziu os resultados esperados.Durante 30 anos, os ideólogos disseram que tudo ia dar certo: o livre mercado é lógico e produz crescimento máximo. Sim, diziam que produzia um pouco de desigualdade aqui e ali, mas também não importava muito porque os pobres estavam um pouco mais prósperos.

Agora sabemos que o que aconteceu é que se criaram condições de instabilidades enormes, que criaram condições nas quais a desigualdade afeta não apenas os mais pobres, como também cada vez mais uma grande parte da classe média.Sobretudo, nos últimos 30 anos, os benefíciários deste grande crescimento temos sido nós, no Ocidente, que vivemos uma vida imensuravelmente superior a qualquer outro lugar do mundo. E me surpreende muito que o Financial Times diga que o que se espera que aconteça agora é que este novo tipo de globalização controlada beneficie a quem realmente precisa, que se reduza a enorme diferença entre nós, que vivemos como príncipes, e a enorme maioria dos pobres.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

CRISE É POSITIVA PARA O MEIO AMBIENTE, AFIRMA PESQUISADOR DO IPEA

Da Agência Brasil

A diminuição do volume de exportação dos recursos não-renováveis brasileiros resultou em ganhos ambientais para o país. A conclusão é do coordenador de Meio Ambiente do Fórum Mudanças Climáticas, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), José Aroudo Mota. Ele é responsável pela pesquisa Trajetória da Governança Ambiental, divulgada pelo Ipea durante o lançamento do Boletim Regional e Urbano.Em seu estudo, Aroudo apresentou uma série de dados sobre o que o Brasil deixou de exportar com a crise.

"Ela [a crise] resultou em impactos ambientais positivos, apesar de externalidades negativas como a perda de empregos e o impacto que teve nos níveis de crescimento econômico de determinadas regiões", disse o pesquisador.Segundo ele, o trabalho buscou mensurar os principais impactos causados pela crise em indústrias como a de alumínio. "O que deixamos de exportar, entre os 32 produtos pesquisados, representa uma economia de aproximadamente 562 mil kilowatts de energia, a partir do consumo evitado. Isso daria para abastecer uma cidade de 25 mil pessoas", acrescentou, referindo-se à exportação de alumínio.

A indústria do aço, segundo ele, deixou de exportar 740 milhões de quilos de aço bruto. "Isso significa uma redução de mais de 1 bilhão de toneladas em emissões de carbono, o que para o processo climático no Brasil é extremamente positivo", avaliou Aroudo."Na indústria de veículos, o Brasil deixou de exportar em dezembro 62,1 mil carros, e isso também implica em redução do consumo de energia e de aço. Ainda estamos mensurando o quanto, mas é evidente - e isso pode ser afirmado tendo por base dados oficiais de 2008 - que o meio ambiente teve ganho substancial em função da não-exploração de recursos naturais, tanto renováveis quanto não-renováveis".Aroudo disse que estão sendo preparados outros estudos, abordando as madeiras e o cimento brasileiros.

"Quando certificada, a madeira encontra dificuldades para entrar na Europa por decorrência da crise internacional", adiantou.

José Aroudo Mota, é prof. Doutor em Desenvolvimento Sustentável e Mestre em Administração financeira pela UnB. Professor do centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB e pesquisador do IPEA, tem publicado diversos livros e artigos sobre o tema do mio ambiente, biodiversidade e mudanças climáticas. Um dos livros importantes é "O Valor da Natureza: economia e política dos recursos naturais" da editora Garamont.

BRASIL - JOSÉ SARNEY NOVO PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL

Os candidatos a presidente do Senado e da Câmara evitaram se comprometer com temas polêmicos. Embora prolixos, detalham pouco suas propostas para comandar o Congresso e mostram conservadorismo na área de costumes.

Nenhum dos dois candidatos a presidir o Senado nem dois dos três que disputam o mesmo cargo na Câmara, por exemplo, acham necessário uma lei que garanta integralmente o direito de pessoas do mesmo sexo se casarem.

José Sarney (PMDB-AP), 78 anos, favorito na disputa no Senado, diz acreditar que a lei atual já garante "os direitos de companheiros". Cita o fato de ser possível a adoção de crianças por homossexuais. Tião Viana (PT-AC), 47, também na corrida para presidir os senadores, não vê necessidade de uma legislação específica para um "assunto que só diz respeito à individualidade de cada um".

Na Câmara, as respostas são igualmente ambíguas. A discussão "deve ser enfrentada pelos legisladores", diz Ciro Nogueira (PP-PI), 40. Para Aldo Rebelo (PC do B-SP), 52, "a lei deve proteger os direitos dos cidadãos, independentemente de sua orientação sexual".

Foram formuladas perguntas de temas controversos e as respostas foram muito gerais. Veja abaixo.

Apesar de uma certa aversão à objetividade, às vezes alguns candidatos foram meticulosos em trechos de seus comentários. Foi caso da pergunta a respeito de qual seria a opção eleitoral de cada um na eleição presidencial de 2010.

José Sarney enviou sua resposta em duas etapas. Primeiro, veio uma afirmação direta: "Já tornei pública a minha simpatia pela ministra Dilma Rousseff (PT)".

Em seguida, chegou um adendo. O ponto final virou uma vírgula, seguida do complemento: "Ao mesmo tempo que reconheço a competência dos governadores Aécio Neves e José Serra (ambos do PSDB)".

Tião Viana disse apenas que seguirá a orientação de seu partido, o PT. Ciro Nogueira acha que "definitivamente" não é o momento de discutir 2010. Aldo Rebelo afirmou que ainda está indefinido.

Quando o assunto é se são a favor de uma lei para acabar com as restrições ao aborto no Brasil, há uma unanimidade conservadora. Nenhum defende a descriminação da prática.

Em definitiva a eleição do presidente do senado foi ganha pelo Senador José Sarney.

A ELEIÇÃO MAIS PARECEU UMA VELHA VINGANÇA DE VELHOS ALIADOS DO QUE UMA DISPUTA DEMOCRÁTICA.

FORAM MUITOS ANOS DE TRAIÇÕES ENTRE O PMDB E O PSDB E OS RESTANTES PARTIDOS SALTELITES. ASSIM, A ELIÇÃO FOI TOTALMENTE POLUÍDA PELA HISTÓRICA DESAVENIÊNCIA DOS GRUPOS DE PODER E DOS OLIGARCAS DE PLANTÃO.

NÃO TEVE DEBATE, NEM COMBATE FORAM DUAS CHAPAS SEM NENHUMA PROPOSTA INOVADORA, OUSADA PARA TRANASFORMAR AQUILO QUE JÁ FOI TANTAS VEZES DENUNCIADO COMO UMA INSTITUIÇÃO APÊNDICE DO PODER.

FICAM AS PERGUNTAS SOBRE OS RESULTADOS DA ELEIÇÃO E O NOVO PRESIDENTE.

QUE SERÁ DAS REFORMAS PROPOSTAS PARA O SENADO? SÓ DEUS SABE QUE NÓS SIMPLES MORTAIS JÁ NÃO ACREDITAMOS NESSES INSTITUIÇÕES.