Chamava-se Patallaqta, que deriva dos vocábulos quíchuas "pata" (degrau)
e "llaqta" (povoado, cidade, província). O nome vinha do sistema de
plantio utilizado para conquistar o terreno das montanhas em um
território com escassas planícies, nos Andes. Na época do esplendor de
Machu Picchu, que durou cerca de um século - entre 1441 e 1533 -, o inca
Pachacútec ordenou o aproveitamento máximo desses territórios férteis à
beira da selva amazônica, para criar uma das maiores reservas de
alimentos para a população. Para gerir toda essa produção, construiu uma
cidade administrativa, e também lugar de culto: a Cidade Escada, que
desde 1911 foi conhecida como Machu Picchu.
Falar em colocar uma mochila nas costas e rodar a América do Sul quase sempre envolve uma passada por Machu Picchu e o legado do Império Inca. Mas não é só de andarilhos com um grande senso de aventura que vivem os principais pontos turísticos do Peru. O turismo na região evoluiu, oferecendo opções que vão de uma extensa trilha com duração de quatro dias até trens luxuosos com direito a paradas em hotéis cinco estrelas.
Vista panorâmica da cidade de Cusco, no Peru, de onde partem as excursões para Machu Picchu Felipe Floresti/UOL |
Cusco
A jornada tem início em Cusco. Começa aí também a luta contra um vilão invisível: o soroche. Os 3.500 metros de atitude tornam o ar rarefeito, e logo nos primeiros passos dá para sentir a falta que o oxigênio faz. Um pequeno esforço, como carregar as malas ou subir escada, é o bastante para uma sensação incomum de cansaço, além de provocar enjôo e dor de cabeça. Existem formas de driblar os males da altitude, como as pílulas vendidas nas farmácias, mas, em geral, a regra é abusar das folhas de coca e seu chá, que possui propriedades que afastam os efeitos do soroche.
Superado o primeiro obstáculo, o que se vê é uma cidade avermelhada pelas casas de tijolos de adobe (barro cru e palha) que dominam a paisagem. Boa parte das casas carrega em seu topo sinais do sincretismo religioso proveniente da fusão entre as culturas andinas e a influência do catolicismo trazido pelos espanhóis. São pequenas estátuas de bois, representando a dualidade na cultura Inca, além da tradicional cruz católica.
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