quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Depois da batalha o Campo ficou lotado de coroneis

Tem muitos analistas explicando as causas da estrondosa e arrasadora derrota da Ana Julia e do PT, na recente eleição. 

São tantos que juntos não cabem no Mangueirão. Todos querem dar palpites e são coronéis, depois da batalha. Blogueiros (principalmente), jornalistas, analistas, professores, até comentaristas esportivos, todos, menos o PT. 

Claro as explicações só podem vir depois do resultado das urnas. Mesmo assim, a maioria dos analistas afirmam que já tinham dito ao comando do governo o que estava ruim e tinha que ser alterado. “Me aplica”, como disse uma comadre. 

Coitados os marqueteiros da candidata derrotada. A empresa Link, o PH e Cia, da Bahia e Pernambuco. Já foram embora e aparecem, agora, como os principais responsáveis dos resultados horrorosos, como se fossem eles os únicos culpados. Essa é só inveja de marqueteiro. Eles podem até contribuir com a derrota, conheço um que nunca ganhou uma eleição importante no Pará, um verdadeiro pé frio, mas não são eles os responsáveis. 

É a alma da campanha que estava errada (leia-se AJ), a falta de empatia como o povo foi o desastre. Muitos esqueceram que em 2006 o Jader Barbalho foi o cara. Ele mesmo carregou no colo à candidata e levou-a a vitória, aí o povo passou a dar um voto de confiança. 

Depois veio o que todos falam, e com certa razão. Ela se desligou do povo, se enclaustrou no Palácio e nomeou uma “verdadeira corte” que não permitiam que ninguém que quisesse ajudar, colaborar e trabalhar pelo bem do Pará, alcançasse um espaço em algum órgão do governo. 

Mas ainda, se o técnico era competente, rapidamente era afastado do círculo e barrado do CIG. 

O PT tinha a máquina, o poder e como o próprio governo falou, “o Pará passou por uma grande reestruturação que mudou, para melhor, a vida do povo paraense”. Mil por cento. 

Contava com mais de uma dúzia de partidos na base de apoio, com recursos, com um PT formado por milhares de militantes, organizados em bases e comitês de apoio, que se multiplicavam por centenas e centenas, nos bairros das principais cidades do Estado. E com todo o apoio do Governo Federal, que se empenhou com todas as forças para que Ana Julia saísse vitoriosa da eleição. 

Excelentes ministros por aqui passaram. Tarso Genro, intelectual competente, um dos melhores quadros da esquerda brasileira, deu uma forçae nada. Alexandre Padilha, ótimo articulador, também veio varias vezes para tratar de arrumar a casa. José Dirceu, melhor canal de comunicação com Jader não existe, não conseguiu diminuir a mágoa desatada pelos artífices da estratégia governista. Faltava O próprio Presidente do PT, José Eduardo Dutra, Mineiro e Sergipano, veio e não conseguiu acertar as arestas.

Pareciam elefantes em loja de cristal, se movimentavam dando trombadas para onde viravam a cabeça. Até o Presidente do Brasil chamou aos líderes para ver como podia ser estabelecida uma estratégia comum para a reeleição da candidata do PT. Nada. Tudo foi inútil e o desgaste em vez de diminuir crescia. 

Aumentava a distância e não havia dinheiro nem marqueteiro que melhorasse a performance de quem estava ao frente da campanha. 

Era o conjunto da obra que estava errado. 

Por outro lado eu me pergunto, se existem governos horrorosos, que não tem piedade com o povo mais humilde e que nada fazem para melhorar a vida da população e conseguem se reeleger sucessivamente, passando o poder a filhos e sobrinhos, a parentes e amigos, por que aqui no Pará não aconteceu? 

Ainda aguardamos resposta oficial a essa pergunta. 

E o day after dos derrotados? Como se reflete o desastre nesse campo. Quantos feridos e mortos ficaram depois da batalha e, para onde eles irão? Para Brasília, logo, logo. 

O destino dos perdedores, uma secretaria, um ministério (só si fosse para a governadora, a Secretaria da igualdade das mulheres) ou algum cargo (DAS) como prêmio ao bom combate. 

Em geral, um cargo de primeiro ou segundo escalão. Já vi por aqui perdedores ocupando uma simples Coordenação Geral, de alguma coisa. Um Vice Governador e fez um ótimo trabalho. 

Lugar para trabalhar não falta. Mas parece que no Pará sobram quadros. 

Mudando para o outro lado. A expectativa que abre o governo do Jatene é também enorme. As promessas e compromissos são suas principais vitaminas para recuperar o terreno perdido e ganhar musculatura. 

Torcemos para que consiga realizar um bom governo, que dar resposta as maiores demandas da população que, segundo as pesquisas, são de segurança (o paraense quere primeiro seguir vivendo), esgoto, saúde, habitação, educação e emprego. Vontade não deve faltar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Prezado Henriquez,
Talvez você apenas tenha aberto uma "picada" na floresta, para começar entender como um governo com tantas realizações não conseguiu empatia popular.
Sim, não foram poucas as obras em todas as áreas: saneamento, transporte, habitação, regularização fundiária e, sobretudo, muitas obras sociais, tipo bolsa trabalho, projovem urbano, gestão democrática nas escolas, PCCR, crediPará, além das obras estruturantes na RMB, Ação Metrópole (elevado Daniel Berg, Av. Dalcídio Jurandir), etc.
Ora, então como entender um governo que pela primeira vez na história desse estado, conseguiu descentralizar, de fato, obras e serviços por todo o Estado, não tenha conseguido referenciar a sua principal protagonista, a governadora do estado.
Seria aquilo que voce referenciou o encastelamento do poder e enclausuramento de sua própria política, a falta de referência na sociedade?
Seria o núcleo duro que planejou, executou e, fundamentou e a apartou da realidade concreta?
Seria o partido e suas principais lideranças que não conseguiram dar direção a um governo sem marca, sem a simbologia do modo petista de governar?
Seria algumas lideranças partidárias que preferiram se omitir ou não souberam combater o chamado "núcleo" do governo, optando por construir microgovernos dentro governo?
Seria o processo de participação popular, o chamado e decantado Planejamento Territorial Participativo (PTP), um arremedo de processo de planejamento, um simples ritual em que as pessoas se empenhavam, enquanto que as cartas já estavam marcadas?
Seria o salto alto, dessas pessoas que achavam que não tinham adversário, submestimando 3,5 anos de agenda negativa do governo?
Seria a incapacidade, decorrente da arrogância do poder em não conseguir aglutinar lideranças de todos partidos num só objetivo que era conseguir a eleição do Pará como uma das subsedes da Copa de 2014?
Seria, no campo da política, talvez o principal erro, ou seja, dormir com o inimigo, permanecer no governo um partido que fazia e fez oposição ao governo durante 3 anos e meio, mesmo sendo do governo?
E para finalizar, não seria o conjunto da obra, arrogância, incompetência, inabilidade política, omissão partidária, todos esses ingredientes juntos para se não explicar, pelo menos dá luz a um possível ou provável balanço de um governo que poderia ter sido, mais não foi.
Agora, meu caro, há governos e governos. Esse que vai iniciar, já começa com uma fala do seu principal personagem que é combater a miséria e a pobreza desse estado, unificar as regiões em pé de guerra com suas lutas separatistas.Afirmar o óbvio de que os principais desafios são: segurança, saúde e educação. Considerando que durante todo o período eleitoral ele não se comprometeu, não assumiu, na prática, nenhuma proposta. A não ser fazer lembrar aos eleitores suas promessas e realizações do passado. Cuja vitória se baseou,centralmente, na rejeição da governadora.
Meu caro, há governos que nós não sabemos, de antemão, para onde vai, mas há governos que já sabermos para onde não vai!
Um grande abraço!!!