Em linha oposta à de fiador de candidaturas estratégicas para o PT adotada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu antecessor Fernando Henrique Cardoso (PSDB) pouco deve influir nas eleições municipais de 2012.
À exceção de uma ou outra gravação, como a que fez para a propaganda de Daniel Coelho, candidato tucano à Prefeitura do Recife (PE), o ex-presidente "não será um ator eleitoral de destaque", segundo o presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra. "Não é do interesse do PSDB nacionalizar as disputas municipais. E Fernando Henrique é um homem muito ocupado, tem suas palestras e artigos para escrever", afirma.
No mais recente artigo de Fernando Henrique Cardoso, publicado pelos jornais "O Estado de S. Paulo" e "O Globo" ontem, o ex-presidente bate forte em seu sucessor, a quem acusa de deixar para a atual presidente, Dilma Rousseff, uma herança pesada de "males morais e prejuízos materiais sensíveis para o futuro da nação". A crítica coincide com o retorno de Lula ao palaque, na sexta-feira, em Belo Horizonte (MG), em ato de apoio à candidatura de Patrus Ananias (PT).
Lula cumpriu o roteiro que vem norteando a propaganda petista na cidade. Apresentou Ananias como o candidato "que sabe cuidar das pessoas mais humildes" e atacou o atual prefeito e candidato a reeleição, Marcio Lacerda (PSB), descrevendo-o como alguém que só toca obras e que "às vezes não sabe nem rir, que às vezes parece que não tem coração". Difícil imaginar FHC nos mesmo moldes, como o próprio admitiu recentemente. "Ele [Lula] sempre fez isso. Eu nunca fiz", disse, após proferir palestra a profissionais da área da saúde na capital paulista.
Recuperado de um câncer na laringe - no mês que vem completa um ano que ele descobriu a doença -, Lula falou por cerca de 15 minutos na capital mineira e avisou que o comício seria o primeiro de muitos que fará em 2012. Em dado momento, citou nominalmente FHC, a quem acusou de criar dificuldades para prefeitos na liberação de recursos do governo federal.
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