Num instante em que o IBGE acaba de anunciar que a inflação bateu em 7,31% no acumulado de 12 meses, Alexandre Tombini prevê dias menos piores:
“Nosso horizonte é dezembro de 2012, mas em outubro [de 2011] a inflação em 12 meses vai começar a recuar em 0,30 ponto.”
Antes, o presidente do Banco Central previra que o pior momento da inflação de 2011 seria vivido em agosto.
Vencido pelo índice de setembro (0,53%), Tombini reposicionou-se numa entrevista aos repórteres Valdo Cruz e Sheila D'Amorim.
Prefere realçar o itinerário, não os desvios conjunturais de rota:
“Desde o início do ano, nosso plano de voo, junto com outras políticas, era moderar o crescimento da economia brasileira…”
“…Há sinais cada vez mais nítidos de que essa moderação veio. Mas dissemos também que a política monetária atua com defasagem…”
“…E que, no segundo semestre [de 2011], a ação dessas políticas seria mais fortemente sentida. Isso vem ocorrendo.”
No comando de uma equipe que pisou no freio dos juros em meio à turbulência, Tombini ganhou um apelido molesto: “Pombini”.
No
jargão do mercado, autoridades monetárias que suavizam o combate à
inflação são chamadas de “pombos”. Adeptos do receituário conservador
clássico, são os “falcões”.
‘Pombini’ dá de ombros: “Se é essa a avaliação, estou muito bem acompanhado no mundo hoje em dia.”
O governo opera com meta anual de inflação de 4,5%. O modelo prevê tolerância de dois pontos percentuais.
Significa dizer que, fechando em até 6,5%, a inflação de 2011 ainda estaria dentro da meta.
“A
expectativa do mercado está em 6,52%, ligeiramente acima do teto de
6,5%”, diz Tombini. “O regime [de metas] está preparado para essas
questões….”
”…Dos
países que seguem o sistema de metas, várias economias –Inglaterra,
Nova Zelândia e outras— estão com inflação acima da banda ou acima da
meta.”
Alheio à qualificação da plumagem, Tombini mantém a expectativa de promover novos tombos na taxa de juros.
“[…]
Comunicamos na decisão de agosto, quando reduzimos a taxa básica de
12,5% para 12% ao ano, que ajustes moderados seriam consistentes com a
convergência da inflação para a meta de 2012. Essa visão continua
válida.”
Ele repisa o discurso segundo o qual o BC não deixou de operar com “autonomia” administrativa.
Já
se sentiu pressionado por Dilma Rousseff a puxar os juros para baixo?
“Não, absolutamente não”, declarou Tombini, em timbre de Falcão.
“Há certa pressão em relação a qual é a visão do Banco Central em relação ao que está acontecendo…”
Há “uma cobrança de como o Banco Central está vendo o cenário internacional, o brasileiro.” Nada além disso.
De resto, o mandarim do BC disse que espera concluir o mandato, em 2014, com uma “inflação girando em torno da meta [4,5%] e uma economia crescendo de forma sustentável.” Algo “entre 4,5% e 5%.”
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