04/03/2010
Juro real no país é o mais alto do
mundo
A grande vilá daalta política de juros no Brasil é, sem dúvida a subordinação da política fiscal à política monetária no Brasil. Veja um pequeno mapa sobre indicadores de juros no Brasil e outros países.
Às vésperas do início de mais um ciclo de alta do juro básico pelo Banco Central - o quarto do governo Lula -, a taxa real brasileira voltou a ser a maior do mundo. A taxa projetada para 12 meses está em 6% e, de acordo com ranking da consultoria UP Trend, ela supera a da Indonésia, de 3,6%, e da China, de 3,3%. As indicações são de que o BC pode elevar aos poucos a Selic, dos atuais 8,75% para 11,25% até o fim do ano. Isso dá um juro real de 6,46% - ainda alto, mas bem distante das taxas históricas, como a média de 10% praticada entre 1999 e 2007.
Às vésperas do início de mais um ciclo de alta do juro básico pelo Banco Central - o quarto do governo Lula -, a taxa real brasileira voltou a ser a maior do mundo. A taxa projetada para 12 meses está em 6% e, de acordo com ranking da consultoria UP Trend, ela supera a da Indonésia, de 3,6%, e da China, de 3,3%. As indicações são de que o BC pode elevar aos poucos a Selic, dos atuais 8,75% para 11,25% até o fim do ano. Isso dá um juro real de 6,46% - ainda alto, mas bem distante das taxas históricas, como a média de 10% praticada entre 1999 e 2007.
Juro real sobe no 4º aperto de Lula
Luiz Sérgio Guimarães, de
São Paulo
04/03/2010
04/03/2010
Já não se
fazem mais apertos monetários como antigamente. Às vésperas do início de mais um
ciclo de alta do juro básico pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco
Central - o quarto do governo Lula -, a taxa real projetada para 12 meses está
em 6%. Mesmo antes da elevação da Selic, congelada em 8,75% desde julho do ano
passado, já é o maior juro real do mundo. De acordo com ranking da consultoria
UP Trend, está à frente dos pagos pela Indonésia, de 3,6%, e pela China, de
3,3%. Mesmo assim, de acordo com estudos de bancos e consultorias, ainda é
insuficiente para debelar as pressões inflacionárias.
Para estas instituições, o
juro real de equilíbrio (o que consegue emparelhar a velocidade de crescimento
da economia com o seu potencial não-inflacionário de expansão) deve ser de 7% a
8%. Não chegará lá. As indicações são de que o BC pode elevar gradualmente a
Selic dos atuais 8,75% para 11,25% até o fim do ano. Comparativamente à meta de
inflação de 4,5%, isso dá um juro real de 6,46%. Trata-se de taxa que faz ter
saudade do recorde de baixa do juro real, os 4,62% do dia 17 de julho de 2009.
Mas está bem distante das taxas "históricas". No quadriênio de 95 a 98, a Selic
real média foi de 22%. E entre 99 e 2007, de 10%.
O mercado
não tem certeza se o início da série de altas da Selic ocorrerá agora em março -
o próximo Copom está marcado para o dia 17 - ou só em abril. Mas este quarto e
último aperto do governo Lula pode até ser menor que os dois anteriores. O
primeiro foi o menos intenso, de apenas um ponto, com a Selic subindo de 25,5%
para 26,5%. Foi desfechado logo no começo da era Lula para sufocar resquício de
desconfiança externa. O segundo, entre 2004 e 2005, já foi de 3,75 pontos, com a
taxa avançando de 16% para 19,75%. E o terceiro, em 2008, com a Selic subindo de
11,25% para 13,75%, somou 2,5 pontos. Note-se que nominalmente a Selic sempre
está mais baixa no início de cada novo ciclo de aperto. O de 2010 pode ser
também de 2,5 pontos se a Selic chegar a 11,25%. Há um consenso no mercado de
que poderia ser bem menos. Embora o Brasil exiba hoje notável capacidade de
crescimento autossustentável, ainda não conseguiu acabar com todas as heranças
inflacionárias.
Após a
consolidação da estabilidade de preços e o abandono da âncora cambial,
esperava-se que a Selic pudesse ser reduzida de forma a aproximar-se das taxas
praticadas no resto do mundo. "Isso não aconteceu, a despeito da expressiva
inflexão da política fiscal, com o cumprimento de metas de superávit primário de
cerca de 4% do PIB, verificada a partir de 1999", diz o economista André
Modenesi, pesquisador do Ipea. No seu entender, a política monetária brasileira
ainda constitui uma "anormalidade". Apesar de o país praticar uma taxa de juros
superior àquelas empregadas por seus pares latino-americanos, a inflação no
Brasil tem permanecido em patamares relativamente elevados.
O debate
sobre as causas da manutenção dos juros em patamares elevados é inesgotável.
E
irreconciliável, dependendo da corrente de pensamento que discuta o tema.
Modenesi, economista da ala desenvolvimentista, levanta cinco explicações para a
ocorrência desse fenômeno: 1) a reduzida eficácia da política monetária (há
graves problemas no mecanismo de transmissão da política monetária); 2) a
convenção a favor do conservadorismo na política monetária; 3) a chamada
hipótese Bresser-Nakano; 4) a fragilidade das contas públicas inibe o pagamento
de juros baixos pois os títulos federais não teriam demanda; e 5) a incerteza
jurisdicional decorrente da existência de um viés anticredor.
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