quinta-feira, 8 de julho de 2010

Energia - Empresas engavetam os projetos de termelétricas

Neste ano, já foi leiloada Belo Monte e no dia 30 serão licitadas outras quatro hidrelétricas

A prioridade do governo em leiloar usinas de energia alternativa ou de hidrelétricas tem feito com que projetos bilionários de termelétricas sejam engavetados ou revistos. A pressão das empresas tem sido forte, mas o posicionamento firme da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) de deixar a energia térmica fora do planejamento dos próximos dez anos começa a afetar diretamente os planos estratégicos de investimentos de fundos de pensão e de empresas como MPX, do empresário Eike Batista, da portuguesa EDP e da novata Hidrotérmica, que tem o FI FGTS como sócio. A MPX e a EDP já têm investimentos de alguns bilhões em Pecém, mas agora têm que procurar alternativas, como a energia eólica.

Os fundos de pensão reunidos no FIP Energia PCH têm um projeto de 440 MW de térmica a carvão em que se pretende investir R$ 1,6 bilhão na região de Criciúma (SC). Sem perspectiva de leilão à vista, eles começam a negociar com autoprodutores e já pensam até mesmo em vender a energia no mercado livre. No Rio Grande do Sul, a Hidrotérmica comprou no mês passado um projeto de térmica a GNL de 1.600 MW, que está parado. Só para a usina seria necessário investir R$ 6 bilhões, mas o projeto servirá como base para a instalação de uma regaseificadora na região. "O RS não tem gás suficiente e a regaseificadora só se sustenta com a instalação da usina", diz Ronaldo Bolognesi, executivo da Hidrotérmica.

Tanto a Hidrotérmica quanto o fundo Energia PCH nasceram para investir em projetos de pequenas centrais hidrelétricas e tiveram que rever seus planos para o investimento em térmicas, pela dificuldade de licenciamento ambiental. Os dois agora tentam pressionar o governo para que seja feito um leilão regional, já que o próprio Operador Nacional do Sistema (ONS) já declarou que o Sul precisa de termelétricas para ter garantia de suprimento.

Para Maurício Tolmasquim, da EPE, a matriz energética ficou desequilibrada após o leilão de 2008 em que mais de 95% da energia vendida foi de usinas termelétricas, a maior parte movida a óleo combustível. Com a crise, passou a haver excedente de energia e em 2009 o governo apostou as fichas no leilão de eólica.

Neste ano, já foi leiloada Belo Monte e no dia 30 serão licitadas outras quatro hidrelétricas.

Está previsto também um leilão de energias alternativas. O governo espera ainda licenciar Teles Pires, que terá 1.800 MW. "No passado recente contratamos volumes expressivos de térmicas, mais do que o desejável, e agora vamos aproveitar que os licenciamentos de hidrelétricas estão andando", diz Tolmasquim.

Valor.

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