Pobre Keynes depois de ter sido esquecido por longos anos de sucesso do neoliberalismo, inclusive durante boa parte do governo Lula, hoje ressuscita e se transforma no melhor incentivo para as economias crescerem, mediante o crescimento do consumo. Ao mesmo tempo eu como consumidor estou com dois pés atrás e não gasto mais do que o necessário, para comer e pagar as poucas dívidas de consumo. Uma vez pagas, entrarei num forte aperto financeiro, para não me endividar já que os juros continuam em um patamar alto e não dão sinais de queda.
Me desculpem, mas, não recomendo a ninguém gastar a tontas e locas como se propõe por parte dos funcionários de Governo e até pelo próprio Lula. Seria uma burrice gastar mais do que recebemos, Esse, segundo as próprias análises do governo eram os problemas econômicos da economia brasileira. Gastar mais do que tínhamos.
Esse não é só problema de Lula. No mundo todos querem vender mais, importar menos, aí é quando as coisas se complicam.
Veja o artigo abaixo sobre a China que seguramente espera ser uns dos maiores exportadores. Vender mais e comprar menos, será a política.
Economia da China espera que cidadãos poupadores comecem a gastar
Andrew Jacobs
Em Pequim
Ele ainda não sabe disso, mas Dang Fu foi escolhido para salvar a economia chinesa.
Dang, 56, um plantador de painço de faces coradas que vive no nordeste da China, conseguiu nos últimos anos poupar dois terços da renda anual da sua família, um valor que equivale a US$ 2.200. Ele cultiva grande parte da sua alimentação, usa um casaco de inverno até que este vire um farrapo e só compra presentes para a mulher quando as reclamações dela ficam intoleráveis.
O presente que ele se concedeu no ano passado, uma televisão de 25 polegadas, ainda provoca uma expressão dolorosa em Dang. "É doloroso gastar tanto dinheiro", disse ele, enquanto caminhava pelos corredores de um supermercado na semana passada com a cunhada perdulária (ela só poupa a metade do salário).
Mas esse hábito entranhado de economizar, que já foi tido como uma virtude admirável por aqui, tornou-se um problema neste momento em que a economia do país desacelera-se, um fato que tem alimentado o medo do governo em relação ao desemprego e à instabilidade social, bem como quanto à possibilidade de que isto venha a ameaçar o poder do Partido Comunista.
Nas últimas semanas a economia da China, que antes parecia incapaz invulnerável, sofreu um desaquecimento drástico. O crescimento das exportações, um dos fatores que mais contribuíram para a expansão da China nos últimos dez anos, diminuiu e provavelmente reduzirá o crescimento geral do país no próximo ano, segundo o Banco Mundial. O mercado de ações está inerte e o valor dos imóveis em várias cidades caiu 30 ou 40%.
A taxa de crescimento da China com correção anual, que foi de 12% durante as Olimpíadas, já caiu para 9%, um número admirável para os padrões norte-americanos, mas que está perigosamente próximo do mínimo de 8% que, segundo os economistas chineses, é necessário para que se forneçam empregos às 20 milhões de pessoas que ingressam anualmente no mercado de trabalho. Na última segunda-feira, o J.P. Morgan reduziu a sua previsão de crescimento da China no quarto trimestre para 7,7%, e outros analistas prevêem que este número possa chegar a 5% no próximo ano.
Analistas do governo estão de olho nos consumidores, especialmente nas centenas de milhões de camponeses que poupam bastante, esperando que eles supram grande parte da necessidade de demanda. "Se pudermos injetar confiança nos consumidores e fazer com que eles gastem mais, poderemos ajudar a economia da China e contribuir também para estabilizar a economia global", afirmou na semana passada Zhu Guangyao, ministro-assistente das Finanças.
Mas pode ser difícil fazer com que as pessoas gastem mais, especialmente em um momento de desaquecimento econômico. Os gastos dos consumidores representam 35% do produto interno bruto da China, e esse número vem caindo desde a década de 1980, quando ficava na faixa dos 50%. Já a atividade do consumidor nos Estados Unidos é responsável por mais de dois terços da economia chinesa.
Para compensar as quedas das exportações e no setor de construção, os consumidores chineses teriam que aumentar em um terço os seus gastos, afirma Michael Pettis, professor de finanças da Universidade de Pequim. "Não sei se eles são capazes de fazer isso de forma tão rápida quanto o governo deseja", afirma Pettis.
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