domingo, 4 de agosto de 2013

'Nem de esquerda nem de direita', PSD abriga campeões vira-casaca

João Lyra, Fábio Farias e Ademir Camilo foram fiéis em 2011, ano de fundação da sigla; agora votam contra o governo

O Estado de S. Paulo

Os três principais "desertores" do núcleo duro de apoio ao governo são do PSD, o partido que seu criador, Gilberto Kassab, definiu como "nem de esquerda, nem de direita, nem de centro".

Veja também:
Nove partidos deixam ‘núcleo duro’ do governo e expõem fragilidade da base
Estadão Dados


João Lyra (AL), Fábio Farias (RN) e Ademir Camilo (MG)se comportaram como aliados fidelíssimos em 2011, ano em que o PSD foi fundado, com taxas de apoio de 95%, 96% e 96%, respectivamente. Em 2013, os índices caíram para níveis próximos a 45% - menos da metade.

Lyra, usineiro em Alagoas com patrimônio declarado de R$ 240 milhões, participou de poucas votações neste ano, por motivos de saúde. Mas, quando teve oportunidade, contrariou o governo em nove ocasiões, e se alinhou ao Planalto em apenas sete.

Lyra não é volúvel apenas em relação ao governo Dilma Rousseff: desde 1985, já trocou de partido seis vezes e integrou as bases de apoio do tucano Fernando Henrique Cardoso e do petista Luiz Inácio Lula da Silva.

A atuação política nunca o afastou dos negócios. Produtor de etanol, ele tem interesse direto no setor de biocombustíveis, dominado pela Petrobrás. Já foi acusado de explorar trabalho escravo e até denunciado como mandante de assassinato. Nunca foi condenado.

O Estado procurou o deputado na quinta-feira para entrevistá-lo, mas sua assessoria informou que ele estava viajando. Fábio Farias não respondeu aos pedidos da reportagem, e Camilo não foi localizado - ninguém atendeu aos telefonemas a seus escritórios em Brasília e Belo Horizonte na sexta-feira.

Os três deputados já integravam a base governista antes de aderir ao PSD, no primeiro ano de mandato de Dilma. Outros parlamentares, porém, eram do oposicionista DEM. Ao trocar de legenda, deram uma guinada comportamental e passaram a votar a favor do governo.

Nos últimos meses, porém, o PSD vem se afastando de Dilma. Neste ano, foram 20 as ocasiões em que o partido votou em peso contra a orientação do Executivo. Sua taxa de governismo, segundo o Basômetro, é de 64% - uma queda de 10 pontos porcentuais em relação a 2012.

Nenhum comentário: