sábado, 3 de julho de 2010

Copa 2010 - Os filhos do Teixeira (CBF) que não fogem da luta

Sem arriscar em 4 anos na seleção, Dunga deixa legado técnico nulo na equipe, que começará sem base o percurso para 2014
Eliminado da Copa-2010, o treinador Dunga se gabou ontem de ter "resgatado o orgulho" de jogadores e torcedores da seleção brasileira.

Mas o legado técnico, futebolístico, deixado pelo comandante gaúcho, depois de quase quatro anos de trabalho à frente do time, é nulo.

Dunga morreu abraçado a seu grupo e a suas convicções. Quase nunca arriscou e, por isso, deixa terra arrasada para seu sucessor.

Do time que foi varrido do Mundial da África do Sul ontem, pela Holanda, não sobra uma base para a próxima Copa, em 2014, no Brasil.

Ao montar a equipe que fracassou em solo sul-africano, o técnico da seleção brasileira ignorou toda uma geração de jovens talentosos, muitos deles com boa rodagem no time nacional, como o atacante Alexandre Pato e o lateral esquerdo Marcelo.

"Eu quero ganhar agora, não posso pensar em 2014", declarou há quase dois meses, quando escolheu seus 23 jogadores. Ignorou o clamor popular pelo meia Paulo Henrique Ganso, 20, e pelo atacante Neymar, 18.

Enquanto isso, incluiu na lista jogadores com os quais claramente não quis contar durante as partidas da Copa, como o volante Kleberson, do Flamengo, e o atacante Grafite, do Wolfsburg.

Por fidelidade e "coerência" levou ao Mundial dois goleiros reservas veteranos: Gomes, 29, do Tottenham, e Doni, 30, da Roma, que dificilmente serão lembrados para as próximas competições. Enquanto isso, Victor, 27, e Renan, 24, viram o Mundial da África do Sul pela TV.

Os únicos jogadores "revelados" por Dunga em seu tempo como técnico da seleção brasileira foram o meio- -campista Ramires, 23, do Benfica, e o zagueiro Thiago Silva, 24, do Milan.

Os dois são os únicos sobreviventes do time que defendeu o Brasil nos Jogos Olímpicos de Pequim, quando a seleção terminou com a medalha de bronze e viu a Argentina conquistar o ouro.

A Olimpíada de 2008, aliás, foi a única competição em que Dunga teve que trabalhar com um grupo de jogadores jovens -dos 18 convocados para o torneio na China, só Ronaldinho, 30, estava fora do limite de 23 anos.

Depois do fracasso em Pequim, o técnico deixou de convocar vários jogadores que, até então, eram presença constante em suas listas. Casos do meia Diego, da Juventus, e do atacante Rafael Sobis, do Internacional.

Também perderam lugar na seleção o lateral direito Rafinha, que brigou com o Shalke 04 para defender o Brasil em Pequim, e os volantes Lucas, do Liverpool, e Hernanes, do São Paulo.

O volante Gilberto Silva, 33, um dos mais velhos do grupo, fez questão de defender o trabalho do técnico, que o levou para a terceira Copa do Mundo.

"Fizemos tudo certo, perdemos por detalhes", declarou. (EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ, PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)

DOS ENVIADOS A PORT ELIZABETH (Folha de São Paulo)

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